dimanche 26 janvier 2020

O pensamento judaico antigo


História da Tradição e História da Religião no pensamento judaico antigo

Texto base
HASEL, Gerhard F.. Teologia do Antigo Testamento, Questões Fundamentais no Debate Atual, Ed. JUERP, São Paulo. Capítulos 3 e 4.


A posição de VON RAD

Ele faz um contraste das duas versões da história de Israel, a pesquisa histórico-moderna, histórico-crítica, e a definida pela fé, história da salvação. Von Rad diz que o quadro da história de Israel conforme o método histórico crítico busca um mínimo irrefutável, ou seja, a preocupação é a história. Enquanto que a perspectiva querigmática, moldada pela fé, pende para uma máxima teológica. Afirmou que a teologia do do pensamento judaico antigo precisa tratar o mundo de testemunhos originado na fé, ou seja o quadro querigmático. O ponto crucial, segundo Von Rad, é a ausência de premissas de fé no programa histórico-crítico da história de Israel, uma vez que não considera a hipótese do elemento Deus. Von Rad rejeitou a opção de considerar não-histórico o quadro querigmático ou de considerar histórico o quadro histórico-crítico, pois sustenta que a apreciação querigmática também está fundamentada numa história real, não tendo sido inventada. Pois a história foi percorrida por uma estrada que o próprio Iavé fez, e a história limita-se à revelação do próprio Iavé através de atos e palavras. Para ele não é que o cerne histórico esteja envolto em ficção, mas que a experiência de fé do narrador, depreendida da saga, é histórica e resulta num grande conteúdo teológico. Presumiu que as duas perspectiva da história de Israel podem colaborar com a teologia do pensamento judaico antigo, esclarecendo o quadro querigmático e ignorando, em grande parte, o histórico-crítico. 

A posição de FRANZ HESSE
Ao adotar a tese de Von Rad de que o pensamento judaico antigo se fez presente enquanto livro de história ou testemunhos, argumentou que era necessário ser dar ênfase teológica à história de Israel reconstituída pelo método histórico-crítico. Isto é relevante, pois apresenta a fé como o que realmente aconteceu, e não no que se declara ter acontecido. Hesse volta-se contra a duplicidade de Von Rad, ou seja, de que a história secular deve tratar da história de Israel, pois a versão querigmática tem relevância teológica. Ele salienta alguns conceitos que realçam a diferença entre as duas perspectivas da história de Israel: real ou irreal, isto é, o que é história e o que é tradição; correta e incorreto, o querigma não é formador da fé, mas sim a realidade histórica. Hesse procura derrubar as duas leituras da história de Israel ao identificar a leitura histórico-crítica com a história da salvação. Ele afirmou que a história da salvação está presente em tudo que o povo experimentou no decorrer dos séculos, em tudo que realizou e em tudo que sofreu. Esta não caminha de mãos dadas com a história, não pertence a uma esfera superior, mas, embora não seja idêntica à história, existe. Diz que é impossível uma separação entre a história e a história da salvação no pensamento judaico antigo. A história da salvação oculta-se na história, por meio dela e por trás dela. Conclui-se então que toda história do povo de Israel e seus vários aspectos são os objetos da pesquisa teológica. Hesse fundamenta a história da salvação unicamente na versão histórico-crítica da história de Israel 

A posição de WALTER EICHRODT
Confronta o dualismo estabelecido por Von Rad, entre os dois quadros da história de Israel. Faz uma distinção entre os fatos extrínsecos da história da salvação e a experiência decisiva. Isto é, o domínio de Deus sobre o espírito humano através da invasão do íntimo. É neste ponto, na criação e evolução do povo, na consciência do relacionamento da aliança, que ocorre a experiência decisiva, sem a qual todos os fatos extrínsecos tornam-se mitos. Einchrodt considerou necessária uma reconciliação das duas leituras da história de Israel. 

A posição FRIEDRICH BAUMGARTEN
Criticou a tentativa de Von Rad de solucionar a questão teológica da interpretação da história e da tradição. Afirmou que nenhuma das duas leituras tem relevância teológica para a fé cristã, porque o pensamento judaico antigo é o testemunho de uma religião não-cristã. 

A posição de CLAUS WESTERMANN
Critica Baumgarten, concluindo que este, então, considera que a igreja poderia passar sem o pensamento judaico antigo.

A posição de JOHANNES HEMPEL
Segundo Hempel, continua sendo fato a atividade de Deus no decorrer da história, mesmo que não se saiba como Ele atuou.

A posição de WEISER e HEMPEL
Consideraram que a realidade histórica e a expressão querigmática, isto é, fato e interpretação, formam unidade no pensamento judaico antigo.

A posição de GEORG FOHRER
Defendeu que, se existe uma unidade fundamental entre fato e interpretação, evento e palavra, não devemos atirar um contra o outro, porque os autores do primeiro testamento se utilizaram de tradições que consideravam históricas. 

A posição de WOLFHART PANNENBERG
A história constitui o mais amplo horizonte da teologia cristã. Ela é realidade em seu todo, desde o Israel antigo até o presente. A revelação de Deus é o significado inerente da história, e não algo que lhe foi acrescentado. Pannenberg enquadra a história da salvação na história universal. 

A posição de RENDTORFF
Propôs que se estabelecesse uma relação entre a história da salvação e a apreciação histórico critica da história de Israel. Combinar-se-ia a divisão: história de Israel versus história da tradição e teologia do primeiro testamento, em um novo gênero de pesquisa escolástica. O método histórico-crítico deveria ser transformado e ampliado de forma a verificar também a revelação de Deus na história. 

A posição de  H. J. KRAUS
Afirmou que o ponto de partida da teologia de Von Rad tinha cunho histórico crítico, como se evidencia no fato de sua teologia ser uma teologia das tradições.

Parafraseando Kraus, podemos dizer que história da tradição e história da religião no pensamento judaico antigo só é teologia do testamento antigo pelo fato de aceitar o contexto textual do cânon como histórica, que carece de explicação e interpretação. Se esta é a função da teologia do pensamento judaico antigo, então não deve ser considerada história da revelação.


Diferentes leituras do pensamento judaico antigo

Eichrodt – Aliança 
E. Sellin – A santidade de Deus 
Ludwig Kohler – Deus é o Senhor 
Hans Nildberger – Eleição de Israel como povo de Deus 
Günther Klein – O Reino de Deus 
Georg Fohrer – O governo de Deus e a comunhão Deus/homem 
Horst Seebass – O governo de Deus 
Uriezem – Deus é o povo focal de todos os Escritos. Comunhão. 
Von Rad – Admite Iavé como centro do Antigo Testamento. Parte de um centro secreto. Deus atua na história e é na História que Deus revela o segredo de sua Pessoa. 

Podemos então considerar que o testamento judaico se apresenta enquanto livro de história: história de Deus e Israel; de Deus e as nações; de Deus e o mundo.


Notas

Gerhard von Rad est né en 1901 à Nuremberg, en Bavière, de parents luthériens. Il fait ses études à l'Université d'Erlangen et à l'Université de Tübingen. Il est notamment influencé par O. Procksch, par l'étude de la théologie du Deutéronome et par le concept d'histoire dans les livres des Chroniques. En 1925, il devient pasteur protestant en Bavière. Von Rad enseigne ensuite un an comme tuteur à l'Université d'Erlangen, en 1929, puis comme privatdozent à l'Université de Leipzig, en 1930, où il est profondément marqué par Albrecht Alt pour qui l'Ancien Testament ne peut être compris sans le concept d’histoire.


À cette époque, après la première guerre mondiale, une partie de la théologie allemande semble se détourner de l'Ancien Testament, voire le mépriser, tel l’historien des dogmes et protestant libéral Adolf von Harnack. Face à cette dépréciation de l'Ancien Testament et alors que se développait la propagande nazie, quelques biblistes protestants allemands (les Rudolf Kittel, W. Eichrodt, O. Protschk, etc.) vont opérer une revalorisation de la théologie de l'Ancien Testament, et Gerhard von Rad sera parmi eux.

Von Rad enseigne ensuite à Iena à partir de 1934 et jusqu'à 1945, dans un contexte universitaire favorable au nazisme (contre lequel il prononcera de nombreuses conférences), puis partira pour enseigner à l'Université de Göttingen, de 1945 à 1949. Après cela, il devient professeur d'Ancien Testament à l'Université Ruprecht Karl de Heidelberg dans l'État de Bade-Wurtemberg, de 1949 à sa mort en 1971.

Les travaux de von Rad participent alors au renouveau d'intérêt pour les études sur l'Ancien Testament à partir des 20 et 30. Avec Martin Noth, il applique la recherche sur la tradition orale du Pentateuque et la critique des formes, initiée par Hermann Gunkel, aux explications relatives à l'origine de ces textes et à l'hypothèse documentaire.

Il a notamment dirigé avec Günther Bornkamm la grande collection Wissenschaftliche Monographien zum Alten und Neuen Testament.

C'est durant son enseignement à Heidelberg qu'il produit son œuvre majeure, sa Théologie de l'Ancien Testament, en 1957 et 1960. Dans le premier volume, il montre comment la foi, en œuvre dans la liturgie, fournit une conception de l'histoire comme déroulement des événements du salut. Foi et histoire sont alors deux réalités différentes mais s'éclairant mutuellement. Après avoir étudié les confessions de foi de l'Hexateuque, von Rad s'applique à présenter la théologie des multiples traditions historiques. Dans son deuxième volume, il applique ses recherches au prophétisme biblique, puis aux rapports entre Ancien et Nouveau Testament.

Il publia ultérieurement une étude qui venait compléter le corpus déjà étudié : Israël et la sagesse. Il montre que les courants de sagesse ne sont pas dépendants d'une théologie de l'histoire du salut, mais sont un effort pour comprendre les énigmes et les difficultés de la vie.

S'il est incontournable dans l'histoire de l'exégèse contemporaine, von Rad est d'abord un théologien. Cette théologie biblique s'est élaborée dans un rapport à la fois théologique et historique à l'Écriture, en interaction avec la recherche de son temps.

Œuvres

G. von Rad, Théologie de l'Ancien Testament,. Tome I, Théologie des traditions historiques d'Israël, Genève, Labor & Fides, 1963
G. von Rad, Théologie de l'Ancien Testament, Tome II, Théologie des traditions prophétiques d'Israël, Genève, Labor & Fides, 1967
G. von Rad, La Genèse, Labor & Fides, Genève, 1968
G. von Rad, Israël et la sagesse, Labor & Fides - Librairie protestante, Genève - Paris, 1971

Références

Laurin, Robert B., Contemporary Old Testament Theologians, Judson Press, Valley Forge, 1970, (ISBN 0-8170-0488-2), p.65

Dans un des travaux importants d'Adolf von Harnack, publié en 1921, celui-ci indique : « Voici la thèse que je pose avant de l'argumenter : rejeter l'Ancien Testament au IIe siècle était une faute que la Grande Église a rejetée avec raison ; la conserver au XVIe siècle était une fatalité à laquelle la Réformation n'a pas encore été capable de se soustraire ; mais, depuis le XIXe siècle, le conserver encore dans le protestantisme comme document canonique est la conséquence d'une paralysie » (p. 217 de l'édition allemande, p. 240 de la traduction), in Adolf von Harnack, Marcion, l'Évangile du Dieu étranger, Paris, Cerf, coll. « Patrimoines christianisme », 2003.Cf. Recension et analyse du livre d’Harnack, par Édouard Cothenet.

Society for Biblical Literature, Henning Graf Reventlow introduces von Rad's "From Genesis to Chronicles: Explorations in Old Testament Theology", Cross, F. L., ed. The Oxford dictionary of the Christian church. New York: Oxford University Press. 2005.

Johann Jakob Hess est un théologien protestant suisse, né à Zurich le 21 octobre 1741 et mort le 29 mai 1828. Il se distingua comme prédicateur et devint doyen du clergé dans sa ville natale.

Histoire des trois dernières années de la vie de J.-C., Zurich, 1772;
Histoire des Apôtres, 1775 ; Histoire des Israélites, 1776-86.

Walther Eichrodt (1 août 1890 à Gernsbach, Baden - 20 mai 1978 à Bâle) était un savant allemand de l'Ancien Testament et un théologien protestant. De 1908 à 1914, il a étudié la théologie à Bethel, Greifswald et Heidelberg, obtenant son habilitation à l'Université d'Erlangen en 1918. En 1922, il succède à Albrecht Alt en tant que professeur agrégé d' histoire des religions et d'études de l'Ancien Testament à l' Université de Bâle, où de 1934 à 1960 il a enseigné des classes en tant que professeur titulaire. En 1953, il est nommé recteur d'université.

Eichrodt croyait que le livre de la Genèse avait été ajouté comme prologue à l'Ancien Testament après l'achèvement de l'écriture d' Exode.

Die Quellen der Genesis (1916).
Die Hoffnung des ewigen Friedens alten Israel (1920).
Theologie des Alten Testaments, 3 volumes (1933-1939); traduit en anglais et publié en 3 volumes comme Théologie de l'Ancien Testament (1961, 1967).
Das Menschenverständnis des Alten Testaments (1944); traduit en anglais et publié sous le titre Man in the Old Testament (1951).
Ézéchiel; un commentaire ; Traduction anglaise par Cosslett Quin (1970).