mercredi 21 décembre 2016

Natal rico, Natal pobre

Conheci um casal que realizava festas de Natal que se tornaram famosas entre os amigos. Ele era jornalista e ela executiva na área financeira de um banco. Tinham centenas de amigos, entre eles gente que morava sozinha em São Paulo.

Por isso, todos os anos transformavam o Natal na festa mais bonita que podiam fazer. E lá pela tarde do dia 24 começavam a chegar as gentes e a celebração rolava até o dia seguinte. 

Os preparativos davam um trabalho gigantesco.

O pinheiro tinha um metro e oitenta, faziam questão do tamanho, e era comprado nas barracas de flores e plantas ornamentais da avenida Dr. Arnaldo, ao lado do cemitério. Dava trabalho escolher o pinheiro: tinha que estar todo verde, não ter galhos tortos e, logicamente, um bom preço.

Em casa vinha o trabalho de montar a árvore. Além dos enfeites normais, penduravam bombons, que as crianças surrupiavam nos dias seguintes, tendo o cuidado de deixar os papéis dos bombons perfeitos, pensando que o casal não ía notar a falta. Era uma farra.

Uma coisa que era inesquecível era o cheiro do pinheiro. Aliás, esse é um segredo, que faz parte da tradição de Natal que a família tinha herdado do tio austríaco. A árvore tinha que estar verde, viva, para exalar seu odor.

E tinham que preparar as comidas. Peru recheado, figos recheados com chocolate e castanhas, panetone, bolo de nozes, comprar frutas frescas, cerejas, ameixas, uvas, mangas, pêssegos e figos, frutas secas, damascos, tâmaras, ameixas, e castanhas, nozes, amêndoas, avelãs, lá no mercado municipal.

As bebidas eram refrigerantes, vinhos, em especial beaujolais nouveau, e os champanhes, moet chandon, freixenet, cordoníu e os chandons nacionais.

Havia presentes para todo mundo, para todas as pessoas que aparecessem na casa. Era uma festa bonita... marcou a vida de muitos amigos. 

Mas um dia a ficha caiu depois de duas pequenas perguntas, a primeira foi:

Em que Deus pensava
quando criou o universo?

É isso mesmo: no que Deus estava pensando antes de criar o Universo? Em que Deus estaria pensando no silêncio da eternidade? A pergunta pode parecer estranha e metafísica, mas não foi para o casal.

Recorreram à ajuda da Bíblia. Descobriram que o apóstolo João dizia na introdução de seu Evangelho, que Deus era a Palavra. E que desta Palavra primeira e original vieram todas as coisas. Ora, então, a Palavra leva a tudo o que Ele disse ou fez, a tudo que fez ou permitiu acontecer.

Assim, permanecendo na introdução do Evangelho de João viram que o pensar de Deus, partindo de si próprio, ilumina a existência e a humanidade.

E de novo voltaram ao apóstolo João, que disse: “Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. A Palavra era a fonte da vida e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas”. (João 1.3-4)

Eureka! Somos frutos do amor deste pensamento de Deus, desta Palavra primeira e original. Lá na eternidade, Deus estava pensando naquele casal, nas suas filhas, nos seus amigos. Todos foram pensados por Deus, ainda antes da eternidade. Isso é chocante, revolucionário. Mas faltava ainda responder à segunda pergunta:

Por que Deus nasceu?

Ora, esta pergunta era fundamental, afinal, se Deus não tem começo nem fim, por que Ele quis nascer? Não poderia ter simplesmente aparecido entre homens e mulheres? Não seria mais apropriado para um Ser divino uma aparição espetacular?

Além do mais, ninguém nasce adulto, conhecendo todas as coisas, sabendo de tudo, na plenitude da capacidade física, emocional e mental. Nascemos bebês. E precisamos ser cuidados.

E aí começaram a pensar: Deus pequeno, Deus sendo cuidado! De que um recém-nascido precisa? Calor, carinho, leite materno...

Deus bebê, Deus menino, Deus adolescente. Deus que precisava de pessoas, da mãe, dos irmãos, dos amigos. Deus que brincava, discutia, discordava, participava. 

Começaram a entender porque Deus quis nascer. Arriscaram uma resposta: para ser pequeno, para depender, para ser igual a qualquer um, igual a todos. 

Um Deus igual, parado na rua, ouvindo músicas de Natal numa esquina. Um Deus que enfrentava problemas, que conheceu os desafios de ser mortal e viver num mundo cruel.

E voltaram ao apóstolo João: “A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e verdade”. João 1.14. 

E voltaram à questão:
Natal pobre, Natal rico

Bem, a partir daí o Natal da casa mudou. E para falar dessa fase nova, pediram à filha mais nova, na época adolescente, para escrever o final da história. E traduziu bem o novo espírito natalino da casa.

Disse ela:

Quando ouvimos falar em Natal, logo pensamos em presentes, árvore de Natal e Papai Noel. Nessa época do ano, ninguém se esquece de arrumar enfeites, montar a árvore, comprar presentes e reunir a família. Mas poucas pessoas se lembram do verdadeiro sentido do Natal, do motivo desta comemoração. 

Há mais ou menos 2002 anos atrás, Jesus deixou seu trono, deixou a glória de lado para que assim pudesse concretizar sua promessa de amor. Isto é, passar por tudo o que nós passamos, sentir tudo o que nós sentimos e, por fim, dar a sua própria vida. 

Ele foi humilhado, torturado e morto, tudo para que nós tivéssemos vida, e vida em abundância! E tudo que Ele quer em troca é que nós reconheçamos isso.

O Natal deveria ser uma comemoração de gratidão a Deus por tudo o que fez por nós, mas muitas vezes acabamos trocando esse Rei da Glória por um velhinho gorducho de barba branca que existe apenas na nossa imaginação.

Ainda bem que o amor desse Deus não acaba, e sabemos que da mesma forma que ele nos amou quando cumpriu sua promessa, Ele ainda nos ama, apesar da nossa ingratidão.

Portanto, não passe mais um Natal longe dEle. Ele já deixou claro que quer estar perto de você, mas isso só acontece se você permitir!

E aqui termina o comentário da jovem. 

E a questão colocada pelo casal ecoa nos nossos ouvidos: Qual é o Natal pobre? Qual é o Natal rico? Qual é o seu Natal?