jeudi 7 août 2014

Ciências da Religião para hoje




APRESENTAÇÃO

A pergunta que você deve estar se fazendo é: o que são as ciências da religião. Bem, em primeira instância podemos dizer que consiste na investigação do fenômeno religioso a partir de diferentes áreas do conhecimento, como antropologia, filosofia, história, psicologia, sociologia e teologia.

É um conhecimento empírico, que investiga as religiões e suas manifestações. Um elemento importante das ciências da religião é sua neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a verdade religiosa ou a qualidade de uma religião. Por isso, dizemos que as religiões são sistemas de sentido idêntico, definidoras de identidade.

Já para a teologia, é na profundidade do ser, segundo Paul Tillich, filósofo da religião, que reside a fonte da espiritualidade humana. Por isso, é impossível afirmar que Deus e deuses desapareçam da esfera de conhecimento e pesquisa, quer da teologia, ciência primeira da fé cristã, quer das ciências da religião. É certo que há um número crescente de pessoas que se declaram ateias e/ou sem religião, mas mesmo estas, no Brasil, estão colocadas numa sociedade de tradição cristã, o que as obriga a terem que pensar o fenômeno religioso em suas diferentes formas. 

Este livro foi escrito pensando não somente na academia, mas em todos e todas que por curiosidade ou necessidade se debruçam sobre as religiões e suas imbricações neste mundo contemporâneo e pós-moderno. Esta coletânea de textos é, por isso, uma maneira diferente, abrangente, de falar sobre as religiões.

Para a tradição cristã, seja ela católica, reformada ou evangélica brasileira, a teologia é a ciência primeira, servida pela filosofia e por outros campos do conhecimento. Mas a teologia tem um desafio, falar àqueles que não são cristãos, sejam ateus ou estejam no amplo espectro de outras religiões. E isso deve ser feito de maneira dialogal, inter-religiosa. Aí entram as ciências da religião, que têm como um dos objetivos fazer uma análise, a partir dessas diferentes ciências, dos atos e fatos do mundo religioso. O estudo dos fenômenos religiosos possibilita abordar, desde uma perspectiva comparativa, as diferenças e semelhanças entre as religiões singulares e seus conteúdos, formas e práticas. Os traços comuns entre as diferentes religiões, levantados pelo cientista da religião, permitem, então, a definição de elementos que caracterizam o fenômeno religioso enquanto fenômeno antropológico, cultural e social.

Mas, este livro parte também do olhar para um Brasil que busca aprofundar posicionamentos e participação das pessoas nos marcos da democracia representativa e da democracia participativa e suas diversas formas de atuação, no qual as religiões crescem em importância e rompem os espaços marcados de templos, tendas e terreiros.

Por isso, as ciências da religião, hoje, trazem perguntas quanto as questões políticas e sociais que devem ser pensadas, como o reconhecimento da participação social enquanto direito do cidadão e expressão de sua autonomia, assim como a complementaridade, diálogo participativo e transversalidade dos diferentes credos e fé na integração da democracia representativa, participativa e direta.

Esta é a razão de nossos estudos e pesquisas, que contou com a contribuição de Naira Pinheiro, também ela cientista da religião, por meio de um diálogo amplo, geral e irrestrito com as diferentes áreas da vida, geralmente pouco percebido nas religiões em nosso país. Tais textos, oriundos dessas pesquisas, nos mostram que as ciências da religião, apoiadas na antropologia, filosofia, história, psicologia e sociologia, entre outras ciências humanas, e na teologia podem caminhar juntas a fim de pensar este Brasil brasileiro e fazer significativas as diferentes compreensões do ser religioso e do seu mundo.

Um forte abraço de Jorge Pinheiro

Três palavras : Distância, desamor e desatino

Distância, desamor e desatino

Vamos nesta pastoral ler o texto de Marcos 6.14-29. Através da história de três personagens -- Herodes, Herodias e Salomé -- vamos ver que as palavras traduzem força e sentido, e revelam o que pensamos, o que somos e porque fazemos o que fazemos.

Herodes e seus amores

"... porque Herodes tinha medo dele, pois sabia que ele era um homem bom e dedicado a Deus. Por isso Herodes protegia João. E, quando o ouvia falar, ficava sem saber o que fazer, mas mesmo assim gostava de escutá-lo". (Marcos 6:20) Herodes tinha carinho pelo profeta João, aquele que batizava. Mas tinha medo dele também, porque João criticava o seu casamento com Herodias, sua cunhada. Só para lembrar, Herodias era mulher de Filipe, irmão de Herodes, que ainda estava vivo. 

Cheio de orgulho, na festa de seu aniversário, ficou encantado com a performance de sua sobrinha, como bailarina, e "disse à moça: — Peça o que quiser, e eu lhe darei. E jurou: — Prometo que darei o que você pedir, mesmo que seja a metade do meu reino!" Puro orgulho. Ele não podia dar metade de seu reino para Salomé. Ele era rei sim, mas vassalo do Império Romano. Suas palavras eram palavras distantes da realidade. Repousavam na sua vaidade. Ele queria se gabar diante dos convivas. Sobre essas palavras que distanciam pessoas e realidade, o Antigo Testamento nos diz que "os sábios guardam todo o conhecimento que podem, mas o tolo, quando fala, logo traz desgraça". (Provérbios 10:14)

Herodias e seu ódio

"João tinha dito muitas vezes a Herodes: “Pela nossa Lei você é proibido de casar com a esposa do seu irmão!” Herodias estava furiosa com João e queria matá-lo". (Marcos 6:18, 19). Como vimos, durante o banquete a filha de Herodias entrou no salão e dançou. Herodes e os seus convidados gostaram muito da dança. E diante da promessa do rei, de que lhe daria qualquer coisa, Salomé perguntou à mãe o que devia pedir. E a mãe respondeu: — Peça a cabeça de João Batista.

As Escrituras nos dizem que "os maus fazem planos contra os bons e olham com ódio para eles". (Salmos 37:12). Assim, as palavras que distanciam e as palavras de desamor destroem relacionamentos e levam à morte.

Salomé e seu desatino

"No mesmo instante a moça voltou depressa aonde estava o rei e pediu: — Quero a cabeça de João Batista num prato, agora mesmo!" Salomé não pensou, não refletiu sobre o que estava dizendo. Apenas repetiu as palavras da mãe. Foi obediente para a morte. Não pensou na sua responsabilidade. Por isso, ao repetir as palavras de ódio da mãe, as suas se transformaram em palavras de desatino, de loucura.

Lembre-se: as palavras que distanciam, as palavras de desamor, mas também as palavras de desatino são palavras mal ditas. Mas nós somos chamados às palavras bem ditas, fonte de vida. "Como são doces as tuas palavras! São mais doces do que o mel". (Salmos 119:103)

"No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o princípio, a Palavra estava com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas". (João 1:1-4)

Queridos irmãos e irmãs, em Cristo somos desafiados a proferir palavras que aproximam, palavras de amor, palavras de sabedoria, que produzam vida. Palavras bem-ditas. Vamos viver assim.

Em Cristo, do pastor e amigo, Jorge Pinheiro.

Adoração depois da catástrofe

http://youtu.be/B2r-ZuvntgY