vendredi 8 juin 2012

A identidade batista, resumo mínimo


Amanhã, sábado, dia 9 de junho, teremos um debate com o Professor Mestre Leandro Seawright Alonso na Câmara Municipal de São Paulo a partir das 9 horas. Ele vai expor  suas pesquisas acadêmicas na Universidade de São Paulo sobre a última eleição presidencial e a participação dos evangélicos nela. Os resultados de sua pesquisa, dissertação de Mestrado, resultaram na publicação do livro, "Entre Deus, o Diabo e Dilma". Como a pesquisa foca a posição de liderança de destaque dos batistas brasileiros na campanha eleitoral à presidência, achei por bem publicar um resumo mínimo da identidade batista, já que a audiência será formada por pessoas de diferentes tradições religiosas ou mesmo sem religião. Conto com a presença lá dos paulistanos que lêem este blog. Forte abraço para todos e todas. Jorge Pinheiro.   
Making A Way: Grace Baptist Church Choir of Mount Vernon, NY
Os batistas são, depois do pentecostalismo, a ramificação mais numerosa do protestantismo evangélico, compreendido como um cristianismo biblicista, conversionista e militante. É a principal confissão protestante norte-americana e tem um crescimento significativo no Brasil. Em termos gerais, desenvolveu-se a partir de cinco traços distintivos:

  1. A prática do batismo por imersão da pessoa convertida, como testemunho de compromisso e fé
  2. As Escrituras como regra em matéria de doutrina, ética e fé
  3. Eclesiologia congregacionalista e de proclamação, com autonomia da assembléia local composta de militantes engajados
  4. Teologia de inspiração calvinista, com destaque para a conversão pessoal
  5. Defesa da liberdade de consciência e de expressão, e oposição à qualquer interferência da autoridade civil ou eclesiástica na vida da igreja
Esse protestantismo evangélico se caracteriza, assim, pela referência à tradição confessional, mas também por uma plasticidade marcante. A nível global, a Aliança Batista Mundial/ABM reúne cerca de 35 milhões de batistas e busca definir políticas de evangelização, reconciliação entre batistas, defesa da liberdade religiosa e assistência às igrejas batistas localizadas em regiões carentes do mundo. A Aliança Batista Mundial foi fundada em Londres em 1905.

Os precursores dos batistas foram, ideologicamente, os anabatistas da época da Reforma. Congregações anabatistas da Holanda no início do século XVII e grupos de puritanos independentes ou congregationalistas, que fugiram da Inglaterra para a Holanda fazem parte dessa construção histórica. Influenciados pelos anabatistas, puritanos independentes convenceram-se de que o batismo cristão é apropriado apenas para adultos convertidos, como testemunho de seu compromisso e fé pessoal.

De volta à Inglaterra, este grupo formou a primeira congregação batista em 1611. Duas décadas depois, Roger Williams (1639) formou a primeira congregação batista em Providence (Rhode Island). A partir de então, os batistas, já com influências da teologia calvinista, cresceram rapidamente nos Estados Unidos. A democracia informal centrada nas Escrituras tornou-se uma referência política na construção de igrejas em situação de fronteira, sob as condições rurais instáveis do Sul, Meio-Oeste e Extremo Oeste norte-americano. Assim, essas regiões foram densamente povoadas pelos batistas, uma tendência que se mantém até hoje.
Os batistas olham a vida cristã como fé pessoal, serviço e testemunho. Isso faz dos batistas militantes da causa protestante evangélica. Cada pessoa deve nascer de novo, estar convertido para uma nova vida e a partir daí congregar numa igreja. Para os batistas, a igreja local é o resultado da conversão e da graça, uma comunidade de crentes reunidos: não é a mãe da experiência cristã, nem fonte de graça, como na tradição católica.

A igreja local é santa porque a fé e a vida de seus congregados são santas. A igreja local, pelo menos em princípio, não tem nenhuma autoridade sobre seus membros, em sua liberdade de consciência, por exemplo, política, ou em assuntos eclesiásticos.

A plasticidade batista

Devido à sua plasticidade, os batistas temos mostrado características opostas na história. Pela ênfase na autoridade da Bíblia, na compreensão puritana estrita, na ética vitoriana, e entendimento da absoluta necessidade da fé e santidade pessoal, a maioria dos batistas é conservadora, tanto nas questões de fé, como de moral. Mostram-se temerosos diante das filosofias e teologias modernas e da política liberal. O evangelho é a Bíblia interpretada literalmente, dentro dos princípios tradicionais batistas. A ética cristã são os princípios básicos das Escrituras, que nenhum batista deve abandonar. Por esta razão, muitas convenções batistas se recusam a aderir ao movimento ecumênico e ignoram o evangelho social e sua preocupação com a justiça econômica, política e social.

Porém, devido a ênfase na liberdade de consciência e de crença pessoal e a importância da vida cristã longe da autoridade eclesiástica, de dogmas e rituais, os batistas são líderes do liberalismo tanto a nível político como teológico. Muitos seminários e igrejas batistas são conhecidas por estilo de adoração, atitudes sociais e teologias liberais. Os batistas foram importantes na criação do movimento ecumênico no início do século XX. Nas controvérsias que dominaram o século XX nos Estados Unidos entre teologia moderna versus fundamentalismo, entre o evangelho social versus o evangelho individual, e entre ecumenismo versus exclusivismo.
Martin Luther King Jr.
Mas, os batistas tiveram sempre papéis de destaque nos dois polos, apesar de contrários. Exemplo disso foram Walter Rauschenbusch, pastor e teólogo batista e um dos teóricos do Evangelho Social, e Martin Luther King Jr., pastor e líder pelos Diretos Civis nos Estados Unidos. E no Brasil podemos citar o Manifesto dos Ministros Batistas de 1963, de claro conteúdo político e social a favor das reformas de estrutura no país. 
Os livros de Walter Rauschenbusch em inglês estão nas livrarias on-line.
"Orações por um mundo melhor", em português, você se encontra fácil.