mardi 2 octobre 2012

Teologia da vida, uma teologia da práxis

A Teologia da vida entende que um movimento guiado por paixão e princípio pode ajudar pessoas e comunidades a desenvolver consciência de liberdade, perceber tendências autoritárias, sujeitar o poder à justiça e a ter atitudes construtivas. 


Suas fontes, a partir do Evangelho e do profetismo social, apoia-se no pensamento radical de batistas e huguenotes, assim como na esquerda hegeliana, na pedagogia crítica e nos movimentos políticos e sociais que lutam por justiça. 
A teologia da vida é uma teologia que brotou em corações brasileiros a partir da reflexão de textos fundantes de Rubem Alves e Paulo Freire, entre outros, ao compreender que a teologia deve fornecer instrumental que permita às pessoas e comunidades desenvolver um pensar crítico que possibilite reconhecer as conexões existentes entre os ditos problemas pessoais, as experiências das comunidades e o contexto social em que estão imersas. 

Ter consciência é o primeiro passo em direção à práxis, ou seja, à capacidade de mobilizar-se pela justiça e contra a opressão. Nesse sentido, práxis traduz engajamento que envolve teoria, aplicação, avaliação, reflexão e retorno à teoria. A transformação social é o produto dinâmico e permanente dessa práxis coletiva. 

As idéias de Gramsci lidas a partir da teologia da cultura de Tillich nos ajudam a construir instrumental de práxis radical. Tillich possibilita ir além da democracia radical ou mesmo do socialismo kautskyano, ou seja, da reforma ético-política. 
Por isso, o pensar conjunto da teologia com a realidade brasileira é essencial: não dá para ser cristão de fato sem refletir o momento político e social que o País vive. Isso significa que todos deveríamos ter uma concepção da história de nossa formação enquanto povo e dos desafios a que somos chamados a responder. Tal concepção de brasilidade deve reforçar ou modificar maneiras de agir e pensar o tempo brasileiro. A história da formação e do sentido do Brasil permite a partir da Teologia da vida reflexões para a superação da consciência ingênua e o desenvolvimento da consciência crítica, pela qual a experiência vivida é transformada em consciência compreendida da realidade brasileira, ou seja, em práxis transformadora. 

Para melhor compreender as questões colocadas acima sugiro a leitura de dois textos Teologia da Vida Teologia Humana pra lá de humana.

Voto útil

Você conhece a opinião dos socialistas sobre essas eleiçoes de 2012? É possível que não. Por isso, publico aqui o editorial do jornal Opinião Socialista 445, da segunda quinzena de junho de 2012. É leitura obrigatória para se construir uma consciência crítica diante das eleições que estão aí. Boa leitura, Jorge Pinheiro.

Voto útil é voto nas lutas dos trabalhadores
Editorial do Opinião Socialista n.445

Começou a campanha eleitoral em todo o país. A cada dois anos o povo brasileiro vota... mas não decide. Os trabalhadores e os jovens votam com a expectativa de melhorar de vida, acabar com as injustiças, expulsar os corruptos. Durante a campanha, os dois grandes blocos eleitorais (o PT de um lado, e a oposição de direita de outro) vão buscar ganhar o voto do povo com promessas de que basta votar neles para resolver todos os problemas de saúde, educação, transporte etc. Depois da votação, a vida vai continuar como sempre, ou ainda piorar porque poderá vir uma crise econômica.

Quem decide os rumos do país é uma pequena minoria, que, às vezes, nem vota. São os donos das grandes empresas, os bancos e multinacionais que financiam as campanhas do PT e da oposição de direita. Depois cobram a fatura para que os políticos eleitos apliquem as propostas defendidas por eles. Mas isso tudo não vai aparecer nas campanhas eleitorais. Tudo será escondido dos eleitores.

A maioria dos trabalhadores acredita no PT. Em muitos lugares se ouvirá de novo: “É preciso votar no PT para evitar que a direita ganhe”. Mas aqueles que apóiam as candidaturas do bloco governista devem parar para refletir sobre os gastos de campanha. Em São Paulo, por exemplo, José Serra declarou que vai gastar R$ 98 milhões, enquanto Haddad do PT declarou um gasto de R$ 90 milhões. Sabemos todos que eles gastam bem mais do que declaram. Mas já se trata de uma soma impressionante, três vezes mais do que o gasto por Kassab e Marta Suplicy na campanha passada.

Esses gastos não deveriam impressionar. São enormes porque devem ajudar a convencer os trabalhadores e o povo pobre das grandes mentiras que serão contadas. São gastos praticamente iguais porque os programas de campanha do PT e da oposição de direita são iguais.

Os problemas reais dos trabalhadores não são vividos pela burguesia. Enquanto a burguesia paulista anda de helicóptero, um terço da população vai a pé para o trabalho porque não tem dinheiro para pagar as passagens. Ou ainda, tem de passar sufoco em trens, ônibus e metrôs lotados.

A burguesia determina o que eles vão fazer no governo. E os burgueses não precisam de transporte público, nem de educação e saúde pública. Por isso, tudo que os blocos do PT e da oposição de direita vão defender nas campanhas não tem nada a ver com o que eles vão fazer de verdade. As campanhas na TV são como comerciais para vender sabonetes ou carros. O único objetivo dos marqueteiros (pagos a peso de ouro) é enganar o povo e ganhar seu voto. Nenhum dos programas dos candidatos vai ser aplicado na realidade.

O PSTU vai apresentar candidatos em todo o país. Vai buscar apresentar uma postura distinta de todas as outras. Chega de utilizar o poder e o orçamento da cidade para beneficiar os ricos! Vamos defender a eleição de candidatos que venham das lutas dos trabalhadores, para defender governos dos trabalhadores. Ou seja, que apliquem um programa a serviço dos trabalhadores e dos jovens e não da burguesia.

Vamos buscar concretizar em cada cidade um programa dos trabalhadores para a saúde, educação e transporte públicos, contra todas as formas de opressão. Se ocorrerem greves durante a campanha, utilizaremos nosso tempo de TV para apoiá-las.

Em alguns locais (como em Belém, Aracaju e Natal) participaremos de frentes eleitorais com o PSOL, sempre apresentando nosso programa de forma independente.

Não é por acaso que nosso orçamento de campanha em São Paulo (200 mil) é quinhentas vezes menor que o de Haddad e Serra. Temos orgulho de não receber dinheiro da burguesia ou da corrupção. Nossa campanha será toda sustentada por doações dos trabalhadores e jovens que nos apoiam. Temos orgulho de que nossa campanha será feita integralmente pelos militantes do PSTU e os ativistas que concordem conosco. Não pagamos cabos eleitorais.

Você, que luta conosco nas campanhas salariais dos trabalhadores e nas mobilizações da juventude, venha se integrar em nossa campanha. Voto útil é um voto nos candidatos do PSTU, o partido das lutas e do socialismo.