jeudi 13 octobre 2011

SEMANA TEOLÓGICA em homenagem ao pe. José Comblin

 
Caros amigos e amigas,
Leia o convite. Peço que divulguem a SEMANA TEOLÓGICA via e-mail, rádio, folder impresso. Este evento está organizado pelos grupos e entidades: Grupo Igreja dos Pobres | Movimento Internacional "Somos Igreja" |  Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania - UFPB.
Participe de toda a programação. Abraço, Pe. Eliezer Souza.
Objetivos da  Semana Teológica: Homenagem à figura de Pe. R. José Comblin, rememorando seu
legado de profeta, de missionário, de sociólogo de formador e de teólogo.
Confraternizar, celebrando juntos e compartilhando com seus amigos e amigas de caminhada, momentos memoráveis vividos com Pe. José. Refletir sobre nosso compromisso missionário diante dos desafios atuais. 
A Esperança dos Pobres Vive!
SEMANA TEOLÓGICA em homenagem ao pe. José Comblin
(w 22/03/1923 + 27/03/2011)

Memória, legado e vigência. Pe. José Comblin
Data: 26, 27, 28 e 29 de Outubro das19 às 21:30
Local: Auditório da Reitoria da UFPB

José Comblin (1923 -2011) segue sendo uma figura emblemática para uma incontável multidão de cristãos e cidadãos espalhados pelo mundo, em especial na América Latina. Nele reconhecemos um dos teólogo da aurora da Teologia da Libertação - em especial da Teologia da Enxada, com uma produção privilegiada, seja quanto à qualidade, seja quanto ao seu incansável ritmo de produção, donde a publicação, até o final de seu percurso existencial, de centenas de artigos e dezenas de livros. Para bem além de sua qualidade de exímio teólogo, Pe. José Comblin se mostrou um apaixonado incondicional da causa libertária dos pobres, na perspectiva do Seguimento de Jesus. Pe. José é reconhecido, antes de tudo, como o amigo dos pobres, no meio de quem viveu, no Brasil, no Chile e por onde passou. Deixa-nos um amplo e reconhecido legado também como profeta, como missionário, como sociólogo e como formador. Desse legado também se ocupa essa Semana Teológica, com o propósito de assegurar-lhe vigência também para os próximos anos. Um missionário incansável, nas pegadas do Pe. Ibiapina, a semear a esperança entre o Povo dos Pobres da América Latina, do Brasil, do Nordeste. Enquanto missionário, tornou-se conhecido e exemplar também como profeta, sempre a incomodar, sempre a desinstalar, sempre a denunciar as mazelas e armadilhas dos poderosos e das instituições, e, ao mesmo tempo, a anunciar que ‘‘a esperança dos pobres vive’’! Um teólogo com uma produção vastíssima e de reconhecida relevância e atualidade, a quem muito deve a Teologia da Libertação, desde suas primeiras formulações, e cuja contribuição mais fecunda se deu no campo de seus estudos pneumatológicos (da ação do Espírito Santo no mundo). Um intelectual de inteligência privilegiada, dotado de profunda erudição, que sempre soube combinar com uma capacidade ímpar de clareza, simplicidade e força do testemunho.

SEMANA TEOLÓGICA
A Esperança dos Pobres Vive
Pe. José Comblin
Memória, legado e vigência.
PROGRAMAÇÃO
Dia 26/10 (19 horas)
Comblin, traços de sua vida e de sua obra. (Eduardo Hoornaert e Mônica Muggler)
Dia 27/10 (19 horas)
Lançamento do filme ‘ Dom Fragoso’’, amigo do Padre José e da Igreja dos Pobres. Palavras do Cineasta Francis Vale, do prof. João de Lima, da Irm. Agostina V. de Melo e outras.
Dia 28/10 (19 horas)
Contribuição de Comblin aos estudos sobre a missão do Espírito Santo no mundo. (Pastor Luciano Batista de Souza)
Dia 29/10 (8 horas)
Memória e testemunhos sobre o Pe. José.
Organização: Grupo Igreja dos Pobres; Mov. Somos Igreja
Apoio: Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania / Ufpb

Uma fala que não deve ser esquecida
A Igreja abandonou as classes populares
José Comblin, um dos criadores da Teologia da Libertação, afirmou que a eleição de João Paulo II e de Bento XVI foi manejada pelo Opus Dei "praticando a chantagem, intimidando os cardeais", e que na América Latina o Papa "é mais divino do que Deus". Comblin, belga que vive no Brasil e acaba de visitar o Chile, país em que esteve exilado em 1972, durante o governo da Unidade Popular, explicou ainda que os teólogos da libertação têm hoje mais de 80 anos e "não apareceu uma nova geração" que desse continuidade a esse pensamento. A reportagem é do sítio Religión Digital, 05-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Fonte: UNISINOS

"A repressão foi muito forte, terrível, e a ditadura do Papa aqui na América Latina é total e global. Aqui, pode-se criticar Deus, mas não o Papa. O Papa é mais divino do que Deus", asseverou o teólogo.

Segundo Comblin, a Igreja Católica "abandonou as classes populares, salvo os velhos e algumas relíquias do passado".

"Hoje, as universidades e os colégios católicos são para a burguesia. O porvir da América Latina é ser um continente evangélico protestante, salvo sua classe alta. Assim, a Opus Dei e os Legionários de Cristo e todas essas associações que existem de ultradireita vão crescendo nesse setor", opinou, em declarações no Chile à revista El Periodista.

"Onde há um ou dois bispos da Opus Dei no episcopado, intimidam a todos os demais. Os outros ficam calados e só um fala. Esse é um problema de psicologia típico de ditaduras", defendeu.

Segundo Comblin, "foi a Opus el que elegeu João Paulo II e o atual, praticando a chantagem, intimidando os cardeais. O próximo Papa será igual porque a Opus tem um poder muito forte".

O teólogo, de 87 anos, defende que Deus está "em La Victoria e em La Legua (dois bairros populares de Santiago) e na prisão, mas de Roma desapareceu há muito tempo".

"Agora, sempre fica mais claro que o problema é o Papa, ou seja, a função do Papa, uma ditadura implacável com muitas formas de doçura e amabilidade, mas implacável", defendeu.

Comblin defendeu que "o porvir do cristianismo está na China, Coreia, Filipinas, Indonésia. Estima-se que só na China há 130 milhões de cristãos martirizados, porque estão praticamente perseguidos".

O teólogo criticou a eventual canonização de João Paulo II porque seu papado "foi catastrófico". "Todos os que fizeram sua carreira com ele puderam ser cardeais, apesar de sua mediocridade pessoal. Não mereciam nada, mas ele os promoveu. Claro que agora querem canonizá-lo! Uma vez que canonizaram Escrivá, todo mundo sabe que se pode ser santo sem ter virtude alguma", destacou.

Sobre a Opus Dei e os Legionários de Cristo, Comblin afirmou que "têm a confiança da Cúria Romana e depois representam a plena liberdade dada a personalidades que são como os grandes Rockefeller, os conquistadores".

"Como Escrivá de Balaguer, que era um capitalista, o homem que vai triunfar, que vai desfrutar o mundo, que vai ganhar, ser rico, poderoso e que é capaz de criar pessoas totalmente subordinadas, soldados com mentalidade de soldado, esses são todos homens deformados psicologicamente, como são os futuros ditadores", detalhou.

Depois de recordar que do mexicano Marcial Maciel, dos Legionários de Cristo, foi descoberta uma vida paralela e uma fortuna de 50 bilhões de dólares, afirmou que "sua chantagem, sua palavra e sua exigência chegaram aos milionários".

"Hoje, os que trabalharam com ele, seus colaboradores, todos dizem e afirmam que não sabiam nada da vida paralela (de Maciel). Como? Trabalham 40 anos com ele e não sabem de nada, que ele tem uma família, três filhos, que praticou a pedofilia com as crianças, alunos de sua formação, de seus colégios, que tinha um mundo de amantes. Não sabiam de tudo isso? Supõe-se, então, que eles são cúmplices e também têm uma vida paralela", concluiu.

Fonte
Reflexões Teológico-Pastorais

Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou

O filósofo e escritor esloveno Slavoj Zizek visitou o acampamento do movimento Ocupar Wall Street, no parque Zuccotti, em Nova York, e falou aos manifestantes. “Estamos testemunhando como o sistema está se autodestruindo. Quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou". Leia a íntegra do pronunciamento de Zizek,
com tradução do meu amigo Luis Leiria para o Esquerda.net


Slavoj Zizek

Durante o crash financeiro de 2008, foi destruída mais propriedade privada, ganha com dificuldades, do que se todos nós aqui estivéssemos a destruí-la dia e noite durante semanas. Dizem que somos sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores são aqueles que pensam que as coisas podem continuar indefinidamente da mesma forma.

Não somos sonhadores. Somos o despertar de um sonho que está se transformando num pesadelo. Não estamos destruindo coisa alguma. Estamos apenas testemunhando como o sistema está se autodestruindo.

Todos conhecemos a cena clássica do desenho animado: o coiote chega à beira do precipício, e continua a andar, ignorando o fato de que não há nada por baixo dele. Somente quando olha para baixo e toma consciência de que não há nada, cai. É isto que estamos fazendo aqui.

Estamos a dizer aos rapazes de Wall Street: “hey, olhem para baixo!”

Em abril de 2011, o governo chinês proibiu, na TV, nos filmes e em romances, todas as histórias que falassem em realidade alternativa ou viagens no tempo. É um bom sinal para a China. Significa que as pessoas ainda sonham com alternativas, e por isso é preciso proibir este sonho. Aqui, não pensamos em proibições. Porque o sistema dominante tem oprimido até a nossa capacidade de sonhar.

Vejam os filmes a que assistimos o tempo todo. É fácil imaginar o fim do mundo, um asteróide destruir toda a vida e assim por diante. Mas não se pode imaginar o fim do capitalismo. O que estamos, então, a fazer aqui?

Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos velhos tempos comunistas. Um fulano da Alemanha Oriental foi mandado para trabalhar na Sibéria. Ele sabia que o seu correio seria lido pelos censores, por isso disse aos amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se estiver escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha.”

É assim que vivemos – temos todas as liberdades que queremos, mas falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a nossa ausência de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é isso que estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós.

Existe um perigo. Não nos apaixonemos por nós mesmos. É bom estar aqui, mas lembrem-se, os carnavais são baratos. O que importa é o dia seguinte, quando voltamos à vida normal. Haverá então novas oportunidades? Não quero que se lembrem destes dias assim: “Meu deus, como éramos jovens e foi lindo”.

Lembrem-se que a nossa mensagem principal é: temos de pensar em alternativas. A regra quebrou-se. Não vivemos no melhor mundo possível, mas há um longo caminho pela frente – estamos confrontados com questões realmente difíceis. Sabemos o que não queremos. Mas o que queremos? Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes queremos?

Lembrem-se, o problema não é a corrupção ou a ganância, o problema é o sistema. Tenham cuidado, não só com os inimigos, mas também com os falsos amigos que já estão trabalhando para diluir este processo, do mesmo modo que quando se toma café sem cafeína, cerveja sem álcool, sorvete sem gordura.

Vão tentar transformar isso num protesto moral sem coração, um processo descafeinado. Mas o motivo de estarmos aqui é que já estamos fartos de um mundo onde se reciclam latas de coca-cola ou se toma um cappuccino italiano no Starbucks, para depois dar 1% às crianças que passam fome e fazer-nos sentir bem com isso. Depois de fazer outsourcing ao trabalho e à tortura, depois de as agências matrimoniais fazerem outsourcing da nossa vida amorosa, permitimos que até o nosso envolvimento político seja alvo de outsourcing. Queremos ele de volta.

Não somos comunistas, se o comunismo significa o sistema que entrou em colapso em 1990. Lembrem-se que hoje os comunistas são os capitalistas mais eficientes e implacáveis. Na China de hoje, temos um capitalismo que é ainda mais dinâmico do que o vosso capitalismo americano. Mas ele não precisa de democracia. O que significa que, quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou.

A mudança é possível. O que é que consideramos possível hoje? Basta seguir os meios de comunicação. Por um lado, na tecnologia e na sexualidade tudo parece ser possível. É possível viajar para a lua, tornar-se imortal através da biogenética. Pode-se ter sexo com animais ou qualquer outra coisa. Mas olhem para os terrenos da sociedade e da economia. Nestes, quase tudo é considerado impossível. Querem aumentar um pouco os impostos aos ricos? Eles dizem que é impossível. Perdemos competitividade. Querem mais dinheiro para a saúde? Eles dizem que é impossível, isso significaria um Estado totalitário. Algo tem de estar errado num mundo onde vos prometem ser imortais, mas em que não se pode gastar um pouco mais com cuidados de saúde.

Talvez devêssemos definir as nossas prioridades nesta questão. Não queremos um padrão de vida mais alto – queremos um melhor padrão de vida. O único sentido em que somos comunistas é que nos preocupamos com os bens comuns. Os bens comuns da natureza, os bens comuns do que é privatizado pela propriedade intelectual, os bens comuns da biogenética. Por isto e só por isto devemos lutar.

O comunismo falhou totalmente, mas o problema dos bens comuns permanece. Eles dizem-nos que não somos americanos, mas temos de lembrar uma coisa aos fundamentalistas conservadores, que afirmam que eles é que são realmente americanos. O que é o cristianismo? É o Espírito Santo. O que é o Espírito Santo? É uma comunidade igualitária de crentes que estão ligados pelo amor um pelo outro, e que só têm a sua própria liberdade e responsabilidade para este amor. Neste sentido, o Espírito Santo está aqui, agora, e lá em Wall Street estão os pagãos que adoram ídolos blasfemos.

Por isso, do que precisamos é de paciência. A única coisa que eu temo é que algum dia vamos todos voltar para casa, e vamos voltar a encontrar-nos uma vez por ano, para beber cerveja e recordar nostalgicamente como foi bom o tempo que passámos aqui. Prometam que não vai ser assim. Sabem que muitas vezes as pessoas desejam uma coisa, mas realmente não a querem. Não tenham medo de realmente querer o que desejam. Muito obrigado

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