jeudi 24 mars 2016

PDPdS


Paul Tillich, política e religião

A produção teórica de Paul Tillich sobre política e religião 
é muito vasta e cobre dezesseis anos de produção, indo de 1919 a 1935, fora textos produzidos posteriormente em sua fase norte-americana. 
Jorge Pinheiro, PhD

Embora tenhamos feito uma leitura de seus principais textos, editados em francês, em 1990, 1992 e 1994,7 nos concentramos em algumas formulações que consideramos fundamentais para a compreensão do fenômeno político. Nossa abordagem de Tillich e de sua produção procura a compreensão de métodos de análise e de crítica da condição política e não tomar as idéias e argumentos de Tillich como cânon. Entendemos que seus escritos foram elaborados sob condições especiais e refletem conjunturas e realidades peculiares à modernidade do século vinte e, embora nos sirvam de roteiro para reflexão, não podem ser entendidos como palavra final. 

Metodologicamente optamos por uma leitura não histórica e não cronológica, mas sistemática. Assim, procuramos compreender o pensamento de Tillich em seu conjunto, situando nessa compreensão a questão política e como suas abordagens podem nos ajudar a fazer uma leitura teológica da correlação política e religião e das contradições e perspectivas daí advindas. 



(Nota -- 7 Paul Tillich, Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands, 1919-1931, Paris, Genebra, Québec: Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1990, 1992. Christentum und Soziale Gestaltung, Gesammelte Werke II, VI, IX, X, XII, XIII, Evangelisches Verlagswerke Stuttgart, 1962, 1967, 1970, 1972. Trad. fr., Nicole Grondin e Lucien Pelletier. Écrits contre les nazis, 1932-1935, Paris, Genève, Québec : Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1994. Christentum und soziale Gestaltung. Frühe Schriften zum religiösen Sozialismus, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, Gesammelte Werke II, 1962, 1968. Trad. fr. Nicole Grondin e Lucien Pelletier). 

O contexto histórico e cultural 

Paul Tillich nasceu num lar luterano, na cidade alemã de Starzddel, perto de Berlim, em 1886. Em 1910, graduou-se doutor em Filosofia, em Breslau, e em 1912 licenciou-se em Teologia, em Halle. Durante a I Guerra Mundial serviu como capelão no exército alemão. Psicologicamente, foi muito afetado pela visão das mortes e da destruição em massa causadas pela guerra. Sofreu dois colapsos nervosos e sua fé num cristianismo calcado no romanticismo alemão do século dezenove desabou. Ele conta como foi esse sofrimento, que produziu a grande transformação de sua vida: 

“A transformação ocorreu durante a batalha de Champagne, em 1915. Houve um ataque noturno. Durante toda a noite, não fiz outra coisa senão andar entre feridos e moribundos. Muitos deles eram meus amigos íntimos. Durante toda aquela longa e terrível noite, caminhei entre filas de gente que morria. Naquela noite, grande parte da minha filosofia clássica ruiu em pedaços; a convicção de que o homem fosse capaz de apossar-se da essência do seu ser, a doutrina da identidade entre essência e existência... Lembro-me que sentava entre as árvores das florestas francesas e lia “Assim Falou Zaratustra”, de Nietzsche, como faziam muitos outros soldados alemães, em contínuo estado de exaltação. Tratava-se da liberação definitiva da heteronomia. O niilismo europeu desfraldava o dito profético de Nietzsche, ‘Deus está morto’. Pois bem, o conceito tradicional de Deus estava mesmo morto”.8 

O mundo em colapso e a esperança socialista 

Para Tillich, o mundo entrara em colapso, e com ele o otimismo naquela cultura que tinha depositado sua confiança no ser humano e acreditado no progresso da civilização. "A experiência dos quatro anos de guerra -- escreveu Tillich --, abriu diante de mim e de todos de minha geração tal um abismo que nunca pôde ser fechado novamente". E foi em Verdun que Tillich situou sua ruptura com o liberalismo teológico alemão. Como vimos, ele fala com 

(Nota -- 8 “To be or not to be”, Time Magazine, 16.03.1959, Vol. LXXIII, No. 11, pp. 47ss. Tillich foi capa desse número da revista, com chamada especial: “A theology for protestants”). 

tristeza daquela noite que, em meio ao trovejar dos canhões, depois de procurar durante horas dar um pouco de conforto aos moribundos que chegavam ao acampamento, ao amanhecer, exausto, dormiu entre cadáveres. E ali morreu seu idealismo teológico. Há nesta descrição da batalha de Verdun uma releitura das memórias de Goethe quando este fala da batalha de Valmy: "Neste lugar e neste dia começa um tempo novo da história do mundo". Goethe disse que Valmy foi o começo do século dezenove, marcado pela fé na razão, na paz, na justiça e na democracia, convencido de que a cultura européia chegava a um momento especial de sua história. Em Verdun, Tillich descreve o fracasso desta fé, a queda desta convicção e, também, o fim do século dezenove.9 

A experiência que Tillich viveu como capelão durante a I Guerra Mundial, não foi simplesmente uma experiência particular, mas em última instância a compreensão da condição humana, enquanto demonstração da situação espiritual do momento que se abria para o mundo. Nesse sentido, seu destino pessoal coincide com o destino de milhões de pessoas e da Europa inteira. Com a guerra, a derrota da Alemanha e o fim da monarquia, algo novo emergiu do desastre, surgiu das profundezas, da dimensão da profundidade do inconsciente de milhões de pessoas. Se durante alguns anos, o destino da morte cobriu uma geração inteira, derrubando por terra o edifício do século dezenove, desse caos surgia a possibilidade de mudança, de construção de algo novo. 

O julgamento da I Guerra Mundial levou Tillich à compreensão de que não se pode divinizar nenhuma construção política. Mas ao se fazer o julgamento da guerra, também se faz o julgamento das possibilidades humanas. Ora, tal julgamento tem um aspecto positivo, que Tillich chamará de kairós10: é um momento de graça onde a possibilidade humana se torna plena de força divina. Mas este kairós é diferente das propostas apresentadas por aqueles socialismos que se posicionam a favor da guerra, pois o kairós aponta para a possibilidade de um mundo novo. E a esperança que ele gera é maior que a simples ilusão humana, pois esta esperança tem o próprio Deus por fundamento, já que aqui a graça gera o kairós. 

(Notas -- 9 André Gounelle, Fernand Chapey: “Paul Tillich: esquisse biographique”, Montpellier, Institut Protestant de Théologie, Etudes Théologiques et Religieuses/ETR, 1978/2, 53, pp. 223-224. 10 Paul Tillich, “Kairos I” in Christianisme et socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Paris, Genebra, Québec: Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 116-117. Der Widerstreit von Raum und Zeit, Gesammelte Werke, VI, Evangelisches Verlagswerke Stuttgart, 1963, pp. 53-72. Trad. fr. Nicole Grondin e Lucien Pelletier). 

Herdeiro do pensamento alemão do século dezenove, Paul Tillich é devedor do idealismo alemão, em especial de Hegel e Schelling,11 mas é a partir de 1919, na Alemanha destruída pela I Guerra Mundial que começa a trabalhar sobre a idéia de uma teologia da cultura. Aspecto de destaque em sua obra é o fato de ter elaborado uma teologia da história, já que recusou exercer “a tarefa de mero coletor e divulgador de fatos e dados. O importante era tornar vivo o que já passou, era olhar o passado para compreender a situação presente, era aliar os fatos a uma interpretação”.12 Para ele, cultura tem uma leitura diferente daquela que terá para a antropologia da segunda metade do século dezenove, que inclui a produção humana em toda a sua riqueza e diversidade. Para ele, cultura é a produção da intelectualidade européia ilustrada. 

E por baixo das manifestações culturais específicas se faz presente a religião. Assim, a religião expressa o incondicionado, dando margem a manifestações especiais, que se apresentam enquanto cultura. Daí seu interesse em manter um permanente diálogo com artistas, escritores e com o mundo social-democrata da época. Dessa maneira, durante toda sua vida Tillich será um teólogo da cultura e um filósofo da religião. 

Para Tillich, depois da I Guerra Mundial, era preciso abandonar aquele Deus concebido pela teologia do século dezenove e fazer o cristianismo responder aos problemas e às exigências contemporâneas. Assim, depois da guerra começou a repensar seu cristianismo e se aproximou do socialismo do Partido Social Democrata alemão. Conforme explica o próprio Tillich, ele poderia ter desenvolvido sua filosofia a partir da leitura de Nietzsche, mas a experiência da revolução alemã de 191813 dirigiu suas preocupações em direção a uma filosofia da história, a partir da sociologia e da politica. E seu estudo de Ernst Troeltsch (1865-1923)14 preparou a mudança de direção.15 

(Notas -- 11 Na sua tese sobre Friedrich Wilhelm Joseph Schelling, La mystique et la conscience de la culpabilité dans le développement philosophique de Schelling (1912), Tillich apresentou o ponto de vista de Schelling sobre mito e mitologia. Martin Leiner, “ Mythe et modernité chez Paul Tillich ”, in Marc Boss, Doris Lax, Jean Richard (ed.), Mutations religieuses de la modernité tardive, Actes du XIVe. Colloque International Paul Tillich, Marselha, 2001, Hamburgo, Londres, LIT, 2002, p. 9.  12 Cláudio de Oliveira Ribeiro, “Teologia e Ciências: Uma aproximação entre a produção teológica latino- americana e a de Paul Tillich”, in Por Uma Nova Teologia Latino-Americana, A Teologia da Proscrição, vv. aa., São Paulo, Paulinas, 1996, pp. 211-212. 13 Paul Tillich, “ La situation spirituelle du temps présent. Rétrospective et perspective ” in Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Paris, Genebra, Québec : Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 330-331. Die religiose deutung der gegenwart, Gesammelte Werke, X, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, 1968, pp. 108-120. Trad. fr. de Nicole Grondin e Lucien Pelletier. 14 Paul Tillich, “Ernst Troeltsch. Son importance pour l’histoire de l’esprit ” in Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Paris, Genebra, Québec : Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 219-220. “ Ernst Troeltsch, Versuch einer geistesgeschichtlichen Wurdigung ”, Begegnungen, Gesammelte Werke XII, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, 1971, pp. 166-174. Trad. fr. de Nicole Grondin et Lucien Pelletier). 

Para definir os contornos do socialismo tillichiano em sua fase inicial devemos nos remeter a dois textos escritos nos dois anos subseqüentes à revolução de 1918, redigidos no calor da vitória revolucionária, e que se encontram em “Christianisme et socialisme I e II”.16 Embora esses textos não tenham a profundidade sistemática dos escritos socialistas dos anos 1920-30, eles procuram explicar de um ponto de vista teológico o papel da revolução que acabava de acontecer na Alemanha. Assim, em 1919, Tillich deu uma conferência pública cujo conteúdo foi um esforço para fundamentar teologicamente um artigo que tinha escrito antes, onde dizia ser tarefa do cristianismo assegurar a unidade interior do ser humano futuro, através da construção de uma nova síntese entre a religião e a cultura. Na conferência afirmava que tal exigência estava fundamentada na radicalidade da teologia. A conferência recebeu o título de “Sobre a idéia de uma teologia da cultura”.17 

Aqui Tillich empreende pela primeira vez uma definição da tarefa da teologia, no quadro das ciências da cultura. Ela aparece como ciência normativa, não por impor sua autoridade sobre as normas da conduta humana ou por traduzir o processo dos julgamentos de valor que esta conduta requer, mas porque está interessada em situações concretas, que constituem seu conteúdo. Ou, em outras palavras, ela é normativa porque é reveladora de sentido. 

A teologia, para Tillich, enquanto ciência do indivíduo deve partir do contexto histórico e cultural. Ele observa que as éticas teológicas anteriores tinham se dado como tarefa analisar o arraizamento da vida moral, ou seja, a raiz concreta do indivíduo em sua comunidade. Mas, agora, no momento em que a teologia reconhece a existência de uma comunidade cultural externa à igreja, comunidade que constitui o horizonte imediato das decisões do indivíduo e que se enraíza numa cultura contemporânea global, a constituição de uma ética teológica pura não é mais possível: torna-se necessário elaborar uma teologia da cultura.18 

O nazismo como pano de fundo 

(Notas -- 15 Paul Tillich, “On the boundary, an autobiographical sketch”, in The Interpretation of History, New York- London, Scribner, 1936, p. 54. Aux Confins, Paris, Planète, p. 67. Trad. fr. Jean-Marc Saint. 16 Marc Boss, “ Protestantisme et modernité: résonances troeltschiennes des premiers écrits socialistas de Tillich (1919-1920) ”, in A Dumais et J. Richard, editores, Ernst Troeltsch et Paul Tillich, pour une nouvelle synthèse du christianisme avec la culturele de notre temps, Québec : Les Presses de l’Université Laval, L’Harmattan, 2002, pp. 88. 17 Jean-Claude Petit, La Philosophie de la Religion de Paul Tillich, Genèse et évolution, la période allemande 1919-1933. Montréal : Fides, Héritage et Projet, 1974, pp. 17-19. 18 Jean-Claude Petit, La Philosophie de la Religion de Paul Tillich, op. cit., pp. 19-20). 

Anos mais tarde, em janeiro de 1933, o nacional-socialismo chegava ao poder. Entre os anos de 1919 e 1924, Tillich tinha participado do Círculo Kairós, um grupo de reflexão sociológico, filosófico e teológico do socialismo. Entre os anos 1920 e 1927 ajudou a editar os Cadernos do Socialismo Religioso, e em 1929/30 os Novos Cadernos do Socialismo. Mas com o advento do nazismo ao poder, ele percebe que o socialismo havia nascido como kairós, com a reflexão contextual da revolução socialista, e deveria desaparecer com ela. 

Nesse contexto de ascensão do nazismo, de crise e derrota da revolução socialista, não se poderia esquecer o fato de que o julgamento divino se apresenta paradoxal porque declara absoluto, perfeito e santo aquilo que é relativo, imperfeito e pecador, o ser humano. Assim, partindo da teologia de Lutero e de seu conceito de salvação pela graça, Tillich faz uma nova abordagem da questão social na Alemanha e na Europa: aquilo que aparece como abismo da realidade, que reduz a nada o que existe, que coloca todas as coisas sob julgamento, tem um lado positivo. É possível afirmar que o contexto de julgamento pode levar a uma vontade de moldar o mundo de maneira imanente, momento do novo, quando o reino de Deus se faz presente no mundo. 

Fruto desses anos de reflexão e militância intelectual, Tillich formulou seu conceito de socialismo religioso19 e escreveu A Decisão Socialista,20 livro que foi queimado publicamente pelos nazistas em 1933. Se tivesse ficado na Alemanha, possivelmente Tillich tivesse terminado seus dias num campo de concentração, mas salvou-se ao aceitar o convite para lecionar na Universidade de Columbia e no Union Theological Seminary, em Nova York. 

No século vinte, poucos teólogos tiveram tanta influência como Paul Tillich, que procurou responder às questões universais relacionando cultura e fé. Em termos teológicos sua pressuposição básica era de que a fé não é necessariamente inaceitável para a cultura e a cultura contemporânea não é necessariamente inaceitável para a fé. Buscou desenvolver uma 

(Notas -- 19 Paul Tillich, “Le socialisme religieux I” in Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919- 1931), Paris, Genebra, Québec : Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 355-362. Christentum und soziale Gestaltung, Gesammelte Werke II, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, 1962, pp. 151-158. Trad. fr. de Nicole Grondin et Lucien Pelletier. 20 Paul Tillich, “La Décision Socialiste”, in Écrits contre les nazis (1932-1935), Paris, Genève, Québec: Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1994, pp. 17-170. “Die sozialistische Entscheidung”, in Christentum und soziale Gestaltung. Frühe Schriften zum religiösen Sozialismus, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, Gesammelte Werke II, 1962, pp. 219-365. Trad. fr. Nicole Grondin e Lucien Pelletier, introd. de Jean Richard). 

teologia cujo método consistiu em relacionar fé e cultura, a fim de responder ao desafio de contextualizar a mensagem cristã num primeiro momento para a intelectualidade socialista e, posteriormente, para o ser humano contemporâneo. 

A cultura socialista no início do século vinte via a religião como ópio, fator de alienação das massas. A contribuição de Tillich foi oferecer ao pensamento socialista, a partir de uma nova maneira de fazer teologia, respostas sobre o significado de vida. O que Tillich procurou demonstrar é que uma compreensão de Deus é consistente com a compreensão socialista do mundo, e o que o intelectual via como uma deficiência na construção das idéias cristãs, Tillich encarava como uma oportunidade de alcançar o conhecimento não-empírico. Se para pensador socialista a gênese do futuro repousava sobre a luta de classes, para Tillich o socialismo traduzia o clamor contra a desumanidade, era um protesto contra sociedade industrial, que substituía os seres humanos por máquinas, dilacerando-os nos dentes da engrenagem da produção e do consumo capitalistas. Se a tecnologia levava a isso, onde estava a esperança e a resposta ao descontentamento vivido por essas gerações? O elemento perdido nesse processo era o espírito. 

Assim, Tillich resgata Kierkegaard21 quando dá ênfase à potência da individualidade humana, à existência.22 O que deve ser encontrado só o será através de sua própria coragem interna. Dessa maneira, a pergunta fundamental de existência humana é: o que eu sou? E essa pergunta só pode ser respondida por aquele que pergunta. 

O intelecto permite um conhecimento do funcionamento do universo físico e das complexidades dos sistemas do macrocosmo. Antes de uma pessoa poder dominar as técnicas, a consciência do observador precisa conhecer o lugar dele no esquema das coisas. Porém para entender o conceito, a razão, é necessário entender a ontologia fundamental que expressa as condições de essência e existência. Por isso, a ontologia existencial em Tillich eleva a pergunta pelo ser e pelo não-ser à teologia, que pode responder à pergunta sobre Deus a partir da luz que o não-ser reflete. O que Tillich apresentou ao mundo é um modo de unir verdades infinitas à uma cultura que parece desconsiderar a consistência histórica. O medo de um propósito perdido prevaleceu naquelas décadas de violência e destruição. Diante do equilíbrio perdido e da presença do caos permanente, Tillich redescobriu o equilíbrio e usou o presente 

(Notas -- 21 Pedro Rubens, Discerner la foi dans des contextes religieux ambigus, enjeux d’une théologie du croire, Paris, Les Editions du Cerf, 2004, p. 183. 22 Marc Boss, “Persistance du socialisme religieux dans la Philosophie existentielle de Paul Tillich”, in Marc Dumas, François Nault e Lucien Pelletier (ed.), Théologie et culture: hommages à Jean Richard; Quebec, Les Presses de l’Université Laval, 2004, p. 343-347). 

como fogo que acende a pira. Para ele a chave está no espírito, pois sem poder criativo não há vida. O espírito é poder, assim como a razão, que se unem e transcendem. As obras de arte, a literatura e a poesia, a filosofia e a política são frutos não só da razão, mas também do espírito. São criações individuais, mas também universais da razão e do espírito. Em todo trabalho humano de relevo pode-se ver a profundidade do que é individual, a grandiosidade de algo único, que acontece, mas que não pode ser repetido, e que, não obstante, por atravessar os séculos é universal, mas acessível ao conjunto dos seres humanos. 

Assim a teologia, enquanto conhecimento humano, particular, mas também universal, traduz- se enquanto maneira de busca do transcendente. A distância entre a fé e cultura, através da teologia, deve ser estreitada para que o ser humano possa resistir à tentação de que apenas o que é físico e material é o padrão maior da civilização. A teologia da cultura de Tillich é um marco para aqueles que investigam a espiritualidade humana aparentemente perdida, isto porque o mundo tecnológico não pode ser compreendido em profundidade sem a admissão de que a espiritualidade faz parte do conhecimento e busca do gênero humano. Assim, o fundamento da teologia da cultura está no fato de que a ontologia da cultura é um desdobramento da ontologia do ser humano. Na direção desse fundamento está a pergunta sobre a unidade ontológica da cultura: qual o princípio antropológico da criação cultural? 

Quando dizemos que o ser humano é o único animal que cria seu próprio universo de significação é na cultura que vamos encontrar o ato e a forma da expressividade humana como ser histórico. O primeiro momento da reflexão teológica sobre a cultura consiste em assegurar, seja ao ato da criação cultural, seja na forma do seu objeto, a unidade que só pode ser pensada em oposição ao fluxo do tempo e à dispersão do espaço onde a experiência se situa. 

A unidade ontológica da cultura reside na relação dialética que vigora entre a estrutura transcendental do sujeito, que se manifesta no ato da criação cultural, e a idealidade transcendental da obra de cultura, manifestada na forma transtemporal e transespacial que lhe assegura perenidade simbólica. A teologia apresenta-se, então, como paradigma da ontologia da cultura, pois tematiza a transcendência do ato como interrogação sobre o que é, tanto no que se refere à idealidade da forma, como na objetividade do ser.23 

(Nota -- 23 Henrique C. de Lima Vaz, “Ontologia da Cultura” in Cultura e Filosofia, aula inaugural do Curso de Filosofia do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC), da Universidade Federal de Ouro Preto, setembro de 1994, pp. 6-12). 

A partir dessa leitura teológica da cultura, o resultado da relação entre a politica e a fé cristã levou Tillich a um sofisticado sistema de pensamento, onde a teologia da cultura tornou-se algo especial dentro da história da teologia. Talvez, pudéssemos falar de uma teologia sociopolítica, ou mesmo de uma teologia do socialismo, já que a concepção teológica de Tillich parte de uma leitura sociológica e histórica, e de uma análise crítica. Para ele, a relação entre teologia e política nunca pode ser descrita apenas pela conjunção “e”, mesmo quando um movimento político está fundamentado numa concepção de mundo. 

Nesse caso, duas atitudes são possíveis: pode-se ver a política sob o ângulo da luta pelo poder e seu objetivo estratégico; ou pode-se levar em conta as pretensões desse grupo político em encarnar uma concepção de mundo e submeter suas pretensões ao tribunal das categorias teológicas. Neste caso, não estamos falando mais de política, mas de teologia política. Em outras palavras, há um setor da teologia da cultura, que a teologia não pode esquecer se quiser manter a exigência da incondicionalidade da mensagem cristã.24 

Segundo Eberhard Amelung, que foi orientado por Tillich em sua tese de doutorado, em Harvard, os principais conceitos desenvolvidos com o socialismo religioso,25 como kairós e teonomia são fruto da leitura tillichiana da situação histórica dos anos 1920 na Alemanha. Dessa maneira, para Amelung, o compromisso socialista religioso de Tillich constitui a matriz de sua teologia da cultura, e possivelmente de toda a sua teologia.


Leia
Jorge Pinheiro, Teologia e Política, Paul Tillich, Enrique Dussel e a Experiência Brasileira, São Paulo, Fonte Editorial, 2006.






Teologia e política (1)

Por que estudar o pensamento de Paul Tillich? 
Jorge Pinheiro, PhD

Essa é uma pergunta que hoje se faz no Brasil, tanto nas faculdades de teologia, como nas áreas de filosofia e ciências sociais. Partindo de minha experiência como pesquisador e professor, considero que Tillich fornece fundamentos teóricos para aqueles que se interessam não somente pela política, mas pelas imbricações da política com a religião. Por isso, ele se torna referencial tanto para estudos no campo da teologia, como da filosofia e das ciências sociais. Sem dúvida, suas abordagens sobre essas correlações iluminam questões teóricas e possibilitam abordar realidades até agora pouco compreendidas. Ou seja, seus estudos sobre política, socialismo e religião, assim como sua teologia da cultura, nos permitem analisar questões desafiadoras sob novas perspectivas. 


A temática política e religião pode e deve ser abordada a partir de perspectiva teológica, mas isso nos remete à própria teologia e à pergunta: em que medida ela pode ser um instrumento para a análise política? A teologia, e aqui recorremos a Paul Tillich, relaciona pólos, a mensagem cristã e a interpretação dessa mensagem, que deve levar em conta a situação daqueles a quem ela se destina. 

Situação, aqui, são as formas científicas e artísticas, econômicas, políticas e éticas, através das quais as pessoas e grupos exprimem as suas interpretações da existência.1 Nesse sentido, a teologia pode dar respostas às perguntas implícitas na situação, não enquanto soluções definitivas, mas no sentido de procurar sínteses. 

(Notas -- 1 Paul Tillich, “Systematic Theology I”, Chicago, University Chicago Press, XI, 1951, pp. 3-4. “Das System der Wissenschaften nach Gegenstanden und Methoden”, Fruhe Hauptwerke, Gesammelte Werke I, Evangelisches Verlagswerk Stuttgart, 1955, pp. 265-290). 

Para isso, utilizamos o método da correlação, ou seja, a análise da situação humana, de forma que venham à tona perguntas e a individuação das respostas nos fatos reveladores, possibilitando respostas correlatas às perguntas colocadas pela própria existência. 

A partir daí nos vemos diante da questão: que sentido tem a história? Tillich nega o negativismo fundamentalista que não vê sentido na história, mas também vai além do progressismo intra-histórico, quer iluminista, quer marxiano. Para ele, o cristianismo propõe um símbolo religioso, o do reino de Deus, que deve ser interpretado como dimensão histórica e dimensão transistórica. Dessa maneira, o sentido da história está na manifestação do reino de Deus, quer enquanto reino da salvação em contraposição à história do mundo, quer enquanto diretrizes e movimento em direção à plenitude da história, que em sua dimensão transcendente e transistórica é a vida eterna. Esse processo, que parte do eterno e desemboca no eterno, Tillich chama de panenteísmo escatológico.2 

Perguntas acerca das situações e respostas teológicas estão ligadas à existência. Por isso, ao analisar a questão do socialismo, Tillich faz uma teologia política onde seu referencial primeiro é o ser. Nesse sentido, podemos dizer que faz uma fenomenologia política quando analisa questões como o ser, a origem do pensamento político enquanto mito, e a partir daí procura trazer à tona os elementos não reflexivos do pensamento político. E é a partir da análise do pensamento político que Tillich vai explicar o surgimento da democracia e do socialismo. 

Assim, este trabalho visa fornecer bases teóricas para a análise do pensamento político e da correlação política e religião, resgatando elementos para o estudo das raízes do pensamento político, do socialismo e de suas relações com a religiosidade contemporânea. Nossa intenção, aqui, foi apresentar uma contribuição da teologia para a compreensão da crise social e política de uma época (no caso de Tillich em relação à crise alemã e à ascensão do nazismo), que nos permita aprofundar o estudo das origens do pensamento político na própria realidade brasileira. Assim, a leitura teológica que fazemos contextualiza e traz para o momento presente a antropologia política de Paul Tillich, elaborada entre as duas grandes guerras do século vinte na Europa. 

(Nota -- 2 Paul Tillich, Systematic Theology I (1951), p. 421). 

Mas, é necessário fazer a crítica do socialismo religioso e do sentido dialético do método da correlação tillichianos, como questionamentos que nos permitam entender o fenômeno político brasileiro. E para realizar essa crítica recorremos a Enrique Dussel, com o conceito de religião infraestrutural e seu método analético. Dussel, que trabalha com abordagens construídas a partir de Lévinas e Marx, nos leva à pessoa enquanto outro que é revelação do mistério da liberdade, e nos leva também à religião, e aqui devemos entender ao cristianismo, enquanto infraestrutura que denuncia o poder excludente, o que nos ajuda a trazer Tillich para o tempo presente latino-americano. 

Embora saibamos que a fé é ato da inteligência, modo de ver, Dussel nos diz que a fé também mostra que nosso conhecimento sempre esbarra em algo que não pode transcender e pára ali sabendo, no entanto, que há algo mais. Quem é ou o que é que realmente ultrapassa o que se vê, que vai além do que se vê? Em primeiro lugar, é a esperança de que o outro se revelará, concretamente: o amor do outro. O amor é o que vai além da visão do rosto, porque o fogo que arde no arbusto não o consome, porque é um sinal da presença do outro. É um rosto. E todos os dias vemos rostos de pessoas, mas o rosto que vemos não é. Por isso, devemos nos abrir a ele como mistério da liberdade. Vemos cada um dos que nos rodeiam e também os grupos sociais que estão entre nós, mas o que vemos não é o outro como ser livre.3 

Por isso, para que a teologia direcione é necessário descobrir o sentido do presente histórico. E esse desvelar o sentido do presente histórico chama-se profecia, que significa falar diante. Mas falar diante de quem? Diante diante da assembléia de cidadãos. Profecia é isso: falar ao povo do sentido dos acontecimentos presentes.4 Esta compreensão, a partir da leitura de Paul Tillich e Enrique Dussel, mostra a importância da Teologia no debate interdisciplinar sobre a experiência brasileira da presença cristã e socialista na política recente do Brasil. 

Desde a primeira República com a chegada dos imigrantes europeus, em especial espanhóis e italianos, surgiram tentativas de construção de um partido operário que tivesse condições de ação político-eleitoral. Mas todas essas tentativas fracassaram. Até mesmo o Partido Comunista, fundado em 1922, por seu posicionamento ambíguo em relação à democracia e por traduzir, durante a longa presença de Josef Stálin na liderança da União Soviética, uma 

(Notas -- 3 Enrique Dussel, “Interpretação histórico-teológica”, in Caminhos da libertação latino-americana, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1985, p. 13. 4 Enrique Dussel, Caminhos da libertação latino-americana, op. cit., p. 15). 

política ditada por interesses externos, mais precisamente do Cominter, não conseguiu ser este partido. Com o final do Estado Novo surgiu o Partido Trabalhista Brasileiro como organização populista, que combinava uma liderança burguesa e pelego-sindical com base eleitoral popular e de trabalhadores urbanos. Mas também não foi o partido operário sonhado pelos militantes socialistas da primeira República. Outra experiência que vale a pena ressaltar foi a do Partido Socialista Brasileiro, fundado por intelectuais e políticos socialistas- democráticos em 1947. Tendo que enfrentar, à esquerda, o PCB, marxista-leninista, e à direita o PTB, burguês, o PSB também não conseguiu construir o sonhado partido operário de massas, com inserção sindical e expressão político-eleitoral. 

Por esses motivos, quando no final dos anos 1970 surgiu o Partido dos Trabalhadores, que nucleou amplos setores sindicais e de trabalhadores fabris em todo o país, a esquerda brasileira, com raras exceções, começou a olhar tal fenômeno como algo novo na história brasileira. O sonho tornava-se realidade. Passados mais de duas décadas da fundação do PT, algumas questões são levantadas, todas girando ao redor da pergunta: que partido é esse? É marxista- leninista? É social-democrata? E se é socialista, que socialismo é esse? 

Trabalhos acadêmicos foram produzidos com a intenção de responder às questões, mas ao se olhar com atenção para o fenômeno ficou claro que ele rompia os padrões de um partido operário. Afinal, desde seu início teve uma forte presença cristã, que atuou nele através de organismos populares criados pela própria Igreja, como as Comunidades Eclesiais de Base. Mas não ficou aí a ruptura com o esquema clássico. Praticamente todas as correntes ideológicas do socialismo se fizeram presentes na formação do PT, indo do stalinismo, expresso nas correntes ligadas ao Partido Comunista do Brasil, PC do B, passando por seus opositores históricos, os trotskistas, até chegar aos social-democratas e socialistas lights, como foram chamados aqueles aparentemente não muito comprometidos com a idéia de revolução, conceito que pode ser entendido como momento onde a possibilidade humana se torna plena e, por ter a esperança por fundamento, aponta para a irrupção do novo, daquilo que é essencial. 

É interessante notar que no correr dos primeiros vinte anos do PT as correntes do marxismo- leninismo foram deglutidas e expurgadas. Prevaleceu um núcleo sindical, sem definição ideológica, e uma ampla base sentimentalmente socialista que, no entanto, nunca definiu claramente que socialismo era esse. Pretendemos aqui voltar à discussão sobre os socialismos petistas, mas a partir das ciências da religião, pois vemos na construção do PT a presença, tanto direta, como invisível, do cristianismo. Nesse sentido, não negamos a existência de um pensamento socialista no PT, mas entendemos esse socialismo enquanto fenômeno que traduzia realidades plasmadas na sociedade brasileira e que afloraram enquanto mitos de origem da política. 

Este é um livro sobre os componentes teológicos encontrados no pensamento socialista do Partido dos Trabalhadores. O trabalho cobre a história do PT, mas não pretende analisar o Governo Lula, embora acreditemos que a abordagem realizada forneça elementos que permitem entender o processo vivido pelo PT enquanto governo. Nossa análise toma como ponto-de-partida os documentos e as resoluções de encontros e congressos acontecidos entre os anos de 1979 e 1999, assim como matérias jornalísticas, artigos, editoriais e entrevistas, publicadas pela imprensa do PT e pela imprensa não partidária, mas recorremos também a documentos da esquerda anteriores a esse período e também a documentos posteriores. Isto porque nossa intenção não é somente a análise histórica, mas também uma leitura sistemática do socialismo no PT. 

Nosso projeto de pesquisa foi buscar as origens do socialismo do Partido dos Trabalhadores, a partir de abordagens comuns às ciências da religião e, por extensão, da teologia. Embora o pensamento socialista no Partido dos Trabalhadores não possa ser compreendido apenas a partir da leitura teológica das resoluções oficiais de encontros e congressos, por maior que seja sua importância, entendemos que seria de relevância fazer a releitura desses documentos como ponto-de-partida para a compreensão do papel do cristianismo na construção do Partido dos Trabalhadores. 

Dessa maneira, as apreciações e comentários sobre o Partido dos Trabalhadores, sua história e formação baseiam-se em documentação bibliográfica. Foi, ainda, nossa intenção apresentar memórias e testemunhos que completassem a documentação bibliográfica, já que fizemos parte da direção de um grupo político, a Convergência Socialista, que teve participação na formação do Partido dos Trabalhadores. Tal realidade foi a razão que nos levou a escrever o livro: e por mostrar-se necessário à pesquisa foram citados artigos assinados pelo mim, enquanto textos que traduzem o pensamento de uma das correntes socialistas presentes no Partido dos Trabalhadores à época de sua construção. 

O tema central de interesse é o socialismo em seus diversos matizes em sua correlação com o cristianismo e como ambas correntes de pensamento se aninharam no partido em formação, indo desde o socialismo de intelectuais que atuavam junto ao Movimento Democrático Brasileiro, aos agrupamentos da nova esquerda como Ação Popular, Convergência Socialista, Liberdade e Luta, Movimento pela Emancipação do Proletariado, Política Operária até as correntes representadas por lideranças religiosas de expressão nacional, como aquelas dos bispos católicos e outros que, diretamente ou indiretamente, influenciaram na construção do novo partido. 

Logicamente, tal questão nos leva a uma outra: como, a partir da luta entre as diversas correntes -- Democracia Radical, Articulação, Democracia Socialista, A Hora da Verdade, Vertente Socialista, Força Socialista, Brasil Socialista, O Trabalho, Movimento Tendência Marxista, e independentes -- deu-se um caldeamento que possibilitou a consolidação de uma corrente sindical. Ou, como afirmou Lince: [O PT] “teve que aprender, na prática e aceleradamente, o exercício da transposição de suas grandes bandeiras gerais em projetos políticos concretos, capazes de afirmar a sua vocação de instrumento de luta por uma nova hegemonia na sociedade brasileira”.5 

A inclusão da teologia na análise crítica da construção do pensamento socialista no Partido dos Trabalhadores, sem negar a importância de diálogos interdisciplinares, amplia o horizonte de compreensão dos estudos sobre política, cristianismo e socialismo no Brasil. Assim o livro pretende mostrar, também, a importância da abordagem comparativa6 representada pela presença da Teologia na discussão da política e do socialismo. Desta maneira, o debate acadêmico ampliará suas perspectivas de discussão interdisciplinar. Esta maneira de fazer teologia norteia o trabalho a ser desenvolvido. 

Quando pensamos nos componentes religiosos presentes no socialismo do Partido dos Trabalhadores, três questões exigiram de nós uma reflexão mais profunda. A primeira delas foi: podemos dizer com base no estudo das ciências da religião que existe, de fato, uma relação histórica e convergente entre cristianismo e socialismo? E, se existe, como essa relação se deu na formação e desenvolvimento do pensamento socialista no Partido dos 

(Notas -- 5 Leo Lince, “O modo petista de lutar no Parlamento”, in Emir Sader, 1994: Idéias para uma alternativa de esquerda à crise brasileira, Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1993, p.98. 6 Peter Berger, “A secularização e o problema da plausibilidade” in O dossel sagrado, Elementos para uma teoria sociológica da religião, São Paulo, Paulus, 1985, pp. 139-164). 

Trabalhadores? E a terceira questão que nos desafiou foi saber se este pensamento socialista, onde estão presentes componentes religiosos, e mais precisamente cristãos, leva a um tipo de socialismo diferente daquele proposto pelos partidos comunistas no século vinte. Essas três questões delimitaram o trabalho de pesquisa e a construção do livro.

Leia

Jorge Pinheiro, Teologia e Política, Paul Tillich, Enrique Dussel e a Experiência Brasileira, São Paulo, Fonte Editorial, 2006.


Walter Thalhammer

Walter Thalhammen, natural da Austria. Nascido a 1o. de julho de 1911, filho de Walter Thalhammer e Ina Thalhammer.

DOU 08/09/1952 - Pg. 3 - Seção 1 | Diário Oficial da União ...
www.jusbrasil.com.br/.../ pg-3- seção-1-Diario-Oficial-...

Walter Thalhammen natural da Áustria, nascido a 1o. de julho de 1911, filho de Walter Thalhammer e de Ina Thalhammer:

Remador

Ano 1933 \ Edição 11915 - Pag: 11
memoria.bn.br/docreader/WebIndex/...04/18638

"Canguru" — Clube de Natação e Regata. Remadores: Walter Thalhamem, Adelino Baptista Lopes "Schneeweiaa"