jeudi 12 septembre 2019

Politique et religion


Article de Jorge Pinheiro publié à la dernier édition (Band 14) de Tillich-Studien du Deutschen Paul-Tillich-Gesellschaft, LIT Verlag Munster 2005, Berlin, Hamburg, Londres, Vienne: « Éthique sociale et socialisme religieux, Actes du XVe Colloque International Paul Tillich », Toulouse 2003, édité par Marc Boss, Doris Lax et Jean Richard, avec la collaboration de Mireille Hébert, où à partir du socialisme religieux qu´était proposé par le théologien germano-américaine Paul Tillich présente bilan et perspectives du Parti des Travailleurs brésilien.

Politique et religion
Un éclairage tillichien sur le socialisme brésilien

À guise d’introduction

Dans la pensée de Paul Tillich, religion et politique ne sont pas deux réalités séparées. Les racines de la pensée politique ne sont pas de simples idées. La pensée politique est l'expression d'une existence politique, d'une situation sociale. On ne peut pas comprendre la pensée quand on sous-estime les réalités sociales dans lesquelles elle surgit.1 Par ailleurs, les racines de la pensée politique ne peuvent agir à force égale à tout moment et dans chaque groupe. L´une ou l´autre peut prédominer. Cela dépend de groupes ou de formes de domination déterminés, des structures socio-psychologiques et de l'interaction avec la situation sociale objective.2

Aussi voudrais-je, en tant que socialiste et théologien brésilien, m’interroger sur la portée transculturelle du socialisme religieux de Tillich. Permet-il d’éclairer l’action humaine et sociale dans un pays comme le Brésil? Peut-il par exemple fournir des éléments pour une analyse du rapport religion-politique au « Partido dos Trabalhadores », le Parti des Travailleurs brésilien? À ces question, qui figurent au centre de la thèse que je dirige actuellement sous la direction du professeur Etienne Higuet, je ne pourrai répondre ici qui de manière fragmentaire et, pour ainsi dire, programmatique. La première partie de mon étude présente la réflexion de Tillich sur les racines du socialisme ; la deuxième partie retrace brièvement le processus de fondation du Parti des Travailleurs au Brésil ; la troisième esquisse, à partir de la question du mythe de l’origine, une lecture tillichienne de la situation actuelle du socialisme brésilien.


Notes
1 James Luther Adams, O conceito de era protestante segundo Paul Tillich, in Paul Tillich, A Era Protestante, São Bernardo do Campo, Ciências da Religião, 1992, p. 293. 
2 Paul Tillich, Teologia sistemática, São Leopoldo, São Paulo, Sinodal, Paulinas, 1984, p. 173.

A reforma de Josias

Contexto histórico


Senaqueribe subiu ao trono assírio em 705 antes de Cristo e teve que enfrentar uma revolta na Babilônia, mas não só lá: todas as províncias do oeste se levantaram. Acreditavam ter chegado o momento da libertação. O Egito prometeu ajudar aos rebelados. A coalizão integrava Tiro, cidades fenícias; Ascalon e Ecron, cidades filistéias; Moabe, Edom e Amon; e Ezequias, de Judá, entrou como um dos chefes da revolta. Fortificou suas defesas e preparou-se para o ataque da Assíria.

O que não se fez esperar. Senaqueribe em 701 antes de Cristo atacou Tiro e venceu. Depois foi a vez de Biblos, Arvad, Ashdod, Moabe, Edom e Amon, que se entregaram e pagaram tributo a Senaqueribe.

Ascalon, Ecron e Judá, resistiram. Senaqueribe tomou primeiro Ascalon. Os egípcios tentaram socorrer Ecron e foram derrotados. E foi a vez de Judá. Senaqueribe tomou 46 cidades fortificadas em Judá e cercou Jerusalém.

Nos Anais de Senaqueribese diz o seguinte:

"Quanto a Ezequias do país de Judá, que não se tinha submetido ao meu jugo, sitiei e conquistei 46 cidades que lhe pertenciam (...) Quanto a ele, encerrei-o em Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro na gaiola...".

Entretanto, por motivos desconhecidos, talvez uma peste, ele levantou o cerco a Jerusalém e voltou para a Assíria. Jerusalém voltou a respirar, no último minuto. Mas teve que pagar tributo aos assírios.

Não se sabe porque Jerusalém se salvou. 2Reis 19,35-37 diz que o Anjo de Iaveh atacou o acampamento assírio. Existe uma notícia de Heródoto, História II, 141, segundo a qual num confronto com os egípcios os exércitos de Senaqueribe foram atacados por ratos, o que levanta a hipótese de que a peste bubônica tenha grassado em seu exército. 

Para Hermann, estudioso do assunto, "pode-se considerar que algum fato, acontecido no acampamento assírio que assediava Jerusalém, tenha obrigado à partida; mas isto não exclui que Ezequias tenha enviado o seu tributo e renovado de modo ostensivo o tratado de vassalagem, cuja ruptura provocara a invasão assíria".[1]

Outra questão é se teria havido uma segunda campanha de Senaqueribe na Palestina. De qualquer maneira, segundo os Anais de Senaqueribe, o tributo pago por Ezequias ao rei assírio foi significativo:

"Quanto a ele, Ezequias, meu esplendor terrível de soberano o confundiu e ele enviou atrás de mim, em Nínive, minha cidade senhorial, os irregulares e os soldados de elite que ele tinha como tropa auxiliar, com 30 talentos de ouro, 800 talentos de prata, antimônio escolhido, grandes blocos de cornalina, leitos de marfim, poltronas de marfim, peles de elefante, marfim, ébano, buxo, toda sorte de coisas, um pesado tesouro, e suas filhas, mulheres de seu palácio, cantores, cantoras; e despachou um mensageiro seu a cavalo para entregar o tributo e fazer ato de submissão".[2]

Essa informação concorda com a de 2Reis 18.13-16:

"No décimo quarto ano do rei Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, veio para atacar todas as cidades fortificadas de Judá e apoderou-se delas. Então Ezequias, rei de Judá, mandou esta mensagem ao rei da Assíria, em Laquis: 'Cometi um erro! Retira-te de mim e aceitarei as condições que me impuseres'. O rei da Assíria exigiu de Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro, e Ezequias entregou toda a prata que se achava no Templo de Iaveh e nos tesouros do palácio real. Então Ezequias mandou retirar o revestimento dos batentes e dos umbrais das portas do santuário de Iaveh, que... rei de Judá, havia revestido de ouro, e o entregou ao rei da Assíria".

Com isso, a reforma de Ezequias tinha dado início perdeu o rumo. Seu sucessor Manassés foi um dos piores e mais longos governos de Judá. Foram 55 anos de governo. No final do governo de Manassés o imperialismo assírio começou a entrar em declínio. Era uma época de sincretismo religioso. Deuses, cultos e  costumes se misturavam, e os assírios temerosos de perder o poder político, oprimiam os cultos nacionais, tentando manter sua influência. Tal situação ameaçava o culto a Iaveh. Mas quem protestava era reprimido.

Manassés foi sucedido pelo filho Amon que acabou assassinado por opositores aos assírios. E foi entronizado, com apenas 8 anos de idade, seu filho Josias, em 640 a.C. Durante seu reinado, Judá alcançou esperançosa independência.


Assim, a Assíria viveu seus estertores, enfrentando levantes violentos provenientes de vários pontos do império. Povos oprimidos pela extrema violência assíria levantaram suas cabeças. Principalmente os babilônios e os medos, artífices da derrocada definitiva da Assíria, entre 626 e 610 a.C.

Foi um momento especial para Judá. Há um renascimento do nacionalismo e o rei Josias dá início a uma reforma, descrita em pormenores em 2Reis 22.3-23.25 como sua grande obra política. A reforma começou por volta do ano 629 a.C., décimo segundo do reinado de Josias, que tinha 20 anos de idade.

Aproveitando o debilitamento assírio, Josias recuperou o controle sobre as províncias do antigo reino de Israel, cobrou tributos e melhorou suas defesas. Fez uma limpeza geral no país: cultos e práticas estrangeiras, introduzidos em Judá sob a influência assíria, foram eliminados. A magia e as adivinhações foram banidos. Os santuários do antigo reino de Israel, considerados idólatras, destruídos.

Do templo de Jerusalém foi recuperado um código de leis, o núcleo do atual livro do Deuteronômio, como se lê em 2Rs 22. Segundo alguns, escrito no reino do norte e levado para Jerusalém em seguida à destruição de Samaria em 722 a.C.; segundo outros, escrito em Jerusalém mesmo, durante o governo de Ezequias, por grupos fugidos do norte. O Deuteronômio original compreendia os capítulos 12.1-26.15 -- um código de leis de renovação da aliança -- ornamentado por uma introdução (os atuais capítulos 4.44-11.32) e uma conclusão, os capítulos 26.16-28.68.

Ao ser promulgado por Josias em 622 a.C. como lei oficial do Estado, o Deuteronômio deu vida à reforma, mostrando ao povo que Judá podia confiar em Deus, porque essa era a promessa davídica. Era preciso reviver as antigas tradições mosaicas.

O livro de II Crônicas 34 a 36 narra um dos maiores avivamentos experimentados por Israel, dirigido pelo jovem rei Josias (c. 639-609 a.C.), que morreu, em batalha, aos 39 anos. Aos 16 anos começou sua vida espiritual e aos 20 fez uma reforma no reino de Judá. 

Josias herdou uma nação idólatra, com templos pagãos e bosques dedicados às divindades assírias e dos povos vizinhos: Baal, Milcom, Moloque e Astarote. O povo estava perdido e sem rumo. Mas, Josias superou os problemas graças a dois recursos.

a)             A oração, que cumpriu um papel no reavivamento. Jovem ainda começou a buscar ao Senhor, 2 Crônicas 34: 3. Consciente da idolatria existente em seu país, lutou contra esse pecado e destruiu todos os altares, verso 7.

b)            A Palavra. Além da oração, a descoberta do Livro de Deuteronômio, transformou-se em lei fundamental para a implementação das reformas, 2 Crônicas 34.14-18. Ao ouvir a leitura da Palavra do Senhor, o rei humilhou-se diante de Deus, verso 19. Depois, reuniu o povo e leu diante da multidão a Lei do Senhor, verso 30. Isso trouxe uma renovação espiritual.

O que isso nos ensina? Que sem oração e sem a Palavra de Deus não há renovação da aliança. 

Assim, na renovação da Aliança do povo, promovida pelo rei Josias, teve quatro movimentos: 

1. Uma convocação ao povo para ouvir a Palavra de Deus

2. O povo ouviu a Palavra 

3. O povo aceitou a Palavra

4. Renovou-se a aliança com Deus por meio de um sacrifício pascal

Conclusão histórica


A reforma de Josias surtiu efeito? Sim e não. Positiva no geral, teve, contudo, pontos negativos. Não encontrou uma independência prolongada para poder se desenvolver; foi feita de cima para baixo, imposta pelo governo, sem base popular mais ampla; suas medidas ficaram no exterior, sem levar o povo a uma reconstrução real do culto a Iahveh. A centralização do culto não deu bons resultados, esvaziou a vida e a religiosidade do povo. E os acontecimentos se precipitaram, Josias morreu cedo, e a reforma se perdeu.

Conclusão teológica


Um verdadeiro movimento de renovação espiritual deve estar ligado à oração e ao estudo das Escrituras. Isto porque a Palavra de Deus é restauradora: 

“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”, Salmos 19.7. 

Ela age de forma poderosa no coração humano, Jeremias 23.29. Essa é a renovação da aliança que Deus deseja que façamos.




[1]Hermann, S., Storia d'Israele. I tempi dell'Antico Testa­mento, Brescia, Queriniana, 1979, p. 347.
[2]Briend, J. et alii., Israel e Judá. Textos do Antigo Oriente Médio, São Paulo, Paulus, 1985, p. 76.