vendredi 28 septembre 2018

22.09.2018

Um ano depois, precisamente no dia 22 de setembro de 1980 aconteceu uma novidade na minha vida: conheci minha futura esposa. Naquele dia tinha sido ameaçado de morte pelo Comando de Caça aos Comunistas/ CCC. Era um sábado e o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo realizou um ato de desagravo às pessoas ameaçadas pelo CCC. Depois do ato no sindicato, fui a um baile popular no Clube Paulistano da Glória, no bairro da Liberdade. Aí conheci uma estudante de Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas, Naira, que vinha de uma reunião do recém criado do Partido dos Trabalhadores. Quatro anos depois eu me casaria com ela.





Começamos os dois, juntos, mas não no mesmo ritmo uma longa caminhada em direção ao cristianismo. Os valores estáveis de Naira e de sua família italiana me agradaram muito. Debrucei-me cautelosamente em direção ao catolicismo. Assisti a algumas missas e até me emocionei diante de alguns sermões, mas senti que não era ali que meus questionamentos seriam respondidos.











Então me voltou à lembrança as conversas com meu pai e as aulas de religião no Colégio Hebreu Brasileiro, no Rio de Janeiro. Comecei a estudar com afinco o misticismo judaico. Já casado com Naira, estudamos juntos um texto que foi fundamental na minha conversão: O Discurso da Servidão Voluntária, escrito no século XVI por Etienne La Boétie, pensador que influenciou o movimento huguenote na França. Estudei, estudei muito. Mas, também, levantei nas madrugadas e rezei em hebraico: Baruch atá Adonai, Elohénu Méleh haolam... Bendito sejas ó Eterno, nosso Deus, rei do universo...