mercredi 8 décembre 2010

Cosmologias antigas


Texto a partir de estudo do Prof. Christofer Byron Harbin

Este gráfico do conceito hebraico da estrutura do universo é diferente do que entendemos hoje. Pode-se ver como a Bíblia utiliza uma terminologia que tem por base o conceito cosmológico de seus autores. Pode-se ver no gráfico o título de firmamento ou expansão para o círculo dos céus que separa as águas acima do firmamento da zona que se denomina hoje atmosfera. Estes termos ajudavam o povo a falar do mundo ao seu redor, mesmo que o seu conceito específico tenha sérios problemas em face da ciência atual.

Entender a cosmologia hebraica é de ajuda para compreender as implicações das narrativas que utilizam a terminologia do mesmo conceito. Quando o autor bíblico refere-se às janelas do céu, é bom saber que faz referência ao seu conceito de como a água acima do firmamento chega até a terra em forma de chuva. Vemos isso em passagens como Gênesis 1.2; 7.11; 8.2; 49.25; Deuteronômio 33.13; Jó 28.14; 38.16; 38.30; 41.31-32; Salmo 36.6; 42.7.12 Refletido em passagens como Gênesis 1.6-8, 14-15, 17, 20; Salmo 19.1; 150.1; Ezequiel 1.22-26; 10.1; Daniel 12.3.13 Refletido em passagens como Gênesis 7.11; 8.2; 2a Reis 7.2, 19; e Malaquias 3.10.14.



O conceito babilônico, ou seja, mesopotâmico, do universo é parecido com os conceitos hebraico e egípcio em seus termos estruturais, mesmo que apresentando outro formato, centralizado por uma montanha. Esta montanha era para os babilônicos, pois refletia a idéia de que esse centro era a morada de seus deuses. O épico Enuma Elish amplia a perspectiva narrativa do conceito babilônico em termos de como o mundo chegou a ser formado. Este épico enfatiza o relacionamento com uma perspectiva semelhante ao panteão de deuses egípcios, pois relata o assassinato de alguns deuses e a construção de partes do cosmo com a utilização de seus corpos.

O relato diverge do egípcio, no sentido de que os deuses usados nessa construção já não existem: seus cadáveres foram usados na estrutura física do mundo. A estrutura física resultante desta cosmologia apresenta-se semelhantemente à hebraica. O apóstolo Paulo utiliza essa perspectiva cosmológica ao falar de um homem que foi levado até “o terceiro céu”. Essa citação reflete sua visão estrutural do universo. O quadro acima ilustra a cosmologia babilônica. Nota-se que a perspectiva é a da terra ser uma espécie de ilha, com água na volta por todos os lados. Tal era o conceito geral dos hebreus e seus povos vizinhos. Um detalhe: falta no quadro é o túnel por debaixo da superfície da terra pelo qual o sol passava cada noite para chegar de novo a seu lugar de nascer.

Desde a perspectiva babilônica, a criação é a vitória sobre os poderes caóticos que ameaçam a vida dos deuses e das pessoas. Os deuses conseguem vitória sobre o caos do universo, mas não há uma certeza de vitória entre si, já que existe entre eles uma disposição às intrigas. Também as narrativas babilônicas referentes ao dilúvio revelam esse caráter de incerteza, desconfiança e intriga. Na cosmologia babilônica pensava-se que a criação do mundo era o resultado da junção dos oceanos de água salgada e de água fresca na pessoa dos deuses, Tiamat e Apsu. Estes nomes servem de igual modo para designar os oceanos referentes. Foi com a união destes deuses que a terra seca se formou. O formato do mundo, portanto, era concebido de modo parecido ao dos hebreus, mas a partir do estilo e atuação dos deuses babilônios associados à criação. Assim, as mitologias narradas por estes povos divergem das narrativas hebraicas do Gênesis. 


Fonte
Christofer Byron HarbinEscatologia e o Apocalipse -- Estudo Teológico das Coisas Finais -- Vida além-túmulo, Parousia, Ressurreição, Julgamento, Fim do Mundo e o Apocalipse, Seminário Teológico Batista do Rio Grande do Sul, Edição impressa sem gráfica: janeiro 2006.