dimanche 3 juillet 2022

Tzimtzum por Jorge Pinheiro

 O tzimtzum


O judaísmo mostrou uma coerência em relação à hermenêutica de Gênesis Um. O retrair-se de D´us para permitir que surgisse o vazio, o nada, e nele o universo, é desenvolvido na teoria da contração, em hebraico tzimtzum. Essa teoria formalizada pelo Rebe Luria (1534-1572) é uma das concepções mais surpreendentes do pensamento judaico. Isaac Luria, um dos maiores expoentes da tradição mística do judaísmo, nasceu no Cairo, mas desenvolveu seu ministério em Safed, na Palestina.


A expressão tzimtzum significa originariamente concentração, mas acabou sendo entendida como retirada. Segundo Scholem, Luria partiu de textos do Midrash, onde encontramos que D´us concentrou sua Shekiná, sua presença no Santo dos Santos, Assim todo seu poder retraiu-se num único ponto. Foi daí que surgiu a expressão tzimtzum. [Exod Raba ao Êx 25.10, Lev. Raba ao Lv 23.24; Pessikta de Rab Kahana, Ed. Buber 20a; Midrasch Schir Ha-Schidim, Ed. Griinhut, 1899, f. 15b, apud Gershom Scholem, A Mística Judaica, São Paulo, Perspectiva, 1972, p. 263].


Infelizmente, as duas idéias, concentração e retirada, que deveriam ser entendidas como complementares, já que D´us se retira e então concentra a sua luz sobre este ponto, dividiu os estudiosos em dois grandes grupos: os que defendem o tzimtzum como base para a doutrina da creatio ex nihilo e também para aqueles que defendem a doutrina da emanação (em hebraico atsilu) ou processio Dei ad extra.


O próprio Luria tornou-se o principal expositor do processio Dei ad extra, que tem por base não um processo no tempo, mas uma estrutura da realidade, enquanto emanação, criação, formação e ação. Assim, para Luria e seus discípulos, níveis inferiores de realidade emanaram de níveis superiores que, por sua vez, tiveram origem em D´us. Dentro dessa concepção há um midrash, a teoria do vaso quebrado, que trabalha com a hipótese de que o mundo foi feito de remanescentes de mundos anteriores, que D´us havia destruído. Uma conhecida lenda rabínica explica esse processo como o desprender de uma chama de carvão da roupa de D´us.


No princípio (Gênesis 1.1), a vontade do Rei começou a gravar signos na esfera superior. Do recesso mais oculto, uma negra chama brotou do mistério do ein sof, o Infinito, como um novelinho de massa informe, como que inserido no aro dessa esfera, nem branca nem preta, nem vermelha nem verde, de nenhuma cor. Somente depois de distender-se como um fio, produziu ela cores para luzir em si. Do âmago da chama, jorrou uma fonte da qual brotaram cores e se espalharam sobre tudo embaixo, oculto na ocultação mais misteriosa do ein sof. Mal rompeu ela, inteiramente irreconhecível, seu círculo de éter, sob o impacto da irrupção, um ponto oculto, superno fulgiu da irrupção final. Aquém desse ponto está excluído todo conhecimento e por isso ele é chamado reschit, princípio, a primeira palavra do Todo”. [O Princípio, Sefer ha-Zohar (Livro do Esplendor), apud J. Guinsburg, Do Estudo e da Oração, São Paulo, Perspectiva, 1968, p. 605].


Em sua riqueza teológica, podemos classificar a doutrina da emanação como um evolucionismo teísta, que define o mundo material enquanto desdobramento de D´us em diferentes níveis. E porque o mundo existe dentro de D´us, o processio Dei ad extra leva à pergunta pelo que existe de divino nos fenômenos do cotidiano.


Se entendermos, porém, a teoria do tzimtzum, como a relação dialética de dois movimentos, o da retirada e o da concentração ficará mais fácil aproveitar os estudos de Luria. O tzimtzum explica o recuo de D´us para permitir que surgisse o vazio, o nada, e nele o universo. Como D´us é infinito, sem o tzimtzum não haveria o nada no qual pudesse produzir a estrutura espaço/tempo de uma criação separada. 


É interessante notar, que se por um lado a dialética da autocontração e concentração divinas deu origem ao mundo material, o choque entre o movimento restritivo e o transbordante amor de D´us criou também a possibilidade do mal. Nesse sentido, a cosmogonia judaica vê o surgimento do universo em primeiro lugar como consciente autolimitação e na seqüência como revelação e julgamento. E como julgamento é a imposição de limites, julgamento faz parte da revelação, que se expressa pela primeira vez como criação de D´us. Em outras palavras: se o mal é uma probabilidade que surge da dialética amor/ retração, o julgamento passa a ser inerente a tudo na criação, já que todas as coisas estão determinadas por seus limites.


A tradição do debate sobre a creatio ex nihilo é antiga no pensamento judaico. Na verdade, podemos dizer que começa a ser realizada no segundo século. Por isso, não é de estranhar que encontremos reflexões profundas sobre Gênesis Um nos séculos posteriores. Assim, em um dos textos mais representativos do pensamento caraíta, movimento medieval de retorno à letra da Escritura, considerado por muitos um protestantismo judeu de coloração pietista, a “Explanação dos Mandamentos”, de Aha Nissi ben Noah de Bassorá, que ensinou em Jerusalém na segunda metade do século IX, lemos:


No primeiro dia, D´us criou sete coisas: o céu, a terra, as trevas, a luz, a água, o abismo e o vento (Gn 1.1-12). Primeiro criou tohu e bohu (a solidão e o caos), dos quais surgiu a terra (Gn 1.1-2). Criou as trevas: ‘Ele formou a luz e criou as trevas’ (Isaías 45.6). Criou o vento, conforme a palavra: ‘e criou o vento’. Criou a água, pois com a criação da terra havia água. Criou o abismo, para que a água tivesse uma profundidade e uma submersão. Criou a luz (Gn 1.3). Para a criação do mundo foram necessárias quatro coisas: a ordem, o trabalho, a determinação e a proclamação” [Nissi ben Noach, Explanação dos Mandamentos, apud J. Guinsburg, op. cit., p.309]. 


Nesse texto aparentemente tão simples, encontramos uma idéia fundamental: tohu (sem forma) e bohu (vazio) fazem parte da criação e para que haja criação é necessário ordem.


Outro pensador judeu, que fez oposição ao pensamento caraíta, foi Saadia Gaon (892-942). Influenciado pela efervescente teologia do Islã e pelo pensamento helenístico clássico, Gaon combateu a presença heterodoxa, de tendência maniqueísta, os remanescentes de Filo e a crítica gnóstica. Seu texto sobre a doutrina da creatio ex nihilo é de uma profunda beleza, apesar de apresentar imperfeições normais ao conhecimento da época, como, por exemplo, sua visão geocêntrica. Mas, de forma brilhante enfrenta opositores bem parecidos aos que encontramos hoje em dia.


 “Aqueles que acreditam na eternidade do mundo procuram provar a existência de algo que não tem começo nem fim. Por certo, nunca depararam com uma coisa que percebessem, pelos sentidos, sem ser começo nem fim, mas procuram estabelecer sua teoria por meio de postulados da razão. Semelhantemente, os dualistas empenham-se em provar a coexistência de dois princípios separados e opostos, cuja mistura fez que o mundo viesse a ser. Sem dúvida, nunca testemunharam dois princípios separados e opostos, nem o pretenso processo da mistura, mas tentaram suscitar argumentos derivados da razão pura em favor de sua teoria. De maneira similar aqueles que acreditam numa matéria eterna consideram-na como um hilo, isto é, algo em que não há originalmente qualidade de quente ou frio, de úmido ou seco, mas que se transforma por uma determinada força e assim produz aquelas quatro qualidades. Indubitavelmente, seus sentidos nunca perceberam uma coisa carente de todas essas quatro quantidades, nem jamais perceberam um processo de transformação e a geração das quatro qualidades como é sugerido. (...) Assim sendo, é claro que todos concordam em admitir alguma opinião concernente à origem do mundo que não tem base na percepção sensorial”. [Saadia Gaon, Criação Ex-Nihilo apud J. Guinsburg, idem, op. cit., p. 316].


Para sua defesa da criação ex-nihilo, Gaon trabalhou com quatro argumentos, três dos quais muito bem expostos: de finitude do universo, estrutura e acidentalidade. 


Continuou a afirmar que nosso Senhor, louvado e enaltecido seja, informou-nos que todas as coisas foram criadas no tempo, e que Ele as criou do nada (...). Ele nos comprovou essa verdade por meio de sinais e milagres, e nós a aceitamos. Examino ainda mais nesta matéria com o intuito de saber se ela podia ser comprovada por especulação como foi comprovada por profecia. Achei que era este o caso por certo número de razões, da quais, devido à brevidade, selecionei as quatro seguintes: 1. A primeira prova baseia-se no caráter finito do universo (...). 2. A segunda prova é derivada da união de partes e da composição de segmentos. Vi que os corpos consistem de partes combinadas e de segmentos ajustados entre si (...). 3. A terceira prova baseia-se na natureza dos acidentes. Verifiquei que nenhum dos corpos são desprovidos de acidentes que os afetem direta ou indiretamente. Animais, por exemplo, são gerados, crescem até que alcançam sua maturidade, então, definham e se decompõem. Então eu disse a mim mesmo: Será que a terra como um todo é livre destes acidentes? (...) 4. A quarta prova baseia-se na natureza do tempo. Sei que o tempo é triplo: passado, presente, futuro. Embora o presente seja menor do que qualquer instante, tomo o instante como se toma um ponto e digo: Se um homem tentasse em seu pensamento ascender deste ponto no tempo ao ponto mais elevado, ser-lhe-ia impossível fazê-lo, porquanto o tempo é agora admitido como infinito e é impossível ao pensamento penetrar no ponto mais remoto daquilo que é infinito.” [Saadia Gaon, Quatro Argumentos para a Criação, idem, op. cit., pp. 317-320].


De todos os pensadores judeus medievais, talvez o mais conhecido fora dos meios judaicos, seja o talmudista francês Shlomo bar Itzhak, o rabi Rashi de Troyes (1040-1105). Exegeta, Rashi apresentou uma tradução para o versículo um de Gênesis que leva em conta estrutura e acidentalidade: “No princípio, ao criar D´us os céus e a terra, a terra era vã...” E segundo seu midrash, o texto não está preocupado em mostrar a ordem do surgimento do universo, mas em afirmar o ato criador de D´us. Rashi mostrou-se preocupado com o sentido literal, mas definiu claramente sua hermenêutica: 


Todo texto se divide em muitos significados, mas, afinal nenhum texto está destituído de seu sentido literal” [Herman Hailperin, Rashi and the Christian Scholars, Pittsburgh, University of Pittsburgh Press, 1963].





Le tsimtsoum

Le tsimtsoum (de l'hébreu צמצום, contraction) est un concept de la Kabbale. Il traite d'un processus précédant la création du monde selon la tradition juive. Ce concept dérive des enseignements d'Isaac Louria (1534-1572), Ari zal de l'école kabbalistique de Safed, et peut se résumer comme étant le phénomène de contraction de Dieu dans le but de permettre l'existence d'une réalité extérieure à lui.

 

Ishtehar Tiqvah
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Origine de la théorie du tsimtsoum

« Qu'est-il arrivé avant le commencement des temps pour que commencement il y ait ? » Jusqu’à ce qu’Isaac Louria s’intéresse à cette question, le Dieu des religions n’avait d’intérêt qu’en tant qu’il se manifestait aux hommes. Le Dieu d'avant la création n’était ni un souci, ni un problème important, selon Charles Mopsik[1].

« Comment Dieu créa-t-il le monde ? – Comme un homme qui se concentre et contracte sa respiration, de sorte que le plus petit peut contenir le plus grand. Il a ainsi concentré Sa lumière dans une main, à Sa mesure, et le monde fut laissé dans les ténèbres, et dans ces ténèbres il tailla les rochers et sculpta la pierre », explique Isaac Louria[2]. Louria conçoit ainsi la première manifestation de Dieu. Nahmanide, un kabbaliste du xiiie siècle, imaginait un mouvement de contraction originelle, mais jusqu’à Louria, on n’avait jamais fait de cette idée un concept cosmologique fondamental, remarque Gershom Scholem[3].

« La principale originalité de l'hypothèse lourianique tient au fait que le premier acte de la divinité transcendante — ce que les kabbalistes appellent le En Sof (l’Infini) — n’est pas « un acte de révélation et d’émanation, mais, au contraire, un acte de dissimulation et de restriction »[3] ».

Cette thèse part de l’idée que la transcendance divine, le En Sof, ne laisse aucune place à la création, car il n’est pas possible d’imaginer en son être un domaine qui ne soit pas déjà en lui, puisque ce domaine, alors, contredirait l’infinitude du En Sof. Par conséquent, la création n’est possible que par « le retrait de Dieu en lui-même », c’est-à-dire par le tsimtsoum par lequel Dieu se contracte ou se concentre en lui-même pour permettre à quelque chose qui n’est pas le En Sof d’exister[3].

Cette contraction ou concentration crée le vide, c’est-à-dire l’espace, à l’intérieur duquel le cosmos prend place et s’organise peu à peu en se déployant à travers toute une série de mondes entrelacés[1]. Une part de la divinité se retire afin de laisser place au processus créateur du monde, un retrait qui précède toute émanation, selon Louria[3].

La tradition talmudique mettait déjà en jeu le tsimtsoum. Ainsi, selon le Talmud, Dieu se contractait en lui-même pour se loger en un lieu unique, le Saint des saints du temple de Jérusalem. Mais Isaac Louria donne au tsimtsoum la signification inverse, note Scholem : « Il ne s’agit pas de concentration de la puissance de Dieu en un lieu unique », chez Louria, « mais de son retrait d’un lieu »[3].

Le lieu dont Dieu se retire ne consiste qu’en un « point », comparé à son infinité, mais ce point vide, ce point spatial, comprend le monde et tous ses degrés d’existence, tant spirituelle que corporelle, selon Louria. C’est l’espace primordial, appelé tehiru, par Louria, un terme repris du Zohar.

C’est à partir de cette conception que se précise ce en quoi consiste le En Sof dans la théorie lourianique. Le En Sof, selon Louria, comprend d'emblée deux aspects fondamentaux : celui de la Miséricorde (l’aspect masculin) et celui du Jugement (l’aspect féminin). L'un comme l'autre sont en lui de toute éternité. Mais l'un d'eux, l'aspect du Jugement (din), n'a pas de localisation propre : il est dissout comme du sel dans l'océan de la pure miséricorde. Le jugement y est imperceptible, « comme des grains de poussière infinitésimaux perdus dans un abîme de compassion sans bornes[1] ».

Premier mouvement dans le En Sof allant vers l'émanation et la création des mondes, ces grains infimes de jugement, dissous au point d’être dépourvus de toute réalité propre, ces grains de jugement se recueillent et se condensent.

Ce degré zéro de manifestation équivaut au passage du néant à l'être, observe Charles Mopsik : « la création ex nihilo (yéch méayin), désigne ici le recueillement du Jugement, sa venue à l'être ou sa manifestation[1] ».

L'être (doué du jugement) qui émerge primordialement du néant et qui constituera l'ossature des mondes, est à la source de toute rigueur et de toute sévérité, pour Louria. Cette émergence entraîne aussitôt un retrait de la puissance de miséricorde qui constitue les « masses d'eaux » de l'océan primitif, à savoir le En Sof. Ce retrait de l’océan de Miséricorde fait place à quatre mondes successifs : le monde de l’émanation, puis le monde de la création, puis le monde de la formation, enfin le monde de la fabrication (c’est-à-dire le monde actuel). En se retirant, Dieu laisse comme des traces de vagues sur une plage, des traces que Louria assimile aux reflets de la lumière de la Miséricorde, une sorte de résidu d'infini lumineux dans un univers limité par la puissance restrictive du Jugement[1].

Textes

  • Joseph Ibn Tabul, Derush Hefzi-Bah, publié dans Simhat Cohen de Massud ha-Kohen al-Haddad, Jérusalem, 1921, réédité par Weinstock, Jérusalem, 1981.
  • Hayyim Vital, Etz Haim (L'Arbre de Vie), édité par Isaac Satanow, Korsec, 1782 ; réédité à Varsovie en 1890 et à Tel-Aviv en 1960.
  • Naphtali Bacharach, Emek ha-Melekh (La Vallée des rois), une version de la théorie lourianique par un rabbin allemand du xviie siècle, proche de la version d'Ibn Tabul, éditée à Amsterdam en 1648 ; rééditée par Yerid ha-Sefarim, Jérusalem, 2003.
  • Christian Knorr von Rosenroth, Kabbala denudata, ouvrage monumental qui contient une traduction latine partielle du Etz Haim de Hayyim Vital, ainsi qu'une traduction complète du Emek ha-Melekh de Naphtali Bacharach, parmi bien d'autres traductions latines de textes de la Kabbale, avec des commentaires de l'auteur, éditée à Sulzbach à 1677, pour le premier volume, et à Francfort en 1684 pour le second. Ce fut le principal véhicule de la théorie lourianique dans le monde chrétien. C'est l'ouvrage que connaissaient Leibniz ou Newton.

ÉtudesModifier

  • Gershom Scholem, Les grands courants de la mystique juive, Payot, Paris, 1954.
  • Gershom Scholem, La kabbale, trad. de l'anglais., Gallimard, coll. Folio essais, Paris, 1974.
  • Charles Mopsik, Aspects de la Cabale à Safed après l’Expulsion, dans Inquisition et pérennité (ouvrage collectif) sous la direction de David Banon, Le Cerf, 1992.
  • Marc-Alain Ouaknin, Concerto pour quatre consonnes sans voyelles, Balland, Paris, 1992.
  • Gérard Nahon, La Terre sainte au temps des kabbalistes, 1492-1592, Albin Michel (Présences du judaïsme), Paris, 1997.
  • Gershom Scholem, La Kabbale. Une introduction, origines, thèmes et biographies, Le Cerf, Paris, 1998.
  • Eliahu Klein, Kabbalah of Creation: Isaac Luria's Earlier Mysticism, Jason Aronson Publishers, Northvale, New York, 1999.
  • Charles Mopsik, Cabale et Cabalistes, Albin Michel, Paris, 2003.

Wikipedia
Le tsimtsoum pour les nuls


Le tsimtsoum par Tzvi Freeman

Qu’est-ce que le Tsimtsoum?
La présence à travers l’absence
par Tzvi Freeman


S’il vous fallait créer un monde, la première compétence dont vous auriez besoin est le tsimtsoum. Le tsimtsoum est une manière d’être présent en votre absence. Si vous maîtrisez cela, et que vous ajoutez la capacité de créer quelque chose à partir du néant, le reste n’est qu’un jeu d’enfant.

Tsimtsoum signifie littéralement « réduction ». Pour un kabbaliste, un tsimtsoum est une réduction de l’énergie divine qui crée les mondes, un peu comme les transformateurs qui réduisent la tension du courant électrique issu des générateurs à turbine jusqu’à ce qu’elle soit suffisamment faible pour être soutenue par une ampoule standard. De la même manière, l’énergie divine doit être diminuée de sorte que les mondes puissent la soutenir.

Le tsimtsoum, c’est également comme baisser l’amplification d’une sono de haute qualité : quand les haut-parleurs sont vraiment bons, rien n’est perdu du signal sonore. Sa diminution entraîne seulement qu’une bonne partie en devient inaudible à nos oreilles. De même, plus il y a de tsimtsoum appliqué et moins les mondes qui en résultent seront conscients de l’énergie divine qui les crée et les maintient en existence. Il peut également se produire une distorsion et une corruption de la lumière, mais ce sera pour un autre essai.

Les kabbalistes évoquent une quantité indénombrable de ces tsimtsoums (tsimtsoumim est la forme plurielle correcte), qui génèrent d’innombrables mondes. Notre monde est le dernier maillon de cette chaîne, vu qu’à ce stade le degré de tsimtsoum est si extrême que l’énergie divine est pratiquement imperceptible. Il en découle que notre monde contient des êtres créés qui ressentent qu’ils existent par le seul fait qu’ils existent, point. Un degré de plus de tsimtsoum, et rien ne pourrait exister. L’existence nécessite une certaine connexion à la source initiale de tout, c’est-à-dire au Créateur.

Il existe un autre type de tsimtsoum, décrit par le grand maître de la kabbale, Rabbi Isaac Louria, appelé le « Ari ». C’est le tsimtsoum originel, et il est différent de tous les autres tsimtsoumim.

Tout comme le nombre irrationnel pi, le tsimtsoum originel transforme un cercle infini en une ligne mesurée. Avant la création, enseigne le Ari, prévalait un état initial de lumière infinie, dans lequel il n’y avait pas de place pour que quoi que ce soit puisse exister. Avant de créer des mondes, le Créateur a complètement retiré cette énergie, ce qui produisit un espace de vide total au sein de cette lumière infinie. Ce n’est qu’alors qu’Il fit pénétrer dans ce vide une ligne mesurée de lumière issue de la lumière infinie transcendante, avec laquelle Il a engendré une série de mondes innombrables.

Le tsimtsoum est donc la façon dont D.ieu fait de la place pour que nous puissions avoir notre propre monde. Il nous cache Sa lumière, de sorte que nous puissions faire nos propres choix. Mais Il demeure présent et immanent au sein de cette dissimulation. D’une certaine façon, Il est encore plus présent dans Son absence que dans Sa présence.Le tsimtsoum est la façon dont D.ieu nous laisse la place de faire nos propres choix

Certes, cela paraît plutôt paradoxal. Mais, après tout, devait-on s’attendre à ce que la logique du Créateur soit compréhensible à l’entendement de Ses Créatures ? Une parabole peut toutefois rapprocher cette idée de la raison humaine. C’est une parabole sur l’idée même de parabole :
Le sage et l’enfant

Pour comprendre cette parabole, imaginez que vous êtes un vieux et sage professeur enseignant à un jeune novice. Vous avez de profondes connaissances à transmettre, acquises aux prix de beaucoup d’efforts, passant toute votre jeunesse assis aux pieds de sages éclairés à boire chacune de leurs paroles, puis par des années de contemplation de ces paroles, à l’écart de toute distraction, plongé dans vos réflexions, et à travers vos nombreux voyages et expériences, et par ces jours où le ciel s’est ouvert devant vous et où vous avez vu avec une clarté soudaine de quelle manière toutes les pièces du puzzle s’accordent en un simple et unique tout.

Vous souhaitez transmettre tout cela à votre jeune élève, mais comment le pouvez-vous ? Ce jeune vit dans un monde complètement différent du vôtre, il ne partage aucune de vos expériences, il n’a jamais goûté la profondeur d’une idée conçue à travers des heures de méditation sur un thème unique. Si vous déversez sur lui toutes vos connaissances, votre élève n’en retirera rien, si ce n’est le choc et la confusion.

Il doit cependant y avoir un moyen. Vous commencez à réfléchir encore plus profondément à cette sagesse que vous désirez transmettre. Vous pensez plus intensément que vous ne l’avez jamais fait. Vous cherchez à percer son essence même, le point à partir duquel tout s’étend. Mais pour y parvenir, vous devez transcender la forme que cette sagesse prend dans votre propre esprit en supprimant le contexte de vos propres pensées et de votre propre monde, de sorte qu’il n’en reste plus que le noyau, la quintessence, le point simple, la dimension zéro.Pour trouver le point quintessentiel, vous devez vous mettre de côté

Lorsque vous avez isolé ce point, vous considérez le monde de l’élève. Non pas tel que l’élève est assis ici avec vous, mais tel que l’élève vit dans son propre monde, voit et comprend son propre monde et fait l’expérience de la vie selon sa propre perspective.

Ce n’est qu’à ce stade que vous pouvez tracer une ligne à partir du point quintessentiel que vous avez découvert jusqu’au monde de l’élève. Vous allez tâcher de penser comme si vous utilisiez l’esprit de cet élève et non le vôtre. Vous allez chercher des manières que l’élève saisisse ce point de lui-même. Chaque fois que vous trouverez une modalité d’expression de cette sagesse, vous n’en serez pas satisfait. Vous continuerez de chercher des moyens de l’adapter davantage pour le rapprocher toujours plus de son monde.

Mais le travail n’est pas fini. Car, malgré toute cette simplification, cette idée demeure une idée. Or, l’élève ne vit pas dans un monde d’idées. Il vit dans un monde de choses qu’il peut toucher, de gens qu’il peut connaître et d’événements qui lui sont familiers.

Il vous reste donc une chose à faire : créer une parabole qui habillera votre idée dans les artefacts du monde de cet élève. Vous allez créer une histoire que l’élève pourra facilement suivre et dont il pourra aisément se souvenir. Une histoire dont le bon sens lui apparaîtra immédiatement et qu’il se sentira à l’aise d’explorer. Celle-ci deviendra son propre espace, dans lequel il pourra faire l’expérience de vos idées, non pas en tant qu’idées, mais en tant qu’éléments d’une histoire qui pourrait se produire dans sa propre vie.

Si vous pensez à travers cette parabole, vous y voyez dans chaque détail tout ce que vous désirez enseigner. Pour vous, le professeur, il n’y a en réalité aucune parabole. Il n’y a que vos pensées, relatées sous forme d’histoire.

Tandis que pour l’élève, il n’y a pas d’idées, il y seulement une histoire. Et c’est ainsi que ça doit être. Au départ.

Maintenant, vous, l’enseignant d’un âge vénérable, devez laisser cet élève à lui-même. S’il est un étudiant sincère, il se racontera l’histoire maintes et maintes fois. À mesure que ses connaissances, son expérience et sa sagesse augmenteront, il commencera à dénouer l’histoire, à comprendre la parabole, perçant les couches successives du sens qui s’y cache. Jusqu’à ce qu’après peut-être quarante ans de recherche sincère de la vérité, il commencera à comprendre cette sagesse comme son maître le fit avant lui.

De fait, pendant tout ce temps, son maître vivait en lui.
D.ieu dans les coins sombres

Qu’avez-vous fait, vous, l’enseignant ? Vous avez pratiqué un tsimtsoum. Vous avez trouvé un moyen de réduire et de packager votre sagesse dans le monde de l’élève. Mais, pour accomplir cela, la première chose à faire fut de vous mettre vous-même de côté. C’est seulement alors que vous avez pu trouver un point de sagesse, dépouillé de votre propre compréhension.

Pourtant, même là, pour amener ce point jusque dans le monde de votre élève, il vous a encore fallu mettre votre propre esprit de côté à plusieurs reprises, de manière à penser avec l’esprit que vous désiriez atteindre.

En présence de vos propres pensées, il n’y avait pas de place pour les pensées de l’élève. En vous transcendant vous-même, vous avez donné de vous-même. De sorte qu’ensuite, en votre absence, vous êtes intensément présent.En vous transcendant vous-même, vous avez donné de vous-même

De même, le Créateur met-Il de côté Sa lumière infinie pour laisser une place à la création. Une place pour nous, les êtres créés. Pourtant, la vacuité même de cet espace est également Lui et, pour Lui, la lumière brille tout aussi intensément qu’auparavant.

Bien sûr, il y a des différences. Vous aviez un élève à la base. Le Créateur, lui, part du néant. Il Lui faut aussi créer l’élève. Vous n’avez donné que de votre esprit, le Créateur donne de Son essence et de Son être.

Alors, la prochaine fois que vous vous sentirez dans l’obscurité, que vous devrez vous relever et tout recommencer à zéro, prendre des décisions difficiles et affronter des épreuves terribles, dites-vous que toute votre vie et tout votre monde ne sont rien de plus et rien de moins qu’une parabole. Une profonde et riche parabole. Et dans cette parabole, dans chaque détail, se cache D.ieu Lui-même.

Plus manifestement dans les coins sombres. Dans le tsimtsoum.

par Tzvi Freeman
Rav Tzvi Freeman dirige l'équipe de "Questions au Rabbin" de Chabad.org. Il vit à Toronto, Canada et est l’auteur de nombreuses traductions et synthèses de la pensée kabbalistique et ‘hassidique, parmi lesquels "Bringing Heaven Down to Earth".
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YouTube 
Isaac Louria et le tsimtsoum
extrait tiré du site http://www.baglis.tv/ d'un entretien intitulé: La Kabbale: un moteur pour l'actuel changement de paradigme ? , avec Domininque Dubois interview par Florence Leray
Pour accéder à la vidéo:http://www.baglis.tv/esprit/kabbale/P... - Restez gratuitement informé(e) de nos nouveautés: http://www.baglis.tv/newsletter