Reflexões a partir de Paul
Tillich e do apóstolo Paulo
Pode-se falar muitos idiomas e mesmo ter o dom das lînguas estranhas, mas se não houver amor, as palavras seräo como o soar de um sino ou o barulho de um chocalho. O amor é voluntário, não pode ser forçado. A ação política é compulsória. Por isso, todo poder está associado com a ação imposta e o ato do amor com a liberdade e a vontade. Pode-se ter o dom de proclamar a palavra de Deus, de conhecer mistérios e saber tudo; e ter uma fé capaz de transportar montanhas, mas se não houver amor, nada valhe. Pode-se dar esmolas, doar tudo, ser queimado vivo, mas se não houver amor, nada disso serve. O amor é companheiro e paciente. Näo é invejoso. Näo se envaidece, nem é orgulhoso.
O amor é pessoalmente
mediado. A natureza voluntária do amor necessita que exista a vontade de
amar para ser ativada. O amor é sempre pessoal, não tem maus modos, nem é egoísta. Näo se irrita, nem pensa mal. Näo se alegra com uma
injustiça causada a alguém, mas alegra-se com a verdade. Acredita, espera, sofre com paciência, suporta.
Primeira lição de amor
Quando se serve ao Eterno, de hoje até o dia da morte, Ele não ama mais do que o ama agora. O Eterno não ama por causa do que é feito, Ele ama apesar do que não é feito.
Primeira lição de amor
Quando se serve ao Eterno, de hoje até o dia da morte, Ele não ama mais do que o ama agora. O Eterno não ama por causa do que é feito, Ele ama apesar do que não é feito.
O amor é sacrificial, é um ato não compulsório.
Sacrificial traduz radicalidade. É a manifestação que exprime a busca do
sentido de separação e reparação diante das possibilidades abertas por realidades
sobre as quais há a total ausência de poder.
O amor é livre
e vai além da obrigação moral ordinária. Cumprir uma obrigação moral é
responder a uma necessidade moral. É um ato do dever mais do que da moral
livre. Uma senhora de idade entrega, por exemplo, ao caixa várias moedas de um real
para pagar três paezinhos numa padaria. Ao ver que a senhora entregou mais que
o devido, o caixa devolve as moedas excedentes. Ao fazer isso, não demonstra nenhum
gesto especial de amor. Cumpre sua obrigação moral de não levar vantagem a
partir das debilidades de percepção da senhora.
Segunda lição de amor
Homens e mulheres gemem, pessoas de corações partidos e vidas destruídas, gentes sofrem a escravidão do mundo e clamam como Castro Alves em Vozes d'África:
Segunda lição de amor
Homens e mulheres gemem, pessoas de corações partidos e vidas destruídas, gentes sofrem a escravidão do mundo e clamam como Castro Alves em Vozes d'África:
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em
que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado
nos céus?
Há
dois mil anos te mandei meu grito,
Que
embalde desde então corre o infinito...
Onde
estás, Senhor Deus?...
... e ouvem uma resposta de amor: O Eterno está ao seu lado.
O amor é voluntário e livre,
vai além da obrigação moral, mas por envolver volição moral é humanamente mediado.
E por ser sacrificial está limitado pela capacidade de cada um e de cada uma de
absorver as conseqüências dos atos de amor. Por isso, quando se é criança, fala-se como criança, sente-se como criança e pensa-se
como criança: liberdade e vontade
não têm condições de serem plenamente exercidas. Adulto, consciente e livre, deixa-se o modo de ser de criança: ações e atos podem
levar ao exercício pleno do amor.
O amor é eterno. As promessas se cumprem, os idiomas morrem, o conhecimento passa. As esperanças, as promessas e o conhecimento são relativos. Por isso, fé e esperança
abrem espaço para o amor, pois quando chega
aquilo que é pleno de sentido, tudo o que é imperfeito desaparece.
Terceira lição de amor
O Eterno nasceu aqui, caminhou e viveu, foi à cruz do Calvário e, através do túnel de um túmulo vazio, saiu em busca de pessoas que tiveram suas almas leiloadas no mercado de escravos deste mundo tenebroso.
Terceira lição de amor
O Eterno nasceu aqui, caminhou e viveu, foi à cruz do Calvário e, através do túnel de um túmulo vazio, saiu em busca de pessoas que tiveram suas almas leiloadas no mercado de escravos deste mundo tenebroso.
Quando as gentes gritam: Onde está o Eterno? A resposta é sempre: O amor do Eterno
está aqui. Que o
Cristo nasça no seu coração!