vendredi 28 août 2020

Mário Ferreira dos Santos, Teoria do Conhecimento

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Publicado em 13 de março de 2016


Método de suspicácia
Teoria do Conhecimento, 1956 
Mário Ferreira dos Santos 


Em face da heterogeneidade das ideias, das estéreis, ou não, disputas de escolas, da diversidade de perspectivas, que podemos observar em toda literatura filosófica, com a multiplicidade de vectores tomados impõe-se ao estudioso a máxima segurança a o máximo cuidado para não deixar-se arrastar, empolgado pela sugestão e até pela sedução das idéias expostas, que o leve naturalmente, a cair em novas unilateralidades ou a prende-lo nas teias de uma posição parcial, que não permitiria surgir aquela visão global e includente, que temos proposto em todos os nossos livros.

São as seguintes regras da suspicácia, que propomos:

I- Suspeitar sempre de qualquer ideia dada como definitivamente (ideia ou opinião, ou teoria, ou explicação etc.).

II- Pelos indícios, buscar o que gerou. Ante um conceito importante procurar sua gênese (sob todos os campos e planos da decadialéctica e da pentadialéctica, Livro: Lógica e Dialética):

a-) Verificar se surge da experiencia e se se refere a algo exterior a nós, por nós objetivado; b-) Se surge por oposição, (ou negação), a algo que captamos ou aceitamos; c-) Se é tomado abstractamente do seu conjunto; d-) Se o seu conjunto está relacionado a outros, e quais os graus de coerência que com outros participa.

III- Não aceitar nenhuma teoria, etc., que só tenha aplicação num plano, e não possa projetar-se analogicamente, aos outros mais elevados, como princípio ou postulado ontológico.

IV- Suspeitar sempre, quando de algo dado, que há o que nos escapa e que precisamos procurar, através dos métodos da dialéctica.

V- Evitar qualquer idéia, ou noção caricatural, e buscar o funcionamento dos esquemas de seu autor para captar o que tem de mais profundo e real, que às vezes pouco transparece em suas palavras.

VI- Devemos sempre suspeitar da tendencia abstraccionista da nossa intelectualidade, que leva a hipostasiar o que distinguimos, sem correspondência na distinção real, no complexo concreto do existir.

VII- Observar sempre as diferenças de graus da actualização de uma idéia, pois a ênfase pode emprestar à essência de uma formalidade o que, na verdade, a ela não pertence. Assim, o que é meramente acional, a propriedade, o próprio, que surgem apenas de um relacionamento, podem, em certos momentos, ser considerados e predispondo, que, posteriormente, grande erros surjam de um ponto de partida, que parecia fundamentalmente certo.

Ao defrontarmo-nos com um absurdo ou com uma posição abstracionista absolutista podemos estar certos que ela parte de um erro inicial. Remontando às origens, aos postulados iniciais, não será difícil perceber o erro.

VIII- Na leitura de um autor, nunca esquecer de considerar a acepção em que usa os conceitos. Na filosofia moderna, cuja conceituação não adquiriu ainda aquela nitidez e de segurança da conceituação escolástica, há uma multiplicidade de acepções que põe em risco a compreensão de idéias. E muitas polemicas e diversidade de posições se fundam sobre a maneira pouco clara de apanhar o esquema noético-eidético de um conceito, o que decorre da ausência da disciplina, que era apanágio da escolástica em suas fases de luxo.

IX- No exame dos conceitos, nunca deixar de considerar o que incluem e o que excluem, isto é, o positivo incluído no esquema conceitual, e positivo, que a ele é recusado.

X- Nunca esquecer de considerar qualquer formalidade em face das formalidades que cooperam na positividade, sem estarem inclusas na sua tensão.

Assim, por exemplo, a rationalitas, no homem, implica a animalitas, embora formalmente, no esquema essencial, a segunda não inclua necessariamente a primeira, enquanto a primeira implica, necessariamente a segunda.

Mas, como esquemas formais, ambas se excluem, apesar de a primeira exigir a presença da segunda para dar-se no compositum, isto é, na humanitas.

XI- Sempre cuidar, quando de um raciocínio, a influencia que possa ter, em nossas atualizações e virtualizações a inercia natural do nosso espirito, o menor esforço, sobretudo nos paralogismos e na longas argumentações.

XII- Toda afirmação que apresente cunho de verdade, verificar em que plano esta se verifica: se no ontológico, no ôntico, no lógico, no formal, no genesiológico, no material, no axiológico, no simbólico, no pragmático, etc. Estabelecida a sua positividade, procurar as que exige para que se ab-tenha um critério seguro. Esta última providência, e o modo de seu processuar, é a que se adquire pela matéria a ser examinada nesta obra.

Mário Ferreira dos Santos, Mario Ferreira dos Santos - Filosofo Brasileiro.


Cânon e Escrituras hebraicas

A questão de quais livros pertencem às Escrituras hebraicas é chamada questão canônica. A palavra cânon no hebraico significa “cana de medir”, e no grego significa regra, norma ou padrão. O termo canônico foi usado nos primeiros três séculos depois da era cristã para as doutrinas e normas cristãs. 

No entanto, com o surgimento de heresias no ambiente cristão, o termo canônico foi designado, à partir do quarto século, para reafirmar a autenticidade e inspiração divina das Escrituras. Por isso, os livros das Escrituras também são chamados de livros canônicos. Segundo a tradição e a história judaica, os livros que compõem as Escrituras hebraicas formam um cânon tripartido: a Lei, os Profetas e os Escritos, que segundo a tradição foram reunidos pelo sacerdote Esdras, hábil escriba na Lei de Moisés (Es 7.6). 

Depois da destruição de Jerusalém e do Templo no ano 70 d.C. pelo general Tito, fez-se necessário a ratificação da canonicidade das Escrituras hebraicas (Tanach). Esta ratificação foi realizada entre os anos 70 e 100 d.C., sem alteração daquilo que já havia sido estabelecido no passado. Os livros apócrifos ou deuterocanônicos não são aceitos como inspirados por Deus pelos judeus, embora reconheçam a canonicidade do Talmude, sobre o qual falaremos mais adiante. 

É importante lembrar que certos livros já eram canônicos antes que qualquer teste lhes fosse aplicado. Isto é como dizer que alguns alunos são inteligentes antes mesmo de se lhes ministrar uma prova. Os testes apenas provam aquilo que intrinsecamente já existe. Do mesmo modo, nem a sinagoga nem os concílios jamais concederam canonicidade ou autoridade a qualquer livro. A tradição e os concílios reconheceram certos livros como palavra de Deus e, com o passar do tempo, aqueles assim reconhecidos foram colecionados para formar o que hoje chamamos Escrituras hebraicas. 

Que testes a tradição e os rabinos aplicaram? 

1. Havia o teste da autoridade do escritor. Em relação às Escrituras hebraicas, isto significava a autoridade do legislador, do profeta ou do líder em Israel. 

2. Os próprios livros deveriam dar alguma prova intrínseca de seu caráter peculiar, inspirado e autorizado por Deus. Seu conteúdo deveria se apresentar ao leitor como algo diferente de qualquer outro livro por comunicar a revelação de Deus. 

3. O veredicto da tradição e das sinagogas quanto à natureza canônica dos livros era importante. Na verdade houve crescente unanimidade no pós-exílio babilônico nas sinagogas quanto aos livros que mereciam lugar entre os inspirados. Embora seja fato que alguns livros tenham sido questionados, nenhum livro cuja autenticidade foi questionada por número grande de sinagogas veio a ser aceito posteriormente como parte do cânon. 

O cânon das Escrituras foi-se formando na medida em que cada livro era escrito, e completou-se quando o último livro foi terminado. Quando falamos da formação do cânon estamos falando do reconhecimento dos livros canônicos pela tradição e pelas sinagogas. Esse processo levou séculos. Alguns afirmam que todos os livros das Escrituras hebraicas já haviam sido colecionados e reconhecidos por Esdras, no quinto século a.C. Referências nos escritos de Flávio Josefo (95 d.C.) e em 2Esdras 14 (100 d.C.) indicam a extensão do cânon das Escrituras hebraicas como os 24 livros reconhecidos pelos judeus. Assim, o cânon hebraico é formado por blocos e livros na seguinte ordem: 

Primeiro bloco: A Lei/ Torah, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 

Segundo bloco: Os Profetas/ Anteriores, Josué, Juízes, 1-2 Samuel, e 1-2 Reis. Posteriores, Isaías, Jeremias, Ezequiel. Os Doze, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. 

Terceiro bloco: Escritos/ Emeth, Verdade, Salmos, Provérbios, Jó. Megiloth/ Rolos, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras/Neemias e 1-2 Crônicas. 

A discussão do chamado sínodo de Jâmnia (70-100 d.C.) parece ter partido desse cânon. Já os doze livros apócrifos das Escrituras hebraicas jamais foram aceitos pelos judeus no mesmo nível de autoridade dos livros canônicos. Eles eram respeitados, mas não foram considerados como Escritura. A Septuaginta, versão grega das Escrituras hebraicas produzida entre o terceiro e o segundo séculos a.C., somou os apócrifos às Escrituras hebraicas canônicas. 

Os manuscritos das Escrituras hebraicas e suas cópias foram escritos em pergaminho ou papiro. Até a descoberta dos rolos do Mar Morto em 1947, não possuíamos cópias das Escrituras hebraicas anteriores a 895 d.C. A razão disso era o respeito que os judeus tinham pelo texto, o que os levava a enterrar as cópias, à medida que ficavam gastas demais para uso regular. Na verdade, os massoretas (tradicionalistas), que acrescentaram os acentos e transcreveram a vocalização entre 600 e 950 d.C., padronizando o texto das Escrituras hebraicas, criaram formas sutis de preservar a exatidão das cópias que faziam. Verificavam cada cópia cuidadosamente, contando as letras de cada página, livro e divisão. Assim, qualquer coisa numerável era numerada. Quando os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos, trouxeram a luz partes de textos hebraicos datados do segundo século a.C. de todos os livros das Escrituras hebraicas à exceção de Ester. Essa descoberta foi importante, pois forneceu um instrumento mais antigo para verificarmos a exatidão do texto massorético, que se provou extremamente exato. 

Outros instrumentos antigos de verificação do texto hebraico incluem a Septuaginta, os targuns aramaicos (paráfrases e citações das Escrituras hebraicas), citações em autores cristãos da Antigüidade e a tradução latina de Jerônimo (a Vulgata, c. 400 d.C.), feita diretamente do texto hebraico corrente em sua época. Todas essas fontes oferecem dados que asseguram um texto extremamente exato das Escrituras hebraicas. 

São números que nos dão segurança sobre os textos. Nenhum outro texto antigo, como os da filosofia e da literatura gregas, por exemplo, têm um número tão elevado de manuscritos que comprovam sua origem e qualidade textual. E, da mesma maneira, nenhuma outra tradição religiosa antiga tem uma base textual tão fidedigna como o judaísmo.







Bom dia, por Vanessa Moreno e Lenna Bahule


Música de Paulo Freire e Swami Jr.
Interpretado por Vanessa Moreno & Lenna Bahule

Black Women Of Brazil

“A música é a minha religião, então ela representa tudo para mim”
Lenna Bahule
"Pela manhã, as aves cantam ação de graças ao nosso criador."
[Canta Lenna.]