jeudi 1 mars 2012

Embaixador do Brasil no Irã pede pela vida do Pr. Youcef

Brasil intercede por pastor
A ministra-chefe da Casa Civil do governo federal Gleisi Hoffmann, informou que o embaixador do Brasil no Irã Antonio Salgado tem efetuado contatos com assessores próximos ao líder supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, reivindicando a libertação do pastor Youcef Nadarkhani, preso e condenado à execução pelo crime de apostasia.
Mas as autoridades iranianas permanecem reticentes sobre o assunto e postergando as decisões, alegando que a questão da prisão do pastor é um problema de natureza estritamente interna ao país.
A informação foi dada pelo deputado Marco Feliciano (PSC/SP), que vem conversando com autoridades brasileiras para que elas intercedam junto ao governo iraniano em favor da libertação de Nadharkani. O Brasil tem sido apontado com uma das nações que podem intervir junto ao país do Oriente Médio por gozar de boas relações diplomáticas.
O deputado da bancada evangélica vem realizando um trabalho de mobilização desde outubro de 2010 com o governo em favor do líder religioso que sofre intensa perseguição em seu país de origem.
O sistema jurídico iraniano acrescentou à acusação de apostasia atribuída inicialmente a Nadarkhani, outros crimes de natureza sexual e consumo de álcool, o que fornece agravantes à sua situação.
Segundo a comunicação da Casa Civil, é difícil a avaliação quanto ao tempo para o desfecho do processo do líder religioso, pois os crimes atribuídos a ele são naquele país punidos com sentença de morte.
A exemplo de Sakineh Ashtiani, que em 2006 foi condenada à morte por apedrejamento pelo crime de adultério, “casos como este, que despertam repercussão internacional, costumam ter seu desenvolvimento protelado pelas autoridades judiciárias do país”, diz o comunicado eletrônico da Casa Civil.
Não é a primeira vez que o Irã adia decisões sobre execução de presos que conseguem, por meio de repercussão e pressão internacionais, ter sua pena postergada.
Sakineh Ashtiani, a iraniana condenada à morte por apedrejamento por adultério pelas autoridades iranianas foi um dos casos que provocaram indignação internacional. Sakineh permanece presa e sua sentença poderá ser mudada para enforcamento.
Na época, o então presidente Luis Inácio Lula da Silva ofereceu asilo à iraniana. O Irã decidiu suavizar o tom em relação à condenada e anunciou que poderia suspender a pena devido a “reservas humanitárias”, sem, no entanto, afastar a hipótese de execução.
A intervenção brasileira vem se somar a outras manifestações de organismos internacionais como a Casa Branca, o Departamento de Estado do EUA, a União Europeia e o secretário de Relações exteriores britânico, William Hague, que da mesma forma vem apelando pela libertação do líder religioso.
Na segunda-feira (27) foi divulgada uma declaração do porta-voz da Alta Representante da União Européia para Relações Exteriores, Catherine Ashton, pedindo a imediata libertação do pastor Nadharkani e pela suspensão de sua execução.
Veja a íntegra da declaração:
A Alta Representante expressou, em diversas ocasiões, sua séria preocupação em relação às execuções no Irã e instou o Irã a libertar o pastor iraniano Youcef Nadarkhani e outros iranianos condenados à morte por crimes que, de acordo com padrões internacionais, não deveriam resultar na pena capital. A Alta Representante está, por conseguinte, extremamente preocupada em relação a notícias de que a execução do pastor iraniano Youcef Nadarkhani, em Rasht, província de Gilan, poderia ser iminente. A execução do pastor Nadarkhani por acusação de apostasia seria outro exemplo da deterioração da situação das minorias religiosas na República Islâmica do Irã. Portanto, a Alta Representante insta a República Islâmica do Irã a respeitar seus compromissos internacionais de direitos humanos. Ela insta firmemente o Irã a não executar o pastor Nadarkhani. Ele deveria ser libertado imediatamente.”
Fonte: Christian Post

Um crime de fé

Pastor é condenado a pena de morte no Irã
Youssef Nadarkhani foi condenado por converter-se ao cristianismo

Um pastor que se converteu do islamismo para o cristianismo foi condenado à pena de morte no Irã por recusar voltar à sua antiga religião. As informações são do jornal britânico "Daily Mail".

Youssef Nadarkhani, de 34 anos, se recusou a cumprir uma ordem judicial que o obrigava a se converter novamente ao islamismo. A sentença foi proferida por uma corte na província de Gilan, na cidade de Rasht.

O pastor foi detido em outubro de 2009 quando tentava registrar sua igreja na cidade. Youssef começou a questionar a supremacia dos muçulmanos para doutrinar as crianças, e acabou acusado de tentar "evangelizar" muçulmanos e de abandonar o islamismo, o que pode levar à pena de morte no país.

Sua primeira condenação aconteceu em 2010, mas a Suprema Corte do Irã interveio e conseguiu adiar a sentença. Ao ser revisto, o processo resultou na mesma condenação ao fim do sexto dia de audiência.

No tribunal, o pastor disse que não tinha intenção de voltar ao islamismo, chamando sua crença anterior de "blasfêmia".

Agora, a defesa de Youssef tentará novamente recorre à Suprema Corte, pedindo a anulação da pena. O advogado de Youssef, Mohammed Ali Dadkhah acredita que tem 95% de chance de anular a sentença.  No entanto, alguns apoiadores temem que a Suprema Corte demore para analisar o pedido e o pastor seja executado nos próximos dias.

O ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, comentou o caso e pediu que o Irã cancele a sentença. "Eu repudio o fato de que Youssef Nadarkhani, um líder cristão, possa ser executado por se recusar a cumprir a ordem da Suprema Corte para que ele se convertesse ao islamismo. Isso demonstra que o regime iraniano continua não respeitando o direito à liberdade religiosa".

O último cristão executado por questões religiosas no Irã foi o pastor da Assembleia de Deus, Hossein Soodmand, em 1990. No entanto, dezenas de iranianos que se converteram ao cristianismo foram misteriosamente assassinados nos últimos anos.

É possível um Irã nuclear, pacífico?


Irã, um perigo para a Europa?
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Por Jorge Pinheiro, de Paris



Enquanto o mundo discute a legitimidade e a eficácia das sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, cresce a pergunta: é possível crer num Irã nuclear para fins meramente pacíficos? Aqui ninguém acredita nisso.

Hoje, podemos ver que a comunidade europeia, apesar de algumas abstenções naturais frente às pressões norte-americanas, procura um caminho próprio nas relações com o Irã. E, acompanhando a mídia, deduz-se que a comunidade levanta uma pergunta simples e objetiva: o que devemos pensar da atitude do governo iraniano, que tem a audácia de desafiar a comunidade internacional? E, por outro lado, a comunidade europeia tem o direito de intervir na política interna do Irã?

Essa é uma questão presente na imprensa francesa, que questiona seus leitores: devemos intervir militarmente no Irã? Será que a atual situação não torna a intervenção militar muito arriscada? E, em caso de intervenção militar, não nos arriscamos a um novo choque do petróleo?

Está claro que a intervenção militar no Irã está na pauta das conversações dos governos europeus. Mas, estes têm bem presente que as operações militares no Iraque não foram exatamente um sucesso, assim como no Afeganistão não levaram à captura de Bin Laden. O resultado dessas operações trouxe o terrorismo para dentro das fronteiras da comunidade e, se é que isso é uma vitória, permitiu aos Estados Unidos estabelecer um governo títere no Iraque. Mas, de forma nenhuma a Europa se viu favorecida.



Por isso, a imprensa europeia se questiona se não seria melhor, para resolver os problemas da guerra civil no Iraque e da própria questão palestina, ajudar a proporcionar uma capital digna desse nome para o povo palestino.

Da mesma maneira, perguntam até que ponto a intervenção no Iraque serviu para levar o Irã a buscar o caminho nuclear. Afinal, assistiu seu inimigo e ex-aliado dos Estados Unidos ser abandonado, execrado e invadido. Caso pensemos na relação de confronto entre o Irã e o Iraque é de notar que antes da guerra, e mesmo durante ela, nenhum dos dois países teve condições de acesso a armas nucleares. E, agora, destruído militarmente, o Iraque não se coloca como perigo para o Irã. Na verdade, após a saída das tropas norte-americanas do Iraque, a questão militar Irã-Iraque se resolverá no campo religioso: a maioria xiita ocupará o governo central e, mais ainda, os governos locais. Ou seja, o que as armas não conseguiram, os xiitas farão: dar-se-á uma aproximação ao governo iraniano.

Donde a pergunta: então, para que o governo iraniano deseja fazer o caminho nuclear? Por sua relação com o mundo muçulmano não é, pois já é líder aceito e temido. O certo é que a comunidade europeia não se recorda com alegria dos mísseis Scud usados por Sadam Hussein contra Israel. Nesse sentido, os pronunciamentos contra Israel e por sua destruição, presentes em discursos e na propaganda iraniana, dificulta profundamente toda e qualquer negociação. Afinal, ameaçar com armas nucleares soa como escalada terrorista, ainda que seja apenas propaganda ou discurso eleitoral. Mas quem garante? Ou como disse o deputado socialista Pierre Schapira: “Como não fazer ligação entre as declarações do presidente Ahmadinejad, que falou em varrer Israel do mapa e a decisão do Irã de retomar as atividades de conversão de urânio? Esta coincidência pode ser acidental? Eu acho que não''. 

Por isso, a comunidade europeia se encontra numa situação difícil: fará tudo para evitar uma intervenção militar, mas não deseja ver um Irã nuclear na região. Daí ter descartado as propostas turco-brasileiras e aderido de forma algo tímida às sanções norte-americanas. No fundo, a comunidade pensa em isolar o Irã, o que evitaria a intervenção militar. Depois de neutralizado o governo do presidente Ahmadinejad – será que isso é possível? –, seria o momento de concentrar esforços sobre a questão palestina. Ou seja, ajudar os palestinos, econômica e politicamente – e aí entra a dívida política de Israel à Europa –, a construir “uma capital digna desse nome”. Mas sabemos que a realidade não necessariamente segue projetos geopolíticos e estratégicos, ainda que elaborados por ótimas cabeças pensantes.

Cabe então o questionamento: é possível crer num Irã nuclear para fins meramente pacíficos? Aqui ninguém acredita nisso.

16/6/2010

Fonte: ViaPolítica/O autor

Jorge Pinheiro nasceu no Rio de Janeiro em 1945, foi dirigente estudantil secundarista e universitário. Ligou-se ao Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), de inspiração brizolista. Exilou-se no Chile, onde foi preso após a queda do governo de Salvador Allende. Ligou-se às correntes trotskistas internacionais, viveu em Portugal e, clandestinamente, no Brasil, sob a ditadura. Foi processado pelo regime militar e, em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia. Exerceu o jornalismo na revistaManchete e no jornal Folha de S. Paulo, e foi um dos editores do jornal alternativo Versus, em sua última etapa, em São Paulo. É cientista da religião e teólogo. É doutor e mestre pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Metodista de São Paulo.