vendredi 15 juin 2012

Faz tempo que eu te amo


Il y a longtemps que je t’aime – Juliette (Kristin Scott Thomas) retorna à sua família e à sociedade após 15 anos de ausência. Apesar da longa e violenta separação familiar, sua irmã mais nova, Léa (Elsa Zylberstein), decide abrigá-la em sua casa, onde mora com o marido, as duas filhas adotivas e o sogro. Aos poucos, a trama revela uma questão crucial que subjaz enquanto tragédia que manteve Juliette afastada por tanto tempo da vida em liberdade. 

No filme do escritor Philippe Claudel, cujo nome não era muito conhecido como cineasta, o tema de fundo é a morte doce, ou seja, o ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente de enfermidade incurável que produz dores não toleráveis. 
 
Juliette levou seu filho Pierre, de seis anos, que estava enfermo, em estado terminal, à morte sem sofrimento, expressão que conhecemos pelo termo grego euthanasía. Ela mesma, médica, fez os testes de laboratório e diagnosticou o estado da criança, que sofria dores terríveis. E lhe aplicou uma injeção letal. A eutanásia ativa é crime na França, e Juliette, considerada culpada, foi condenada a 15 anos de prisão.

Ela está enferma, que desespero! O devo fazer?
Ela está enferma, que desespero! Como enfrentar isso?
Que conforto, que remédio? Ó céus, você tem que me ouvir
Enquanto esse duro mal que está diante, este mal que você vê
Ferir sem piedade a doçura de seu rosto!

[Etienne La Boétie (1530-1563), Elle est malaade, helas! que faut-il que je face? Tradução de Jorge Pinheiro].

Falar de eutanásia, a morte doce, é tabu, quando não preocupação mórbida. Mas, por incrível que pareça, essa questão está ligada à vida. E aqui desejamos discutir a questão a partir da nova legislação francesa sobre o tema e as reflexões que católicos e protestantes elaboraram na França.

O problema que se levanta é: até que ponto se pode ou se deve lutar para diminuir um sofrimento terrível e terminal? A questão colocada é: deve-se finalizar uma vida que não é mais vida consciente e plena? Muitos consideram que tal ação não significa somente liberar da angústia da morte, porque aqui a questão central não mais é a morte, porém por fim a não-vida que se assenhoreou da vida.

No dia 22 de abril de 2005, a França promulgou uma lei sobre o fim da vida, onde reconheceu o direito ao tratamento médico sedativo cujos efeitos secundários podem ser de antecipar o fim do paciente.

A lei oferece também ao paciente e sua família a possibilidade de dizer não ao tratamento não razoável, não à reanimação artificial e não aos tratamentos agressivos. Mas a lei também possibilita um relacionamento aberto entre o paciente, sua família e o médico, apoiando este último judicialmente se uma dessas alternativas for a opção, desde que ele forneça informações completas sobre a situação do paciente.

A lei também dá a qualquer adulto o direito de apresentar diretivas antecipadas para que sua vida não seja prolongada por meios artificiais, em caso de danos físicos ou de degradação física ou neuropsíquica.

Se você levantar, cruel, o punho à Terra grave
Se for necessário lá no alto que rico se seja,
Pensa em mim, por Deus, me leve,
Que com um golpe de mão Caronte nos passe a ambos


Mas, se a lei prevê o direito de deixar morrer, não propõe que se forneça assistência ativa para morrer. A questão aqui é deixar a morte chegar, mas não se trata de por fim à vida. Portanto, a eutanásia ativa não é reconhecida, mas a eutanásia passiva já não é considerada um homicídio.

É interessante lembrar que 30 anos antes da nova legislação francesa sobre a morte terminal, 1976, o Conselho Permanente do Episcopado francês em nota sobre a eutanásia propôs que não fosse proibido o uso de analgésicos para aliviar a dor, mesmo que indiretamente tal tratamento pudesse acelerar a morte de um paciente em idade avançada.

Ou se é o que dizem os dois irmãos de Helena,
Que um pelo outro no céu, e aqui embaixo se encontram,
Destina-me à parte enviada. 


Anos depois, em junho de 1991, a Comissão de Ética da Federação Protestante da França também discutiu a questão dos doentes terminais, e considerou que os cuidados paliativos deviam ser desenvolvidos e incentivados. Mas que diante da dor irredutível, quando tais cuidados de nada servissem, o debate sobre a "vida decente" deveria por em cheque o próprio modo de vida das sociedades ocidentais.

Por isso, os protestantes franceses consideraram que a defesa da eutanásia é uma réplica da tão condenada terapia agressiva, que traduziria a pretensão de nossa sociedade de se considerar senhora e mestra sobre a vida e a morte. Mas, acreditavam que diante do pedido da morte doce, quando se torna impossível lutar pela vida, deve-se ouvir e não julgar.

E por fim alertaram que quer seja permissiva ou restritiva nenhuma lei ou instância moral pode suprimir a responsabilidade ética do paciente, dos médicos e dos amigos. Por isso, a questão não poderia ser legislada de forma apressada, pois o futuro do direito europeu sobre doenças terminais e eutanásia só poderia ser construído a partir de um intenso debate público.

Tenha, tenha de mim, tenha piedade
Deixe-nos, em nome de profunda amizade,
Eu morrer de sua morte, ela viver de minha vida. 


4/7/2009

Fonte: ViaPolítica/O autor

Educação teológica para o século XXI

Segunda parte

Dando sequência às nossas reflexões sobre a necessidade de pensar uma teologia com alma e corpo brasileiros, uma teobrás que responda aos desafios da contemporaneidade, afirmamos que as Ciências da Cultura são fundamentais para o estudo de Teologia, pois auxiliam na busca das evidências de acontecimentos do passado da humanidade e de estruturas de grupos sociais de determinada época. Os teólogos podem, dessa maneira, analisar traços culturais de povos, no caso brasileiro, indígenas, portugueses e africanos, principalmente, e buscar as raízes que possibilitaram a construção de mitos, ritos e das religiosidades brasileiras.


Um currículo unitário necessita ter, por isso, um núcleo forte de História das Religiões, que privilegie os estudos das brasilidades no que tange às religiosidades não cristãs. Estes estudos, de diálogo crítico, devem evitar as variações comparativas, que desembocam em leituras predominantemente apologéticas.


Assim, o estudo das brasilidades e de suas religiosidades, cristãs ou não-cristãs, é essencial porque não se pode pensar hoje um intelectual, mestre ou pastor que não seja solicitado a refletir a conjuntura cultural, político-social e religiosa do País. Isso significa que devem ter uma concepção da história de nossa formação enquanto povo e dos desafios a que somos chamados a responder.

Tal concepção da multiculturalidade brasileira deve reforçar ou modificar maneiras de agir e pensar o tempo brasileiro. A história da formação e do sentido dos brasis permite reflexões para a superação da consciência ingênua e o desenvolvimento de uma consciência crítica, pela qual a experiência vivida é transformada em consciência compreendida da realidade brasileira.
One of the best stand up comics. The delivery is original and the jokes are brilliant. 
Though he died at a young age, his comic legacy lives on! Hats off to you my man - Mitch Hedberg!


Mas um currículo unitário, que valorize espaços de reflexão, ensino e pesquisa sobre religião, teologias e brasilidades, é uma parte do desafio acadêmico. O outro grande desafio é o do planejamento, que acontece na sala de aula, onde fracasso e sucesso estão carregados de conteúdos emocionais. Por isso, a discussão de questões da multiculturalidade brasileira, quando se fala de brasilíndios, afrobrasileiros e neobrasileiros não importa se o aluno se embaraça em entender os sentidos mais profundos, por desconhecer os pontos de partida: ele se sentirá desafiado em descobri-los se as aulas forem emotivamente dirigidas nesse sentido.

É necessário, porém, equilibrar sempre fácil e difícil, levando em conta que os mais inseguros são estimulados pelo sucesso e os mais seguros com a possibilidade do fracasso. A segurança depende do conhecimento de possibilidades e realizações, não do conhecimento das relações entre ser e consciência, classe e poder, classe e raça. Para manter o aluno motivado, para explorar ao máximo suas possibilidades criadoras, o professor deve visualizar uma espécie de conta corrente onde o ativo são os resultados dos esforços do aluno ao competir consigo mesmo e o passivo sua preparação em direção à liberdade.

Por isso, propomos neste currículo/planejamento uma abordagem temática dos assuntos, sem descuidar da referência necessária à história da formação e sentido do Brasil, que permita estabelecer o fio condutor da exposição dos temas. Isto porque fazer um estudo da história e formação dos povos brasileiros implica em fazer antropologia dos povos brasileiros e sociologia da cultura. Tais abordagens não podem ser encaradas como atividades solitárias, mas enquanto diálogo crítico entre pensadores que expõem diferentes visões.

Diferentes visões, mesmo em diálogo, refletem a competição da vida real. E, embora, competir faça parte da vida, nem sempre há justiça na premiação. Por isso, uma das intenções do diálogo entre teologias e brasilidades deve ser a preparação dos futuros formadores de opinião para a competição da vida, que é inevitável. Eles vão competir consigo mesmos, vão competir enquanto pessoas na comunidade, vão competir com outras comunidades. Como têm um ministério cristão é importante ter claro que concorrerão com outros grupos do ponto de vista teológico, mas não apenas, também vão fazê-lo ao nível social, cultural e político. Sabemos, porém, que é quase impossível prever como participarão dessa concorrência e até onde conseguirão realizar seus interesses particulares, e como tal competição se transformará em mola propulsora de desenvolvimentos posteriores. Prêmio e castigo sempre fizeram parte da educação judaico-cristã.

Nos últimos anos, andaram em desuso, mas a realidade tem mostrado que os prêmios satisfazem à tendência de autoafirmação e de obtenção de prestígio, enquanto os castigos contrariam essas necessidades. Assim, quando um estudante erra e não recebe a crítica esperada estamos enevoando seu sistema de valores. Estamos confundindo e não educando. Por isso, principalmente numa faculdade de teologia, é melhor criticar ou elogiar do que se ausentar de qualquer manifestação diante dos trabalhos realizados. É bom lembrar que a crítica reforça o desprazer de um mau resultado e o prêmio faz a transição da ansiedade à libertação. O respeito às delimitações gera coragem ante a vida. Produz a elaboração daquilo que é mais difícil: os limites da própria vida. As pessoas que conseguem realizar esta elaboração atingem coragem de viver. Conquistam dignidade. Os limites não são áreas proibitivas, são indicativas. São meios de identificar um fenômeno. E ao esclarecer os limites qualificamos o fenômeno. (1)

O aproveitamento da experiência prévia do aluno é um fator espetacular de motivação, mas deve ser reinterpretado, retificado e ratificado. Sua experiência de vida religiosa, cultural, social e política, soluções encontradas para problemas reais vividos na família, na igreja e na comunidade em geral não somente favorecem a integração do aluno no grupo, mas produzem um sentido de correlação entre o meio social e a faculdade. É necessário aproveitar a tendência gregária dos alunos no planejamento e discussão da realidade brasileira, na sua execução e controle, completando-se com o trabalho socializado.

Os grupos estruturam-se visando atender a soluções intelectuais e afetivas. E as atividades extra-classe, desde que levem em conta essas motivações, podem ter um importante papel didático. As diferenças individuais devem ser levadas em conta e compensadas através de dois recursos: as entrevistas e a graduação de tarefas. Na primeira, os estímulos tornam-se diretos, mas o sucesso depende em muito da simpatia e da habilidade psicopedagógica do professor. Na graduação de tarefas oferecemos uma oportunidade de liberdade, um incentivo a aprendizagem afetiva.

A short video introduction to the thoughts of Paul Tillich.
Yes, it is very oversimplified. 
Cool stuff... Not sure you captured the ground of being so well though 
Thanks, glad you liked it. You could very well be right. Any chance I could persuade you to elaborate? 
Bottom of FormGood be a good video if you slooooooooowed down a bit. Please re-do. 
I enjoyed this. Although it just adds to the impression I already have of Theologians, which is that they write a lot of unusable unverifiable…

A crítica, enquanto construção professor/aluno, é imprescindível à segurança afetiva. A solidariedade é a grande motivação. A solidariedade permite ao professor encontrar os recursos necessários para educar os futuros formadores de opinião em hábitos, atitudes e ideais, e orientá-los no caminho da verdade e da justiça.


Devemos entender, enquanto homens e mulheres envolvidos com a educação brasileira, que a função da filosofia é formular uma pergunta concernente à verdade, significando com isso que a tarefa do teólogo, por adição, é inquirir se a comunidade de fé está comunicando as boas notícias. É possível crer no texto e deixar de viver as verdades nele contidos. Uma leitura que produza transformação de vida, assim como submissão ao Espírito são condições quanto aos desafios que devem ser vividos.

Devemos, no entanto, precaver-nos do perigo de obscurecer o reconhecimento do Reino. A justiça social apresenta exatamente este desafio. A preocupação com a justiça e a responsabilidade social diante da multiculturalidade brasileira são fundamentais para as práxis teológicas. Por isso, toda crítica à alienação no âmbito da prática teológica deve ter como base a verdade e a justiça, enquanto pergunta pela compreensão e proclamação das boas novas por parte da comunidade de fé. Mas se a tarefa é formar e transformar através da verdade e da justiça, a pedagogia é o amor.

Citação
1. Fayga Ostrower, Criatividade e Processos de Criação, Petrópolis, Vozes, 1986, p.160.