Amanhã, sábado, dia 9 de junho, teremos um debate com o Professor Mestre Leandro Seawright Alonso na Câmara Municipal de São Paulo a partir das 9 horas. Ele vai expor suas pesquisas acadêmicas na Universidade de São Paulo sobre a última eleição presidencial e a participação dos evangélicos nela. Os resultados de sua pesquisa, dissertação de Mestrado, resultaram na publicação do livro, "Entre Deus, o Diabo e Dilma". Como a pesquisa foca a posição de liderança de destaque dos batistas brasileiros na campanha eleitoral à presidência, achei por bem publicar um resumo mínimo da identidade batista, já que a audiência será formada por pessoas de diferentes tradições religiosas ou mesmo sem religião. Conto com a presença lá dos paulistanos que lêem este blog. Forte abraço para todos e todas. Jorge Pinheiro.
Making A Way: Grace Baptist Church Choir of Mount Vernon, NY
Os batistas são, depois do
pentecostalismo, a ramificação mais numerosa do protestantismo evangélico,
compreendido como um cristianismo biblicista, conversionista e militante. É a
principal confissão protestante norte-americana e tem um crescimento significativo
no Brasil. Em termos gerais, desenvolveu-se a partir de cinco traços distintivos:
- A
prática do batismo por imersão da pessoa convertida, como testemunho de
compromisso e fé
- As
Escrituras como regra em matéria de doutrina, ética e fé
- Eclesiologia
congregacionalista e de proclamação, com autonomia da assembléia local
composta de militantes engajados
- Teologia
de inspiração calvinista, com destaque para a conversão pessoal
- Defesa da liberdade de consciência e de expressão, e oposição à qualquer interferência da autoridade civil ou eclesiástica na vida da igreja
Esse protestantismo evangélico se
caracteriza, assim, pela referência à tradição confessional, mas também por uma
plasticidade marcante. A nível global, a Aliança Batista Mundial/ABM
reúne cerca de 35 milhões de batistas e busca definir políticas de evangelização,
reconciliação entre batistas, defesa da liberdade religiosa e assistência às
igrejas batistas localizadas em regiões carentes do mundo. A Aliança Batista
Mundial foi fundada em Londres em 1905.
Os precursores dos batistas foram,
ideologicamente, os anabatistas da época da Reforma. Congregações anabatistas da
Holanda no início do século XVII e grupos de puritanos independentes ou congregationalistas,
que fugiram da Inglaterra para a Holanda fazem parte dessa construção histórica.
Influenciados pelos anabatistas, puritanos independentes convenceram-se de que
o batismo cristão é apropriado apenas para adultos convertidos, como testemunho
de seu compromisso e fé pessoal.
De volta à Inglaterra, este grupo formou
a primeira congregação batista em 1611. Duas décadas depois, Roger Williams
(1639) formou a primeira congregação batista em Providence (Rhode Island). A
partir de então, os batistas, já com influências da teologia calvinista,
cresceram rapidamente nos Estados Unidos. A democracia informal centrada nas
Escrituras tornou-se uma referência política na construção de igrejas em
situação de fronteira, sob as condições rurais instáveis do Sul, Meio-Oeste e
Extremo Oeste norte-americano. Assim, essas regiões foram densamente povoadas pelos
batistas, uma tendência que se mantém até hoje.
Os batistas olham a vida cristã como fé
pessoal, serviço e testemunho. Isso faz dos batistas militantes da causa protestante
evangélica. Cada pessoa deve nascer de novo, estar convertido para uma nova
vida e a partir daí congregar numa igreja. Para os batistas, a igreja local é o
resultado da conversão e da graça, uma comunidade de crentes reunidos: não é a
mãe da experiência cristã, nem fonte de graça, como na tradição católica.
A igreja local é santa porque a fé e a
vida de seus congregados são santas. A igreja local, pelo menos em princípio,
não tem nenhuma autoridade sobre seus membros, em sua liberdade de consciência, por exemplo, política, ou em assuntos eclesiásticos.
A plasticidade batista
Devido à sua plasticidade, os batistas temos
mostrado características opostas na história. Pela ênfase na autoridade da Bíblia,
na compreensão puritana estrita, na ética vitoriana, e entendimento da absoluta
necessidade da fé e santidade pessoal, a maioria dos batistas é conservadora,
tanto nas questões de fé, como de moral. Mostram-se temerosos diante das filosofias
e teologias modernas e da política liberal. O evangelho é a Bíblia interpretada literalmente, dentro dos princípios tradicionais batistas. A ética
cristã são os princípios básicos das Escrituras, que nenhum batista deve
abandonar. Por esta razão, muitas convenções batistas se recusam a aderir ao
movimento ecumênico e ignoram o evangelho social e sua preocupação com a
justiça econômica, política e social.
Porém, devido a ênfase na liberdade de
consciência e de crença pessoal e a importância da vida cristã longe da autoridade
eclesiástica, de dogmas e rituais, os batistas são líderes do liberalismo tanto
a nível político como teológico. Muitos seminários e igrejas batistas são
conhecidas por estilo de adoração, atitudes sociais e teologias liberais. Os
batistas foram importantes na criação do movimento ecumênico no início do
século XX. Nas controvérsias que dominaram o século XX nos Estados Unidos entre
teologia moderna versus fundamentalismo,
entre o evangelho social versus o evangelho individual, e entre ecumenismo versus exclusivismo.
Martin Luther King Jr.
Mas, os batistas tiveram sempre papéis de
destaque nos dois polos, apesar de contrários. Exemplo disso foram Walter Rauschenbusch,
pastor e teólogo batista e um dos teóricos do Evangelho Social, e Martin Luther King Jr., pastor e líder pelos Diretos Civis nos Estados Unidos. E no Brasil
podemos citar o Manifesto dos Ministros Batistas de 1963, de claro conteúdo político
e social a favor das reformas de estrutura no país.
Os livros de Walter Rauschenbusch em inglês estão nas livrarias on-line.
"Orações por um mundo melhor", em português, você se encontra fácil.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire