samedi 4 avril 2020

O amor, reflexões

O amor 
Reflexões a partir de Shaul, o apóstolo, e Paul, o teólogo
Jorge Pinheiro, PhD

Pode-se falar muitos idiomas e mesmo ter o dom das línguas estranhas, mas se não houver amor, as palavras serão como o soar de um sino ou o barulho de um chocalho. O amor é voluntário, não pode ser forçado. A ação política é compulsória. Por isso, todo poder está associado com a ação imposta e o ato do amor com a liberdade e a vontade. Pode-se ter o dom de proclamar a palavra de Deus, de conhecer mistérios e saber tudo; e ter uma fé capaz de transportar montanhas, mas se não houver amor, nada vale. Pode-se dar esmolas, doar tudo, ser queimado vivo, mas se não houver amor, nada disso serve. O amor é companheiro e paciente. Não é invejoso. Não se envaidece, nem é orgulhoso.

O amor é pessoalmente mediado. A natureza voluntária do amor necessita que exista a vontade de amar para ser ativada. O amor é sempre pessoal, não tem maus modos, nem é egoísta. Não se irrita, nem pensa mal. Não se alegra com uma injustiça causada a alguém, mas alegra-se com a verdade. Acredita, espera, sofre com paciência, suporta.

O amor é sacrificial, é um ato não compulsório. Sacrificial traduz radicalidade. É a manifestação que exprime a busca do sentido de separação e reparação diante das possibilidades abertas por realidades sobre as quais há a total ausência de poder.

O amor é livre e vai além da obrigação moral ordinária. Cumprir uma obrigação moral é responder a uma necessidade moral. É um ato do dever mais do que da moral livre. Uma senhora de idade entrega, por exemplo, ao caixa várias moedas de um real para pagar três pãezinhos numa padaria. Ao ver que a senhora entregou mais que o devido, o caixa devolve as moedas excedentes. Ao fazer isso, não demonstra nenhum gesto especial de amor. Cumpre sua obrigação moral de não levar vantagem a partir das debilidades de percepção da senhora.

O amor é voluntário e livre, vai além da obrigação moral, mas por envolver volição moral é humanamente mediado. E por ser sacrificial está limitado pela capacidade de cada um e de cada uma de absorver as conseqüências dos atos de amor. Por isso, quando se é criança, fala-se como criança, sente-se como criança e pensa-se como criança: liberdade e vontade não têm condições de serem plenamente exercidas. Adulto, consciente e livre, deixa-se o modo de ser de criança: ações e atos podem levar ao exercício pleno do amor. 

O amor é eterno. As promessas se cumprem, os idiomas morrem, o conhecimento passa. As esperanças, as promessas e o conhecimento são relativos. Por isso, fé e esperança abrem espaço para o amor, pois quando chega aquilo que é pleno de sentido, tudo o que é imperfeito desaparece.



O Eterno amou o mundo. Que o Cristo nasça no seu coração!


... e serão ambos ...