jeudi 2 septembre 2010

O caminho de comunhão

Para você usar como lições da Escola Bíblica e nos Pequenos Grupos da sua igreja. 

Um forte abraço, Jorge Pinheiro. 

Etapas de um caminho de comunhão 

No último trimestre de 2006, experimentamos um novo Pentecostes. A comunhão que, naqueles dias, nos envolveu deu novo alento à Igreja e ao conjunto da comunidade. Assim, a exortação para que produzíssemos frutos maduros de comunhão e de empenho, interpelou-nos de maneira poderosa. E a liderança da Campanha dos 40 dias, Uma vida com propósitos aceitou o desafio de fazer com que a comunhão fosse plenamente realizada no seio da Igreja. Já tinha havido o início de um caminho de comunhão com a “Campanha dos 40 dias, Uma vida com propósitos”, mas agora se tratava de consolidar a extraordinária experiência vivida, aprofundando-a. Era o que todos esperavam: a transformação dos Grupos Operativos em comunidades que dariam continuidade ao Pentecostes vivido no último trimestre de 2006. Assim, cada Grupo Operativo exerceria a função de pequenas comunidades, que deveriam envolver o conjunto da Igreja e integrar aqueles que estavam chegando. E já sabemos quais seriam os frutos desse trabalho: os nossos corações viveriam a cada semana essa comunhão com Cristo e os irmãos, ao mesmo tempo em que a Igreja, na sua totalidade, descobriria e viveria os dons derramados pelo Espírito. Iríamos, assim, estabelecer uma colaboração recíproca e, por meio desses encontros, os pequenos grupos descobririam a própria riqueza da vitalidade e criatividade cristãs. Donde, como conseqüência, nasceria uma maior disponibilidade de engajamento no contexto da vida da Igreja. O testemunho de comunhão entre as pessoas, vividos nos pequenos grupos, provocou o envolvimento de toda a Igreja nessa caminhada de descoberta do poder de transformação da vida sob o Espírito. Agora, iríamos estabelecer tal fraternidade que desembocaria na construção de um projeto que envolveria cada frente de trabalho, cada ação missionária, todas as presenças dos irmãos da Igreja Batista em Perdizes em suas atividades seculares. A partir dessa meta e propósitos é que se insere o roteiro de estudo semanal -- Etapas de um Caminho de Comunhão -- que entregamos aos Grupos Operativos. Deus abençoou essa caminhada e possibilitou a todos crescerem no Espírito e no relacionamento com as pessoas que nos cercavam. Em Cristo, Pr. Jorge Pinheiro 

Primeira semana A importância da comunhão 

(1) “Depois o SENHOR disse: Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade”. Gênesis 2.18. Conhecer e ser conhecido Se você se encontrasse em um estado de tranqüilidade e introspecção, e se estivesse ciente dos anseios e desejos de seu coração, possivelmente diria: “Eu adoraria conhecer os outros e ser conhecido por eles”. Em um momento de total sinceridade, acho que todos adorariam ter alguém que confiasse tanto em nós a ponto de revelar seu lado mais íntimo e sensível. Acho que adoraríamos poder confiar àqueles de quem gostamos alguns dos sentimentos que guardamos. A maioria das pessoas se sente atraída por amizades, namoros, casamento, clubes ou pequenas associações, pois dentro de nós carregamos o anseio de conhecer os outros e ser por eles conhecidos. Por isso, devemos nos perguntar: o que nos impede de abrir o coração e nos dar a conhecer aos outros? Tememos riscos? Que riscos são esses? Mas não podemos esquecer que existem as alegrias. Que alegrias podemos vivenciar ao abrir nossos corações? Amar e ser amado Outro componente da comunhão é amar e ser amado. Se você não estabelecer com algumas pessoas um relacionamento amoroso comprometido, você vai morrer por dentro. É por isso que muitas pessoas não sentem prazer e alegria na vida, pois não mantiveram com ninguém um relacionamento de amor profundo. Nem com seus pais, nem com seu cônjuge e nem com seus amigos. A essa altura da vida, elas já estão insensíveis à possibilidade de experimentar um relacionamento cheio de amor. Não é esse o plano de Deus para nós. Ele deseja que sejamos amados e amemos. Na verdade, Ele quer que isso aconteça em nossas vidas. Quem em sua vida dedicou um amor constante e profundo a você e de que forma essa pessoa demonstrou esse amor? Pense e complete as frases abaixo: Posso sentir mais amor pelas pessoas quando elas... Para mim, a melhor maneira de expressar meu amor pelas outros é... Acho difícil receber amor dos outros porque... Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Josué 4.20-24. Terça 1 Reis 8.41-43. Quarta Efésios 1.15-20. Quinta Gênesis 29.31-35. Sexta Deuteronômio 7.9-10. Sábado João 14.21-23. Domingo Gálatas 2.19-20. 

Segunda semana A importância da comunhão 

(2) “Nenhuma quantidade de água pode apagar o amor e nenhum rio pode afogá-lo. Se alguém quisesse comprar o amor e por ele oferecesse as suas riquezas, receberia somente o desprezo”. Cantares de Salomão 8.7. Servir e ser servido Exercer a comunhão também significa servir e ser servido. O exemplo mais empolgante disso está registrado no Evangelho de João 13. Nesse capítulo, Jesus assume a posição do mais humilde dos servos e lava os pés de seus discípulos. Ele oferece um exemplo e depois os convida a imitá-los. Servir é algo que compõe a própria base da comunhão. Para manter os relacionamentos íntimos por um longo tempo, é preciso haver humildade e a disposição de servir um ao outro. Também deve haver a disposição de ser servido. Quando Jesus pegou a toalha e a bacia de água para lavar os pés dos discípulos, estabeleceu, de uma vez por todas, a absoluta necessidade de todos os que desejam viver em comunhão estarem prontos para servir aos outros. Como você vem sendo servido pelos outros, e de que forma esse serviço cristão ajudou a criar a comunhão? Com quem você gostaria de aprofundar sua comunhão? Celebrar e ser celebrado Cântico dos cânticos, um livro da Bíblia, é um registro do amor entre um homem e sua noiva. Eles estão celebrando os aspectos de suas personalidades e características físicas e pessoais. Em certo ponto, o noivo diz: “Você faz meu coração bater mais rápido com o simples brilho de seus olhos. Como é belo seu amor, minha noiva. Muito mais agradável do que o melhor dos vinhos”. Perto do final do livro, os dois concordam que a união amorosa pode ser maravilhosa. Eles também falam sobra a riqueza e as fortunas de um homem bem-sucedido que conhecem, e terminam dizendo um ao outro: “Jamais pensaríamos em trocar o que temos por essas riquezas, pois temos a comunhão”. Esse casal aumentou sua comunhão e a qualidade de seu relacionamento ao celebrar criativamente um ao outro. Fizeram o que muitos de nós deixamos de fazer. Um prestou atenção ao outro e se observaram cuidadosamente. Então decidiram destacar o que acharam atraente, desejável e elogiável no outro e se deram ao prazer de expressá-lo. Podemos agradar nossos corações ao celebrarmos uns aos outros. Exercício Em grupo, celebrem uns aos outros. E, pensando na pessoa que está ao seu lado, termine essa frase: Se você sumisse da minha vida, eu sentiria falta de... Uma expressão de gratidão Se em sua vida há alguém que tenha dedicado um profundo amor por você, reserve algum tempo durante as próximas semanas para expressar sua gratidão. Faça uma lista de três pessoas que não estejam no grupo, mas que você gostaria de celebrar e incentivar. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Êxodo 33.12-13. Terça Deuteronômio 11.15-16. Quarta Mateus 20.25-28. Quinta Cantares 1.15-17. Sexta Cantares 5.4-8. Sábado Efésios 5.1-2. Domingo 1João 4.8-12. 

Terceira semana Assuma o risco da comunhão 

(1) O que a amizade não é Se pretendemos assumir o risco da comunhão, precisamos primeiro ser sinceros a respeito do nosso próprio egoísmo natural quando se trata de relacionamentos. Quando procuramos amigos, muitas vezes pensamos naquilo que podemos ganhar com o relacionamento. Por isso, é necessário esclarecer o que a amizade não é. E entender porque “algumas amizades não duram nada, mas um verdadeiro amigo é mais chegado que um irmão”. Provérbios 18.24. Amizade não é encontrar alguém para cuidar de nós e satisfazer nossas necessidades. Não é elevar nossa vida a um alto nível para se autopromover. E não é fingir que nos preocupamos com alguém para que ele se una à nossa causa ou compre nosso produto. O essencial da amizade é conhecer e ser conhecido, amar e ser amado, servir e ser servido, celebrar e ser celebrado. Quais os possíveis problemas que posso enfrentar se começar uma amizade com as seguintes atitudes: Procurar um amigo que seja exatamente como eu. Alguém que concorde em tudo comigo. Uma pessoa que esteja disposta, sempre, a satisfazer todas as minhas necessidades. Amizades exigem esforço Se pretendermos passar da solidão para a comunhão, precisamos enfrentar a realidade de que fazer amizades pode ser uma empreitada árdua e demorada. É um processo que exigirá energia, trará alguns riscos e, às vezes, deixará cicatrizes. Quando a Bíblia diz que as amizades são como o ouro e a prata, está confirmando a importância e o valor das amizades. A Bíblia também utiliza uma outra imagem, aquela de cavar em busca de ouro, pois elas sempre implicam em esforço e dedicação. Fale de um relacionamento que você guarda com carinho. Por que ele é tão importante para você? Comente este versículo: “Descobri que na vida existe mais uma coisa que não vale a pena: é o homem viver sozinho, sem amigos, sem filhos, sem irmãos, sempre trabalhando e nunca satisfeito com a riqueza que tem. Para que é que ele trabalha tanto, deixando de aproveitar as coisas boas da vida? Isso também é ilusão, é uma triste maneira de viver”. Eclesiastes 4.7-8. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Números 25.10-13. Terça 1Samuel 23.16-18. Quarta Salmos 141.5. Quinta Provérbios 17.9. Sexta Provérbios 18.19-21. Sábado 2Pedro 2.4-7. Domingo 2Coríntios 5.18-20. 

Quarta semana Assuma os riscos da comunhão 

(2) Amizades exigem tempo e dedicação É comum as pessoas entrarem na igreja porque estão solitárias, porque precisam de amigos. Mas tanto aquelas que estão chegando, como nós, que já estamos na igreja faz anos, devemos ter clara uma questão: a igreja é o melhor lugar para se fazer amizades, mas a construção de uma verdadeira amizade leva tempo. E quanto tempo? Poderíamos dizer não sei, depende, mas é melhor ser mais preciso: a construção de uma verdadeira amizade leva anos. Uma amizade, chamada pelos gregos de amor fileo, pode nascer num momento, como na história do amor fileo entre Davi e Jônatas. Ou como conta a Bíblia, Jônatas, filho de Saul, sentiu uma profunda amizade por Davi e veio a amá-lo como a si mesmo. E fizeram um juramento de amizade, pois Jônatas tinha grande amor por Davi. Depois do juramento, Jônatas tirou a capa que estava usando e a deu a Davi. Deu também a sua túnica militar, a espada, o arco e o cinto. (1Samuel 18.1-4) Essa amizade que começou num relance, quando Jônatas viu aquele jovem pastor que acabara de matar, sem armas de guerra, um guerreiro inimigo terrível, durou de sete anos e meio. Ou seja, desde a vitória de Davi sobre o gigante Golias, até a morte do rei Saul e seu filho Jônatas num ataque dos filisteus. Ao saber da morte de seu amigo, Davi compôs uma canção, que terminava assim: “Eu choro por você, meu irmão Jônatas/ como eu o estimava!/ Como era maravilhoso o seu amor para mim,/ melhor ainda do que o amor das mulheres”. (2Samuel 1.26). É, amizade exige tempo, exige dedicação e até mesmo sacrifício. Você aceita arriscar? Pense e converse com seu grupo: Por que é preciso tempo para estabelecer um relacionamento? Conte ao grupo sobre algum relacionamento ao qual você tem dedicado tempo nesta fase da sua vida. O que podemos fazer para encorajar esse(a) irmão(ã) no desafio de construir um relacionamento sólido? Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Eclesiastes 3.1-11. Terça Eclesiastes 5.19-20. Quarta Eclesiastes 12.1-7. Quinta 2 Crônicas 6.26-31. Sexta Salmos 32.1-6. Sábado 2Coríntios 4.14-18. Domingo Hebreus 12.5-11. 

Quinta semana Saia da superficialidade (1) 

Um desafio que todos enfrentamos na busca da comunhão é ir além da superficialidade. Quando começamos uma amizade, as conversas tendem a ser um pouco superficiais. Isso é natural. É preciso cultivar a confiança e desenvolver uma base de conhecimento mútuo. Mas se o relacionamento permanecer no nível superficial, vamos nos frustrar. Fomos criados para ir mais fundo, por isso, é preciso ir além da superficialidade e alcançar um nível íntimo de comunicação e compartilhamento de nossas vidas. Volte ao texto da semana passado (1Samuel 18.1-4) e veja como Jônatas rompeu, logo no início de sua amizade com Davi, o risco da superficialidade. Agora, converse em grupo: O que nos prende a relacionamentos superficiais? O que tem ajudado você a assumir riscos e procurar amizades e comunhão mais íntimas? O valor de uma boa pergunta Muitas vezes, uma boa maneira de superar a barreira da superficialidade é fazer uma pergunta. Mas não deve ser qualquer pergunta, deve exigir uma resposta sincera, levar a outra pessoa a abrir seu coração. Quando permanecemos na segurança das perguntas fúteis, nossos relacionamentos estacionam na superficialidade. Mas quando vamos mais fundo em nossa conversa, rompendo barreiras de distanciamento, medo e vergonha, conquistamos cada vez mais intimidade. Uma simples frase pode ganhar profundidade quando acrescentamos na conversa, por exemplo, um realmente ou como você se sente ou o que você pensa disso? Vá fundo e pergunte: Mas, como é que você vai, realmente? E como você se sente em relação a isso? E o que é que você pensa disso? Dê tempo para a pessoa falar, deixe-a expor suas opiniões, suas alegrias e ou problemas. Você não precisa ter as soluções, você está construindo um relacionamento, compartilha as experiências de vida de seu amigo. Para o grupo: Formem pares e durante cinco minutos façam a outra pessoa uma das perguntas acima. Depois de perguntar, preocupem-se realmente em ouvir. Depois, conte ao grupo o que você aprendeu sobre seu amigo (ou amiga). Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Salmos 31.13-15. Terça Salmos 40.1-3. Quarta Provérbios 4.24-27. Quinta Hebreus 4.15-16. Sexta Mateus 23.24-32. Sábado João 8.2-11. Domingo João 18.33-38. 

Sexta semana Saia da superficialidade 

(2) O papel da comunhão com Deus Sua capacidade de experimentar a plenitude da comunhão no relacionamento com outras pessoas está ligado à sua comunhão com Deus. Muitas pessoas gostariam de se sair melhor nas relações humanas, mas não percebem que há uma correlação entre sua comunhão com Deus e a qualidade dos relacionamentos que mantêm com as pessoas. O potencial de aprimoramento das relações humanas está diretamente ligado ao grau de maturidade do relacionamento com Deus. Ao abrir seu coração ao amor de Deus, aceitando Jesus Cristo, o amor dele se espalha dentro de você, pois “em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor” (Romanos 8.39). Esse amor se torna a base sólida sobre a qual você constrói os relacionamentos humanos. Seu relacionamento com Deus, caso seja maduro, oferece a segurança que você precisa para assumir riscos nas relações com as pessoas. A partir desse sólido ponto de segurança e paz, você pode circular mais livremente pelo mundo dos relacionamentos humanos. Você passa a aliviar os fardos das pessoas que o cercam, pois sua fonte de força e segurança é o próprio Deus. Outra conseqüência de seu relacionamento com Deus, é que você saberá quando deve se afastar de relacionamentos que são prejudiciais ou abrir mão de relacionamentos que chegaram ao fim. Você estará seguro nos relacionamentos humanos porque sua segurança nasce de sua relação com Deus. Pense e converse em grupo: Que barreiras me atrapalham na busca de um relacionamento mais íntimo com Deus? Se você tem um relacionamento íntimo com Deus, de que forma isso ajuda você nas suas relações com os outros? Como posso ajudar as pessoas do grupo que ainda não têm um relacionamento íntimo com Deus? Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. 

Sétima semana A SANTIDADE DO BOM NOME DO PRÓXIMO 

Muitas vezes, quase sem perceber, somos superficiais naquilo que comentamos ou falamos. Fazemos brincadeiras que magoam, comentários mordazes ou, pior ainda, ferimos a imagem de alguém afirmando coisas que não temos certeza, que ouvimos de outros. É comum pensarmos que não devemos dar “testemunho falso contra ninguém” (Êxodo 20. 16) quando se refere à alguma coisa séria, mas que podemos fazer piadas e anedotas com dificuldades e problemas que as pessoas enfrentam. A palavra próximo, quando falamos de comunhão, inclui todos os nossos semelhantes. A difamação de caráter é proibida, não apenas formalmente, no tribunal, mas por qualquer declaração falsa. O mandamento que encontramos em Êxodo 20.16 e Deuteronômio 5.20 nos mostra que a santidade consiste em não fazermos determinadas coisas, que devemos abandonar tudo o que do amor ao próximo e da vontade de Deus. Ou como diz Deuteronômio 13.12-15, não podemos falsear a verdade em nossas afirmações. Será que alguém pode se sentir seguro na igreja, se houve comentários maldosos sobre irmãos e irmãs? Para conversar com o grupo: Você já foi alvo de comentários mordazes? E como você se sentiu? Hoje, você consegue ter um relacionamento mais profundo com esse/a irmão/ã que magoou você? E sejamos justos nos nossos juízos, conforme Deuteronômio 17.8-11. O Senhor Jesus nos ensina em Mateus 18.15-16 como devemos proceder diante de um irmão que pecou contra nós. Como o grupo pode ajudá-lo diante desse afastamento, da ruptura da comunhão entre o irmão que disse alguma coisa ruim sobre você? A chave para a compreensão do mandamento da santidade do bom nome do próximo está numa atitude positiva, que possibilita o encontro com o próximo e com Deus: é a verdade, conforme no ensina Jesus em seu diálogo com Pôncio Pilatos, em João 18.37. Nosso compromisso é com a verdade. Ou melhor, nosso compromisso com Aquele que é a verdade. Então você é rei? - perguntou Pilatos. - É o senhor que está dizendo que eu sou rei! - respondeu Jesus. - Foi para falar da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está do lado da verdade ouve a minha voz. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. 

Para ler e refletir NÃO SE ESQUEÇA, SUA FÉ CUSTOU SANGUE Desde o começo do século dezesseis, La Rochelle era uma cidade próspera que lucrava com o comércio. Era um centro dos protestantes huguenotes extremamente ativo. “Amanhã volto para o Brasil. Estou na França há quinze dias. Vim apresentar comunicação sobre Socialismo e Religião no Colóquio Internacional da Associação Paul Tillich em Língua Francesa, que se reuniu em Toulouse. Depois do Colóquio vim para Paris. Estou hospedado na Faculdade Evangélica Livre de Vaux-sur-Seine. Estou vivendo momentos de descanso e reflexão, aqui à margem do rio Sena, onde num ambiente pleno de espiritualidade cristã, posso meditar sobre a heróica história dos evangélicos na França. E é sobre eles, os huguenotes, que escreverei nesta coluna”. Os huguenotes eram protestantes franceses que surgiram durante a Reforma do século XVI. Não eram camponeses, mas cidadãos nobres e burgueses. Fundaram em 1559 uma igreja reformada que cresceu de forma impressionante. Em 1571, houve um sínodo huguenote que elaborou, sob a inspiração do líder reformado Théodore de Bèze, a Confissão de La Rochelle. Em 1573, Henrique III, ainda como duque de Anjou, cercou a cidade por mais de seis meses. Os huguenotes formavam então um formidável grupo de pressão econômica, política e militar, apoiados pelos ingleses, alemães, holandeses e pelos protestantes de Genebra. Assim, na segunda metade do século dezesseis, os ataques católicos aos huguenotes fizeram-se cada vez mais virulentos, culminando com o massacre de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, no qual foram mortas mais de 30 mil pessoas. “Estou sentado num banco de madeira, rodeado de verde. Atrás, fica a biblioteca da faculdade, lá na frente, uma árvore seca se inclina sobre o rio. Um irmão seminarista, do Haiti, caminha de um lado a outro do campo verde. Ele ora. Está entardecendo. São quase dez da noite, mas ainda está claro. Eu também oro, olhando para o rio Sena e agradecendo a Deus por aqueles que vieram antes de mim, que mantiveram ao preço de sangue, desfraldada, a bandeira do Evangelho”. Os católicos franceses, agrupados no partido da Santa Liga, entre 1576 e 1584, passaram a pressionar huguenotes e os reis considerados hesitantes. Na esperança de legalizar na França a existência de uma igreja reformada e de apaziguar os ânimos, o rei Henrique IV (1553-1610), soberano huguenote que se converteu sob pressão ao catolicismo uma semana antes do massacre de São Bartolomeu e, depois em 1576, se reconverteu ao protestantismo, assinou em 13 de abril o Edito de Nantes. O Edito de Nantes fez importantes concessões aos huguenotes. Entre elas, as liberdades de consciência e de culto nas residências senhoriais, em todas as cidades onde existisse a fé reformada. Concedeu anistia para todos os "crimes" cometidos no passado e criou 150 locais de refúgio para os huguenotes: 66 cidades e castelos onde guarnições eram mantidas pelo rei. La Rochelle que pertencia aos huguenotes desde a primeira guerra de 1562 foi uma dessas cidades de refúgio. E mais: tornou-se a mais forte praça de guerra cedida aos protestantes pelo Edito de Nantes. Na verdade, era a capital huguenote na França. O Edito de Nantes foi, de fato, uma constituição político-religiosa que procurou criar mecanismos de defesa para os huguenotes. Mas não durou muito. Em 1627, o cardeal Richelieu, a propósito de um pacto firmado entre La Rochelle e a Inglaterra, que já declarara guerra à França, iniciou a destruição de La Rochelle. O cardeal conduziu pessoalmente o cerco à cidade rebelde, construindo em terra firme, 12 km de linhas contínuas de fortificações e, no mar, a construção de um dique destinado a impedir a chegada de suprimentos pela frota inglesa. Os huguenotes, comandados pelo almirante Jean Guiton, prefeito da cidade, resistiram durante quinze meses até que a fome forçou-os à rendição em 28 de outubro de 1628. As fortificações da cidade foram arrasadas e as franquias municipais suprimidas. A partir de então, La Rochelle entrou em declínio. Luiz XIV, convencido de que os huguenotes haviam desaparecido do solo francês, seja pela fuga, pela conversão forçada ao catolicismo ou pelo massacre, aboliu, em 18 de outubro de 1685, o Edito de Nantes. A partir desse momento, os huguenotes perderam toda liberdade de culto e toda garantia de segurança. Tornaram-se marginais: suas propriedades foram confiscadas e privados de todos os seus direitos pessoais. A guerra civil irrompeu como guerra clandestina, com a fuga para os países protestantes de centenas de pastores. Suas igrejas foram destruídas. Abandonaram bens e filhos, que eram proibidos de deixar o país. O catolicismo exigia que fossem reeducados na fé romana. Mais de 400 mil huguenotes se refugiaram, principalmente na Holanda e na Prússia, países que ganharam por receber recursos humanos estratégicos: comerciantes, empresários e intelectuais. A América inglesa também recebeu um número grande dessa elite huguenote em diáspora. “Poucos irmãos brasileiros sabem que a saga huguenote aportou em nossas terras. Poucos, infelizmente, têm conhecimento dos mártires que testemunharam e foram sacrificados aqui por amor ao Evangelho”. Em 1557, chegou ao Rio de Janeiro um grupo de huguenotes com o objetivo de fundar uma colônia chamada França Antártica, que deveria se caracterizar pela tolerância religiosa. Eram os primeiros protestantes a pisar em terras brasileiras. Três pastores lideravam o grupo. Ao aportarem no Rio, Villegaignon, que comandava a frota francesa, entregou os pastores e suas ovelhas às autoridades católicas. Alguns conseguiram escapar, mas quatro deles, Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon e André la Fon foram presos e condenados à morte. Foram condenados não somente por aportarem na terra, que era colônia portuguesa, mas por difundirem o evangelho da graça, que contrariava as doutrinas católicas de salvação por fé e obras. Antes de serem executados os huguenotes foram obrigados a confessar sua crença. Era um direito do governador exigir dos súditos uma confissão de fé. Era uma última chance de renegar suas "heresias" protestantes. Foi-lhes dado um prazo de 12 horas para que escrevessem num documento tudo quanto criam. Em doze horas aqueles quatro homens, com ajuda apenas de suas Bíblias escreveram a primeira confissão de fé das Américas, mostrando aos jesuítas aquilo no que criam. Foi um Credo. E sabiam que estavam assinando suas sentenças de morte. No momento da execução o carrasco, por conhecer a vida piedosa daqueles homens, recusou-se a executá-los. Impaciente, José de Anchieta, o padre que os acompanhava, afastou o carrasco e ele mesmo pôs fim à vida dos huguenotes. Era uma manhã de sexta-feira, 9 de fevereiro de 1558. “Pai querido, em nome de Jesus, agradeço por teus mártires. São dez e meia da noite. O rio Sena agora é apenas uma mancha escura que desliza. No meu coração, porém, brilha mais forte o evangelho da graça, que irmãos de outros tempos me entregaram. Devo honrar este evangelho e passá-lo às gerações futuras”. Vaux-sur-Seine, 2 de junho de 2003. 

Oitava semana VOCÊ SABE DIZER MUITO OBRIGADO? 

“Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus. Não atrapalhem a ação do Espírito Santo.” I Tessalonicenses 5.16-20 Vejam que interessante, Paulo não era um professor de boas maneiras, desses que treinam misses para jantares de gala. E, no entanto, nos diz para sempre dizermos muito obrigado. Será que a gente leva esse conselho a sério? E para você é muito difícil dizer muito obrigado? Ou, ao contrário, é tão fácil, que já virou algo automático? Bem, existem duas maneiras de dizer muito obrigado: aquele jeito simples, natural, é quase uma oração que dirigimos à outra pessoa. Ninguém vê, não fazemos publicidade disso, mas enchemos a alma do próximo de alegria. E há uma segunda maneira: festiva, cheia de emoções visíveis, de movimentos e palavras. Todos vêem e são contagiados com a alegria de nossa maneira de ser. Ambas são corretas, desde que nasçam do coração. Para conversar no grupo: Qual é a sua maneira de dizer muito obrigado? Ou será que por timidez, ou porque anda sempre tão apressado, poucas vezes agradece às pessoas que servem você? Pode ser o guardador de carro, o porteiro, as pessoas da recepção ou os diáconos da igreja. Você já parou para contar quantas pessoas a cada dia e na igreja cuidam de você, servem você? Aproveite esse momento e faça um pequeno exercício de aritmética, conte quantas pessoas num dia normal, ou no domingo, na igreja, servem você. E como é que você trata cada uma delas? Conversem em grupo e façam um plano para o próximo domingo. Dê um muito obrigado àqueles que você tem esquecido. E se puder aprofunde a comunhão, um abraço ou um beijo fraternal aquecerá corações. Não se esqueça disso. Amar ao irmão e a Deus Em antigos relevos do Egito vemos adoradores com as mãos estendidas jogando beijos para suas divindades. Beijar a terra, dobrar os joelhos eram gestos de adoração O primeiro beijo foi soprado por Deus no Éden. Por isso, o estado do ser humano pleno, cheio do Espírito, é adorar: agradecer ao seu Criador pela graça recebida. Se você quer ter uma comunhão de verdade com irmãos e irmãs? Diga muito obrigado a Deus. Seja grato. Entregue a Ele o que você tem de melhor. Adore. Dê um beijo naquele que merece todo o nosso amor. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. Para ler e refletir DUAS MULHERES E O MILAGRE DO PERDÃO As situações-limite exemplificam as maravilhas do perdão. Vemos isso, por exemplo, na expressão de Jesus "onde pouco é perdoado, pouco amor é mostrado". Aminal Lawal, uma mulher nigeriana, foi condenada por adultério por ter um filho dois anos depois de separar-se de seu marido. Ela seria apedrejada até a morte, conforme ordena a lei islâmica, a Sharia. Há mais de três mil anos, uma jovem chamada Raabe, na Palestina, também correu o risco de ser assassinada. E para entender o milagre do perdão vamos fazer uma rápida viagem pela história de Aminal e pelo ofício de Raabe. Mas antes vejamos duas palavras fundamentais para nossa viagem... O Novo Aurélio, o dicionário da Língua Portuguesa, assim nos apresenta a palavra prostituição (u-i). [Do lat. tard. prostitutione.] S.f. 1. Ato ou efeito de prostituir(-se). 2. Comércio habitual ou profissional do amor sexual. 3. O conjunto das prostitutas. 4. A vida das prostitutas. 5. P. ext. Vida desregrada. 6. Profanação, aviltamento. E a palavra perdão. [Dev. do arc. perdõar.] S. m. 1. Remissão de pena; desculpa; indulto. 2. Ét. Renúncia de pessoa ou instituição à adesão às conseqüências punitivas que seriam justificáveis em face de uma ação que, em níveis diversos, transgride preceitos jurídicos, religiosos, morais ou afetivos vigentes. A Sharia é a aplicação do Alcorão na prática cotidiana, e em alguns países é aplicado como lei. Assim, a morte por apedrejamento é um costume no Oriente Médio, e essa norma também faz parte da Torá judaica. Aminal teve um filho fora do casamento. E por isso devia ser apedrejada. Mas o mundo ocidental se manifestou pela revogação da sentença. Então, os juízes islâmicos, pressionados pela opinião pública, usaram um subterfúgio para salvar Aminal. Alegaram que segundo a tradição islâmica um bebê pode estar em gestação por um período de até cinco anos. Ou seja, Aminal poderia estar grávida do marido. Raabe foi mulher de Salmon (Mateus 1.5), possivelmente filho de Calebe (cf. 1Crônicas 2.51), e mãe de Boaz. É bom lembrar que as prostitutas na Antigüidade, sacerdotisas ou não, começavam seu ofício ainda na puberdade. Na vida escura e duvidosa dessa jovem, prostituta e mentirosa, deve ter brilhado a centelha de que com os hebreus havia um Deus superior a todos os deuses que ela conhecera. A cidade de Jericó estava em pânico, temendo um ataque dos hebreus, e entre o povo se comentava o que o Deus dos hebreus fizera na saída do Egito e durante a caminhada no deserto: "Soubemos que o Senhor secou o mar Vermelho diante de vocês quando saíram do Egito. Também ficamos sabendo como, a leste do rio Jordão, vocês mataram Seom e Ogue, os reis dos amorreus, e destruíram os seus exércitos". Josué 2.10. Zaná é uma palavra hebraica que pode ser traduzida por praticar prostituição, mas seu sentido literal quer dizer manter relações sexuais ilícitas. É a palavra que designa a atividade de Raabe, jovem que escondeu os espiões enviados por Josué. A palavra normalmente se refere às mulheres e apenas duas vezes diz respeito a homens (Êx 34.16; Nm 25.1). A forma feminina é usada para indicar a prostituta (Gn 34.31). Tais pessoas recebiam pagamento (Dt 23.19), tinham marcas características que as indicavam (Gn 38.15; Pv 7.10; Jr 3.3), tinham suas próprias casas (Jr 5.7) e deviam ser evitadas (Pv 23.27). Poucas vezes a mulher com quem o ato é cometido é identificada como mulher casada (Lv 20.10; Jr 29.23), mas também nunca se afirma que é solteira. Ambas mulheres, Aminal e Raabe, foram consideradas prostitutas, conforme o costume palestino. A primeira adulterou e a segunda, segundo estudiosos, era uma sacerdotisa da religião cananéia, ou seja, uma prostituta cultual. Ambas mereciam a morte, mas foram salvas pelo perdão. E perdão implica em esquecimento, por isso não importa mais se Aminal adulterou ou se Raabe era prostituta cultual... Mas há uma diferença, não sabemos se no caso de Aminal houve arrependimento e mudança de vida. Não sabemos se Aminal depositou sua vida, pela fé, nas mãos do Deus criador dos céus e de terra. Já, Raabe, pela fé, confiou na misericórdia e no poder de Deus e obteve salvação para si e sua família. Veja a confissão que ela faz no final do verso 11, ao reconhecer que Iaveh estava acima dos deuses da religião cananéia: "O Deus de vocês, o Senhor, é Deus lá em cima no céu e aqui em baixo na terra". Estas palavras, proferidas por Raabe, são uma declaração de contrição, de arrependimento. Centenas de anos mais tarde, Jesus, o ungido de Deus, descendente da prostituta Raabe, disse de uma outra jovem, quando essa lavou seus pés com óleo e os enxugou com os cabelos: "Você está vendo esta mulher? Quando entrei, você não me ofereceu água para lavar os pés, porém ela os lavou com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me beijou quando cheguei; ela, porém, não pára de beijar os meus pés desde que entrei. Você não pôs azeite perfumado na minha cabeça, porém ela derramou perfume nos meus pés. Eu afirmo a você, então, que o grande amor que ela mostrou prova que os seus muitos pecados já foram perdoados. Mas onde pouco é perdoado, pouco amor é mostrado". Lc 7.44-47. Eis o milagre do perdão. Milagre que cobriu Raabe e, em nome de Jesus, clamamos para que cubra também a vida de Aminal Lawal. 

Nona semana A ARITMÉTICA DA COMUNHÃO CRISTà

Quando falamos de comunhão, mesmo sendo de comunhão na igreja, não podemos nos esquecer que a igreja é formada por famílias, por isso o apóstolo Pedro na sua primeira carta, no capítulo três, fala às esposas cristãs de maridos não-cristãos e aos maridos cristãos de esposas não-cristãs, embora seus conselhos não se restrinjam a estes casos. O primeiro grupo, as esposas cristãs de maridos não-cristãos, seria mais numeroso do que o segundo, devido à estrutura patriarcal da sociedade. Quando uma esposa pagã se convertia, não podia esperar que o marido a acompanhasse nessa decisão. Mas se era o marido que se convertia, era quase certo que sua esposa aderisse à decisão dele. Para o grupo conversar: Em nosso grupo, temos quantos casais? E cada casal, quanto anos têm de vida em comum? Quem se converteu primeiro? E o outro como veio a conhecer o Senhor Jesus? Para Pedro, o Espírito de Cristo devia manifestar-se nas relações sociais, e por isso também na vida diária no lar. Pedro tinha em mente a relação conjugal e não as relações que existem entre homens e mulheres. A atitude que Pedro defende não é a convencional do patriarcalismo de seus dias, mas é a expressão da ética cristã da comunhão. Por isso, propõe que, semelhantemente a Jesus Cristo, quando as esposas são cristãs e os maridos não, esses maridos, que não obedecem à Palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento delas. Pedro faz um jogo de palavras. No primeiro caso, refere-se à Palavra de Deus, e, no segundo caso, refere-se ao uso comum da palavra. Os maridos que não aceitam a Palavra de Deus podem ser ganhos pelo procedimento digno de suas esposas, sem que estas precisem pronunciar uma só palavra. Sabemos que os brigam, mas aqui, hoje, o importante é saber como você faz as pazes. Você faz as pazes porque um dos dois cede? Você dá um tempo e depois os dois conversam sobre a questão? Conte para o grupo a sua experiência. A comunhão é um fator essencial da vida cristã. A comunhão da esposa cristã, quando seu marido não é cristão, tem uma finalidade evangelística. E quando os dois são cristãos essa comunhão é mútua. Um é com jugo do outro, cônjuge. O apóstolo Pedro exorta os maridos à comunhão, a relacionarem-se com suas esposas com discernimento. Ou seja, mostrando-se sábios e companheiros nas relações íntimas da vida conjugal. Assim, fica aqui um alerta a todos nós: a falta de compreensão entre marido e mulher, egoísmo da parte de um ou de outro, ou qualquer coisa que provoque atritos na vida afetiva do casal, terá repercussão na comunhão da igreja. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. Para ler e refletir JESUS, A CANÇÃO DA VIDA "O pecado está à porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo." Deus alerta Caim. Há pessoas que fazem a apologia do roubo, do assassinato e da destruição. Há pessoas que consideram o pecado uma arte e vêem muita utilidade nele. Estamos diante da cultura da guerra e da morte. Talvez por isso a Palavra afirme que este mundo jaz no maligno. Não sei se você já ouviu falar da Sociedade para a Promoção do Vício ou do Clube do Fogo do Inferno, fundados por Sir Francis Dashwood. Ou se leu alguma coisa sobre a Sociedade para a Supressão da Virtude. O certo é que essas associações existiram na Inglaterra do século XIX, mas, sem dúvida, a mais estranha era a Sociedade para o Encorajamento do Assassinato, formada por aficionados em carnificinas e especialistas em assassinatos. Bem, não sei se você já parou para pensar no assassinato. É quase certo que não, mas um escritor inglês, Thomas De Quincey (1785-1859), um sujeito estranho, que morava em lugares imundos, só saia à noite, e durante 50 anos foi um "comedor de ópio", parou para pensar no assunto e escreveu um livro chamado "Do Assassinato como uma das Belas Artes". De Quincey tinha uma coluna diária na Westmorland Gazette, onde só tratava de crimes terríveis. E justificava sua morbidez dizendo que tais artigos levavam os leitores a uma profunda reflexão moral. Não sei se ele tinha razão, mas hoje vou conversar com você sobre o assassinato. "Portanto -- como disse De Quincey -- que nos seja permitido tirar o melhor partido de um mau assunto; que o tratemos esteticamente, e verifiquemos se o podemos aproveitar dessa maneira. Secamos nossas lágrimas e gozamos a sensação de descobrir que uma transação que, considerada moralmente chocante, se for julgada pelos critérios do gosto, revela-se uma obra muito meritória". "Segundo este princípio, cavalheiros, proponho-me a guiar-vos os estudos desde Caim... Através desta grande galeria do assassinato, que nos seja permitido vagar de mãos dadas, juntos, em admiração deliciada. O primeiro assassinato é conhecido de todos. Como inventor do assassinato e pai da arte, Caim deve ter sido um gênio de primeira grandeza. Todos os Cains foram homens de gênio...". "Assassinei um homem porque me feriu, assassinei um moço porque me machucou. Se sete pessoas são mortas para pagar pela morte de Caim, então se alguém me matar serão mortas setenta e sete pessoas da família do assassino”. Lameque fala às suas mulheres. Bem, se você não está chocado, vamos seguir. De Quincey faz algumas propostas para a realização de um assassinato. "Quanto à pessoa, suponho evidente que deve tratar-se de um homem bom; porque, se não for esse o caso, ele poderá estar, ao mesmo tempo, contemplando a possibilidade de cometer assassinato". Ainda quanto à pessoa, "a vítima escolhida deve também possuir uma família de crianças inteiramente dependentes de seus esforços, de modo a aprofundar o pathos”. Quanto à oportunidade e ao lugar, "o bom senso do praticante o tem geralmente guiado para a escolha da noite e da intimidade. Contudo, não tem havido falta de casos que esta regra foi abandonada com excelentes efeitos”. De Quincey, segundo especialistas, escreveu trechos inteiros de seu livro sob o efeito do ópio, mas paradoxalmente ele nos leva a pensar sobre que razões, motivos ou deleites levariam um ser humano a assassinar outro. Por ser tal ato tão terrível, nossa vida é protegida por leis e é por isso que as guerras são execradas. Mas, muita gente tenta justificar o injustificável. De Quincey se baseia na possibilidade do prazer e da beleza do ato, outros numa possível necessidade de prevenção contra um mal futuro. Mas, cuidado, como canta Lameque, quando não há arrependimento, o pecado -- pessoal ou social -- sempre se multiplica. "Vocês são filhos do Diabo, e querem fazer o que o pai de vocês quer. Desde a criação do mundo ele foi assassino e nunca esteve do lado da verdade”. Palavras de Jesus. E já no final deste texto, eu me lembrei de "Inscrição para uma lareira" de Mário Quintana, quando o poeta afirma que "a vida é um incêndio: nela/ dançamos salamandras mágicas/ Que importa restarem cinzas/ se a chama foi bela e alta?/ Em meio aos toros que desabam/ cantemos a canção das chamas! Cantemos a canção da vida,/ na própria luz consumida.” Não, a vida não precisa ser um inferno. Que o poeta me perdoe, mas não necessitamos cantar a vida na própria luz consumida! Por que cantar a destruição se Jesus veio para que tenhamos vida e vida plena? Diga não à apologia do roubo, do assassinato e da destruição. Jesus é a canção da vida! 

Décima semana MOMENTOS DE DESPEDIDA 

Os momentos mais difíceis da comunhão são os momentos de despedida. Pode ser uma viagem, a mudança por razões de trabalho, um chamado missionário ou a perda de uma pessoa querida. Você já viveu um momento marcante de despedida? Conte para o grupo como foi. Em Atos dos Apóstolos 20.22-28 temos uma história eletrizante. Era a última vez que o apóstolo Paulo passaria por aquela região e não teria tempo de ir à cidade de Éfeso. Por isso, ele pediu à liderança da igreja que fosse visitá-lo enquanto o navio fazia sua escala. E foi ali na beira da praia, enquanto o navio estava ao largo, que a despedida se deu. Todos abraçaram e beijaram o apóstolo, sabendo que era a última vez que o viam: "Agora eu vou para Jerusalém, obedecendo ao Espírito Santo, sem saber o que vai me acontecer lá. Sei somente que em todas as cidades o Espírito Santo tem-me avisado que prisões e sofrimentos estão me esperando". Atos dos Apóstolos 20.22-23. Nossa comunhão com as pessoas, por mais importante que sejam para nossas vidas, implicam, muitas vezes, em momento de separação. Na sua vida, você já enfrentou algum momento triste de perda de uma pessoa querida? Você já superou a dor? O que esse momento lhe ensinou? A atitude do apóstolo Paulo deve ser a minha e a sua. Nossa vida espiritual deve obedecer à vontade de Deus, de tal maneira que o Espírito Santo nos fale, nos tranqüilize, nos oriente. A comunhão cristã exige vida em conformidade com a vontade de Deus. O que vamos fazer deve sempre ser produto da ação do Espírito Santo em nosso ser, dizendo-nos como agir a cada momento. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. Para ler e refletir O CORPO E O BAILE Um outdoor estava presente na cidade de São Paulo no Carnaval. Nele uma jovem diz: "Mostre que você já cresceu e sabe o que quer, use camisinha". Por incrível que pareça tal slogan tem várias leituras. Uma delas é: você que é mocinha, dona do seu próprio nariz, faça sexo. Tal slogan nos remete a uma questão teológica, que envolve os conceitos carne e corpo. E começaremos tal discussão a partir de texto clássico da literatura brasileira: "Invadiu-a um desalento imenso, um nojo invencível de si própria. Robustecer o intelecto desde o desabrochar da razão, perscrutar com paciência, aturadamente, de dia, de noite, a todas as horas, quase todos departamentos do saber humano, habituar o cérebro a demorar-se sem fadiga na análise sutil dos mais abstrusos problemas da matemática transcendental, e cair de repente, com os arcanjos de Milton, do alto do céu no lodo da terra, sentir-se ferida pelo aguilhão da carne, espolinhar-se nas concupiscências do cio, (...) como uma cabra, como um animal qualquer... era a suprema humilhação." A Carne de Júlio Ribeiro é um romance naturalista publicado em 1888, que fala de divórcio, sexo livre e aponta para a liberdade sócio-cultural feminina. Mas, apresenta também os preconceitos da sociedade escravocrata no Império. A Carne é a história de Lenita, uma jovem órfã de mãe, cujo pai lhe deu uma educação sofisticada e fora do comum para a época. Aos 22 anos, após a morte de seu pai, Lenita teve a saúde abalada e foi viver no interior de São Paulo. Lá, conheceu Manuel, um intelectual que vivia trancado com seus livros e que de vez em quando fazia longas caçadas. Lenita e Manuel tornam-se amantes e o romance de Júlio Ribeiro narra a trajetória desse amor, marcado por desejo e violência, por luta entre a razão e a carne. "As pessoas que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza". O texto de Paulo (Gálatas 5.24) fala de paixões e desejos. Paixão, paté, aqui, indica deficiência que domina a natureza humana (sarks em grego, carne). O texto discorre sobre a possibilidade de controle desta disfunção quando afirma que aqueles que pertencem a Cristo crucificaram todas as paixões e desejos da natureza humana. Durante a Idade Média, grupos de cristãos interpretaram a exortação à crucifixão da carne como apelo ao sofrimento e suplício, ao encarceramento e solidão, procurando causar dor e desprazer ao próprio corpo. Mas Paulo faz diferença entre carne e corpo. Carne nos remete às disfunções que envolvem desejos e paixões como prostituição, impureza, lascívia. E corpo traduz a materialidade do ser, a base para a realização da existência. O domínio e o exercício do corpo advêm como expressividade quando há integração lingüístico-cultural. O corpo resiste ao sentido, não é resto, despojado de vida, como entendido pelos gregos, na sua configuração de soma, cadáver. Trata-se de nefesh, singularidade no mundo, face ao outro, interpelado, atravessado por afeições e sentimentos. Orgânico, natural, alia indeterminação entre a dimensão lingüístico-cultural que o atravessa e constitui e a dimensão emotiva que o movimenta. Por isso o corpo -- e com ele as emoções, sentimentos e a própria razão -- é dimensão profunda do ser. É o corpo que projeta as forças que vão moldar o ser aos desejos e paixões. Nesse sentido não há pecado da carne, sem que antes tenha passado pelo próprio corpo. No romance A Carne, Lenita encontra cartas de outras mulheres guardadas por Manuel, sente-se traída e o abandona. Mesmo grávida, casa-se com outro homem. Manuel, diante da perda da amante, suicida-se. "A placidez da morte sem dor, da morte pela paralisia dos nervos motores, converteu-se em um suplício atroz, pavoroso, para cuja descrição não tem palavras a linguagem humana". "Morto e vivo!" "Tudo morrera: só vivia o cérebro, só vivia a consciência e vivia para a tortura... Por que não ter despedaçado o crânio com uma bala? A paralisia invadiu os últimos redutos do organismo, o coração, os pulmões, sístole e diástole cessaram, a hematose deixou de se fazer. Um como véu abafou, escureceu a inteligência de Barbosa, e ele caiu de vez no sono profundo de que ninguém acorda". Assim, Júlio Ribeiro finaliza o resultado da batalha perdida entre a razão e a carne. Para ele, os triunfos dos desejos e paixões da carne levam, ao final, à morte do corpo. É isso que Paulo nos fala. Por isso, quer no Carnaval, ou em qualquer outra atividade humana, a liberdade deve levar à vida e não à morte, já que a liberdade se realiza no tropismo do corpo à vida. 

Décima-primeira semana A RESSURREIÇÃO, UMA LIÇÃO DE COMUNHÃO 

“E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu”. (Lucas 24.21). Quando pensamos na ressurreição pensamos em duas coisas: lá atrás na história, Deus ressuscitou Jesus. E lá na frente, um dia, Deus vai nos ressuscitar. Assim, a ressurreição tem passado e futuro. São duas colunas: passado e futuro. Mas e hoje? Será que a ressurreição tem alguma coisa a ver com o meu presente? Como ela fala sobre comunhão para mim, hoje? Durante três anos Jesus manteve comunhão com os discípulos. Agora, aqueles dois, ali na estrada de Emaús se sentiam abandonados. É, todos sabemos que a morte personifica os limites da existência. A morte personifica o medo existencial, o fim da esperança, a perda do sentido da vida. E naquele entardecer, naquela estrada, os discípulos entristecidos afirmaram que, com a morte de Jesus, havia morrido algo na vida deles... A comunhão tinha acabado! Assim como a morte do esposo mata algo na esposa, como a morte do amigo mata algo naquele que fica, a morte de Jesus matara naqueles dois discípulos a vida que dava sentido ao caminhar de cada um deles. Foi isso que aconteceu com aqueles discípulos de Emaús: vagavam à noite pela estrada da vida, cabisbaixos, derrotados. A vida não tinha mais sentido para eles. Converse com o grupo: Você já viveu algum momento em que sentiu que tudo tinha perdido o sentido? Com foi isso? E é assim que acontece conosco muitas vezes: andamos desesperançados, derrotados pela realidade que esmaga a vida e destrói o futuro. Mas a comunhão renasce pela fé na ressurreição “Mas eles insistiram com ele para que ficasse, dizendo: Fique conosco porque já é tarde, e a noite vem chegando. Então Jesus entrou para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus”. (Lucas 24.29-31). A comunhão renasce quando nos reunimos com os irmãos e irmãs ao redor da mesa, ouvimos a Palavra e repartimos o pão. Nós vencemos a solidão e o desespero quando redescobrimos o sentido da ressurreição. E ela é mais que uma lembrança do passado e um futuro de esperança. É um fato presente, uma bênção da integridade de Deus para nossa vida presente. A ação de Deus que no passado trouxe Jesus à vida é a mesma que a cada dia te dá força. Mas lembre-se: a descoberta da ressurreição não é um ato solitário. É um ato solidário, que implica em ouvir a Palavra e repartir o pão. A ressurreição de Jesus é a expressão permamente do compromisso irrevogável de Deus conosco. Para conversar com o grupo: Você é uma pessoa tímida? Tem vergonha de participar, de se envolver? Você está triste e solitário? Como podemos ajudar este irmão ou irmã? Em que sentido podemos repartir o pão da ressurreição com ele ou ela? Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. Para ler e refletir O SERMÃO DO FOGO O príncipe dos pregadores do século dezenove, Charles Haddon Spurgeon, fez um sermão que ficou conhecido como Apressando a Ló, com base no texto de Gênesis 19.15. O centro dessa mensagem de Spurgeon é que diante de uma cidade que vai arder, justos e pecadores devem ser apressados. O justo deve ser apressado em relação ao que é melhor para sua família, a sair do mundo e à obediência ao Senhor. E o pecador deve ouvir do perigo iminente e da necessidade de tomar uma decisão imediata. O pano de fundo do sermão é a cidade que vai arder. Décadas mais tarde, um poeta norte-americano, de ascendência inglesa, escreveu sobre um mundo que já ardeu. Seus poemas traduzem a angústia profética diante da guerra e do drama humano. Terra Desolada é um dos mais impressionantes poemas de Thomas Stearns Eliot. É um gemido diante de um mundo árido, onde sobreviventes se arrastam e agonizam. Escrito entre 1921 e 1922, é considerado o mais terrível poema da literatura ocidental no século 20. Mas, em meio ao desespero, podemos ver o sentido de transcendência que brota na Terra Desolada desse cristão agoniado diante do destino humano. No final da terceira parte do poema, chamado O Sermão do Fogo, terror e êxtase se complementam: A Cartago então eu vim/ Ardendo, ardendo, ardendo, ardendo/ Ó Senhor Tu que me arrebatas/ Ó Senhor tu que me arrebatas/ ardendo. Eliot em suas notas conta que o primeiro verso acima foi tirado das Confissões de Agostinho, quando o teólogo diz: "A Cartago então eu vim, onde todos os amores ímpios, como num caldeirão, cantavam em meus ouvidos". E o verso seguinte faz parte do Sermão do Fogo, de Buda, que tão conhecido no mundo oriental quanto o Sermão da Montanha para nós cristãos. E volta às Confissões de Agostinho, com o verso: "Ó Senhor Tu que me arrebatas". Eliot afirma que "a inserção destes dois representantes do ascetismo oriental e ocidental no ponto culminante desta parte do poema não é fortuita", já que através de uma leitura une oriente e ocidente transmite ao leitor toda a angústia diante de um mundo que arde. Três anos mais tarde, Eliot lançou Os Homens Ocos onde, ainda em meio ao mundo desolado, fala de homens vazios, empalhados. E é aqui, neste poema, que a transcendência transborda, apontando para um sentido profundo de conversão. Entre o desejo/ E o espanto,/ Entre a potência/ E a existência/ Entre a essência/ E a descendência/ Tomba a Sombra Porque Teu é o Reino/ Porque Teu é/ A vida é/ Porque Teu é o E numa estrofe sublime, genial, completa: Assim expira o mundo/ Assim expira o mundo/ Assim expira o mundo/ Não com uma explosão,/ mas com um suspiro. Diante de uma cidade que vai arder, de um mundo que já ardeu, ficam a urgência e a esperança... "e como ele estava demorando, os anjos pegaram pela mão Ló, a sua mulher e as suas filhas e os levaram para fora da cidade..." 

Décima-segunda semana A SABEDORIA QUE NASCE DA COMUNHÃO 

Você já viveu uma situação em que se sentiu contra a parede e em que não tinha a mínima idéia do que fazer? Já precisou tomar uma decisão sobre uma situação complicada e problemática, mas o problema era maior que a sua capacidade para resolvê-lo? Nessas horas é que você precisa ser sábio. Nessas horas é que você precisa comungar com seus irmãos e irmãs. Você precisa, com eles e elas, olhar para as coisas da perspectiva de Deus e saber o que fazer: isso é sabedoria. Você sabe que precisa dela, mas como a adquirir? Provérbios 9.10 diz que o começo da sabedoria é temer a Deus. Ora, temer significa obedecer, honrá-lo por tudo o que Ele é, faz e pode fazer. Temer a Deus significa confiar nele e ter a certeza de que Ele ajuda você a tomar decisões e resolver problemas. Sabedoria é um presente de Deus. Ele dá sabedoria pela confiança que você coloca nele. Mas a sabedoria vem a palavra suave e amiga dos irmãos e irmãs, na multidão dos conselheiros. Aqueles e aquelas que por amor dividem a carga difícil que você está levando. E como podemos ajudar? Você já parou para ouvir seu irmão ou irmã que atravessa um momento difícil. Que precisa tomar uma decisão? E como você fez isso? Dando conselhos sobre o que você não conhece? Ensinando empresários a gerirem suas empresas, quando na verdade você é um professor de geografia? É interessante que Provérbios 9.10 diz que para ter compreensão das coisas você precisa conhecer o Deus santo. Conhecer a Deus é algo muito mais profundo do que saber coisas sobre Deus. Conhecê-lo não acontece da noite para o dia, e nunca alguém irá conhecê-lo completamente. Você é um conselheiro quando você conhece a Palavra de Deus, sua fidelidade e sua vontade para nossas vidas. A sabedoria nasce da comunhão quando estamos rodeados e amparados em pessoas comprometidas com o Evangelho. Deus se dá a conhecer através de sua Palavra, a Bíblia. Pelo estudo dela conhecemos Deus cada vez melhor, e Ele nos dá sabedoria através dela e da comunhão com os irmãos. Confie em Deus, cerque-se de cristãos que vivem coerentemente a fé, e você será sábio. Conheça Deus, viva em comunhão, e você será uma pessoa sábia. Durante a semana, medite nos seguintes textos e converse com Deus. Segunda Gênesis 15.18-24. Terça Gênesis 17.1. Quarta João 1.14-18. Quinta Mateus 5.12-15. Sexta 1Coríntios 1.5-9. Sábado Filipenses 4.4.-7. Domingo Isaías 9.2-3. 

Para ler e refletir AS FRONTEIRAS DA IGUALDADE E DA LIBERDADE 

“Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem e mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus”. Este artigo teve origem com a tese de doutorado de Joel Antônio Ferreira, A abertura das fronteiras rumo à igualdade e liberdade: a perícope da unidade em Cristo - Gálatas 3.26-28, defendida na Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, em 2001. Esses versículos de Paulo, segundo Ferreira, são a chave para se entender toda a carta. Pois é a partir dela que Paulo discorre sobre a possibilidade da superação das desigualdades raciais e religiosas, sociais e de gênero na igreja. E o fundamento do argumento de Paulo é a unidade em Cristo, que possibilita a igualdade e liberdade, e que conduz à unidade do corpo de Cristo. Assim, Gálatas 3.26-28, coração da carta aos gálatas, faz uma proposta de abertura de fronteiras, de derrubada de muros, de superação de conflitos e antagonismos que dividem a igreja. Sem dúvida, Paulo apresenta questões desafiadoras para os cristãos. Igualdade e liberdade desafiam a igreja de hoje, quando leituras tendenciosas fazem uma perigosa releitura da eclesiologia e do evangelho. Desafiado por essas duas questões -- igualdade e liberdade --, Ferreira utilizou o modelo conflitual de leitura sociológica para detectar as contradições nas comunidades da Galácia do Norte. E viu que os conflitos eram gerados por disparidades raciais, sociais e de gênero, e que o apóstolo Paulo acreditava que podiam ser superados pela unidade em Cristo. Paulo propõe a superação das barreiras de raça, condição social e sexo e dirige a igreja aos fundamentos da unidade através da superação das discriminações e da abertura de fronteiras para uma comunidade de onde todos tenham as mesmas possibilidades. A abrangência trabalhada por Ferreira, nos leva a uma reflexão sobre três assuntos que estão imbricados na abertura de fronteiras: igualdade; liberdade e unidade em Cristo. Como analisou Ferreira, Paulo, nos obriga a repensar às questões de etnia, escravidão e gênero, extrapolando as paredes da igreja e apresentando ao mundo uma proposta de abertura de fronteiras, onde haja aequalitate, paridade, iguais direitos e oportunidades, e libertate, de tal forma que cada pessoa possa dispor seu arbítrio, em pleno gozo dos direitos de ser humano autônomo diante de sua consciência e de Deus, como imagem dele, que tem garantidos seus direitos à existência e à vida E isso me faz lembrar Rudolf Bultmann, quando diz: "Ao homem que se lamenta: 'Não consigo ver significado na história, e, portanto, minha vida, entrelaçada com ela, também é destituída de significado', respondemos: não fiques olhando ao redor de ti, para a história universal, mas olha para tua história pessoal. O sentido da história sempre está contigo no teu presente, e tu não podes vê-lo como mero espectador, mas somente em tuas decisões responsáveis. Em cada momento dorme a possibilidade de vir a ser o momento escatológico. Cabe a ti despertá-la". [R. Bultmann, Storia ed escatologia, Milão, Bompiani, 1962, p. 176]. Esta é a mensagem de Paulo para os gálatas, ontem, e para o mundo, hoje: Se formos um só em Cristo Jesus - e é isso que deve ser buscado --, nem a igreja, nem a sociedade humana podem estar divididos entre judeus e palestinos, entre miseráveis e poderosos, entre homens e mulheres.