Uma
pequena provocação filosófica
Baruch Spinoza, ou para nós Bento de Espinosa, defendia que a teologia representava o pensamento primitivo dos nossos
antepassados pré-científicos. A procura das "causas finais" não levou
a nada na compreensão da Natureza. Apenas quando a humanidade desistiu da
maneira antropomórfica de pensar a geologia, física, etc., em termos de
propósitos divinos, pode progredir no conhecimento da Natureza. Penso que a
história provou que Spinoza tinha razão. Teorias teológicas como o supernaturalismo
são cientificamente supérfluas. Por outro lado, o ataque de Spinoza era
completo: não acreditava que o comportamento humano fosse explicado de modo
diferente a outros na natureza. Não há liberdade nem responsabilidade no
comportamento humano, pensou. O comportamento humano deve ser descrito em
termos de causas mecanicistas, como os restantes fenômenos naturais. Para um
naturalista determinístico tais como Spinoza bom é apenas uma palavra para descrever coisas que nos dão prazer e mal coisas que nos causam dor.
Ligado
ao que foi dito antes, esta nova experiência é marcada pelo prazer. O prazer de
viver. Parece que esta tendência tenta superar a acentuação de uma teologia do
pecado, com a consequente culpa infindável, que perpassa a tradição cristã.
Aliás, de um certo ponto de vista a tradição cristã sempre terá este tropeço,
uma vez que no seu mito de origem pesa sobre ela a sombra de um instrumento de
tortura - a cruz - do qual pende o seu fundador. Mesmo sem negar o pecado e a
culpa, uma nova tendência recupera o prazer de viver e saborear todas as frutas
que a vida oferece - cajus, mangas, goiabas... sem medo de ter prazer!
Fontes:
Naturalismo / brazil.skepdic.com/naturalismo.htm
Philosophical Materialism por Richard C. Vitzthum
Science and Religion: Some Historical Perspectives, John Hedley Brooke, The Cambridge History of Science Series (Cambridge University Press, 1991).
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita." ("O que é o que é" de Gonzaguinha).
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