jeudi 6 septembre 2012

Igreja Batista em Perdizes, 70 anos


Segunda-feira, dia 10, venha celebrar conosco os 70 anos da Igreja Batista em Perdizes. Teremos uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a partir das 10 horas da manhã. Chegue às 9 horas para tomar seu café da manhã conosco.

E para não se perder, localize-se
Avenida Pedro Álvares Cabral, 201
Ibirapuera

Sobre o não-ser para viver o ser

Compreendi que não há nada melhor do que a gente ter prazer naquilo que faz. Esta é a recompensa. Pois como é que podemos saber sobre o não-ser? – perguntou Qohélet.

Qoh procurou a felicidade e a paz. Foi objetivo e prático na avaliação de seu tempo e constatou que o evento humano está sujeito à lei da alternância, que vai além da explicação imediata: o humano não tem domínio sobre as dinâmicas que governam a morte e a vida. E procurou refúgio na sofia grega. O texto hebraico de Qohélet, com a presença de palavras aramaicas e persas, sugere autoria anônima, situada entre 450 e 200 antes de Cristo, e se apresentou com a apodadura de Salomão.

Qoh procurou entender o ser e o não-ser – aquilo que está fora, além da existência – no jogo de seus movimentos. Percebeu que não tinha controle sobre o movimento dos fenômenos do universo e viu que era preciso respeitar o espaço e o tempo para poder existir dentro do ritmo dos eventos.

Mas ele não foi o único a pensar nessas coisas. A pergunta pelo não-ser, presente na história do humano desde que ele é sapiens, levou à pergunta pelo sentido do ser. Qohélet – em português Eclesiastes e, segundo Haroldo de Campos, O-que-sabe – de forma magnífica, quase à maneira de Nietzsche, trabalhou o tema da morte e da vida e nos levou a pensar sobre a única realidade a que de fato temos acesso: a existência – terreno afetivo e emocional que produz e repousa sobre a riqueza material das humanidades. Qoh numa abordagem existencial discute o ser, sua integralidade e potencialidades.

Mas ele não foi o único a pensar a não-existência e a existência. Górgias (480-375 a.C.) traduziu no pensamento pré-socrático a dúvida sobre o não-ser e, por extensão, sobre o ser. Disse que se existisse alguma coisa, seria ser ou não-ser, ou ser e não-ser juntos. E se o não-ser existe, ele é e não-é ao mesmo tempo. Mas é absurdo dizer que alguma coisa existe e não-existe ao mesmo tempo. Para Górgias, em formulação matemática (pv¬p)v(p^¬p), a proposição “pv-p” é verdadeira. Mas “v” é verdadeiro se e somente se “p” for verdadeiro. Na lógica proposicional do filósofo pré-socrático temos, então, a negação de “p”. Donde, o não-ser não existe. Górgias disse mais do que isso, mas essa constatação, o não-ser não existe, é o que nos interessa nesse momento.

É interessante que Qoh apresentou o não-ser, aquilo que está fora, além da existência, de uma maneira que nos lembra Górgias. Disse que ninguém se lembra do que aconteceu no passado e que até as coisas que acontecerão no futuro também vão ser esquecidas. Que ninguém se lembra dos sábios, assim como ninguém se lembra dos imbecis, pois no futuro todos seremos esquecidos. Há tempo para nascer e tempo de morrer, mas todos caminham para um mesmo lugar, pois tudo vem do pó e tudo volta ao pó.

Disse, ainda, que felicitava os que já morreram mais do que os que estavam vivos. E considerou que mais vale o dia da morte do que o dia do nascimento. Ou, mais vale ir a uma casa em luto do que ir a uma casa em festa. Que ninguém é senhor do dia da própria morte e que nessa guerra não há trégua. Por isso, um cão vivo vale mais que um leão morto, já que os vivos sabem que irão morrer; mas os mortos não sabem de nada e não tem recompensa nenhuma: sua memória já está no esquecimento. O amor, ódio e ciúmes pereceram com eles. E nunca mais participarão de qualquer coisa que se faz debaixo do sol.

A consciência do não-ser remete ao sentido do ser. E aqui há uma diferença básica com Górgias, porque para ele a negação do não-ser é também a negação do ser e, por isso, fez três afirmações que marcaram o pensamento lógico-matemático e balizaram o ceticismo: não dá para dizer que algo existe; se alguma coisa existe não temos como conhecer sua existência; e se o ser existe não temos como explicar sua existência aos outros.

Já o argumento de Qoh, a partir do não-ser, afirma o sentido do ser, único conhecido. A negação do não-ser de Qoh expressa o desejo de ser em abundância, enquanto está, porque tem por limites as bordas do tempo de ser. O ser existe, mas tem espaço e tempo – hoje diríamos é existencial e histórico. Por isso, é melhor o sentido do ser, a intensidade das ações do ser do que ficar na espera do não-ser. Assim, quando o não-ser sinalizar que está chegando e se aproximar, teremos o prazer de ter sido plenamente, com intensidade, de forma abundante.

E, por isso, Qoh nos aconselha a aproveitar a vida, a ir em frente. A comer com prazer e beber alegremente o nosso vinho, pois o Eterno já aceitou deliciado o nosso bem-fazer. Sejamos felizes, diz O-que-sabe. Enquanto vivermos na fumaça desse mundo, curtamos a vida com a pessoa amada, pois essa é a recompensa pelo nosso fazer debaixo do sol. E o que tivermos para fazer, façamos ótimo, porque o não-ser é nada e no nada nada se faz, e no não-ser não existe conhecimento, nem pensamento, nem sabedoria. E depois do ser, vamos repousar no nada.

O fazer da existência vale a pena. O Eterno aprecia esse bem-fazer humano, que tem seu próprio tempo, que integra a existência de cada ser na história dos fazeres humanos. É por isso que Bereshit, o primeiro texto na Torah, apresenta um ponto zero. O tempo zero vai do entardecer à meia-noite. É quando o sol desilumina o nosso espaço de forma gradual. O tempo do não-ser não é uma fratura do tempo, é tempo da história. Qoh não contempla a passagem do tempo, mas a vinda do tempo. O tempo significa nada ou pouco para o Eterno, mas há um sentido de tempo para o humano. A conclusão de Qoh é que temos de ser no tempo para dar valor à eternidade que brota do nada do não-ser.

25/4/2009

Fonte: ViaPolítica/Jorge Pinheiro


 
 

O sonho e a oração

De manhã bem cedo em Paris, cinco horas a menos de fuso horário, cerca de meia-noite no Brasil, eu dormia e sonhei muito claramente com uma senhora que passaria por uma cirurgia. No sonho reuni jovens e começamos a orar.

Ao acordar, em seguida ao sonho, comecei a orar. Pensei em algumas amadas senhoras da Feliz Idade e em outras que não são da Feliz Idade, mas são tão amadas quanto. E minha oração foi: “Senhor, pelo amor a Jesus, seu Filho e nosso Salvador, dê vida a essa irmã, se for uma irmã em Cristo; a essa pessoa, que o Senhor ama, mas pode ainda não ser uma serva sua”.

Os detalhes de um sonho podem ou não ser importantes, mas nosso Deus sempre deixa claro o que Ele deseja de nós. E aqui o centro do meu sonho era: “Jorge, meu filho, ore por esta senhora, ela vai passar por uma cirurgia”.

E como no dia anterior estava estudando o salmo 80, o versículo 15 me veio à cabeça, como oração: “Vem e salva essa parreira que tu plantaste, esse ramo novo que fizeste crescer tão forte”.

O salmo 80 é um pedido a Deus que pode ser resumido no refrão dos versículos 3, 7 e 19: “Restaura-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos”.

O salmo 80 é uma oração dirigida a Deus, o pastor de Israel, que está entronizado acima dos querubins. Nela o salmista clama: “até quando?” Pergunta sobre a duração da ira de Deus contra a nação desobediente. O salmo é um resumo da história do povo de Israel: a fuga do Egito, a conquista da terra prometida, a prosperidade na terra, o castigo pela mão de opressores. Mas aqui o salmista trabalha com a figura de uma videira plantada por Deus. E encerra o salmo pedindo que Deus olhe do céu e veja a circunstância triste do povo e intervenha para salvar a sua videira, o povo querido que está na sua mão direita. E o povo promete fidelidade a Deus.

Querida irmã, querido irmão, eu não sei por quem orei, mas Deus sabe. Nossa história é como aquela do povo de Israel no salmo 80: fugimos do mundo do pecado e isso não foi fácil. Conquistamos as promessas de uma vida nova através de Cristo e isso é muito gostoso e gratificante. Crescemos e prosperamos. Mas, às vezes, sofremos nas mãos adversas das circunstâncias, que podem ser enfermidades ou não.

Diante das circunstâncias adversas nossa arma é a oração. Vou continuar a orar pelas senhoras da minha igreja, pelas pessoas enfermas. Vamos fazer isso juntos, essa semana? Vamos juntos dizer para o pastor de Israel, que está entronizado acima dos querubins: “Restaura-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos”.

E que todas e todos possamos clamar por restauração e prometer fidelidade Àquele que é Fiel. Amém!

Do pastor e amigo, Jorge Pinheiro.

Oremos