vendredi 8 novembre 2024

Os batistas para principiantes

Os batistas para principiantes

É sempre importante voltar aos princípios que norteiam o ser batista. Faremos isso à partir da tradição do pensamento liberal e das declarações doutrinárias da Convenção Batista brasileira.
 
Nos séculos dezesseis e dezessete, em várias regiões da Europa, pequenos grupos de cristãos se reuniam de forma clandestina, fugindo da perseguição dos poderes ligados à igreja de Roma. Todos eles sabiam que faziam parte da igreja de Cristo, que tinha surgido lá atrás, na sequência da pregação do profeta João, o batista, que pregava à beira do rio Jordão. 

Esses nossos irmãos e irmãs conheciam histórias de comunidades de fé que tinham vindo antes deles e que, no correr dos séculos, milhares de discípulos do Evangelho de Cristo tinham sido perseguidos, presos, torturados e mortos. E, por isso, não puderam estabelecer com visibilidade suas comunidades. Todos, desde o profeta João, o batista, até aquele momento de terrível perseguição na Idade Média tinham consciência de que eram peregrinos e tinham sido chamados para serem testemunhas vivas do Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Esta compreensão de nossas origens, por ter João, o batista, como referência da pregação profética, o rio Jordão como referência geográfica e Jerusalém como sede da primeira comunidade de fé, passou a ser conhecida como teoria Jerusalém, João, Jordão.

Mas no correr do século 16, na Alemanha, e depois em vários países da Europa, um grupo de cristãos, que se caracterizava por sua fidelidade às Escrituras Sagradas e que só aceitava em suas comunidades pessoas convertidas pelo Espírito Santo de Deus e eram por eles batizadas, cresceu e marcou sua presença de fé no continente europeu. Estes irmãos e irmãs não reconheciam como válido o batismo administrado na infância, pois, crianças recém-nascidas não têm consciência de pecado, da necessidade de regeneração, da fé e da salvação. Na defesa destas posições estavam bem fundamentados no Novo Testamento, em especial nos Evangelhos. 

A exigência do batismo bíblico de pessoas convertidas chamou a atenção do povo e das autoridades e eles passaram a ser chamados de anabatistas, e depois de batistas, porque levavam às águas aqueles que tinham se arrependido de seus pecados e aceitado Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas.

Assim, a designação de batistas se firmou no século 17, mas aqueles irmãos e irmãs estavam espiritualmente ligados a todos os que, através dos séculos, permaneceram fiéis aos ensinamentos das Escrituras Sagradas, dizendo não, mesmo com risco de suas vidas, às corrupções do Evangelho de Cristo.

Mas foi no século dezessete, na Inglaterra, que oficialmente uma comunidade de fé deu a si própria o nome Batista. Essa comunidade foi fundada por John Smyth (1570-1612), um pastor que defendia a liberdade religiosa, condenada pela igreja da Inglaterra. 

Atualmente, Smyth é considerado o fundador da moderna denominação batista. Mas não podemos esquecer que há uma unidade que soma os movimentos históricos que acabamos de apresentar e que podemos sintetizar assim: batista é uma designação que foi colocado a diversas comunidades cristãs no século 17 na Inglaterra. Esses irmãos e irmãs eram representantes daquela resistência cristã, daquele Cristianismo neotestamentário que atravessou a História, mesmo no período de densas trevas espirituais da Idade Média.

Assim, podemos dizer que, quando em qualquer parte do mundo, sejam quais forem as circunstâncias, uma comunidade de fé praticar as doutrinas do Novo Testamento teremos aí uma igreja batista.

Através dos tempos, os batistas se têm notabilizado pela defesa destes princípios: A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta; o conceito de igreja como sendo uma comunidade local, democrática e autônoma, formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas; a separação entre Igreja e Estado; a absoluta liberdade de consciência; a responsabilidade individual diante de Deus; a autenticidade e apostolicidade das igrejas.

E caracterizam-se também os batistas pela intensa e ativa cooperação entre suas igrejas. Não havendo nenhum poder que possa constranger a igreja local, a não ser a vontade de Deus, manifestada através de seu Santo Espírito, os batistas, baseados nesse princípio da cooperação voluntária das igrejas, realizam uma obra geral de missões, em que foram pioneiros entre os evangélicos nos tempos modernos; de evangelização, de educação teológica, religiosa e secular; de ação social e de beneficência. 

Para a execução desses fins, organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos.

Para os batistas, as Escrituras Sagradas, em particular o Novo Testamento, constituem a única regra de fé e conduta, mas, de quando em quando, as circunstâncias exigem que sejam feitas declarações doutrinárias que esclareçam os espíritos, dissipem dúvidas e reafirmem posições. 

Cremos estar vivendo um momento assim no Brasil, quando uma declaração desse tipo deve ser formulada, com a exigência insubstituível de ser rigorosamente fundamentada na Palavra de Deus. É o que faz agora a Convenção Batista Brasileira, nos 19 artigos que se seguem:

Os batistas são, depois do pentecostalismo, a ramificação mais numerosa do protestantismo evangélico, compreendido como um cristianismo biblicista, conversionista e militante. É a principal confissão protestante norte-americana e tem um crescimento significativo no Brasil. 

Em termos gerais, desenvolveu-se a partir de cinco traços distintivos: a prática do batismo por imersão da pessoa convertida, como testemunho de compromisso e fé; as Escrituras como regra em matéria de doutrina, ética e fé; Eclesiologia congregacionalista e de proclamação, com autonomia da assembléia local composta de militantes engajados; teologia de inspiração calvinista, com destaque para a conversão pessoal; defesa da liberdade de consciência e de expressão, e oposição à qualquer interferência da autoridade civil ou eclesiástica na vida da igreja.

Esse protestantismo se caracteriza, assim, pela referência à tradição confessional, mas também por uma plasticidade marcante. A nível global, a Aliança Batista Mundial/ABM reúne cerca de 35 milhões de batistas e busca definir políticas de evangelização, reconciliação entre batistas, defesa da liberdade religiosa e assistência às igrejas batistas localizadas em regiões carentes do mundo. A Aliança Batista Mundial foi fundada em Londres em 1905. 

Os precursores dos batistas foram, ideologicamente, os anabatistas da época da Reforma. Congregações anabatistas da Holanda no início do século XVII e grupos de puritanos independentes ou congregationalistas, que fugiram da Inglaterra para a Holanda fazem parte dessa construção histórica. Influenciados pelos anabatistas, puritanos independentes convenceram-se de que o batismo cristão é apropriado apenas para adultos convertidos, como testemunho de seu compromisso e fé pessoal.
De volta à Inglaterra, este grupo formou a primeira congregação batista em 1611. Duas décadas depois, Roger Williams (1639) formou a primeira congregação batista em Providence (Rhode Island/ EUA). 

A partir de então, os batistas, já com influências da teologia calvinista, cresceram rapidamente nos Estados Unidos. A democracia informal centrado nas Escrituras tornou-se uma referência política na construção de igrejas em situação de fronteira, sob as condições rurais instáveis do Sul, Meio-Oeste e Extremo Oeste norte-americano. Assim, essas regiões foram densamente povoadas pelos batistas, uma tendência que se mantém até hoje.

Os batistas olham a vida cristã como fé pessoal, serviço e testemunho. Isso faz dos batistas militantes da causa protestante evangélica. Cada pessoa deve nascer de novo, estar convertido para uma nova vida e a partir daí congregar numa igreja. Para os batistas, a igreja local é o resultado da conversão e da graça, uma comunidade de crentes reunidos: não é a mãe da experiência cristã, nem fonte de graça, como na tradição católica. 

A comunidade local é santa porque a fé e a vida de seus congregados são santas. A igreja local, pelo menos em princípio, não tem nenhuma autoridade sobre seus membros, em sua liberdade de consciência ou em assuntos eclesiásticos.

Devido à sua plasticidade, os batistas temos mostrado características opostas na história. Pela ênfase na autoridade da Bíblia, na compreensão puritana estrita, na ética vitoriana, e compreensão da absoluta necessidade da fé e santidade pessoal, a maioria dos batistas é conservadora, tanto nas questões de fé, como de moral. 

Mostram-se temerosos diante das filosofias e teologias modernas e da política liberal. O evangelho e a Bíblia são interpretados literalmente, dentro dos princípios tradicionais batistas. A ética cristã são os princípios básicos das Escrituras, que nenhum batista deve abandonar. Por esta razão, muitas convenções batistas se recusam a aderir ao movimento ecumênico e ignoram o evangelho social, e sua preocupação com a justiça econômica, política e social. 

Porém, devido a ênfase na liberdade de consciência e de crença pessoal e a importância da vida cristã longe da autoridade eclesiástica, de dogmas e rituais, os batistas são líderes do liberalismo tanto a nível político como teológico. Muitos seminários e igrejas batistas são conhecidas por estilo de adoração, atitudes sociais e teologias liberais. Os batistas foram importantes na criação do movimento ecumênico no início do século XX. E estiveram presentes nas controvérsias que dominaram o século XX nos Estados Unidos entre teologia moderna e fundamentalismo, evangelho social e evangelho individual, e ecumenismo e exclusivismo.

Mas, os batistas tiveram sempre papéis de destaque nos dois polos, apesar de contrários, exemplo disso foi Walter Rauschenbusch, pastor e teólogo batista e um dos teóricos do Evangelho Social. E no Brasil podemos citar o Manifesto dos Ministros Batistas de 1963, de claro conteúdo político e social a favor das reformas de estrutura no país. 

Existirmos -- a que será que se destina?

O século XXI confronta. Diante disso, novas questões entram na ordem-do-dia: sabemos mais ou menos o que fomos e um pouco do que somos, mas nada ou pouco do que seremos. O pensamento batista tem raízes na revolução liberal inglesa do século XVII, porém somos também herdeiros da Reforma radical e da Reforma magisterial. Mas foi no século XVIII, sob o Iluminismo, que o pensamento batista europeu lançou raízes e se espraiou. E desempenhou papel na história do pensamento na Inglaterra, na Europa continental e nos Estados Unidos. Combinou Escrituras judaico-cristãs e espiritualidade e no século XIX deu ao mundo pensadores de vanguarda, ao construir o que veio a se chamar Evangelho social. 

Ser batista brasileiro, hoje, não é algo definido e preciso, principalmente quando se entra na discussão se somos ou não protestantes e se pertencemos ou não ao tronco dos cristãos rebeldes da Idade Média. Por isso, os batistas são olhados como seitas autônomas sem representatividade civil e opositores de toda e qualquer expressão do Estado. Idéia que em parte se justifica se olharmos os batistas a partir da ótica de Ernst Troeltsch e Max Weber. 

E como é difícil definir a diversidade, já que encontramos movimentos batistas fideístas, fundamentalistas, liberais e racionalistas, vamos fazer o caminho da análise daquilo que nos é próprio, ou seja, das características do ser batista, que atravessa e permanece em todas as leituras batistas.

Em primeiro lugar o pensamento batista busca uma fé inteligente. Nega o divórcio entre a fé e o pensamento, embora reconheça a importância das correntes cristãs que olham a fé como ruptura da lógica, distanciamento da razão, e salto na irracionalidade do mistério insondável. O pensamento batista procura a consistência e as correlações entre fé e razão. Por isso, interage com a cultura. Sem negar que existe o mistério, e que não se pode confundir fé e razão, entende o pensamento como construção que não pode prescindir nem da fé, nem da razão.

O Brasil nesses tempos bicudos da alta modernidade combate o pensamento que se quer autônomo, por preferir a massificação das ideias. A sociedade brasileira na alta modernidade tem optado por reproduzir a globalização da indústria de entretenimento e da comunicação de massas. A vida proposta pela alta modernidade, para além dos problemas estruturais da sociedade brasileira, nos faz inquietos e superficiais. Visa o espetáculo e se perturba diante de perguntas que procuram razões. Desafiados a avançar, os batistas entendem que aquilo que parece não é, e o que não parece, é. Não dá para depositar confiança, asi nomás. 

A fé exige um pensar que não se atrofie e a espiritualidade não é um adversário, mas um aliado indispensável, precioso, na construção do sentido da vida. A razão sem fé, embora verdadeira, não é razoável, torna-se racionalismo. A razão, convenientemente conduzida, reconhece que há coisas que estão além dela, e que é incapaz de penetrar a contento no mistério da vida e do universo. Aceita seus limites e, portanto, a existência de dimensões para além dela. No entanto, mantém abertura e espírito de crítica. Isso impede que ter fé seja dizer ou fazer qualquer coisa.

Atualmente, temos a piedade emocional exuberante, quente. Cultiva afetos, mas teme o pensamento. Temos, então, dogmatismo, fundamentalismo, que ensina a olhar, a fazer, a dizer, formata opiniões blocadas sobre o mundo. Oferece certezas e, por extensão, conforto e preguiça. Foge das questões e perguntas dolorosas. Essa forma de piedade repousa sobre o realismo literalista. 

Mas temos um outro lado, a vida no questionamento permanente, que duvida da possibilidade da verdade, embora busque freneticamente a descoberta. Repousa sobre o ceticismo nihilista. Ora, fé implica em crença, paixão e sentimentos, é experiência com o mistério do Eterno. As Escrituras judaico-cristãs desafiam o amor humano a se realizar diante do Eterno com coração, força, mas também com o pensar. E é esse pensar que aprofunda, fundamenta e direciona a fé. Essa compreensão se contrapõe ao realismo literalista e ao ceticismo nihilista. 

O estudo histórico das Escrituras judaico-cristãs, principalmente o Novo Testamento, é uma necessidade. É necessário conhecer a antropologia e a cultura judaicas e não somente o grego koinê. O Novo Testamento não é revelação ditada, mas o testemunho da revelação. É um conjunto de escritos que nos dizem como pessoas, os discípulos, receberam e compreenderam o que Jesus disse e fez no meio do povo.

“Pois quando tu me deste a rosa pequenina/ Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina/ Do menino infeliz não se nos ilumina”.

Jesus mesmo não escreveu. Sabemos de sua doutrina e vida por aquilo que os discípulos relataram. Suas idéias encontram-se nas suas histórias. Donde, temos a documentação neotestamentária, como textos fundantes, para conhecer Jesus de Nazaré e sua pregação. Mas a investigação do Jesus histórico pode continuar, ao menos no nível acadêmico, se utilizarmos outras fontes e métodos, que remetem ao estudo dos textos e contextos, embora muitas vezes ofereçam mais hipóteses do que certezas.

A tradição cristã dá mais importância à pessoa de Jesus do que aos seus ensinos. O Credo apostólico diz a respeito dele: "... foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, subiu aos Céus ...". Menciona assim o Cristo da fé, encarnação, morte e ressurreição, mas omite seu ministério. 

Os eventos crísticos, que são ensinamentos, histórias e relatos, muitas vezes são esquecidos. Não podemos construir uma fé transformadora apenas sobre o Credo. A vida do Evangelho está no que Jesus disse, na forma como apresentou a ação e a presença do Eterno. Assim como sua concepção da existência humana, sobre o significado da fé. Para o ser humano, a mensagem é tão importante quanto o mensageiro. Em teologia dizemos que Cristo cumpre três funções, um função real – reina sobre o mundo --, uma função sacrificial -- foi oferecido em sacrifício para a salvação dos seres humanos – e uma função profética -- prega e ensina. 

Certas correntes do catolicismo romano e ortodoxo privilegiam a função real. O protestantismo magisterial realçou a função sacrificial. Mas não podemos deixar de lado, como que esquecida, sua função profética. 

A crucificação de Jesus que respondeu a circunstâncias históricas, dentro do projeto de redenção, é uma necessidade teológica para a salvação dos seres humanos. Passagens neotestamentárias falam da morte de Jesus como sacrifício oferecido ao Eterno, como pagamento pela alforria. Mas esse projeto redentivo estaria capenga sem a função profética, que fez dele messias e salvador.

A mensagem de Jesus foi apresentda dentro das categorias judaicas do pensamento de seu tempo. Temos, então, que traduzi-lo, ressignificá-lo, não para deformá-lo, mas para mantê-lo relevante e vivo. Para que possa ser aplicado à realidade brasileira, à nossa existência. Para Schweitzer, tentamos fazê-lo falar à "respeito pela vida", que é o coração da mística cristã e de ética de Jesus expressa em termos contemporâneos. A maor preocupação de Charles Wagner, que, tal como Schweitzer, tentou formular a mensagem de Jesus em uma linguagem quase secular para desenvolver uma moralidade e uma espiritualidade fiéis ao Evangelho, mas abertas ao mundo contemporâneo. 

Usei as palavras "ética" e "moral". Não deveríamos estabelecer uma equivalência entre o liberalismo e a permissividade do comportamento. Ouvir Jesus significa segui-lo, obedecê-lo. Alguns liberais, como Wilfred Monod, propôs dar mais importância para a ortopraxia, ou seja, para a conduta, e para a ortodoxia, a boa doutrina. Evidentemente, liberal não significa julgar ou condenar outros, mas é exigente, sobretudo, consigo mesmo. Ouvir de Cristo se reflete na maneira de viver.

Veja esta preocupação característica do protestantismo liberal. O cristianismo tem condenado as religiões não cristãs. Havia um monte de besteiras e horrores nelas, sem dúvida. Não apresentam uma revelação, tal como evidenciado pelas Escrituras judaico-cristãs. Mas, acreditamos que Deus age e se manifesta em todos os lugares, em todas as épocas, e fala também aos fiéis destas religiões não-cristãs.

As Escrituras judaico-cristãs não conduzem a qualquer exclusividade, pelo contrário. No livro do Gênesis, diz-se que Abraão pede a Melchisedek para abençoá-lo. O Antigo Testamento contém textos que inspiraram religiões egípcias, babilônicas e mesmo iranianas. Os profetas e os sábios de Israel nunca consideraram que não havia nada de bom em outras crenças, ou que não deveriam ouvir o que elas diziam. No Novo Testamento, os Magos, que viajaram a partir do conhecimento astrológico, chegaram a Belém. Jesus admirou a fé de um oficial romano. Em Listra, Paulo afirmou que lugar nenhumDeus deixou sem testemunha. Em Atenas, ele cita poetas e filósofos pagãos. 

Nesta linha, com base nesses exemplos, tanto quanto Troeltsch, Schweitzer, Tillich, Hick, Cobb têm-se centrado sobre o diálogo interreligioso, e associações têm trabalhado desde o início do século passado para desenvolver tal diálogo. Esta aproximação levanta muitos problemas, mas apesar de ser uma tarefa difícil, deve começar com clareza e abertura. O protestantismo liberal não pretende abandonar a mensagem cristã, que continua a ser a referência. Mas se recusa a desprezar a espiritualidade não cristã. Considera que, se os cristãos apresentarem sua fé, com amor e paz, às outras crenças, elas vão ouvi-las. 

Outro ponto importante para a teologia liberal refere-se ao papel do indivíduo enquanto pessoa. O movimento liberal foi acusado de falta de bom senso em relação à questão. Mas os liberais sempre trabalharam na e para a Igreja. Também estão preocupados com as questões sociais. Não defendem o individualismo fechado e negativo, de quem só pensa em si mesmo. Propõem que a individualidade seja aberta e positiva. E tal perspectiva parte de três componentes: 

Responsabilidade pessoal. Toda a pessoa tem o direito e o dever de tomar posições. Não deve se dissolver no todo. Nossas decisões, nossas ações, nossas palavras são nossas e implicam em engajamento pessoal. Eu não posso me esconder atrás dos conselhos recebidos, da opinião dominante, do estamento das autoridades. É meu dever tomar partido. Não podemos fazer como o bispo William Petit, em 1526, que disse: "Eu acredito na Santa Madre Igreja, e não me pergunte mais nada". 

Além disso, o pensar liberal se a recusa a condenar aqueles que não gostam de nós, mesmo quando achamos que estão errados. Deve-se sempre, quando possível, discutir com eles, tentar explicar e convencer. Mas não temos o direito de impor o silêncio, ou tratá-los com desprezo. Temos de aceitar as diferenças e respeitar as divergências. Se o erro não está livre, disse o suíço Alexandre Vinet, a verdade não é necessária. É o que leva ao pluralismo do pensar liberal.

Por fim, tendemos a acreditar que as instituições, civis e eclesiásticas, têm apenas valor relativo. Mas isso não significa que não tenham importância. Nossa crítica parte de quando as pessoas vivem a serviço delas, não entendem que essas instituições é que devem servir às pessoas e comunidades. Assim, a Igreja não deve ditar aos seus membros, crenças e atitudes, nem impor sua dogmática e moral. 

Vou-me alongar um pouco mais sobre as questões doutrinárias, pois parece-me fundamental. Para protestantismo liberal, não é o dogma, ou seja, as definições sobre a verdade que manifestam de forma plenamente satisfatória o que ela é. Todas as doutrinas exigem testes e revisões, que em cada tempo devem nos levar a receber e perceber a verdade. O dogma é o objeto da fé e da doutrina. Para explicar esta distinção entre o objeto e a expressão de fé, podemos pensar a doutrina da trindade. 
Esta doutrina foi definida pelos sínodos do quarto e quinto séculos. Afirma que Deus é uma essência ou uma substância (em grego "Ousia") em três pessoas (em grego "prosopon" ou "upostasis) consubstanciais (grego "omousios"). Evidentemente existem tais conceitos, ou essas palavras no Novo Testamento. Também são estranhas ao vocabulário e pensamento modernos. Eles pertencem à filosofia grega da Antiguidade tardia. A doutrina trinitária nasceu de um esforço para expressar na língua da cultura helenística a mensagem cristã. Este esforço parece perfeitamente legítimo, e creio que os sínodos tiveram o direito de realizar, mesmo que o resultado não fosse muito convincente. 

A partir daí começou uma deriva. Porque adotada pelos Sínodos, como promulgada pela autoridade civil e eclesiástica, como sagradas e canonizadas pelos séculos, a doutrina trinitária tornou-se um assunto de fé. Considerou-se que as fórmulas que ele utiliza são necessárias em todos os tempos e em todos os lugares, elas são obrigatórias para todos os fiéis, que devem necessariamente acreditar ou aderir. Que definem muito exatamente o ser de Deus. 

Para designar o Deus do Evangelho, o Deus de Jesus Cristo, falamos de três pessoas num só Deus. Mas devemos levar em conta que tal definição utiliza uma linguagem humana sobre Deus, e confunde nossa forma de representar a realidade com o próprio ser de Deus. Há sempre um abismo, uma distância, entre aquilo que Deus é, e aquilo que dizemos. Nós não podemos defini-lo, inclui-lo em nossas fórmulas. O dogmatismo que reivindica a posse da verdade sobre Deus é uma forma de idolatria. 
O pensamento liberal mesmo quando se preocupa com a atualização da mensagem evangélica, da doutrina e de tradição eclesiástica, não as rejeitam. Procuram interpretar, afirmam que o pensamento crítico está preocupado com o seu significado mais profundo. Para o movimento liberal, a doutrina procura dizer, tanto quanto possível no contexto de onde estamos, em que acreditamos. Mas entende que qualquer formulação da fé é aproximada e sempre possível de formulações outras. 

“Tampouco turva-se a lágrima nordestina/ Apenas a matéria vida era tão fina/ E éramos olharmo-nos, intacta retina:/ A cajuína cristalina em Teresina”.

Cada vez mais, os liberais rejeitam o rótulo. Isto porque cumpriram um papel relevante na história. Hoje, protestantes e evangélicos, utilizam instrumental e métodos liberais, quer em suas igrejas, quer em seus seminários. 

No mundo cristão, o movimento liberal é minoritário, conforme se pode ver nas igrejas da Europa e no Conselho Mundial de Igrejas. 

Porque isto acontece? Parte da dureza e da insegurança do mundo pós-moderno. Sentimos a necessidade de uma religião que tranquilize, que nos de certezas. É preciso reconhecer que, em qualquer caso, o pensamento liberal continua presente na reivindicação de que as pessoas pensem como indivíduos, assumam responsabilidade e exerçam seu livre arbítrio em cada situação da vida, tanto em relação à sociedade civil, quanto religiosa. Desta maneira o liberal é, de fato, contra a corrente.

Mas, vejamos como isso se traduz na Declaração doutrinária e nos Princípios batistas apresentados pela Convenção Batista Brasileira.
 
Por um ato especial, o ser humano foi criado por Deus à sua imagem e conforme à sua semelhança e disso decorrem o seu valor e dignidade. Seu corpo foi feito do pó da terra e para o mesmo pó há de voltar. Seu espírito procede de Deus e para Ele retornará. O Criador ordenou que o homem domine, desenvolva e guarde a obra criada. Criado para a glorificação de Deus, seu propósito é amar, conhecer e estar em comunhão com seu Criador, bem como cumprir sua divina vontade. Ser pessoal e espiritual, o homem tem capacidade de perceber, conhecer e compreender, ainda que em parte, intelectual e experimentalmente, a verdade revelada, e para tomar suas decisões em matéria religiosa, sem a mediação, interferência ou imposição de qualquer poder humano, seja civil ou religioso.

Deus e somente Deus é o Senhor da consciência. A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual. Por força dessa natureza, a liberdade religiosa não deve sofrer ingerência de qualquer poder humano. Cada pessoa tem o direito de cultuar a Deus, segundo os ditames de sua consciência, livre de coações de qualquer espécie. A Igreja e o Estado devem estar separados por serem diferentes em sua natureza, objetivos e funções. É dever do Estado garantir o pleno gozo e exercício da liberdade religiosa, sem favorecimento a qualquer grupo ou credo. O Estado deve ser leigo e a Igreja livre. Reconhecendo que o governo do Estado é de ordenação divina para o bem-estar dos cidadãos e a ordem justa da sociedade, é dever dos crentes orar pelas autoridades, bem como respeitar e obedecer às leis e honrar os poderes constituídos, exceto naquilo que se oponha à vontade e à lei de Deus.

Como o sal da terra e a luz do mundo, o cristão tem o dever de participar em todo esforço que tende ao bem comum da sociedade em que vive. Entretanto, o maior benefício que pode prestar é anunciar a mensagem do evangelho; o bem-estar social e o estabelecimento da justiça entre os homens dependem basicamente da regeneração de cada pessoa e da prática dos princípios do evangelho na vida individual e coletiva. Todavia, como cristãos, devemos estender a mão de ajuda aos órfãos, às viúvas, aos anciãos, aos enfermos e a outros necessitados, bem como a todos aqueles que forem vítimas de quaisquer injustiças e opressões. Isso faremos no espírito de amor, jamais apelando para quaisquer meios de violência ou discordantes das normas de vida expostas no Novo Testamento.

A família, criada por Deus para o bem do homem, é a primeira instituição da sociedade. Sua base é o casamento monogâmico e duradouro, por toda vida, só podendo ser desfeito pela morte ou pela infidelidade conjugal. O propósito imediato da família é glorificar a Deus e prover a satisfação das necessidades humanas de comunhão, educação, companheirismo, segurança, preservação da espécie e o perfeito ajustamento da pessoa humana em todas as suas dimensões. Caída em virtude do pecado, Deus provê para ela, mediante a fé em Cristo, a bênção da salvação temporal e eterna, e quando salva poderá cumprir seus fins temporais e promover a glória de Deus.

A Bíblia revela que cada ser humano é criado à imagem de Deus; é único, precioso e insubstituível. Criado ser racional, cada pessoa é moralmente responsável perante Deus e o próximo. O homem, como indivíduo, é distinto de todas as outras pessoas. Como pessoa, ele é unido aos outros no fluxo da vida, pois ninguém vive nem morre por si mesmo.

A Bíblia revela que Jesus Cristo morreu por todos as pessoas. O fato de ser criada à imagem de Deus, e de Jesus Cristo morrer para salvá-la, é a fonte da dignidade e do valor humano. Ela tem, direitos outorgados por Deus, de ser reconhecida e aceita como indivíduo, sem distinção de raça, cor, credo, ou cultura; de ser parte digna e respeitável da comunidade; de ter a plena oportunidade de alcançar o seu potencial. 

Cada pessoa foi criada à imagem de Deus e, portanto, merece respeito e consideração como uma pessoa de valor e dignidade infinita. 

A pessoa, porque criada à imagem de Deus, torna-se responsável por suas decisões morais e religiosas. Ela é competente, sob a orientação do Espírito Santo, para formular a própria resposta à chamada divina ao evangelho de Cristo, para a comunhão com Deus, para crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor. Estreitamente ligada a essa competência está a responsabilidade de procurar a verdade e, encontrando-a, agir conforme essa descoberta, e partilhar a verdade com outros. Embora não se admita coação no terreno religioso, o cristão não tem a liberdade de ser neutro em questões de consciência e convicção. 

Cada pessoa é competente e responsável perante Deus, nas próprias decisões e questões morais e religiosas. 

Os batistas consideram como inalienável a liberdade de consciência, a plena liberdade de religião de todas as pessoas. O homem é livre para aceitar ou rejeitar a religião; escolher ou mudar sua crença; propagar e ensinar a verdade como a entenda, sempre respeitando os direitos e convicções alheias; cultuar a Deus tanto a sós quanto publicamente; convidar outras pessoas a participarem nos cultos e noutras atividades de sua religião; possuir propriedade e quaisquer outros bens necessários.

Tal liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado - nem pelo estado, nem por qualquer outro grupo religioso - é um direito outorgado por Deus. 

Cada pessoa é livre perante Deus, em todas as questões de consciência, e tem o direito de abraçar ou rejeitar a religião, bem como de testemunhar de sua fé religiosa, respeitando os direitos dos outros. 

Cada pessoa pode ir diretamente a Deus em busca de perdão, através do arrependimento e da fé. Ele não necessita para isso de nenhum outro indivíduo, nem mesmo da igreja. Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus. Depois de tornar-se crente, a pessoa tem acesso direto a Deus, através de Jesus Cristo. Ela entra no sacerdócio real que lhe outorga o privilégio de servir à humanidade em nome de Cristo. Deverá partilhar com os homens a fé que acalenta e servi-los em nome e no espírito de Cristo. O sacerdócio do crente, portanto, significa que todos os cristãos são iguais perante Deus e na fraternidade da igreja local. 

Cada cristão, tendo acesso direto a Deus através de Jesus Cristo, é o seu próprio sacerdote e tem a obrigação de servir de sacerdote de Jesus Cristo em benefício de outras pessoas. 

O lar foi constituído por Deus como unidade básica da sociedade. A formação de lares verdadeiramente cristãos deve merecer o interesse particular de todos. Devem ser constituídos da união de dois seres cristãos, dotados de maturidade emocional, espiritual e física, unidos por um amor profundo. O casal deve partilhar ideais e ambições semelhantes e ser dedicado à criação dos filhos na instrução e disciplina divinas. Isso exige o estudo regular da Bíblia e a prática do culto doméstico. Nesses lares o espírito cristão está presente em todas as relações da família. 

As igrejas têm a obrigação de preparar jovens para o casamento, treinar e auxiliar os pais nas suas responsabilidades, orientar pais e filhos nas provações e crises da vida, assistir àqueles que sofrem em lares desajustados, e ajudar os enlutados e encanecidos a encontrarem sempre um significado na vida. 

O lar é básico, no propósito de Deus para o bem-estar da humanidade, e o desenvolvimento da família deve ser de supremo interesse para todos os cristãos. 

O cristão é cidadão de dois mundos - o reino de Deus e o Estado político - e deve obedecer à lei de sua pátria terrena, tanto quanto à lei suprema. No caso de ser necessária uma escolha, o cristão deve obedecer a Deus antes que a homem. Deve mostrar respeito para com aqueles que interpretam a lei e a põem em vigor, e participar ativamente na vida de sua comunidade, procurando conciliar a vida social, econômica e política com o espírito e os princípios cristãos. A mordomia cristã da vida inclui tais responsabilidades como o voto, o pagamento de impostos e o apoio à legislação digna. O cristão deve orar pelas autoridades e incentivar outros cristãos a aceitarem a responsabilidade cívica, como um serviço de Deus e à humanidade. 

Uma igreja é um corpo autônomo, sujeito unicamente a Cristo, sua cabeça. Seu governo democrático, no sentido próprio, reflete a igualdade e responsabilidade de todos os crentes, sob a autoridade de Cristo.

Tanto a igreja como o estado são ordenados por Deus e responsáveis perante ele. Cada um é distinto; cada um tem um propósito divino; nenhum deve transgredir os direitos do outro. Devem permanecer separados, mas igualmente manter a devida relação entre si e para com Deus. Cabe ao estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público.

A igreja é uma comunhão voluntária de cristãos, unidos sob o domínio de Cristo para o culto e serviço em seu nome. O estado não pode ignorar a soberania de Deus nem rejeitar suas leis como a base da ordem moral e da justiça social. Os cristãos devem aceitar suas responsabilidades de sustentar o estado e obedecer ao poder civil, de acordo com os princípios cristãos. O estado deve à igreja a proteção da lei e a liberdade plena, no exercício do seu ministério espiritual. A igreja deve ao estado o reforço moral e espiritual para a lei e a ordem, bem como a proclamação clara das verdades que fundamentam a justiça e a paz. A igreja tem a responsabilidade tanto de orar pelo estado quanto de declarar o juízo divino em relação ao governo, às responsabilidades de uma soberania autêntica e consciente, e aos direitos de todas as pessoas ' A igreja deve praticar coerentemente os princípios que sustenta e que devem governar a relação entre ela e o estado. 

A igreja e o estado são constituídos por Deus e sitio perante ele responsáveis. Devem permanecer distintos, mas têm a obrigação do reconhecimento e reforço mútuos, no propósito de cumprir-se a função divina. 

Jesus Cristo veio ao mundo, mas não era do mundo. Ele orou não para que seu povo fosse tirado do mundo, mas que fosse liberto do mal. Sua igreja, portanto, tem a responsabilidade de permanecer no mundo, sem ser do mundo. A igreja e o cristão, individualmente. têm a obrigação de opor-se ao mal e trabalhar para a eliminação de tudo que corrompa e degrade a vida humana. A igreja deve tomar posição definida em relação à justiça e trabalhar fervorosamente pelo respeito mútuo, a fraternidade, a retidão, a paz, em todas as relações entre os homens. Raças e nações. Ela trabalha confiante no cumprimento final do propósito divino no mundo. 

Esses ideais, que têm focalizado o testemunho distintivo dos batistas, choca-se com o momento atual do mundo e em crucial significação. As forças do mundo os desafiam. Certas tendências em nossas igrejas e denominação põem-nos em perigo. Se esses ideais servirem para inspirar os batistas, com o senso da missão digna da hora presente, deverão ser relacionados com a realidade dinâmica de todo o aspecto de nossa tarefa contínua. 

A igreja tem uma posição de responsabilidade no mundo; sua missão é para com o mundo; mas seu caráter e ministério são espirituais.

Os batistas, historicamente, têm exaltado o valor da pessoa, dando-lhe um lugar central no trabalho das igrejas e da denominação. Essa distinção, entretanto, está em perigo nestes dias de autoritarismo e pressões para o conformismo. Alertados para esses perigos, dentro das próprias fileiras, tanto quanto no mundo, os batistas devem preservar a integridade do indivíduo. 

O alto valor da pessoa deve refletir-se nos serviços de culto, no trabalho evangelístico, nas obras missionárias, no ensino e treinamento da mordomia, em todo o programa de educação cristã. Os programas são justificados pelo que fazem pelos indivíduos por eles influenciados. Isso significa, entre outras coisas, que o indivíduo nunca deve ser usado como um meio, nunca deve ser manobrado, nem tratado como mera estatística. Esse ideal exige, antes, que seja dada primordial consideração ao indivíduo, na sua liberdade moral, nas suas necessidades urgentes e no seu valor perante Cristo.

Primordial na vida e no trabalho de nossas igrejas é a pessoa, com seu valor, suas necessidades, sua liberdade moral, seu potencial perante Cristo. 

Tanto a igreja local quanto a denominação, a fim de permanecerem sadias e florescentes, têm que aceitar a responsabilidade da autocrática. Seria prejudicial às igrejas e à denominação se fosse negado ao indivíduo o direito de discordar, ou se fossem considerados nossos métodos ou técnicas como finais ou perfeitos. O trabalho de nossas igrejas e de nossa denominação precisa de freqüente avaliação, a fim de evitar a esterilidade do tradicionalismo. Isso especialmente se torna necessário na área dos métodos, mas também se aplica aos princípios e práticas históricas em sua relação à vida contemporânea. Isso significa que nossas igrejas, instituições e agências devem defender e proteger o direito de o povo perguntar e criticar construtivamente. 
A autocrítica construtiva deve ser centralizada em problemas básicos, e assim evitar os efeitos desintegrantes de acusações e recriminações. Criticar não significa deslealdade; a crítica pode resultar de um interesse profundo no bem-estar da denominação. Tal crítica visará o desenvolvimento e a maturidade cristã, tanto para o indivíduo quanto para a denominação. 

Todo grupo de cristãos para conservar sua produtividade, terá que aceitar a responsabilidade da autocrítica construtiva. 

Como batistas, revendo o progresso realizado no decorrer dos anos, têm todos inteira razão de desvanecimento ante as evidências do favor de Deus sobre nós. Os batistas podem bem cantar com alegria: "Glória a Deus, grandes coisas ele fez!" Podem eles também lembrar que aquele a quem foi dado o privilégio de gozar de tão alta herança, reconhecidos ao toque da graça, devem engrandecê-la com os seus próprios sacrifícios. 

Eis o desafio da herança batista. A Deus toda honra e glória!