dimanche 25 décembre 2011

Que o Cristo nasça no seu coração!


Três lições de amor
Reflexões a partir de Paul Tillich e do apóstolo Paulo

Pode-se falar muitos idiomas e mesmo ter o dom das lînguas estranhas, mas se não houver amor, as palavras seräo como o soar de um sino ou o barulho de um chocalho. O amor é voluntário, não pode ser forçado. A ação política é compulsória. Por isso, todo poder está associado com a ação imposta e o ato do amor com a liberdade e a vontade. Pode-se ter o dom de proclamar a palavra de Deus, de conhecer mistérios e saber tudo; e ter uma fé capaz de transportar montanhas, mas se não houver amor, nada valhe. Pode-se dar esmolas, doar tudo, ser queimado vivo, mas se não houver amor, nada disso serve. O amor é companheiro e paciente. Näo é invejoso. Näo se envaidece, nem é orgulhoso.

O amor é pessoalmente mediado. A natureza voluntária do amor necessita que exista a vontade de amar para ser ativada. O amor é sempre pessoal, o tem maus modos, nem é egoísta. Näo se irrita, nem pensa mal. Näo se alegra com uma injustiça causada a alguém, mas alegra-se com a verdade. Acredita, espera, sofre com paciência, suporta.

Primeira lição de amor


Quando se serve ao Eterno, de hoje até o dia da morte, Ele não ama mais do que o ama 
agora. O Eterno não ama por causa do que é feito, Ele ama apesar do que não é feito. 

O amor é sacrificial, é um ato não compulsório. Sacrificial traduz radicalidade. É a manifestação que exprime a busca do sentido de separação e reparação diante das possibilidades abertas por realidades sobre as quais há a total ausência de poder.

O amor é livre e vai além da obrigação moral ordinária. Cumprir uma obrigação moral é responder a uma necessidade moral. É um ato do dever mais do que da moral livre. Uma senhora de idade entrega, por exemplo, ao caixa várias moedas de um real para pagar três paezinhos numa padaria. Ao ver que a senhora entregou mais que o devido, o caixa devolve as moedas excedentes. Ao fazer isso, não demonstra nenhum gesto especial de amor. Cumpre sua obrigação moral de não levar vantagem a partir das debilidades de percepção da senhora.

Segunda lição de amor

Homens e mulheres gemem, pessoas de corações partidos e vidas destruídas, gentes sofrem a escravidão do mundo e clamam como Castro Alves em Vozes d'África:

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

... e ouvem uma resposta de amor: O Eterno está ao seu lado. 

O amor é voluntário e livre, vai além da obrigação moral, mas por envolver volição moral é humanamente mediado. E por ser sacrificial está limitado pela capacidade de cada um e de cada uma de absorver as conseqüências dos atos de amor. Por isso, quando se é criança, fala-se como criança, sente-se como criança e pensa-se como criança: liberdade e vontade não têm condições de serem plenamente exercidas. Adulto, consciente e livre, deixa-se o modo de ser de criança: ações e atos podem levar ao exercício pleno do amor.

O amor é eterno. As promessas se cumprem, os idiomas morrem, o conhecimento passa. As esperanças, as promessas e o conhecimento são relativos. Por isso, fé e esperança abrem espaço para o amor, pois quando chega aquilo que é pleno de sentido, tudo o que é imperfeito desaparece.

Terceira lição de amor


O Eterno nasceu aqui, caminhou e viveu, foi à cruz do Calvário e, através do túnel de um 
túmulo vazio, saiu em busca de pessoas que tiveram suas almas leiloadas no mercado de escravos deste mundo tenebroso.

Quando as gentes gritam: Onde está o Eterno? A resposta é sempre: O amor do Eterno está aqui. Que o Cristo nasça no seu coração!