dimanche 20 septembre 2015

Etudier la théologie à l'IPT (Institut protestant de théologie - Montpel...

Croix Huguenote

La Croix Huguenote

Croix 

O evangelho de Maria Madalena -- para entender

Segredos de História e Fé 
Frei Jacir de Freitas Faria 

Introdução

A literatura apócrifa, sobretudo a de origem cristã, tem sido objeto de estudo para muitas pessoas e comunidades. Cursos e conferências sobre a temática têm se multiplicado. Os evangelhos apócrifos de Maria Madalena e Tomé são os que têm despertado maior interesse. O motivo disso é que nos apócrifos encontramos ensinamentos que permanecem atuais, como, por exemplo, a da leitura de gênero, isto é, a relação homem/mulher no início do cristianismo. Ademais, a espiritualidade integradora que emerge do Evangelho de Maria Madalena fascina a todos que dele se aproximam. Também outras descobertas surgem, tais como: os nomes dos avós de Jesus, Joaquim e Ana; a vida consagrada de Maria; a assunção de Nossa Senhora; a história de Verônica; a história de José; a defesa da virgindade de Maria; as travessuras de Jesus menino; a idéia que o pecado não existe; o amor preferencial de Jesus por Maria Madalena; que Maria Madalena não era prostituta, a história da filha de Pedro; as divergências entre as lideranças das primeiras comunidades cristãs; a descida de Cristo aos infernos... E poderíamos continuar enumerando informações advindas dessa fascinante literatura. Analisemos algumas delas. Antes, porém, redefinamos o sentido do termo apócrifo.

1 - As várias definições de Apócrifo e seu valor para a nossa fé 

Apócrifo deriva do grego apókpryphos. A definição mais conhecida para apócrifo é texto falso no conteúdo ou no título e que, por isso, não entrou na lista dos livros inspirados, na Bíblia. Os apócrifos seriam meras fantasias de piedosos cristãos. Na verdade, entre os primeiros cristãos circulavam muitos textos sobre a vida de Jesus e seus seguidores. Fala-se em uma lista de 60 apócrifos do Novo Testamento (Segundo Testamento) e outros 52 do Antigo Testamento (Primeiro Testamento). Muitos deles foram parar na fogueira. O decreto Gelasiano (referente ao Papa Gelásio – falecido em 496) proibia a utilização desses livros pelos cristãos.

Hoje, tantos séculos depois, me proponho, como estudioso da Bíblia, retomar o estudo dos apócrifos com o intuito de encontrar neles o precioso que foi mantido em segredo. Assim, compreendo os textos apócrifos. Com estilo literário diferente dos evangelhos canônicos, os evangelhos apócrifos complementam o conteúdo desses e, sobretudo, apresentam pontos de vistas diferenciados dos que permaneceram como oficiais. Não por menos, na coletânea dos livros apócrifos do Segundo Testamento encontramos, por exemplo: Evangelhos (de Maria Madalena, de Tomé, de Filipe, Árabe da Infância de Jesus, do Pseudo-Tomé, de Tiago, do Nascimento de Maria); Atos (de Pedro, de Tecla e Paulo, dos doze apóstolos, de Pilatos); Epístolas (de Pilatos a Herodes, de Pilatos a Tibério, dos apóstolos, de Pedro a Filipe, Paulo aos Laodicenses, Terceira epístola aos Coríntios); Apocalipses (de Tiago; de João, de Estevão, de Pedro); Outros (A filha de Pedro, Descida de Cristo aos Infernos, Declaração de José de Arimatéia). Os originais desses textos estão em grego, latim, siríaco, copto, etíope, etc. Muitos deles são apenas fragmentos. Os evangelhos de Maria Madalena e Tomé, em copto, foram descobertos no alto Egito, em Nag Hamadi, em 1945.

Tantos escritos assim não invalidam, por outro lado, o valor incontestável dos evangelhos canônicos produzidos pelas comunidades de Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses permanecerão sempre como critério verossímil de análise da pessoa e vida de Jesus, mas serão mais bem compreendidos em relação aos outros modos de pensar daquele então. Nesse sentido, gostaria de propor algumas reflexões advindas do estudo dos apócrifos, sobretudo dos evangelhos de Maria Madalena e Tomé.

2 - Maria Madalena não era prostituta 

Quem é Maria Madalena? A ligação errônea das passagens evangélicas que falam dela levou à identificá-la com a pecadora (prostituta?) que ungiu os pés de Jesus (Lc 7,36-50). E esse erro virou verdade de fé. O inconsciente coletivo guardou na memória a figura de Maria Madalena como mito de pecadora redimida. Fato considerado normal nas sociedades patriarcais antigas. A mulher era identificada com o sexo e ocasião de pecado por excelência. Daí não ser nenhuma novidade a pecadora de Lucas ser prostituta e a prostituta ser Maria Madalena. Lc 8,2 cita nominalmente Maria Madalena e diz que dela “haviam saído sete demônios”. Ter demônios é o mesmo que ser acometido de uma doença grave, segundo o pensamento judaico. No cristianismo, o demônio foi associado ao pecado. No caso da mulher, o pecado era sempre o sexual. Nesse sentido, a confusão parece lógica. Mas não o é, se levarmos em consideração o valor da liderança exercida por Maria Madalena entre os primeiros cristãos, bem como a predileção de Jesus por ela. Entre os discípulos judeus considerar Maria Madalena como prostituta significava também subestimar o valor da mulher enquanto liderança. Os padres da Igreja seguiram essa linha de pensamento.

3 - A liderança de Maria Madalena incomodava os apóstolos 

Entre os primeiros cristãos havia disputas pela liderança. Havia o grupo de Pedro, o de Paulo, o de Tiago, e também o de Maria Madalena. O evangelho de Maria Madalena diz que ela recebe os ensinamentos do Mestre e os transmite, causando a irritação de Pedro, que diz: “Será possível que o Mestre tenha conversado assim com uma mulher? Devemos mudar nossos hábitos e escutarmos todos essa mulher? Mas Levi repreende a Pedro dizendo: “Se o Mestre tornou-a digna, quem és tu para rejeitá-la? Arrependamo-nos!”, o que significa, unamos o masculino e o feminino dentro de nós e saiamos a anunciar o Evangelho segundo Maria Madalena. E assim termina o Evangelho de Maria Madalena.

Há também um tratado gnóstico chamado Pistis Sophia que nos mostra o quanto a liderança de Maria incomodava aos discípulos. Assim diz o texto: “Pedro precipitou-se adiante e disse a Jesus: “Meu Senhor, nós não podemos mais suportar esta mulher, pois nos tira a oportunidade; ela não deixou falar ninguém de nós, mas sempre ela a falar. Meu Senhor que as mulheres cessem afinal de perguntar, de modo que nós possamos também perguntar”. E Maria Madalena também disse a Jesus: “Por isso, eu tenho medo de Pedro: ele costuma ameaçar-me e odeia o nosso sexo”. A opinião de Pedro em relação a Maria Madalena revela o quanto lhe incomodava o protagonismo de Maria Madalena, mulher, discípula e apóstola de Cristo. 

4 - Maria Madalena era a amada de Jesus e o beijava freqüentemente 

O evangelho de Filipe nos traz uma informação não muito conhecida entre nós. Ele diz: “A companheira de Cristo é Maria Madalena. O Senhor amava Maria mais do que todos os discípulos e a beijava freqüentemente na boca. Os discípulos viram-no amando Maria e lhe disseram: Por que a amas mais que a todos nós? O Salvador respondeu dizendo: ‘Como é possível que eu não vos ame tanto quanto a ela?” (Filipe 63, 34-64,5). E noutra parte diz: “Eram três que acompanhavam o Senhor: sua mãe Maria, a irmã dela, e Madalena, que é chamada de sua companheira. Com efeito, era “Maria” sua irmã, sua mãe e a sua esposa” (Filipe 32).

Com entender o beijo entre Jesus e Maria Madalena? É fácil! Basta remontarmos à cultura daquela época. O beijo em hebraico significa comunicar o espírito. Por isso é que dizemos que o beijo é, por excelência, o sacramento do amor. Maria Madalena recebia os ensinamentos do mestre. Eles eram espíritos unidos pelo amor ao Reino de Deus. Podemos também compreender isso olhando a vida dos grandes místicos. Francisco e Clara de Assis viveram essa mesma experiência sublime de amor, na consagração de suas vidas.

Chamar Maria Madalena de mãe, amada e irmã significa dizer a mesma coisa em três modos diferentes. Eles representam a mulher (feminino) nos seus três estágios de vida: infância, procriação e menopausa. E todas essas dimensões, na relação com o homem (Jesus), revelam a união profunda entre os seres humanos. União sem divisão, sem dualidade. Por isso, Maria Madalena só poderia ter sido de Jesus mãe, irmã e esposa.

No evangelho de João encontramos a expressão “discípulo amado”. Esse evangelho tem parentesco próximo em sua teologia com o evangelho de Maria Madalena. João quase não entrou na lista dos canônicos. Não seria o evangelho de João fruto da comunidade de Maria Madalena? O discípulo amado do evangelho de João não seria Maria Madalena? Ela, sim, recebe esse título nos apócrifos. E para que o seu evangelho fosse considerado canônico, o evangelho de Maria Madalena virou de João e, João, por conseguinte, o discípulo amado. Bom, há de se considerar também que o discípulo amado nem seja João.

5 - Para Maria Madalena, o “pecado não existe” 

O evangelho de Madalena afirma: “não há pecado, somos nós que fazemos existir o pecado quando agimos conforme os hábitos de nossa natureza adúltera” (pagina 7, 14-19). O ser humano nasce em estado de graça, sem pecado. São os condicionamentos da vida que criam situações de pecado. O pecado então passa a existir. E vale lembrar que o pecado não é só moral, mas social e comunitário. Infelizmente a Igreja católica, no decorrer da sua história, enfocou muito o pecado moral, chegando a criar até listas de pecados, e muita gente viveu atrelada a essa idéia, sem conseguir se libertar. A confissão dos pecados fez e faz um bem para todos nós, mas a idéia que tudo é pecado, não. A liberdade é já um estado de graça. Nem tudo é pecado, sobretudo no campo da moral. O evangelho de Maria Madalena nos ensina a buscar a harmonia interior e sem absolutismos. 

6 - Para Tomé, Jesus é um crítico do império romano 

Segundo os estudiosos, parte do Evangelho de Tomé data do ano 50, sobretudo as parábolas. Nos evangelhos canônicos nós temos parábolas e alegorias. A parábola é o fato e a alegoria é a interpretação que se faz dele. No Evangelho de Tomé não existem alegorias, apenas parábolas. Isso nos leva a entender que esse evangelho está mais próximo da fala original de Jesus. Comparando os textos, percebemos isso claramente. Na parábola do semeador, por exemplo, o que Jesus estaria dizendo? Ele convoca o pessoal do norte da Galiléia, os quais estavam assistindo o roubo de suas terras pelo Império Romano e repassados aos “apadrinhados políticos” do Império, a lutar pelos seus direitos. Ou seja, Jesus ensina os trabalhadores a resistirem. Outro texto interessantíssimo é a Parábola dos vinhateiros, que algumas Bíblias intitulam erroneamente como “Parábola dos vinhateiros homicidas / assassinos”. 

Quando se faz uma comparação entre os textos de Tomé, Mateus, Marcos e Lucas, percebemos nitidamente a intenção de cada um deles. Os três evangelistas canônicos relêem essa parábola de forma cristológica: Jesus é o que foi morto fora da vinha; o dono da vinha é o Pai (Deus); os trabalhadores representam o povo de Israel que rejeitou Jesus. O texto de Tomé não diz isso. Ele coloca os vinhateiros de uma forma positiva, pessoas que não têm nada de homicidas. Os vinhateiros, em Tomé, são os trabalhadores que se organizam e que brigam contra o patrão para reivindicar o direito à terra, herança dada por Deus que estava sendo tomada pelos romanos. Por mais paradoxal que seja, o Evangelho de Tomé convida a comunidade a resistir contra aqueles que tomavam as suas terras. Evidentemente, as comunidades de Marcos, Mateus e Lucas, cada um a seu modo e a partir da problemática interna e externa vividas por elas: perseguição judaica, ambição pelas riquezas do mundo, alegorizam a fala de Jesus. E isso também não está errado. Nós fazemos o mesmo ainda hoje. 

7 - Para não concluir 

O precioso dos apócrifos mantido em segredo, trazido à tona, desinstala a opinião teológica sedimentada. Esses escritos são, de fato, já desde as origens do cristianismo, textos questionadores. Temos que reconhecer que, evidentemente, que alguns apócrifos têm histórias aberrantes, que não poderiam corresponder à verdade. Mas também a “história” sobre Jesus nos evangelhos canônicos não é toda a história. Nem tudo sobre Jesus foi escrito. Muita coisa não foi considerada. E muitos textos sobre Jesus são já releituras feitas pelas comunidades daquela época. Alguns estudiosos chegam a afirmar que somente 18% das palavras atribuídas a Jesus nos evangelhos são dele. Além disso, o que era dado de fé passou a ser dado histórico e o que era dado histórico tornou-se dado de fé. É difícil distinguir, mesmo como o auxílio da exegese moderna, o Jesus da fé do Jesus histórico. As coisas estão misturadas. Estudar os apócrifos é colocar-se no caminho do diálogo com as origens do cristianismo. É perceber o valor deles para a nossa fé ecumênica e aberta ao “novo”, ainda que esse não seja “tão novo” assim.

Fonte

O Evangelho de Maria Madalena: uma introdução 
Frei Jacir de Freitas Faria 

Muitos se assustam ao ouvir dizer que existe um evangelho de Maria Madalena. Como? Uma prostituta escreveu um evangelho? O estudo acurado dos escritos apócrifos, isto é, textos sagrados que não entraram na Bíblia, nos proporciona descobertas inusitadas: Maria Madalena não era prostituta; Jesus a amava muito; A nossa devoção Mariana tem sua origem nos apócrifos. Os apócrifos do Segundo Testamento (Novo Testamento) são em torno de 60 e os do Primeiro Testamento, 52. 

O Evangelho de Maria Madalena tem muito a contribuir com os estudos recentes sobre as origens do cristianismo. Com grande probabilidade estamos diante de um texto fundador do cristianismo. Ele chegou até através de um manuscrito grego datado, provavelmente no ano 150 da Era Comum (E.C.), e na sua tradução para o copta saídico (língua usada no Egito), no século V da E.C. O texto está organizado em forma de páginas, das quais nos faltam as de número 1 a 6 e 11 a 14. 

Contrário aos evangelhos sinóticos (Mc., Mt. E Lc), os quais, a partir do relato da paixão, morte e ressurreição de Jesus, relatam a infância e a missão de Jesus, o gênero literário do Evangelho de Maria Madalena corresponde ao que chamamos de ditos e sentenças. E Maria Madalena dizendo o que Jesus disse.

Postulamos em nossa interpretação que o objetivo desse evangelho seria o de reagir contra a institucionalização do cristianismo na linha hierárquica e masculina. E foi por isso que Maria Madalena e sua comunidade procuraram interpretar a mensagem do mestre Jesus de modo integrador. Jesus, contrariamente à linha judaica, essênica e farisaica, esteve sempre próximo às mulheres, pecadores e enfermos. Os evangelhos canônicos, os que estão na Bíblia, não negaram essa postura de Jesus, mas, por outro lado, minimizaram a liderança de mulheres apóstolos e discípulas de Jesus, como Maria Madalena. O Evangelho da comunidade de Maria Madalena conservou discussões teológicas entre Maria Madalena, Pedro, Lavi e André sobre a pessoa e missão Jesus transmitidas por ele a Maria Madalena, nas quais encontramos novidades que a tradição achou por bem deixar de lado. Vamos ler e interpretar o Evangelho de Maria Madalena tendo em vista o diálogo com esses textos primitivos que muito nos iluminam a reflexão hodierna sobre a espiritualidade e gênero. Convido a você, caro leitor (a) a acompanhar as reflexões que faremos sobre a personagem de Maria Madalena e seu evangelho. A nossa intenção será de destruir os preconceitos criados historicamente em torno a Maria Madalena para, assim, reconstruí-la como paradigma de fé e apóstola de Jesus.

O Evangelho de Maria Madalena 
Frei Jacir de Freitas Faria 

Infelizmente a descoberta do Evangelho de Maria Madalena, em 1945, no Alto Egito, em Nag-Hammadi, também não nos logrou oferecer o texto completo do evangelho. Faltam as páginas iniciais, 1 a 6 e 11 a 14.

Abaixo apresento uma página do Evangelho de Maria Madalena. O texto completo se encontra traduzido e comentado por Jean-Ives Leloup e Jacir de Freitas nos livros: 

· FARIA, Jacir de Freitas. As origens apócrifas do cristianismo: Comentários aos evangelhos de Maria Madalena e Tomé. São Paulo: Paulinas, 2003; e 
· LELOUP, Jean-Ives. Evangelho de Maria: Miriam de Mágdala, Petrópolis: Vozes, 1998.

PÁGINA 8

1 “O apego à matéria
2 gera uma paixão contra a natureza.
3 É então que nasce a perturbação em todo o corpo;
4 é por isso que eu vos digo:
5 ‘Estejais em harmonia...’
6 Se sois desregrados
7 inspirai-vos em representações
8 de vossa verdadeira natureza.
9 Que aquele que tem ouvidos
10 para ouvir, ouça.”
11 Após ter dito aquilo, o Bem-aventurado
12 saudou-os a todos dizendo:
13 “Paz a vós – que minha Paz
14 seja gerada e se complete em vós!
15 Velai para que ninguém vos engane
16 dizendo:
17 ‘Ei-lo aqui.
18 Ei-lo lá.
19 Porque é em vosso interior
20 que está o Filho do Homem;
21 ide a Ele:
22 aquele que o procuram o encontram
23 em marcha!
24 Anunciai o Evangelho do Reino.

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* Seguimos literalmente a tradução de Jean-Yves Leloup em O Evangelho de Maria; Míriam de Mágdala. 



Epístola aos Efésios do apóstolo Paulo

Carta aos Efésios
AUTOR. Paulo, o apóstolo. Veja 1:1.
DATA. Provavelmente escrita em Roma, ano 60-64 d.C.

Éfeso hoje

A região do Mar Egeu é uma das regiões mais belas da Turquia. Longas praias de areia, oliveiras verdes, rochas e pinheirais juntamente com águas cristalinas. O clima é ameno e a brisa marítima refresca os dias mais quentes do verão. Uma das regiões mais bonitas é Marmaris, que foi um local destacado na rota comercial que ligava a Anatolia ao Egito. Os arredores de Marmaris estão cheios de locais históricos.

Marmaris situa-se numa baía rodeada de montanhas, no ponto de encontro entre o Mar Egeu e o Mediterrâneo. A dois dias de viagem está a antiga Éfeso e Pamukkale, onde possivelmente morou Maria, a mãe de Jesus. De Éfeso restam ruínas, a casa de Maria e a basílica de São João As sete igrejas citadas no Apocalipse estavam localizadas em cidades hoje da Turquia. 

A Carta

A Carta aos Efésios "é um hino de adoração proveniente do coração do apóstolo Paulo. Não é um argumento teológico monótono e sim o transbordar de sentimentos ardentes do coração agradecido do apóstolo. No grego esta passagem (1.3-14) constitui uma grande sentença. O espírito de Deus inspirou o apóstolo Paulo a proferir esta profusa adoração ao Deus que o havia salvado”.[1]

A epístola é “um dos mais notáveis escritos do Novo Testamento, tanto pela consistência teológica, quanto pela praticidade”. Sua ênfase concentra-se no:

1. projeto divino da salvação, 
2. na natureza da igreja, 
3. e no senhorio de Cristo sobre todas as coisas. 

A Epístola descreve a igreja como sendo o corpo de Cristo. Ele é a cabeça que dá vida e comanda o corpo. Os aspectos da universalidade e unidade da igreja, bem como sua submissão a Cristo -- revelada através de um novo estilo de vida -- , são preponderantes:

1. bênção da eleição Efésios 1,3-4.
2. bênção da adoção Efésios 1,5-6
3. conhecimento de Deus Efésios 1,7-14
4. graça Efésios 1,15-23
5. nova sociedade Efésios 2,1-10
6. universalidade da graça Efésios 2,11-22
7. unidade da igreja Efésios 3,1-13.
8. edificação da igreja Efésios 3,14-21.
9. nova vida Efésios 4,1-6; 4,7-16
10. plenitude do espírito Efésios 4,17-5,14
11. relacionamentos cristãos Efésios 5,15-21 Efésios 5,22-6,9
12. luta espiritual - Efésios 6,10-20. [2]

A carta aos Efésios “é portadora de uma boa notícia: o universo inteiro forma um só corpo em Cristo, cabeça de tudo. Essa novidade é celebrada na 'grande bênção' que abre o texto (1,3-14) e que espalha suas raízes, ramos, flores e frutos por todo o texto. Neste texto o aluno vai encontrar uma introdução básica para começar a entender Efésios e um comentário breve a cada trecho, mostrando continuamente a ligação que existe entre o grande hino e as partes menores do texto:" [3]

O Ministério de Paulo 

Sua primeira visita, At 18:18-21; em sua segunda visita, o Espírito Santo foi dado aos crentes, At 19:2-7; continua seu trabalho com êxito extraordinário, At 19:9-20; seu conflito com os artífices, At 19:23-41; sua palavra aos anciãos efésios, At 20:17-35. Os judeus convertidos nas igrejas primitivas se inclinavam a ser exclusivos e a separar-se de seus irmãos gentios. Esta situação na igreja de Éfeso pode ter motivado o apóstolo a escrever esta carta, cuja idéia fundamental é a unidade cristã.

TEXTO CHAVE, 4:13.
CADEIA CHAVE, mostrar a corrente do pensamento, 1:10; 2:6, 14-22; 4:3-16.
TEMA PRINCIPAL. A unidade da igreja, especialmente entre os crentes judeus e gentios.

Percebe-se esta intenção na ocorrência de certas palavras e frases, como:

(1) As palavras com e juntamente; 1:10; 2:6; 2:22.
(2) A palavra um - um só novo homem; 2:14-15; um só corpo, 2:16; um Espírito, 2:18; uma esperança,4:4; um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e Pai de todos, 4:5-6.

OUTRAS PALAVRAS E FRASES REPETIDAS.

(1) Em Cristo, 1:1,3,6,12,15,20; 2:10,13;3:11;4:21.
(2) Nos lugares celestiais, 1:3,20; 2:6; 3:10.
(3) Riquezas de graça, 1:7;2:7. Riquezas de glória, 1:18; 3:16. Riquezas de Cristo, 3:8.

SINOPSE

PARTE I. A igreja e o plano de salvação. Ao discutir o plano de salvação nas diferentes epístolas. Paulo varia a ênfase. Em Romanos, ele o faz sobre a fé sem as obras; em Gálatas, sobre a fé sem as observâncias cerimoniais; em Efésios, sobre a unidade dos crentes.

Cap. Um.

(1) A saudação, vv. 1-2.
(2) A origem divina da Igreja, vv. 3-6.
(3) O plano de salvação.

(a) Por meio da obra redentora de Cristo, vv. 7-8.
(b) Seu alcance é universal, vv. 9-10.
(c) Garante uma rica herança espiritual, vv. 11-14.
(d) Oração para que os crentes possam ser iluminados quanto às riquezas de suas provisões, vv. 15-23.

Cap. Dois.

(e) O plano prevê uma ressurreição espiritual longe do pecado, e a exaltação do crente aos lugares celestiais vv. 1-6.
(f) Esta exaltação depende inteiramente da graça, e não das obras, vv. 7-10.
(g) Inclui os gentios, que estavam apartados de Deus, mas que foram aproximados por causa do sangue de Cristo, vv. 11-13.
(h) Remove todas as barreiras entre judeus e gentios, e os une em um corpo para habitação do Espírito Santo, vv. 14-22.

Cap. Três.

(i) Os mistérios do propósito divino são revelados a Paulo, e sua designação como apóstolo aos gentios, vv. 1-12.
(j) A segunda oração de Paulo pela plenitude espiritual da igreja e sua iluminação acerca do amor incomparável de Cristo, vv. 14-21.

PARTE II. Aplicação prática. Propósito do plano divino no que se refere à igreja.

Cap. Quatro.

(1) A unidade dos crentes.

(a) No Espírito, 1-3.
(b) As sete unidades mencionadas, vv. 4-6.
(c) A diversidade de dons e a unidade do corpo de Cristo, vv. 7-16.

(2) A vida cristã conseqüente, o andar dos crentes:

(a) Não como os pecadores, vv. 17-21.
(b) Em uma nova vida, abandonado os pecados passados, vv. 22-32.

Cap. Cinco.

(c) Andar em amor e pureza, vv. 1-7.
(d) Andar na luz, vv. 8-14.
(e) Andar com cuidado, cheios do Espírito, vv. 15-21.

(3) A vida no lar.

(a) Deveres dos esposos e das esposas, vv. 22-23.

Cap. Seis.

(b) Deveres dos filhos, dos pais, dos servos, e dos senhores, vv. 1-9.

(4) A luta espiritual.

(a) A fonte de fortaleza, v. 10.
(b) A armadura e os inimigos, vv. 11-18.

(5) Palavras finais e bênção, vv. 19-24.

SELEÇÕES ESCOLHIDAS

Orações de Paulo pela igreja, 1:16-23; 3:14-21.
A unidade cristã, 4:3-16.
A armadura espiritual, 6:10-17.

Citações

[1] MACARTHUR, John. Escolhidos desde a eternidade. In: Fé para Hoje. Editora Fiel, São José dos Campos/SP, Brasil, 2002. n.15, p.1-9 (Ensaio a partir de Efésios 1,3-14").
[2] .A igreja de Cristo - Uma abordagem da carta aos Efésios Estudos Bíblicos Didaquê. In: . Didaquê, Manhumirim/MG, Brasil, 2001. 44p.
[3] BORTOLINI, José. Como ler a carta aos Efésios - O universo inteiro reunido em Cristo. In: . Editora Paulus, São Paulo/SP, Brasil, 2001. 64p.