vendredi 2 mars 2018

A revolução de Maio de 68


A revolução deu face a uma nova França, mas ...
Jorge Pinheiro, PhD


1968-2018. A revolução de Maio de 68 na França faz cinquenta anos. E para lembrar a primavera rebelde dos jovens e trabalhadores franceses escolhemos o caminho de deixar reflorescer nos corações os slogans que foram pintados nos muros, pichados nas portas, colados nos elevadores durante aqueles dias febris no Odéon, Nanterre, Sorbonne, Censier, Condorcet. No giz, em feltro, no spray, à tinta, em cal a imaginação tomou o poder. 

Cada slogan a sua maneira foi testemunho do sentimento fraterno, comunal, pela liberdade que, no espaço de dias, definiu os contornos utópicos de uma sociedade libertária e democrática. Não queremos aqui fazer uma sociologia dos slogans de Maio de 68, nem a crítica deles, mas deixar que o leitor brasileiro tenha contato com um pouco daquelas criações revolucionárias que mexeram com a imaginação de milhões de jovens nos anos que se seguiram. E nos ensinaram a fazer uma política criativa e cheia de vida... apesar dos erros, é lógico.

É proibido proibir/ O sonho é realidade/ As reservas impostas ao prazer excitam o prazer de viver sem reservas/ Sejamos cruéis!/ Tenho algo a dizer, mas não sei o quê/ Todo o poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente/ O agressor não é aquele que se revolta, mas o que afirma/ Ser livre em 1968 é participar/ Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é/ Nós somos ratos (talvez) e mordemos/ Não me libertem, eu me encarrego disso/ A poesia está na rua/ Façam amor e recomecem/ A ação não deve ser uma reação, mas uma criação/ Corre camarada, o velho mundo está atrás de você/ Sob a calçada, a praia/ A vontade geral contra a vontade do general/ A revolução tem de deixar de ser para existir/ Abram o cérebro tantas vezes quanto a braguilha/ E se queimássemos a Sorbonne?/ Quando a assembléia nacional se transforma num teatro burguês, todos os teatros burgueses devem transformar-se em assembléias nacionais/ Sejamos realistas, exijamos o impossível/ O álcool mata, tomem LSD/ A liberdade é o crime que contém todos os crimes. É a nossa arma absoluta!/ Abramos as portas dos asilos, das prisões, e de outras faculdades/ A barricada fecha a rua, mas abre o caminho/ Trabalhador: você tem 25 anos, mas o seu sindicato é do outro século. Para mudar isso, venha ver-nos/ Não reivindicaremos nada, não pediremos nada, conquistaremos, ocuparemos/ Não é o homem, mas sim o mundo que se tornou anormal/ Enfureçam-se!/ A arte morreu. Não consumam o seu cadáver!/ Quanto mais faço amor, mais vontade tenho de fazer a revolução. Quanto mais faço a revolução, mais vontade tenho de fazer amor/ Violem a alma mater/ A humanidade só será feliz quando o último capitalista for enforcado nas tripas do último esquerdista/ A sociedade é uma flor carnívora/ O poder tinha as universidades, os estudantes tomaram-nas. O poder tinha as fábricas, os trabalhadores tomaram-nas. O poder tinha a ORTF, os jornalistas tomaram-na. O poder tem o poder, tomemo-lo/ Não é uma revolução, Senhor; é uma mutação/ A vida está alhures/ Não vão à Grécia este verão, fiquem na Sorbonne/ Não consumamos Marx/ A imaginação ao poder. 

O sonho do Maio de 68 invadiu os corações de jovens e trabalhadores do mundo. Atravessou oceanos, e chegou a continentes distantes. Os anos que se seguiram não foram de nostalgia, nem de pensar que o sonho tinha acabado, ao contrário, renasceu nas lutas de estudantes e trabalhadores latino-americanos. O levante de jovens e trabalhadores na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Uruguai, Venezuela e praticamente todos os países deste continente viveram um pouco disso, com a formação de sindicatos, mobilizações e movimentos guerrilheiros, que traduziram a realidade do poder operário nas fábricas e bairros. Mas também aconteceu nos campos, nas fazendas invadidas, e nas escolas e universidades ocupadas pelos estudantes.

Abaixo a sociedade do espetáculo!

No Brasil, neste ano da graça de 2018, a massa de excluídos de bens e possibilidades permanecem em compasso de espera. Esperam, em compasso de, desnorteados, drogados pela indústria do espetáculo. Por isso, não são vistos como perigo que ameaça. 

A classe média, os qualificados e qualificadas, curva-se. Sente-se coproprietária e mostra os dentes quando pensa estar ameaçada a perenidade do espetáculo. Mas, apesar desse instinto de sobrevivência que faz dela serva, não tem estabilidade no emprego, não vê crescimento da economia, e nem o fim da inflação, que sempre ameaça no fim do túnel. A corda estica e ameaça romper-se. E a classe média que até agora tentou frear as crises, vê-se às voltas com a presença constante, em cada esquina, bem ali do lado de sua casa, dos excluídos que a seu jeito parecem querer também o seu Maio francês. 

Este cenário ajuda a pensar os acontecimentos que estão à porta, embora não tenham valor de modelo e ainda menos lei da natureza social. O ano da graça de 2018 pode ser igual aos outros anteriores, de laço e maltrato, mas pode também ser a chave a dar volta à fechadura e abrir a porta. E o equilíbrio social, esta correia de aceite do espetáculo, pode se fazer desequilíbrio e trazer de volta a alegria do "é proibido proibir".














Mai 68 : nuit des barricades






mercredi 28 février 2018

Billy Graham, você conhece?



Um documentário histórico de Cristiano Sindici Hernandes, com Jorge Pinheiro como âncora.
Vale a pena ver e discutir.

Billy Graham por Cristiano




Documentário histórico sobre as relações entre política e religião na atuação do evangelista Billy Graham realizada pelo jornalista Cristiano Sindici Hernandez, que tem Jorge Pinheiro como âncora. Vale a pena assistir e se você é professor discutir em sala de aula.

dimanche 25 février 2018

Notre mission est une mission radicale

Aujourd'hui, le 25 février 2018, j'ai prêché dans un temple des Cévennes, dans une ville appelée Vallerauges, au milieu des montagnes. Le temple a 500 ans. C'est un temple huguenot qui abrite une église méthodiste. Je remercie Dieu pour son affection. Imaginez comment Naira et moi étions heureux.


Notre mission est une mission radicale
Pasteur Jorge Pinheiro




 Texte

 « Mais lui, voulant montrer sa justice, dit à Jésus : « Et qui est mon prochain ? » Jésus reprit : « Un homme descendait de Jérusalem à Jéricho, il tomba sur des bandits qui, l’ayant dépouillé et roué de coups, s’en allèrent, le laissant à moitié mort.  Il se trouva qu’un prêtre descendait par ce chemin ; il vit l’homme et passa à bonne distance.  Un lévite de même arriva en ce lieu ; il vit l’homme et passa à bonne distance.  Mais un Samaritain qui était en voyage arriva près de l’homme : il le vit et fut pris de pitié.  Il s’approcha, banda ses plaies en y versant de l’huile et du vin, le chargea sur sa propre monture, le conduisit à une auberge et prit soin de lui.  Le lendemain, tirant deux pièces d’argent, il les donna à l’aubergiste et lui dit : “Prends soin de lui, et si tu dépenses quelque chose de plus, c’est moi qui te le rembourserai quand je repasserai.”  Lequel des trois, à ton avis, s’est montré le prochain de l’homme qui était tombé sur les bandits ? » Le légiste répondit : « C’est celui qui a fait preuve de bonté envers lui. » Jésus lui dit : « Va et, toi aussi, fais de même. » Luc 10.29-37.

 À propos d’ouverture.

 Cette parabole est certainement une des plus célèbres de tout l’évangile. Nous ne parlerons pas en détail mais c’est d’elle que nous partirons pour traiter le thème qui nous a été proposé, au moins dans sa première partie. Vous vous souvenez que la question dont tout part est celle qui est posée par un spécialiste de la Loi : « Maître, que dois-je faire pour hériter la vie éternelle ? » La question n’était pas parfaitement sincère puisqu’il nous est précisé qu’elle était posée « pour mettre Jésus à l’épreuve ». Hériter la vie éternelle : nous sommes bien ici dans le registre de la piété.

 Et Jésus renvoie celui qui l’interroge à la Loi : « Qu’est-il écrit dans la Loi ? Comment lis-tu ? » (Quelle interprétation donnes-tu toi-même de cette loi que tu reçois comme ton autorité ?). Et le spécialiste de la Loi répond en citant des paroles de la Loi : « Tu aimeras le Seigneur ton Dieu, de tout ton cœur, de toute ton âme, de toute ta force et de toute ton intelligence, et ton prochain comme toi-même » (Deutéronome 6.5 ; Lévitique 19.18). Est-ce vraiment lui qui a rassemblé ces deux textes de la Loi ou avait-il entendu Jésus le faire ? Car, dans les autres évangiles, c’est Jésus qui donne ce résumé de la Loi. Toujours est-il que Jésus accepte pleinement cette réponse et en félicite même cet homme : « Tu as bien répondu ; fais cela et tu vivras ».

 Mais le but étant de mettre Jésus en difficulté, l’homme pose une autre question : « Et qui est mon prochain ? » Excellente question que nous nous posons souvent. On pourrait la formuler autrement : jusqu’où doivent aller mon amour et ma solidarité avec les autres ? À partir de quand puis-je, de façon légitime, cesser d’aimer ? Quelles sont les limites de ce commandement d’amour : ma famille, mes proches, mon peuple, certains peuples alliés ? Et c’est cette question qui va ouvrir la porte à la parabole elle-même.

 Vous vous rappelez certainement : Un homme passe sur la route qui va de Jérusalem à Jéricho et se fait agresser. Les bandits lui prennent tout, le rouent de coups et le laissent à moitié-mort. Plusieurs personnes vont passer sur la route et ne rien faire : un prêtre et un lévite, des gens très bien. Vient un samaritain qui s’arrête, prend soin de lui, l’amène jusqu’à l’hôtellerie la plus proche et va jusqu’à payer pour qu’on s’occupe de lui en affirmant même que si cela ne devait pas suffire, il est prêt à prendre en charge la suite.

 Peut-être sommes nous trop habitués à entendre et à lire cette parabole pour pouvoir la recevoir comme les auditeurs de Jésus l’ont reçue. Tout le monde, bien sûr, est juif : Jésus et ceux qui l’écoutent. Or, les deux personnes qui donnent le « mauvais exemple » sont tous deux des religieux juifs. Quant au samaritain, il est, pour ceux qui entourent Jésus, à la fois un hérétique - pire qu’un païen, puisqu’il a une certaine connaissance de la révélation - et une sorte de personne impure. Vous rappelez que les juifs faisaient parfois de longs détours pour éviter de se souiller en passant par la Samarie.

 S’il fallait retrouver un peu l’impact de la parabole, nous pourrions dire que les deux personnes qui passent sans rien faire à côté de celui qui a été agressé et laissé sur le bord de la route sont un pasteur et un prof de théologie évangéliques et que notre samaritain est un musulman maghrébin. Vous imaginez que Jésus fait alors éclater la question de la limite. Il n’y a pas de limite. Il ne s’agit plus de savoir qui est mon prochain et qui ne l’est pas, mais comment puis-je être le prochain de celui - quel qu’il soit - qui est dans le besoin. Donc, inséparable de l’amour de Dieu, nous trouvons un amour du prochain qui est concret, courageux et qui ne connaît pas de limites.

 La « mission radical » : un terme neuf pour qualifier aujourd’hui notre responsabilité de chrétiens dans ce monde. Un terme neuf pour une réalité ancienne, qui remonte à la mission même de Jésus et au message de l’ensemble de la Bible. C’est au sein de l’Alliance théologique d’Amérique latine, que ce terme est né. Il s’agit d’une compréhension renouvelée de la mission chrétienne qui englobe la proclamation de l’Evangile par la parole et sa démonstration par notre engagement dans tous les aspects sociaux et politiques de la vie.

 Le mot n’est pas dans la Bible, bien entendu... pas plus que ceux de « mission » et d’« évangélisation », qui est l’héritage d’une histoire « des » missions, dans laquelle la mission chrétienne consistait à quitter l’Occident « chrétien », à traverser des frontières pour porter l’Evangile dans des pays « païens ». Comme le relève un théologien indien (Vinoth Ramachandra), « ce concept, malgré ses faiblesses, a inspiré des milliers de missionnaires transculturels qui ont écrit quelques-unes des plus belles pages de l’histoire de l’Eglise ». Mais cette vision réductrice de « la mission » était porteuse de dichotomies néfastes : entre Eglise d’envoi et Eglise d’accueil, entre ici et champ missionnaire, entre missionnaires et chrétiens ordinaires, entre vie de l’Eglise ici et mission au loin.

 1. Notre fidélité à Dieu.

 Vous comprenez que nous sommes déjà dans notre sujet. Notre fidélité à Dieu implique un amour dévoué à celui ou à celle qui est dans le besoin, que cette personne nous soit proche ou, comme dans la parabole, qu’elle nous soit à tous égards étrangère.

 Maintenant, si vous le permettez, je voudrais continuer la parabole. Nous ne sommes plus, je le reconnais, sur le terrain direct de ce que la Bible dit elle-même, mais sur celui de son interprétation. Imaginons que l’histoire continue.

 Le lendemain, un autre voyageur se fait agresser et n’a pas la chance de trouver ce bon samaritain qui, lui, a continué son voyage. Quelques jours plus tard, la même chose se produit. Que faire ? Si l’on veut suivre l’enseignement de Jésus et pratiquer cet amour concret, pratique et courageux, ne faudra-t-il pas essayer de résoudre la question de manière plus large ? Nous entrerons alors dans une dimension plus vaste. Nous passerons d’amour individuel à l’action sociale, voire politique. La motivation profonde sera exactement la même, mais cherchera à prévenir le problème plutôt que de soigner les blessures des voyageurs agressés. Ce passage de l’action individuelle et ponctuelle à une action plus large, collective et générale nous pose peut-être quelques problèmes. Nous ne sommes pas les seuls. Cela me rappelle une phrase de dom Helder Camara qui fut archevêque au Brésil. Il disait : « Quand je soulage la faim des pauvres, on dit que je suis un saint. Quand je demande pourquoi ils ont faim, on m’accuse d’être communiste ! » C’est que l’action peut parfois nous paraître suspecte et surtout aujourd’hui, où le politicien on si mauvaise presse et où nous sommes devenus si sceptiques devant tout action collective.

 2. L’exigence de justice.

 Il nous faudrait pourtant relire notre Bible. Dans le livre du prophète Jérémie, il est conseillé aux déportés de rechercher la paix de la ville où ils ont été exilés (29.7). Cette recherche implique la prière mais elle va bien au-delà. Et rappelez-vous le nombre de passages de la Loi ou des prophètes qui nous invitent ou qui invitent les rois ou les puissants à la justice. Le prophète Amos n’y allait pas par quatre chemins pour dénoncer les riches qui oppressent les pauvres et détournent la justice. Et c’est à la lumière de ces critiques que nous devons entendre l’exhortation bien connue du prophète Michée : « On t’a fait connaître, ô homme ce qui est bien et ce que le Seigneur exige de toi : rien d’autre que respecter la justice, aimer la fidélité et t’appliquer à marcher avec ton Dieu » (Michée 6.8).

 La justice n’est pas fondamentalement différente de l’amour. Elle est la forme qui l’amour prend dès qu’il s’agit de plusieurs personnes. Lorsque qu’une seule personne est en face de nous, il nous est demandé de l’aimer. Mais lorsque nous sommes en présence de plusieurs et que les uns exploitent les autres ou les trompent, ce qui est attendu de nous, c’est la justice, l’équité. Il est clair que, dans l’ancienne comme dans la nouvelle alliance cette justice est au cœur du comportement chrétien dans la société et donc à la source de l’aspect de notre témoignage qui nous intéresse aujourd’hui.

"Je ne vous appelle plus serviteurs, parce qu’un serviteur n’est pas mis au courant des affaires de son maître. Je vous appelle mes amis, parce que je vous ai fait part de tout ce que j’ai appris de mon Père. 16Ce n’est pas vous qui m’avez choisi. Non, c’est moi qui vous ai choisis ; je vous ai donné mission d’aller, de porter du fruit, du fruit qui soit durable. Alors le Père vous accordera tout ce que vous lui demanderez en mon nom". Jean 15.15-16. 

 3. Les lignes directrices.

 Je voudrais citer trois principes, tirés de l’Écriture, qui me semblent essentiels pour qu’un engagement dans la société puisse être considéré dans une perspective chrétienne.

 A. La valeur de la personne.

 Tout être humain est créé à l’image de Dieu et c’est ce qui lui donne, dès la première alliance, sa dignité (Genèse 9.6, cf. Jc 3.9). Mais la nouvelle alliance nous révèle plus encore l’amour de Dieu pour chaque être humain. Il ne s’agit pas d’abord de peuples, de nations, de classes ou de races, mais de la personne  et de toute personne. C’est elle qui doit être la fin véritable de toute politique. Trop souvent, les lois de l’histoire ou de l’économie ont en la priorité et continuent de le faire. L’intérêt suprême du peuple idéal a pris le pas sur celui des hommes et des femmes réels qui ont été sacrifiés. Ou encore le bien de la personne d’après-demain a justifié l’oppression de celle d’aujourd’hui. Que devons nous placer en tête de nos valeurs : les lois de l’économie ou le bien des personnes ?

 B. L’attention particulière aux petits et aux pauvres.

 Cette priorité que l’on retrouve si souvent dans toute l’Écriture n’a pas pour fondement une vision romantique du pauvre qui serait supposé meilleur que le riche. Mais le pauvre est justement la personne dont la dignité ne s’impose pas. S’il faut prêter une attention particulière à la veuve et à l’orphelin, c’est parce qu’ils sont sans défense. Ils ont besoin de plus d’attention, car il est tentant et facile de les laisser de côté. Il n’est pas nécessaire de beaucoup d’imagination pour appliquer ce principe à nos société actuelles, aux pauvres de notre pays qui ne sont plus défendus par personne ou à ceux des pays du tiers-monde qui sont eux-mêmes, en tant que nations, dans cette situation d’extrême vulnérabilité.

 C. La recherche de la justice.

 Prêter attention à la personne vulnérable, ce ça le minimum de l’amour et son application concrète en ce qui concerne une société. Toute la révélation ne cesse de proclamer son importance. Cette recherche repose directement sur ce que nous venons de dire. La justice se mesure avant tout par le traitement réservé à ceux qui sont pauvres et sans défense. Nous avons tous un sens inné de la justice lorsqu’il nous semble que nous sommes victimes d’injustice. Mais nous sommes sujets à une étrange paralysie de ce même sens de la justice lorsqu’il va à l’encontre de nos intérêts immédiats ou simplement de notre confort. Nous aurons l’occasion de revenir sur ce point.

 Quand nous pensons dans la justice, nous nous devons faire une question : est-ce que le chrétien est appelé à rechercher dans le domaine politique, pour le bien d’une communauté concrète, pas le Royaume ? Une communauté d’hommes et de femmes, aimés de Dieu et pécheurs, imparfaits et infiniment respectables. Se faire des illusions et ne pas tenir compte de la réalité conduite au mieux à des échecs, au pire à des drames. Il est toujours étonnant de voir avec quel réalisme les personnages les plus importants de la Bible nous sont présentés. Il n’y a aucune idéalisation même des plus grands hommes ou des plus grandes femmes de Dieu ; leurs faiblesses et leurs fautes sont aussi clairement présentées que ce qu’ils peuvent avoir de meilleur. Il est capital que ce réalisme demeure lorsque nous cherchons des solutions aux problèmes de nos sociétés.

 Considération finale.

 Une mission … radicale. Voilà quelques principes bibliques qui me semblent devoir baliser notre comportement dans ce monde. Il est clair qu’ils ne répondent pas à tous les problèmes et à toutes les questions que nous pourrons avoir, mais ils sont le socle sur lequel nous pouvons essayer de construire. Il n’y a là, au fond, rien de plus que le développement pratique de l’amour du prochain. Au moins d’une forme de ce développement. L’annonce explicite de l’Évangile en est une autre, de même que l’édification de communautés qui sont autant de lumières dans le monde. Mais précisément, nos communautés ne sont et ne seront des lumières dans ce monde que si elles essaient de manifester toutes les dimensions de la bonne nouvelle de l’amour de Dieu dont elles vivent.

 C’est cette idée d’une mission qui se situe en tous lieux, dans toutes nos activités, et dans la mise en pratique de tout ce que Jésus nous a enseigné, qui est à la base de l’idée de mission radical. Cet accent sur la globalité de la mission se conclut dans le texte de Matthieu par la promesse du ressuscité : « Et voici, je suis avec vous tous les jours » (Mathieu 28.20).

 Prendre en compte cette globalité des exigences de l’Evangile – qui mettent en lumière le lien constamment rappelé dans l’Ancien Testament entre respect de Dieu et respect de la justice sociale – représente un défi majeur dans notre monde globalisé d’aujourd’hui. L’annonce de l’Evangile n’a rien perdu de sa pertinence, mais ne nous dispense en rien de notre responsabilité face aux injustices criantes du monde, face aux ravages humains et environnementaux d’un développement basé sur le profit, face aux conflits qui continuent de déchirer notre monde. Telle est notre mission de chrétiens et d’Eglises, appelés à être pleinement engagés dans les affaires du monde, dans l’humilité et dans l’espérance que nous donne l’Evangile.

 Ce pourquoi Jésus dit :

 -- « Mon ami, va et toi aussi fais de même ».






samedi 24 février 2018

O Talmud

Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Curso de Teologia. Graduação 97.
Apologética. Teceiro Ano.
Prof. Jorge Pinheiro
Cosmovisões > Judaísmo


O TALMUD
História, Ética e Teologia

por JORGE PINHEIRO


Entre os anos que vão da destruição do beit sheni (segundo templo) até a derrota da revolta de bar Cochba (70 a 135), Israel vive um momento muito especial em sua história, que recebe o nome de “período de Yavne”. Esse período caracterizou-se por novas tentativas de reconquistar a independência por meios militares e pela formação de um novo sistema de governo, que permitiu aos judeus sobreviverem sem um Estado.

Um homem, o rabino Yochanan ben Zakai, inicia a reconstrução da vida judaica, não mais em Jerusalém, mas em Yavne. Restabelece as funções do sanhedrin (sinédrio), fixa os meses e os anos bissextos, possibilitando a manutenção das festas judaicas mesmo sem templo. Yavne transforma-se assim num centro da cultura nacional judaica e de sua espiritualidade.

Anos mais tarde, o rabino Gamaliel, filho de um dos líderes da revolta contra Roma, é reconhecido como líder da nação e substitui ben Zakai, tornando-se chefe do sinédrio de Yavne. Tem início uma política de unificação das diferentes seitas judaicas: sacerdotes saem de Yavne em direção aos pontos mais distantes do galut (diáspora), com a finalidade uniformizar doutrinariamente o povo judeu. O contato com os cristãos é proibido e tem início de ambas as partes uma separação histórica entre cristianismo e judaísmo.

Na Academia de Yavne são estabelecidas as características das festas judaicas, agora sem sacrifícios e peregrinações anuais. É realizada uma nova tradução do Tanach para o grego, já que a Septuaginta, muito usada pelos cristãos, não incorporava a visão dos rabinos de Yavne.

Outro nome que se destacará em Yavne é do rabino Akiva ben Yossef. Viaja por quase toda a diáspora,  da Gália, no Ocidente, à Babilônia, no Oriente. Prega a Tanach e transforma-se em um de seus mais importantes intérpretes. Após o fracasso da revolta de bar Cochba, é preso e condenado à morte.

Vencida a última resistência judaica, o imperador romano Adriano toma uma série de medidas que lembram em muito as leis de Antíoco IV Epifanes: proíbe o estudo do Tanach, a prática da circuncisão e a ordenação de novos rabinos. Derrotados e perseguidos, a grande maioria dos judeus deixa a Judéia e refugia-se no Galil (Galiléia), primeiro em Usha e posteriormente nas cidades de Tzipori e Tveria. No Galil será estabelecido o centro da cultura judaica nos séculos II, III e IV.

Nessa época, duas instituições, que já existiam, passam a definir a vida política e religiosa judaica, a nessiut e o sanhedrin. A nessiut era a presidência, e seu ocupante recebia o título de nassi, o patriarca e era o líder máximo do povo judeu. Com pequenas exceções, o cargo de nassi foi ocupado pelos descendentes do rabino Hilel, o sábio, que descendiam, segundo a tradição, da linhagem do rei Davi. O nassi era eleito pelo sanhedrin e o cargo era vitalício. Ao nassi cabia nomear os dirigentes das comunidades do galut e recolher contribuições para a manutenção do governo judaico. Como desde o século I, a lei escolar de Shimon ben Shetach definia a gratuidade e obrigatoriedade da instrução primária para todos os meninos judeus, o nassi era responsável por garantir que em cada cidade houvesse ao menos uma escola. O patriarca também representava o povo junto ao império romano. O cargo de nassi só vai ser extinto em 427.

Enquanto o nassi fazia as vezes de rei, o sanhedrin fazia as vezes de parlamento, combinando os poderes legislativo e judiciário. Nos dois séculos posteriores à derrota de bar Cochba, o sanhedrin reunia os rabinos e principais eruditos da época. Os saduceus, que representavam a aristocracia e a classe alta, já haviam desaparecido da vida judaica. A orientação rabínica tinha o peso hegemônico dos fariseus. Assim, a atividade principal do sanhedrin consistia em discutir as leis da Torah e intepretá-las e adaptá-las à nova realidade. Nesse sentido, o sanhedrin passou a ser um beit midrash, uma casa de estudo. Os rabinos realizavam discussões e debates e seus discípulos acompanhavam com interesse a seqüência das argumentações. Mas nada era anotado. Tudo era guardado de memória. Os rabinos mantinham, também, cursos sobre assuntos de interesse cotidiano, de forma que as salas do sanhedrim estavam sempre cheias de estudantes, futuros rabinos do povo judeu.

Além de funcionar como beit midrash, o sanhedrin era também beit din elion, o supremo tribunal.

E assim, no correr desses anos, vai-se formando um novo corpo de leis, derivadas da Torah, que não se encontram nela, mas que tinham como finalidade dar respostas à nova realidade que surge com o fim na nação judaica geograficamente estabelecida. Como a Torah é sagrada, nada é agregado a ela para evitar que pudesse de alguma forma lhe fazer sombra. Por isso, a nova legislação não é escrita em lugar nenhum.

Com o passar dos anos, esse corpo de leis torna-se tão vasto e as condições da diáspora culturalmente tão complexas, que se tornou necessário escrever o material acumulado até aquele momento. O primeiro texto foi preparado ainda no período de Yavne. Os rabinos Akiva e Meir também redigiram várias leis orais. Temos assim, a mishná (repetição) do rabi Akiva e de outros.
Mas será no final do século II, sob a presidência do nassi rabi Yehudá, da linhagem de Hilel, que foi editada de forma ordenada a primeira Mishná, com a aceitação plena do sanhedrin. Ela incorporou trechos das mishnaiot anteriores.

A Ética dos Pais

A Mishná contém seis partes chamadas shishá sedarim. Cada seder inclui diversas massechtot (tratados) e cada tratado se divide em prakim (capítulos) e perek (parágrafos). Foi redigida em hebraico e contém, ao todo, 63 tratados e 528 capítulos. Os seis livros que formam a Mishná são: Zeraim (sementes), que trata da agricultura e das orações; Moed (festividades), sobre as leis do shabat e dos chaguim; Nashim (mulheres), contém as leis referentes ao casamento, ao divórcio, ao adultério, etc.; Nezikin (prejuízos), sobre a lei civil, criminal, contratos, fraudes, castigos, etc; Kodashim (coisas sagradas), trata da ordem no culto do beit hamikdash e da kasrhrut; Toharot (purificação) sobre o cerimonial da purificação, banho ritual (mikvá), etc.

No tratado Pirkei Avot - Ética dos Pais, por exemplo, temos ensinamentos morais que tratam de boa conduta, estudo, justiça e retidão, sintetizando séculos de cultura judaica:

“Qual o justo caminho que um homem deve escolher para si? Aquele que é uma honra para ele que o pratica e uma honra para ele de parte dos homens. Se tão cuidadoso de um preceito leve quanto de um grave, pois não sabes qual a recompensa dada aos preceitos. Considera a perda de um preceito segundo a sua recompensa e o ganho de uma transgressão de acordo com sua perda. Observa três coisas e não cairás em poder do pecado: sabe que está acima de ti um olho que vê, um ouvido que ouve e que todos os teus feitos estão escritos num livro.” (Rabi Yehudá ha Nassi).

“Bom é o estudo da Torah junto com a ocupação no mundo, pois o labor em ambos faz esquecer o pecado e todo estudo da Torah desacompanhado do trabalho resulta em nada e acarreta o pecado. E todos os que se ocupam do trabalho comunitário se ocupem dele por amor do Nome dos céus, pois o mérito dos seus pais os sustenta e sua justiça permanece para sempre. ‘E quanto a vós, disse Deus, vos darei grande recompensa, como se vós mesmos os tivésseis realizado’.” (Rabi Gamaliel, filho de Yehudá ha Nassi).[1]

Após terminarem seus estudos primários, os meninos que desejavam prosseguir seus estudos eram encaminhados para o Sanhedrin. Lá estudavam a Mishná do rabi Yehudá e as compilações de histórias e tradições que formaram o Midrash, a Tossefta e a Baraíta. Os professores, conhecidos como amoraítas, expositores, conforme ensinavam acrescentavam novas interpretações aos textos dos tanaítas, rabinos cujas discussões estão registradas na Mishná. As conclusões dos amoraítas foram consideradas um complemento, Guemará, da Mishná do rabino Yehuda. Temos, então, a partir da união desses tratados, o Talmud da Palestina ou Talmud Yerushalmi.

Transliteração do hebraico תַּלְמוּד (ser instruído), Talmud traduz a idéia de aprendizado ou ensino. Seu ponto de partida, como vimos é a lei oral, que segundo a própria tradição rabínica repousa em Moisés, que teria recebido de Deus duas leis, a escrita e a oral [2]. Ambas se complementam, mas apenas os judeus têm a segunda [3].

No século IV, novos conflitos entre judeus e romanos levam a destruição das cidades de Tzipori, Lud e Tveria. Milhares de judeus são mortos ou vendidos como escravos. Choques políticos e administrativos entre o Sanhedrin e o patriarca e as difíceis condições econômicas levam o centro de Eretz Israel a sucumbir definitvamente. Há uma maciça emigração de religiosos e amoraítas para a Babilônia.

O último patriarca importante será Hilel II, que é também conhecido por ter realizado os cálculos do calendário judaico, utilizado até os dias de hoje.

Na Babilônia, os emigrantes palestinos juntaram-se à comunidade judaica, que desde os tempos das deportações realizadas por assírios e babilônicos, manteve-se nas cidades de Nehardea, Mahoza, Pumbedita e Sura. É interessante notar, que nessas cidades havia uma rede de ensino primário judaico de alto nível, que o melhor do pensamento palestino tinha migrado para elas e que os reis sassânidas, então no auge de seu poder, aceitavam muito bem a presença judaica na Babilônia.

Rav Ashi, líder da academia de Sura, inicia a compilação do material religioso existente, organiza sua exposição e distribui o material conforme os critérios definidos. Anos mais tarde, quando os sacerdotes zoroastristas iniciam uma dura perseguição religiosa aos judeus, Ravina, o último dos amoraítas babilônicos e chefe da academia de Sura, dá seqüência ao trabalho de Rav Ashi. Surge, então, uma obra monumental, o Talmud babilônico.

Temos então dois talmudim, o Talmud Yerushalmi e o Talmud Bavli.

Assim, os sábios cujas discussões estão registradas na Mishná viveram em Eretz Israel na época dos fariseus, entre os anos 100 a.C. e 200 d.C. Após a finalização da Mishná, outros mestres realizaram novos comentários e readaptações da Mishná, dando origem a um complemento, a Guemará. Este segundo trabalho foi realizado simultaneamente em Israel (entre os anos 200 d.C. e 350 d.C.) e na Babilônia (entre os anos 200 d.C. e 500 d.C.). No entanto, a Guemará babilônica é considerada mais importante.


A Teologia do Talmud

Essa obra traduz setecentos anos de trabalho, cita estudos e conclusões de mais de mil rabinos, mas tem por base apenas três fundamentos:

1. Existe apenas um Deus verdadeiro, justo e bom.
2. A Torah, dada por Ele, contém toda a verdade e a justiça.
3. O homem deve fazer o possível para ser verdadeiro, justo e bom. E a melhor maneira de chegar a essas metas é investigar e cumprir a Torah.

Dessa maneira, o Talmud foi um guia para o povo judeu nos terríveis anos do galut e nas perseguições da Idade Média. A lei em seu sentido estrito, mais conhecida como halachá, manteve a coesão do povo. E tudo aquilo que não é lei, ou seja, as histórias, lendas, fábulas, contos, biografias, provérbios, receitas, matemática, astronomia e medicina, a agadá, serviu como fonte inesgotável de inspiração para a cultura e folclore judaicos. Em parte essa tradição de estudo deu ao povo judeu um alto nível cultural, que manteve mesmo nos momentos mais sombrios da história humana.

Os rabinos costumam dizer que para se nadar no mar do Talmud e não se afogar, é necessário saber nadar muito bem, ou seja, conhecer profundamente a Torah. O Talmud é uma imensa enciclopédia onde todos os assuntos se encontram misturados.

O pensamento judaico é oriental, totalmente diferente do pensamento grego. O judeu começa a falar de um assunto, discorre sobre diversos outros, responde a perguntas que não têm nada a ver com o tema central, e no final da conversa volta ao assunto inicial. Isso leva a teologia ocidental, acostumada à lógica aristotélica, a evitar navegar mais profundamente nas águas do Talmud. Além disso, para o leitor comum, o Talmud apresenta outra dificuldade, está escrito em três idiomas: hebraico bíblico nas citações do Tanach, hebraico da Mishná na Mishná e aramaico na Guemará. Para levar o judeu da alta Idade Média a mergulhar com mais confiança no Talmud, o exegeta Rashi (rabino Shlomo Itzhaki), ao redor do ano 1.100, na França, elaborou uma série de comentários que ainda hoje são de grande ajuda para os estudiosos modernos.

Assim, podemos definir a teologia do Talmud através do seguinte conceito: o conhecimento da idéia de Deus entre os judeus viveu uma revelação crescente. Mas na época do beit sheni o conceito de Deus era bem semelhante ao de hoje: um ser infinitamente poderoso, bom, criador dos céus e da terra, e juiz supremo dos homens. No entanto, nenhum homem pode ser julgado pelas suas ações, se dois fatores não foram levados em conta: a liberdade de escolha e a existência de uma lei que diga o que é certo e o que é errado. Para os rabinos do Talmud não adianta a pura vontade de escolher o bem. Por isso, a Torah é um presente de Deus, permitindo ao homem transformar sua boa vontade em práxis.

Acontece que a Torah, afirmam os talmudistas, apesar de sua transcendência e revelação, está histórica e culturalmente situada no momento em que foi escrita. É preciso um midrash (hermenêutica) para que seus ensinamentos e sua ética possam ser compreendidas e utilizadas pelo judeu de outras atualidades. Vejamos, agora, um exemplo da teologia do Talmud, em dois trechos de um midrash do texto de Ex 20:2.

Eu sou o Senhor teu Deus. Por que os Dez Mandamentos não foram ditos no começo da Torah? Eles fornecem uma parábola. A que isso pode ser comparado? Ao seguinte: Um rei que entrou em uma província disse ao povo: Posso ser vosso rei? Mas o povo lhe disse: Fizeste algo bom para nós para que nos governeis? Que ele fez então? Construiu-lhes a muralha da cidade, introduziu o abastecimento de água para eles, e lutou suas batalhas. Então quando ele lhes disse: Posso ser vosso rei? Eles lhe disseram: Sim, sim. Da mesma maneira, Deus. Ele trouxe os israelitas para fora do Egito, dividiu o mar para eles, fez descer o maná para eles, fez subir um poço para eles, trouxe codornas para eles. Lutou por eles a batalha com Amaleque. Então Ele lhes disse: Eu serei vosso rei. E eles Lhe disseram: Sim, sim. Rabi disse: Isto proclama a excelência de Israel. Pois, quando todos eles estavam diante do Monte Sinai para receber a Torah, todos se decidiram igualmente a aceitar o reinado de Deus alegremente. Além disso, foram garantia um para o outro. E não foi somente no que diz respeito a atos públicos de Deus, revelando-Se-lhes, desejou fazer Seu pacto com eles, mas também no que diz respeito a atos secretos, como está dito: As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus e as reveladas...” (Dt 29:28). Mas eles Lhe disseram: No que se refere a atos públicos, estamos prontos a fazer um pacto contigo, mas não faremos um pacto contigo com referência atos secretos, para que nenhum de nós cometa um pecado secretamente e a comunidade inteira seja considerada responsável por ele”.

(...)

“Outra interpretação: Eu sou o Senhor teu Deus. Quando o Santíssimo, louvado seja, levantou-se e disse: Eu sou o Senhor teu Deus, a terra tremeu, como está dito: “Ó Senhor, saindo Tu de Seir, caminhando Tu desde o campo de Edom, a terra estremeceu” (Jz 5:4). E continuou a dizer: “Os montes vacilaram diante do Senhor” (v.5). E também diz: “A voz do Senhor é poderosa. A voz do Senhor é cheia de majestade” (Sl 29:4) até “E no seu Templo cada um diz: Glória!” (v. 9). E até suas casas estavam plenas do esplendor da Shekiná. Naquele tempo todos os reis das nações do mundo se reuniram e vieram a Balaam, filho de Beor. Eles lhe disseram: talvez Deus esteja para destruir Seu mundo com um dilúvio. Ele lhes disse: Sois uns tolos! Há muito tempo Deus jurou a Noé que não mais traria um dilúvio sobre o mundo, como está dito: Porque isto será para mim como as águas de Noé, pois jurei que as águas de Noé não inundariam mais a terra”(Is 54:9). Então eles lhe disseram: Talvez Ele não traga um dilúvio de água, mas Ele pode trazer um dilúvio de fogo. Porém ele lhes: Ele não vem trazer um dilúvio de água nem um dilúvio de fogo. Simplesmente o Santíssimo, louvado seja, vem dar a Torá ao Seu povo. Pois está dito: “O Senhor dará força ao Seu povo...” (Sl 29:11). Logo que ouviram isto dele, todos voltaram as costas e cada um foi para o seu lugar. E assim todas as nações do mundo foram convidadas a aceitar a Torah, a fim de que não tivessem escusa para dizer: Se nos houvessem convidado, teríamos aceitado. Pois, veja, elas foram convidadas e se recusaram a aceitar a Torah. (...)”.[4]

Bibliografia Mínima Recomendada

Guinsburg, J., Do Estudo e da Oração, São Paulo, Editora Perspectiva, 1968.
Gundry, Robert H., Panorama do Novo Testamento, São Paulo, Edições Vida Nova, 1991.
Berezin, Rifka, Caminhos do Povo Judeu, vol II, São Paulo, Fed. Israelita do Est. de SP, 1988.
Scholem, Gershom, A Mística Judaica, São Paulo, Editora Perspectiva, 1972.



[1] Pirkei Avot (A Ética dos Pais), Capítulo II in J. Guinsburg, Do Estudo e da Oração, São Paulo, Editora Perspectiva, pp. 170.
[2] “Moisés recebeu a Torah do Sinai e transmitiu-a a Josué e Josué aos anciãos e os anciãos aos profetas e os profetas transmitiram-na aos homens da Grande Sinagoga. Esses disseram três coisas: ‘Sede ponderados nos vossos julgamentos, formai muitos discípulos e levantai uma cerca em volta da Torah”. Pirkei Avot (A Ética dos Pais), Capítulo Primeiro in J. Guinsburg, Do Estudo e da Oração, São Paulo, Editora Perspectiva, p. 168.
[3] “Asseverando que as leis orais remontavam ao tempo de Moisés, no Monte Sinai, os rabinos elevaram suas contraditórias interpretações do Antigo Testamento a uma posição de maior importância que o próprio Antigo Testamento”. Robert H. Gundry, Panorama do Novo Testamento, São Paulo, Edições Vida Nova, 1991, pp. 52.
[4] Mekhilta, cap. 5, “O Senhor Teu Deus, in J. Guinsburg, Do Estudo e da Oração, São Paulo, Editora Perspectiva, pp. 194-196.