samedi 29 août 2020

Sobre o ofício de Raabe

Js 2.1-24; 6.22-25; Hb 11.31; Tg 2.25; Mt 1.5. 

hnz Zaná, praticar prostituição, cujo sentido literal quer dizer manter relações sexuais ilícitas, é a palavra que designa a atividade de Raabe, jovem que escondeu os espiões enviados por Josué. 

Alguns exegetas, no entanto, consideram que ela era somente uma hospedeira – algo como dona de uma pousada --, partindo da raiz zun – alimentar – e não da raiz zaná como origem da palavra zonã, mas são poucos que consideram esta a melhor tradução. A maioria dos exegetas considera que a palavra tem somente uma raiz. Este verbo é usado tanto literal como figuradamente. Neste último caso, a idéia que comunica pode ser relações internacionais proibidas, de uma nação (especificadamente Israel) fazer acordos com outras nações. Pode-se referir também a relacionamentos religiosos, nos quais Israel adorava falsos deuses. 

A palavra normalmente se refere a mulheres e apenas duas vezes diz respeito a homens (Êx 34.16; Nm 25.1). A forma feminina do particípio é usada regularmente para indicar a prostituta (Gn 34.31). Tais pessoas recebiam pagamento (Dt 23.19), tinham marcas características que as indicavam (Gn 38.15; Pv 7.10; Jr 3.3), tinham suas próprias casas (Jr 5.7) e deviam ser evitadas (Pv 23.27). 

Poucas vezes a mulher com quem o ato é cometido é identificada como mulher casada (Lv 20.10; Jr 29.23), mas também nunca se afirma que é solteira. Há estudiosos que arriscam dizer que Raabe talvez fosse sacerdotisa cananéia e, dessa maneira, prostituta cultual. Mas também essa afirmação é praticamente impossível de ser comprovada. Raabe foi mulher de Salmon (Mt 1.5), possivelmente filho de Calebe (cf. 1Cr 2.51) e mãe de Boaz. 

É bom lembrar que as prostitutas na Antigüidade, cultuais ou não, começavam seu ofício ainda na puberdade. Na vida escura e duvidosa dessa jovem – prostituta e mentirosa – deve ter brilhado a centelha de que com os hebreus havia um Deus superior a todos os deuses que ela conhecera. A cidade estava em pânico, temendo um ataque dos hebreus, e entre o povo se comentava o que o Deus dos hebreus fizera na saída do Egito e durante a caminhada no deserto: ...“porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Siom e Ogue, que estavam dalém do Jordão, os quais destruístes” (Js 2.10). 

Assim, pela fé (veja a confissão que faz no vs. 11, “o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos céus e embaixo na terra”, lembrando que o politeísmo e a idolatria predominavam entre os cananeus) ela confiou na misericórdia e no poder desse Deus, arriscou a vida para salvar os representantes do povo de Iaveh, e obteve salvação para si e sua família.