jeudi 29 décembre 2016

A teologia da Cruz em Lutero

É interessante notar como a Teologia da cruz de Martinho Lutero atravessou todo o seu pensamento e sem ela conceitos fundamentais da teologia luterana não podem ser compreendidos perfeitamente. Com a Teologia da cruz, Lutero se opôs à Teologia da glória, que tem por base, entre outros textos, o Salmo 19.2-7:

"O céu proclama a glória de Deus, o firmamento anuncia a obrada sua criação. Cada dia o transmite ao dia seguinte e cada noite o repete à outra noite. Não pronunciam discursos, nem palavras, nem fazem ouvir a sua voz.Contudo, a sua proclamação chega até ao fim do mundo e a sua mensagem é ouvida nos confins da terra Deus fez no céu uma morada para o Sol, que aparece de manhã, como um noivo feliz, saindo da sua cama, como um atleta que anseia começar a corrida. Ele sai duma extremidade do céu e alcança, no seu percurso,a outra extremidade. Não há nada que se furte ao seu calor".

A Teologia da glória fundamentou a Escolástica e foi central no pensamento de Tomás de Aquino. Considerava que a revelação do Eterno estava prioritariamente na natureza e que através da razão, corretamente dirigida, poderíamos conhecer o Criador.

Já para o reformador, o Eterno é Deus absconditus, conforme encontramos em Isaías 45.15: "Na verdade, tu, és um Deus escondido, o Deus de Israel, o Salvador".

Este Deus absconditus, Deus de Israel, o Salvator, se revelou na cruz. Lutero dizia que o Evangelho é para o ouvido. Só o coração contrito ouve o Evangelho. As coisas do mundo, crimes, desastres, guerras, não convencem do amor do Eterno. Temos medo do amor do Eterno é só confiamos nEle quando fechamos os olhos e abrimos os ouvidos.

A Teologia da cruz de Lutero faz um versus com a TEOLOGIA DE GLÓRIA. Isto porque a teologia da glória confunde o Eterno que se entregou à cruz e ao sofrimento com o Deus da filosofia grega: Deus de glória e poder, mas indiferente e impassível. O Deus da filosofia é diferente do Eterno na cruz, que se esvaziou de atributos divinos por amor.

Para entender a Teologia da glória é importante compreender como se via a justificação na Idade Média. O conceito de justificação que prevaleceu na Patrística e na Escolástica partia da filosofia, da divinização do ser. Agostinho defendia a idéia da infusão da justiça de Cristo no humano através do sistema penitencial e sacramental da igreja ocidental romana. Para ele, a justificação era um processo que tinha início com a regeneração batismal.

Embora Lutero e sua Teologia da cruz tenham sido influenciados por Agostinho, mais tarde, revendo a doutrina da justificação em Agostinho disse que este havia chegado bem perto do sentido paulino, mas que não alcançara Paulo. Por isso, se no começo de seus estudos devorava Agostinho, quando descobriu Paulo e entendeu o que era a justificação pela fé, descartou Agostinho.

Lutero se separou da teologia agostiniana ao ler a epístola de Paulo aos Romanos, em especial, 1.17: "Nele se revela a justiça de Deus por meio da fé. Como está escrito: aquele que é justo pela fé viverá". Convenceu-se de que a justificação não era progressiva, e afirmou que sola fide justificate, isto é, só a fé justifica. Deixou de lado a justificação infundida, e passou a defender a justificação imputada pela fé.

Para Agostinho e a tradição escolástica, o sentido era tornar justo, por isso infusão. Para Lutero, o que Paulo dizia é declarar justo, ou seja, imputação, pois a justiça não é humana, não é inerente, mas colocada na conta. Dessa maneira, abandonou a doutrina da igreja ocidental romana da infusão da justiça, pois se a justiça de Cristo fosse infundida e não imputada, deveríamos crer que os pecados não foram imputados em Cristo, mas infundidos. Ou seja, são inerentes a Cristo, e Ele não foi feito à semelhança da carne pecaminosa, mas o pecado foi infundido nEle. Temos, então, um problema teológico: Cristo está desqualificado para ser a oferta aceitável pelo pecado, pois como o Eterno aceitaria um pecador para morrer pelos pecadores? Isso levaria o Eterno a afastar-se de sua justiça, a salvar de forma imoral.

Lutero descreveu a economia da salvação como uma doce troca entre Cristo e o humano, ao fazer uma paráfrase de trecho da Epístola de Mathetes a Diogneto:

"Oh! doce troca! Oh! operação inescrutável! Oh! benefícios que ultrapassam todas as expectativas! Que a impiedade de muitos fosse oculta em apenas um justo, e que a justiça de um justificasse a muitos transgressores, e então ele conclama: aprenda Cristo e o aprenda crucificado, aprenda a orar a Ele, perdendo toda esperança em si mesmo e diga: Tu, Senhor Jesus, és a minha justiça, e eu sou o teu pecado; tomaste em Ti mesmo o que não eras e deste-me o que não sou".

A Teologia da glória levou a igreja ocidental romana a erros em sua teologia prática, entre elas à venda de indulgências. Mesclou sua ação com poder econômico e político. Ignorou o testemunho do Eterno de que o Cristo é o Filho, a Palavra, a revelação especial e perfeita, e procurou Deus na face da natureza. E não viu o Eterno agindo na história. Não entendeu o clamor da Reforma.

A Teologia da cruz proclamou que toda ação do Eterno é amor e que sua obra é a redenção do mundo, que tem seu centro na cruz, quando, sob olhos humanos, o Filho do Eterno parecia desamparado. Por isso, como Lutero digo que devemos ouvir.

Jorge Pinheiro, PhD.

A trindade de Deus

FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DE SÃO PAULO
MESTRADO RESIDENCIAL

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Prof. Dr. JORGE PINHEIRO

A TRINDADE DE DEUS

Dois Credos

“Cremos em um Deus Pai todo poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado como o Unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus em Deus, luz de luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, mediante o qual todas as coisas foram feitas, tanto as que estão nos céus, como as que estão na terra, que para nós humanos e para nossa salvação desceu e se fez carne, se fez homem, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e virá para julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo. Aos que dizem, pois, que houve [um tempo] quando o Filho de Deus não existia e que antes de ser concebido não existia, e que foi feito das coisas que não são ou que foi formado de outra substância ou essência, ou que é uma criatura, ou que é mutável ou variável, a estes a igreja católica [universal] anatematiza”. [Credo de Nicéia (325 AD) in J. L. González, Uma História do Cristianismo, 2:97; em português contemporâneo por JP].

“Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo: consubstancial [homoosious] segundo a divindade, e consubstancial [homoousios] a nós segundo a humanidade, ‘em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado’, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da virgem Maria, mãe de Deus [theotókos]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar um só pessoa [prosopon] e subsistência [hypostasis]: não dividido ou separado em duas pessoas [prosopa]. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos pais nos transmitiu”. [Credo de Calcedônia (415 AD), Concílio de Calcedônia, Actio V, Mansi, VIII, 116s, in H. Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, 1967, p.86, em português contemporâneo por JP].

Base doutrinária

A doutrina cristã da Trindade designa um só Deus em três pessoas. Embora não apareça nas Escrituras o termo Trindade, a maioria quase absoluta da igreja cristã considera uma designação correta para o único Deus que se revelou nas Escrituras como Pai, Filho e Espírito Santo. Tal designação significa que dentro de uma única essência da Divindade temos que distinguir três Pessoas que não são três deuses, nem três partes, nem três modos de Deus se revelar, mas coiguais e coeternamente Deus.

Assim, podemos falar de 
a) Unidade de Ser: Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza constitucional. Não há separação entre suas características. Ele é tudo que Ele é e em tudo que Ele faz (Dt 6.4; Is. 43.40; Tg 2.19; 1Tm 2.5). A unidade da divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30). Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito. (Jo.17:11,21-23, IJo.5:7). 
b) Trindade de Personalidade: Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. (Mc.10:9;12:29; ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6). 

c) Há distinção de Pessoas na Divindade: Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra (Gn.19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Sl.110:1; Hb.1:9). 

Polemizando com Jerônimo sobre a auto-existência de Deus. Jerônimo disse que “Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua própria substância”. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por Si mesmo. Ele nunca teve início. Ele é o Eterno Eu Sou (Ex 3.14), portanto Deus é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência (Jo.5:26; At.17:24-28; ITm.6:15,16). 

Relendo duas tradições, a oriental e a ocidental

A teologia dos Pais orientais da igreja cristã é uma teologia trinitária por excelência, elaboradora das definições dogmáticas e da unidade e diversidade das Pessoas em Deus. O termo homoousios permitiu exprimir o mistério de Deus. Assim, as relações entre as Pessoas da Trindade não são de oposição, nem de separação, mas de diversidade, de reciprocidade, de revelação recíproca e de comunhão no Pai. A forma ocidental de uma certa maneira contribuiu para realçar as relações de oposição e de separação.

Os atributos que se referem à natureza comum são inerentes às Três Pessoas sem diferenciações. Sendo a unicidade evocada na sua relação com à Fonte que é o Pai. A inascibilidade do Pai, a geração do Filho e a processão do Espírito são as relações que melhor permitem distinguí-las.

As relações de origem não são o único fundamento das hipóstases, que as constituiria e as esgotaria do seu conteúdo. A teologia do Oriente reserva um caráter sempre ternário ou triplo das relações, suprimindo qualquer possibilidade de as reduzir à dualidade, à formação de díades no seio da Trindade.

Na Trindade encontram-se reunidos e circunscritos o uno e o múltiplo, no entanto, os Pais não procuravam justificar pela razão o número Três. A própria ciência matemática não justifica o um absoluto, sendo assim a unidade composta de Deus, não pode ser explicada através de pensamentos ditos “lógicos”, se a própria ciência não reconhece o um absoluto.

A filosofia latina encara em primeiro lugar a natureza em si mesma e prossegue até o subordinado (a Pessoa); a filosofia grega encara em primeiro lugar o subordinado e aí penetra depois para encontrar a natureza. Este ponto explica justamente a facilidade de entendimento e compreensão do método ortodoxo para o ocidental, partindo das três pessoas como Jesus fez na “Grande Comissão”, chega-se unidade de Deus. Nós atrelados ao pensamento ocidental partimos de Deus para explicar a diversidade de Pessoas nele. O problema aqui não é o método ser certo ou errado, mas a facilidade que o pensamento ortodoxo fornece na compreensão da trindade é inegável.
 
O Oriente vê o perigo quando não é a Monarquia do Pai, mas a natureza una que se erige em princípio da unidade na Trindade. O princípio de unidade não é a natureza, mas o Pai que estabelece relações de origem em relação a Ele mesmo, como a única Fonte de qualquer relação.

Para os Pais Orientais confessar a unidade trinitária é reconhecer o Pai como a única fonte das Hipóstases que simultaneamente recebem dele a mesma e única natureza. A Hipóstase é a maneira pessoal de se apropriar a mesma natureza, sendo que cada uma delas na sua realidade única ultrapassa as simples relações de origem. Todos os Pais afirmam a única Fonte Hipostática do Pai e ao mesmo tempo uma relação íntima entre o Filho e o Espírito inseparavelmente concebidos e unidos. A processão do Filho e do Espírito Santo do único Pai foi sempre acentuada fortemente pelos Pais Orientais.

A beatitude designa, para o Oriente, o infinito da deificação, participação da vida divina e visão da glória trinitária através da humanidade glorificada do Cristo.

O Pai é a fonte da Verdade, o Filho é o princípio de revelação da Verdade do Pai, o Espírito Santo é o princípio da sua manifestação dinâmica e vivificante, ele é a Vida da Verdade, o seu Espírito.                          

A Trindade no Antigo e no Novo Testamento

A principal contribuição do Antigo Testamento para a doutrina da Trindade é enfatizar a unidade de Deus. Deus é singular e único, cf. Dt 6.4 [“O Senhor nosso deus é o único Senhor”]. Deus exige a exclusão de todos os falsos deuses, descartando qualquer possibilidade de triteísmo (Dt 5.7-11).

Mas, sem dúvida, também no Antigo encontramos textos claramente trinitários. Vejamos, por exemplo, Isaías 48.16, mas há um profundamente interessante; Provérbios 8.22-31, sobre a personificação da Sabedoria. Apesar dos problemas de tradução, estes, devidamente solucionados (qanah, significa possuir, dirigir e é diferente de bara, criar),  permitem uma impressionante leitura trinitária do texto.

No Novo Testamento a evidência trinitariana é esmagadora. Deus continua sendo pregado como Deus único (Gl 3.20), Jesus porém proclama sua própria divindade (Jo 8.58) e aceita a adoração de seus discípulos (Mt 16.16; Jo 20.28). É equiparado a Deus (Jo 1.1), associado a Deus nas cartas de Paulo (1Co 1.3, etc.). Mas o Consolador, o Espírito de Deus é incluído no mesmo relacionamento (2Co 13.14).

O apóstolo Pedro destaca a eleição pelo Pai, a santificação através do Espírito e a aspersão do sangue de Jesus Cristo (1Pe 1.2) em relação à salvação dos crentes. No batismo de Jesus, as três Pessoas são mencionadas (Mt 3.16-17). Os discípulos são chamados a batizar em nome das três Pessoas (Mt 28.19) e a benção de Paulo, completa, inclui o amor de Deus, a graça do Filho e a comunhão do Espírito Santo (2Co 13.14). 

A divindade de Deus Pai

De todas as pessoas da Trindade muito possivelmente Deus Pai é o menos conhecido. Mas o fato de que o Pai é Deus é indiscutível. Jo 6.27; Ef 4.6.

O nome hebraico Abba aparece no AT (Dt 32.6; 2Sm 7.14; 1Cr 17.13; 22.10; 28.6; Sl 68.5; 89.26; Is 63.16; 64.8; Jr 3.4,19; 31.19; Ml 1.6; 2.10). Literalmente, abba significa papai.

Ele é o Pai de Cristo – Mt 3.17; 11.27; Mc 14.36.
de Israel – Ex 4.22,23; Dt 32.6;
dos crentes – Rm 8.14-17; Gl 3.20; Ef 4.6
dos anjos – Jó 1.6; 38.7
E sendo “Pai da glória” (Ef 1.17), “Pai das luzes” (Tg 1.17) e “Pai de todos” (Ef 4.6), o título indica que a Primeira Pessoa da Trindade é a fonte da procedência de todas as coisas.

Atividades

Autor do decreto e da eleição – Sl 2.7-9; Ef 1.3-11; cf. Is 64.8
Criador de todos, através do Verbo e do Espírito Santo (Ef 3.14s; Hb 12.9)
Paternoster ou paterfamilias: é quem estabelece a família de Deus, administrando tanto herança como disciplina aos seus filhos – Gl 4.4-7; Hb 12.9.
É ele Aquele que ama o mundo – Jo 3.16
A Ele tudo irá voltar – 1Co 15.24-28.

A divindade do Filho, Jesus Cristo

Heresias de ontem e de hoje

“Houve um tempo quando Jesus não era”. Ário, sacerdote do século quarto que deu origem ao arianismo, heresia unitarista que afirmava ter sido Cristo criado por Deus, negando assim a Trindade.
“O Evangelho que Jesus proclamou só tem a ver com o Pai, e nada com o Filho”. A von Harnack (1851-1930), teólogo e historiador alemão (What is Christianity, al. 1900, ingl. 1912, pp. 146-147).
“Um homem escolhido por Deus para um cargo especial no propósito divino; (...) as idéias mais tardias de sobre Jesus como Deus encarnado, como a Segunda Pessoa da Santa Trindade vivendo uma vida humana, procedem de uma maneira mitológica ou poética de expressar o seu significado para nós”. John Hick, teólogo liberal contemporâneo, (The Myth os God Incarnate, 1977, p. ix).
O testemunho dos Evangelhos

Jo 8.58 – “Eu Sou”[εγϖ ειμι grego , cf. LXX, Ex 3.14s].
Jo 10.30 – “Eu e o Pai somos um”. [εν, gênero neutro em grego, indicando um em essência].
Jo 1.1-3 – “O Verbo era Deus... sem Ele nada do que feito se fez”.

O testemunho de Atos e das cartas

At 20.28 – a igreja que Deus comprou “com o seu próprio sangue”.
Rm 9.5 – “Cristo ... Deus bendito para todo o sempre”.
Fp 2.5-8 – Ele “subsistindo em forma [μορφη, morfé] de Deus”.

Dificuldades exegéticas/teológicas a respeito da divindade de Cristo

Πρωτοϖτοκος  gr. protótokos, “o primogênito”: aparece nove vezes no NT, sendo que sete se referem a Cristo, cf. Lc. 2.7, Rm 8.29, Cl 1.15, 18, Hb 1.6, Ap 1.5. Em que sentido Jesus Cristo é o primogênito? 
Αρχη gr. arké, princípio. Em que sentido Jesus Cristo é “o princípio da criação de Deus”? [Ap 3.14].

O Espírito Santo é Deus

É pessoal e distinto do Pai -- 1Co 2.10-13 -- Ele tem inteligência própria.
Ef. 4.30 – Ele possui emoções [e mais: Mt. 12.31; Jo 14.26; At 5.3-9; Rm 8.16].

Ele é divino -- Mt 28.19 [e mais: AT. 5.3, 4, 9; 2Co 3.17-18; Is 48.16; Is. 40.13-18; 2Sm 23.2-3].

Atributos divinos: Onisciência -- Is 40.13-14,28; 1Co 2.10-11. Onipotência – Is 40.13-17. Onipresença – Sl 139.7-9. Santidade – Ef 4.30. Verdade – Jo 14.17; 15.26; 16.13. Vida – Rm 8.2. Espírito de graça – Hb 10.29. Glória – 1Pe 4.14.

“Todos os atributos específicos de Deus são atribuídos a Ele [o Espírito Santo], assim como ao Filho” (Calvino). Assim, resistir (At 7.51), apagar (1Ts 5.19), entristecer (Ef 4.30) ou ultrajar (Hb 10.29) o Espírito Santo é fazê-lo contra Deus.

Obras específicas do Espírito Santo: A geração de Jesus – Mt. 1.20; Lc 1.35. A criação do universo – Gn 1.2; Is 40.12; Sl 33.6. A inspiração das Escrituras – 2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21; 1Co 2.12-16.

Ministério do Espírito Santo junto aos eleitos: regeneração / novo nascimento – Jo 3.5-7; batismo -- 1 Co 12.13; selo – Ef 4.30; habitação – 1Co 6.19.  Somos filhos legítimos de Deus – 1Jo 3.9-10; templo de Deus – 1Co 3.16; confortados pelo Espírito Santo – At 9.31; que intercede por nós – Rm 8.14, nos dá dons espirituais – 1Co 12.7; e nos ressuscita – Rm 8.11.

BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
Uma leitura a partir de John Stott 

Quando falamos de batismo (βαπτιϖζω, mergulhar, imergir em grego) no Espírito Santo estamos nos referindo a uma benção recebida no início de nossa vida cristã, que não acontece tempos depois e que é concedida a todos os cristãos, conforme I Co 12:13, At 1:5 e Ef 4:5. Já a plenitude (plhvroma, estar completo, estar cheio em grego) do Espírito Santo é uma condição que deveria ser contínua, mas que para acontecer precisamos apropriar-nos continuamente desse dom, conforme Ef 5:18, Gl 5:16, I Ts 5:19, Ef 4:30. A conclusão é que o batismo, como acontecimento inicial, não pode ser repetido, nem pode ser perdido, mas o ato de ser enchido pode e, no mínimo, precisa ser conservado.

Stott divide o ser enchido em três grupos. Primeiro, como característica dos cristãos dedicados. Os sete homens que foram escolhidos para cuidar das viúvas da igreja de Jerusalém precisavam ser “cheios do Espírito”, assim como de boa reputação, cheios de sabedoria e cheios de fé (At 6:3-5). Barnabé também é descrito como um “homem cheio do Espírito Santo e de fé” (At 11:24). E os recém convertidos de Antioquia da Pisídia, “transbordavam de alegria e do Espírito Santo” (At 13:52). Em segundo lugar, a expressão indica uma capacitação para um ministério ou cargo especial. Assim, João Batista seria “cheio do Espírito, já do ventre materno”, como preparo para seu ministério profético (Lc 1:15-17). Da mesma maneira, Ananias fala a Saulo que ele seria “cheio do Espírito Santo”, referindo-se a sua indicação como apóstolo (At 9:17, 22:12-15 e 26:16-23).

Finalmente, temos aquelas ocasiões em que o Espírito Santo foi concedido para equipar para uma tarefa imediata, especialmente numa emergência. Zacarias foi enchido antes de profetizar, embora fosse sacerdote e não profeta. E também sua mulher, Isabel (Lc 1:5-8, 41 e 67). A mesma coisa aconteceu com Pedro, antes de falar no Sinédrio, com Estevão antes de ser martirizado, e com Paulo, antes de repreender o mago Elimas. Todos ficaram “cheios do Espírito Santo”, que os capacitou a enfrentarem situações desafiadoras (At 4:8 e 31, 7:55 e 13:9).

Em Efésios 5:18-21 Paulo fala sobre as características de uma pessoa cheia do Espírito Santo. Mostra que a principal é moral e não miraculosa. Reside no fruto do Espírito e não nos dons do Espírito. E o primeiro sinal desse fruto do Espírito é o amor, que se traduz em comunhão. É comunhão espiritual, que se expressa em culto conjunto. O segundo sinal é a glorificação do Senhor Jesus, que acontece através do coração. O terceiro sinal é o dar graças a Deus por todas as coisas, não importa o momento ou as circunstâncias. Sempre que um crente está cheio do Espírito, ele agradece ao Pai celeste. O quarto sinal, assim como o primeiro, está relacionado ao nosso irmão: a submissão, como afirma Stott, é a marca registrada no cristão cheio do Espírito Santo. Diz ele, “não é a auto-afirmação, mas a auto-submissão”.

“Deixai-vos encher” é uma ordem. A plenitude do Espírito Santo não é uma opção, mas uma obrigação de todo cristão. Em grego o verbo está no plural, ou seja, é uma ordem dirigida a toda a comunidade cristã, sem exceção. E está, também, na voz passiva: “sede enchidos” ou “deixai-vos encher”. A condição implícita na construção grega é o entregar-se sem reservas ao Espírito Santo, o que não implica numa atitude passiva, mas numa submissão consciente. E por fim, o verbo está no presente, o que significa uma ação presente e contínua, que começa agora.

Para mostrar que esta ação não deve ser estática, mas dinâmica, Stott dá o exemplo de um bebê recém-nascido, de três quilos, e de um homem adulto, de 1,80 m e 75 quilos de peso. Ambos estão “cheios de ar”, mas a capacidade de seus pulmões são diferentes. Da mesma maneira, o cristão maduro espiritualmente terá uma plenitude do Espírito Santo maior do que o crente recém nascido em Cristo.

É importante notar que um baixo nível de vida cristã é encontrado em todos os grupos cristãos. O fracasso acontece não no momento de sua conversão, mas no desenvolvimento de sua vida cristã, mesmo após terem vivido experiências excepcionais, ao rebaixarem suas responsabilidades morais, sua honestidade, pureza e altruísmo. E Stott agrega que “a derrota e a vida medíocre de muitos cristãos não são evidências de que necessitam ser batizados com o Espírito Santos, mas de que precisam recuperar a plenitude do Espírito”.

Uma parte das chamadas experiências pentecostais são demoníacas. E isso não deveria nos deixar boquiabertos, pois Jesus nos alertou que o demônio tentaria enganar os próprios escolhidos. A busca descontrolada, no mundo atual, por coisas ocultas pode levar muitos cristãos ao engano. Em segundo lugar, uma grande parte dessas experiências são psicológicas. Isto significa que têm origem na psiquê e não no Espírito de Deus. Exemplo disso são as formas de glossolalia, bem conhecida em círculos hindus, muçulmanos e em determinados casos clínicos. O que os cristãos envolvidos com fenômenos desse tipo devem se perguntar é até que ponto isso ajuda à edificação da igreja, promove a justiça e glorifica a Cristo. Mas, sem dúvida, existem experiências reais de conversão que envolvem experiências não previsíveis, mas que mesmo excepcionais estão dentro dos padrões bíblicos.

Exatamente porque existem experiências reais e verdadeiras não previsíveis, não devemos criticar a experiência cristã de ninguém. É claro, porém, que devemos ajudar crentes fiéis a entenderem a fé a partir das categorias bíblicas e do esclarecimento doutrinário que o Novo Testamento nos oferece.
 
O que os primeiros cristãos pensavam sobre
a Santa Trindade e as três Pessoas de Deus

"E mais, meus irmãos: se o Senhor [Jesus] suportou sofrer por nós, embora fosse o Senhor do mundo inteiro, a quem Deus disse desde a criação do mundo: 'façamos o homem à nossa imagem e semelhança', como pode ele suportar sofrer pela mão dos homens?" (Autor desconhecido, ano 74, Carta de Barnabé 5,5).

"No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não houver água corrente, batizai em outra água; se não puder batizar em água fria, façai com água quente. Na falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Autor desconhecido, ano 90, Didaquê 7,1-3).

"Um Deus, um Cristo, um Espírito de graça" (Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios 46,6).
"Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo" (Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios 58,2).

"Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como corda" (Inácio de Antioquia, ano 107, Carta aos Efésios 9,1).

"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual" (Inácio de Antioquia, ano 107, Carta aos Magnésios 13,1-2).

"Por isso vos peço que estejais dispostos a fazer todas as coisas na concórdia de Deus, sob a presidência do bispo, que ocupa o lugar de Deus, dos presbíteros, que representam o colégio dos apóstolos, e dos diáconos, que são muito caros para mim, aos quais foi confiado o serviço de Jesus Cristo, que antes dos séculos estava junto do Pai e por fim se manifestou. [...] Correi todos juntos como ao único templo de Deus, ao redor do único altar, em torno do único Jesus Cristo, que saiu do único Pai e que era único em si e para ele voltou. [...] Existe um só Deus, que se manifestou por meio de Jesus Cristo seu Filho, que é o seu Verbo saído do silêncio, e que em todas as coisas se tornou agradável àquele que o tinha enviado" (Inácio de Antioquia, ano 110, Carta aos Magnésios 6,1; 7,2; 8,2).

"Que não somos ateus, quem estiver em são juízo não o dirá, pois cultuamos o Criador deste universo, do qual dizemos, conforme nos ensinaram, que não tem necessidade de sangue, libações ou incenso. [...] Em seguida, demonstramos que, com razão, honramos também Jesus Cristo, que foi nosso Mestre nessas coisas e para isso nasceu, o mesmo que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, procurador na Judéia no tempo de Tibério César. Aprendemos que ele é o Filho do próprio Deus verdadeiro, e o colocamos em segundo lugar, assim como o Espírito profético, que pomos no terceiro. De fato, tacham-nos de loucos, dizendo que damos o segundo lugar a um homem crucificado, depois do Deus imutável, aquele que existe desde sempre e criou o universo. É que ignoram o mistério que existe nisso e, por isso, vos exortamos que presteis atenção quando o expomos" (Justino Mártir, ano 151, I Apologia 13,1.3-6).

"Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos" (Justino Mártir, ano 151, I Apologia 61).

"Amigos, foi do mesmo modo que a Palavra de Deus se expressou pela boca de Moisés ao indicar-nos que o Deus que se manifestou a nós falou a mesma coisa na criação do homem, dizendo estas palavras: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança'. [...] Citar-vos-ei agora outras palavras do mesmo Moisés. Através delas, sem nenhuma discussão possível, temos de reconhecer que Deus conversou com alguém que era numericamente distinto e igualmente racional. [...] Mas esse gerado, emitido realmente pelo Pai, estava com ele antes de todas as criaturas e com ele o Pai conversa, como nos manifestou a palavra por meio de Salomão. (Justino Mártir, ano 155, Diálogo com o Judeu Trifão 62,1-2.4).

"Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo eterno e celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja dada glória a ti, com Ele e o Espírito, agora e pelos séculos futuros. Amém. (Policarpo de Esmirna, ano 155, Martírio de Policarpo 14,3).
"Eu te louvo, Deus da Verdade, te bendigo, te glorifico por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e Sumo Sacerdote no céu; por Ele, com Ele e o Espírito Santo, glória seja dada a ti, agora e nos séculos futuros! Amém." (Policarpo, ano 156, Martírio de Policarpo 14,1-3).

"[O Pai] enviou o Verbo como graça, para que se manifestasse ao mundo. [...] Desde o princípio, ele apareceu como novo e era antigo, e agora sempre se torna novo nos corações dos fiéis. Ele é desde sempre, e hoje é reconhecido como Filho" (Quadrato, ano 160, Carta a Diogneto 11,3-4).

"De fato, reconhecemos também um Filho de Deus. E que ninguém considere ridículo que, para mim, Deus tenha um Filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiavam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos ocorre perguntar o que quer dizer "Filho", eu o direi livremente: o Filho é o primeiro broto do Pai, não como feito, pois desde o princípio Deus, que é inteligência eterna, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como procedendo de Deus, quando todas as coisas materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas idéia e operação" (Atenágoras de Atenas, ano 177, Súplica pelos Cristãos, 10,2-4).

"Como não se admiraria alguém de ouvir chamar ateus os que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e o Espírito Santo, ensinando que o seu poder é único e que sua distinção é apenas distinção de ordens?" (Atenágoras de Atenas, ano 177, Súplica pelos Cristãos 10).

"Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]" (Teófilo de Antioquia, ano 181, Segundo Livro a Autólico 15,3).

"Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus..." Irineu de Lião, 130-200, pai grego da igreja primitiva (Contra as Heresias, ano 189, I,10,1).

“O Filho, que sempre coexiste com o Pai desde o princípio, revela o Pai aos anjos, arcanjos, poderes, virtudes e todos a quem Deus quer Se revelar”. “Deus sempre tem com Ele seu Verbo e a sua Sabedoria, o Filho e o Espírito”. (Irineu, Contra as Heresias, II, 30; IV, 20, 21). 

"Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto dele antes de toda a criação" (Irineu,, Contra as Heresias IV,20,4).
"Portanto, não foram os anjos que nos plasmaram -- os anjos não poderiam fazer uma imagem de Deus -- nem outro qualquer que não fosse o Deus verdadeiro, nem uma Potência que estivesse afastada do Pai de todas as coisas. Nem Deus precisava deles para fazer o que em si mesmo já tinha decretado fazer, como se ele não tivesse suas próprias mãos! Desde sempre, de fato, ele tem junto de si o Verbo e a Sabedoria, o Filho e o Espírito. É por meio deles e neles que fez todas as coisas, soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige quando diz: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança'" (Irineu de Lião, ano 189, Contra as Heresias IV,20,1).

"Foi estabelecida a lei de batizar e prescrita a fórmula: 'Ide, ensinai os povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'" (Tertuliano, ano 210, Do Batismo 13).

“Existe então uma Trindade, santa e completa, que confessamos como Deus em [as pessoas do} Pai, Filho e Espírito Santo, o qual não contém nada estranho ou externo mesclado consigo mesmo, nem é composto de um que cria e outro que foi criado, pois todos são criadores. Possui uma só essência em sua natureza indivisível, sendo sua atividade uma. O Pai faz tudo através do Verbo [e] no Espírito. Logo, a unidade do Santo Triúno é preservada. Assim, um só Deus é pregado na igreja, ‘o qual é sobre todos (Ef 4.6), age por meio de todos e está em todos, (...) sobre tudo’ como o Pai, como princípio, como fonte, ‘por meio de todos’, através do Verbo [Logos], ‘em todos’, no Espírito Santo. É uma Trindade não apenas no nome e na maneira de falar, mas em verdade e realidade”. Atanásio (296-373), bispo de Alexandria, opositor da heresia ariana e o maior teólogo de seu tempo (Epistolae ad Serapion, 1.15.137).

"Anatematizamos todos aqueles que seguem o erro de Sabélio, os quais dizem que o Pai e o Filho são a mesma Pessoa" (Concílio de Roma, ano 382, Tomo de Dâmaso, cânon 2).

“Ele (Jesus) deve ser tornar um homem para sofrer, e continuar necessariamente sendo Deus para que possa sofrer suficientemente por todo o mundo... Consequentemente, desde que Ele mesmo é Deus, o Filho de Deus, Ele ofereceu-se a Si mesmo por sua própria honra para Si mesmo, assim como o fez ao Pai e ao Espírito. Isto é, Ele ofereceu sua humanidade à sua divindade, a qual é em si mesma uma das três pessoas”. Anselmo,1033-1109, arcebispo de Cantuária e um dos maiores teólogos medievais (Cur Deus Homo, p. 18).

Outras Fontes:
Hermas: (ano 80) O Pastor 12.
Tertuliano: (ano 216) Contra Praxéas 2; 9; 25.
Orígenes: (ano 225) Doutrinas Fundamentais IV,4,1.
Hipólito de Roma: (ano 228) Refutação de Todas as Heresias 9,7; 10,29.
Novaciano: (ano 235) Tratado sobre a Trindade 11; 26.
Dionísio: (ano 262) Carta a Dionísio de Alexandria 1; 2; 3.
Gregório Taumaturgo: (ano 265) Declaração de Fé.
Metódio: (ano 305) Prece ao Salmo 5.
Atanásio: (ano 359) Cartas a Serapião 1,28; (ano 360) Discurso contra os Arianos 3,4.
Sechnall de Irlanda: (ano 444) Hino a São Patrício 22.
Patrício: (ano 447) O Peitoral de São Patrício 1; (ano 452) Confissão de São Patrício 4.
Fulgêncio de Ruspe: (ano 513) A Trindade 4,1.

As objeções racionalistas à Trindade falham ao insistirem em interpretar o Criador em termos de criatura. Ou seja, ao ver a unidade de Deus em termos de unidade matemática. Somos chamados a conhecer Deus conforme Se revelou nas Escrituras e nelas o Deus único Se apresenta a nós como Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto, entendendo a primazia da fé em nossa caminhada, reconhecemos a glória da Trindade eterna.

Textos recomendados

Robert Jensen, “O Deus triúno” in Dogmática Cristã, Braaten e Jensen, São Leopoldo, Sinodal, pp.99-202.
Millard Erickson, “A triunidade de Deus”, in Teologia Sistemática, São Paulo, EVN, pp.127-139.
J. Scott Horrell, “O Deus Trino que se dá, a imago Dei e a natureza da igreja local”,  São Paulo, Vox Scripturae, vol. VI, no 2, dezembro de 1996.
Ricardo Barbosa de Souza, “A Trindade, o pessoal e o social na espiritualidade cristã”, São Paulo, Vox Scripturae, vol. V, no 1, março de 1995.

São Paulo, 9 de fevereiro de 2006
Jorge Pinheiro