samedi 29 juin 2013

Bom é o que dá prazer

Uma pequena provocação filosófica

Baruch Spinoza, ou para nós Bento de Espinosa, defendia que a teologia representava o pensamento primitivo dos nossos antepassados pré-científicos. A procura das "causas finais" não levou a nada na compreensão da Natureza. Apenas quando a humanidade desistiu da maneira antropomórfica de pensar a geologia, física, etc., em termos de propósitos divinos, pode progredir no conhecimento da Natureza. Penso que a história provou que Spinoza tinha razão. Teorias teológicas como o supernaturalismo são cientificamente supérfluas. Por outro lado, o ataque de Spinoza era completo: não acreditava que o comportamento humano fosse explicado de modo diferente a outros na natureza. Não há liberdade nem responsabilidade no comportamento humano, pensou. O comportamento humano deve ser descrito em termos de causas mecanicistas, como os restantes fenômenos naturais. Para um naturalista determinístico tais como Spinoza bom é apenas uma palavra para descrever coisas que nos dão prazer e mal coisas que nos causam dor. 

Ligado ao que foi dito antes, esta nova experiência é marcada pelo prazer. O prazer de viver. Parece que esta tendência tenta superar a acentuação de uma teologia do pecado, com a consequente culpa infindável, que perpassa a tradição cristã. Aliás, de um certo ponto de vista a tradição cristã sempre terá este tropeço, uma vez que no seu mito de origem pesa sobre ela a sombra de um instrumento de tortura - a cruz - do qual pende o seu fundador. Mesmo sem negar o pecado e a culpa, uma nova tendência recupera o prazer de viver e saborear todas as frutas que a vida oferece - cajus, mangas, goiabas... sem medo de ter prazer! 


Fontes:
Naturalismo / brazil.skepdic.com/naturalismo.htm
Philosophical Materialism por Richard C. Vitzthum
Science and Religion: Some Historical Perspectives, John Hedley Brooke, The Cambridge History of Science Series (Cambridge University Press, 1991).


"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita."   ("O que é o que é" de Gonzaguinha).