Revista Eclésia 134
Entrevista com Jorge Pinheiro
1 - É possível estabelecer alguma relação
entre mitologia e cristianismo?
Jorge Pinheiro -- Remonta às origens do
ser humano a busca por soluções para os problemas referentes à natureza, sua
origem, o modo como ela se comporta, as transformações que nela se verificam e
seu caráter de continuidade. Estes questionamentos levaram, em uma primeira
instância, ao surgimento de mitos, formas pictóricas para a explicação dos
fenômenos – em geral, da natureza.
2 -
Mitologia é uma religião?
Jorge Pinheiro -- A passagem dos mitos
para a razão aconteceu, primeiramente – até onde se tem notícia –, na Grécia
Antiga, por volta de 600 a.C. Cem anos antes, Homero e Hesíodo haviam
confeccionado um apanhado da mitologia grega. Os pioneiros da filosofia
criticaram a semelhança dos deuses com os humanos, mencionando que talvez os
mitos fossem pura imaginação dos homens. Estas críticas associadas à nova
estruturação política e social da Grécia -- cidades-estados, nas quais os
cidadãos podiam dedicar-se livremente à discussão de temas sociais e
filosóficos, pois todo o trabalho braçal era desempenhado por escravos --,
propiciaram o desenvolvimento de uma maneira de explicar o mundo, não mais
através do mito, mas sim pelo principal bem de que dispõe o filósofo: a razão.
Entretanto, apesar das críticas dos primeiros filósofos à concepção mítica do
mundo, a filosofia não se caracteriza por uma ruptura radical com a mitologia,
mas sim por um fluxo gradual a partir desta.
Como a nova
ordem política permitiu aos cidadãos gregos esse encontro de idéias, que se
defrontavam e provocavam nas pessoas a necessidade de um esforço intelectual
mais intenso, seguiram-se, em sua esteira, as concepções referentes à natureza.
Dos mitos restaram os rituais religiosos, os mistérios das seitas, e a enorme
influência de toda uma história da qual permaneceram rastros. Olhando para a
natureza, o homem viu que existia a necessidade de prolongar sua experiência
intelectual até seus domínios. Era preciso buscar respostas na razão, no
confronto de raciocínios, na formulação e refutação de teses. Existe, pois, um vínculo forte entre a
sociedade e a natureza. Antes, ambas estavam reunidas sob o véu dos mitos. Ao
separar-se uma da outra, os cidadãos gregos serviram-se do mesmo modelo de
pensamento para ordená-las. Nem poderia ser diferente, não faria o menor
sentido um povo adotar um regime democrático, onde a divulgação e o debate de
idéias eram essenciais, se permanecessem agarrados aos mitos no que concernem
as explicações cosmogônicas.
3 - Em obras de importantes escultores e
pintores renascentistas -- como Miguelangelo, Rafael Sanzio, e outros -- ficam
evidentes muitas das características do classicismo, da arte grega. Em se
tratando de religião cristã podem-se apontar características que tenham sido
influências da mitologia grega?
Jorge Pinheiro -- Como paradigma
sagrado de compreensão, o mito era um saber que, interpretando a origem do
universo, dos deuses, dos homens e suas instituições, enfim, de toda e qualquer
realidade, fundamentavam e estruturavam a vida individual e coletiva da
comunidade.
No caso da
Grécia antiga, sabemos da riqueza, em número e formas, que apresentava o
conjunto de seus mitos. É discutível se, na experiência grega, a filosofia
apareceu como uma ruptura ou como uma continuação do pensamento mítico. Por um
lado, ela rompeu com o mito no que diz respeito ao modo de investigar: se
podemos descrever a experiência mítica como uma cosmogonia, uma criação ou
recriação religiosa da origem do mundo, a filosofia aparece como uma
cosmologia, uma apreensão do mundo através do logos.
Os mitos gregos tanto no mundo antigo como na modernidade foram amplamente
utilizados por artistas. E a utilização histórica e artística de elementos
pictóricos de mitos gregos não significa em nada uma volta à mitologia. Tal
questão situa-se no campo da estética mais do que no campo da ética.
4 - Quais os aspectos do mundo
contemporâneo que podem remeter à mitologia?
Jorge Pinheiro -- A cultura grega
apresentou uma leitura mítica do destino, que traduzia a maneira de pensar e
viver do helenismo. Na sua época, por razões apologéticas, o apóstolo Paulo
apresentou um conceito de destino que resgatava e transcendia o conceito
veterotestamentário de aliança. Entre os gregos, a religião e o culto de
mistérios traduziam uma luta contra o destino, numa tentativa de colocar-se
acima dele. A origem dos cultos de mistério não pode ser entendida quando os
separamos dos mitos.
Para o ser
humano helênico a luta com o destino era inevitável porque o destino tinha
qualidades demoníacas. Era um poder sagrado e destrutivo. Envolvia o ser humano
numa culpa permanente. Os cultos de mistério, dessa forma, ofereciam uma
purificação das mãos de deuses que manipulando o destino excluíam do ser humano
qualquer possibilidade de liberdade.
Assim, também
a filosofia helênica, através do conhecimento, procurava elevar o ser humano à
transcendência, despojando-o dos objetivos e formas da vida imediata, para
lançá-lo através da abstração em direção ao ser puro. O mundo helênico era um mundo de culpa e castigo
trágico e um profundo pessimismo atravessava todo o conhecimento, desde
Anaximandro, passando por Pitágoras, Demócrito, Sócrates, Platão e Aristóteles.
Diante desse
destino trágico, o mundo helênico tinha necessidade da revelação. Ameaçado por
um destino demoníaco, o mundo helênico ansiava por um destino salvador,
necessitava não somente de liberdade, mas também de graça.
O
cristianismo é a vitória sobre a idéia da força trágica da matéria eterna,
traduz a idéia de que o mundo é uma criação divina. É a vitória da crença na
perfeição do ser em todos seus aspectos sobre o medo trágico e a matéria que
resiste hostil ao divino. É a negação radical do caráter demoníaco da
existência em si. Dá à existência um valor essencialmente positivo e valoriza
os acontecimentos da ordem temporal. Com o cristianismo, ao contrário do que
pensava Anaximandro, a ordem do tempo não leva apenas ao transitório e
perecível, mas também à possibilidade de algo totalmente novo, um propósito e
um fim que dá pleno significado à vida humana.
No
cristianismo o tempo triunfa sobre o espaço. O caráter irreversível do kairós substitui o tempo cíclico,
transitório e perecível do pensamento helênico. A partir desse momento, destino
outorga graça, que traz salvação no tempo e na história. O mundo helênico e sua
interpretação da vida foram superados e com eles, a religião, os mitos e os
cultos de mistério.
Antes, a
filosofia buscava desesperadamente a revelação, agora a revelação apodera-se da
filosofia dando origem à teologia. Assim, a teologia jogou fora o destino
demoníaco e por extensão a metafísica helenística e se apropriou de suas formas
lógicas e de seus conteúdos empíricos. O transitório e perecível da filosofia
helenística não teve importância na formação do pensamento ocidental, mas sim a
idéia da criação divina do mundo e a fé numa providência divina, através da
salvação que se constrói historicamente e acontece no kairós. E isso já não é
helenismo, mas teológica cristã.
Hoje a
globalização excludente é mitologia que consome o mundo. E diante dela devemos
fazer o mesmo que fizeram os cristãos dos primeiros séculos. Assumir o comissionamento que nos foi
entregue. É necessário proferir
um não ao tempo presente. E nessa crítica, o fundamental é envolver-se na
situação histórica concreta, ter a coragem de decidir e colocar-se sob
julgamento, ao nível do particular. O cristão deve olhar o mundo com
atenção. E a luta dos povos em diáspora deve sensibilizar os intelectuais que
fazem parte do corpo da igreja, pois estamos
vivendo uma era de kairós, e as utopias dos povos em diáspora são partes do
clamor contra a opressão globalizadora que caracteriza este início de século.
Não é correto classificar as utopias dos povos em diáspora como simples conflito
racial e religioso, ou como problema localizado em regiões distantes do globo.
Ao contrário, hoje estamos vendo um clamor global do desterrado e excluído. As
utopias de liberdade dos povos em diáspora não serão revoltas raciais e
religiosas se estivermos interessados em praticar a fraternidade cristã. Porém,
pregou-se, por muito tempo, um cristianismo vazio de fraternidade, que não
significava mais que o desejo de que os povos aceitassem passivamente o seu
destino colonial. As nações industriais do Ocidente subjugaram culturas, nações
e povos por razões econômicas. Essas ações de saques internacionais golpearam
os continentes e são os responsáveis pelo baixo padrão de vida que prevalece em
todo o mundo chamado subdesenvolvido.
Nosso comissionamento, dentro da
visão paulina, deve traduzir o pensamento cristão palestino de destino, ou
seja, de estar proposto para algo
sublime, no sentido de que os limites estão dados de antemão, da lei
transcendente na qual está imbricada o conceito de liberdade. Assim, estar predestinado também implica numa trindade
conceitual: (1) o estar predestinado está sujeito à liberdade; (2) estar
predestinado significa que a
liberdade também está sujeita à lei; (3) estar predestinado significa que liberdade e lei são
interdependentes e complementares.
Analisando o
conceito cristão palestino de destino ou estar predestinado, exposto por Paulo
em sua carta aos romanos (8.31-39; e 9), podemos dizer que a liberdade humana
está ligada às leis universais, de tal forma que liberdade e leis se encontram
intrinsecamente entrelaçadas. Aqui Paulo trabalha com um conceito judaico, de
que lei é imposição de limites, que faz parte da revelação, que se expressa
pela primeira vez como criação de Deus. Mas para Paulo, se o mal é uma
probabilidade que surge da correlação lei/graça, o julgamento era inerente a
tudo na criação, mas também a liberdade.
Assim, a
certeza de que o estar predestinado é divino e não demoníaco e tem um
significado realizador e não destruidor é peça-chave do pensamento paulino, que
coloca o logos acima do
destino. Ao fazer isso, Paulo está dizendo que a compreensão do estar
predestinado não está ao alcance do ser humano, nem pode ser submetido aos
processos do pensamento humano. Mas esse logos eterno se reflete através de nossos pensamentos, embora não
exista um ato do pensamento sem a secreta premissa de sua verdade
incondicional. Mas a verdade incondicional não está ao nosso alcance. Em nós
humanos há sempre um elemento de aventura e risco em cada enunciado da verdade.
Mas, mesmo assim, devemos correr este risco, sabendo que este é o único modo
que a verdade pode ser revelada a seres finitos e históricos.
Quando
mantemos relação com o logos eterno e deixamos de temer a ameaça
do destino demoníaco, aceitamos o lugar que cabe ao estar predestinado em nosso
pensamento. Podemos reconhecer que desde o princípio esteve submetido ao estar
predestinado e que o nosso pensamento sempre desejou livrar-se dele, mas nunca
conseguiu. Tarefa teológica da maior importância, na análise cristã do estar
predestinado é saber relacionar logos e kairós. O logos deve envolver e dominar as leis universais, a plenitude do
tempo, a verdade e o estar predestinado da existência. A separação entre logos e
existência chegou ao fim. O logos alcançou a existência, penetrou no tempo e no destino. E
isso aconteceu não como algo extrínseco a ele próprio, mas porque é a expressão
de seu próprio caráter intrínseco, sua liberdade.
É necessário,
porém, entender que tanto a existência como o conhecimento humano estão
submetidos ao destino e que o imutável e eterno reino da verdade só é acessível
ao conhecimento liberto do destino: a revelação. Dessa maneira, ao contrário do
que pensavam os gregos, todo ser humano possui uma potencialidade própria,
enquanto ser, para realizar seu estar predestinado. Quanto maior a
potencialidade do ser – que cresce à medida que é envolvido e dominado pelo logos –
mais profundamente está implicado seu conhecimento no estar predestinado.
Nosso
destino, que aqui deve ser entendido como missão, é servir ao logos, num novo kairós, que emerge das crises e
desafios de nossos dias. Quanto mais profundamente entendermos nosso destino,
no sentido de prokeimai (em grego estar colocado, ser proposto) e o de
nossa sociedade, tanto mais livres seremos. Então, nosso trabalho será pleno de
força e verdade.
Diante da
mitologia da globalização excludente, nosso comissionamento permanece o mesmo
dos primeiros cristãos: levar a graça de Cristo a um mundo em crise, imerso em
culpa e destino trágico.
5 - Existe mitologia cristã?
Jorge Pinheiro -- Dentro da exposição
que fizemos do mito grego não se pode falar em mitologia cristã.
6 - Quanto ao Cálice Sagrado, ou Santo
Graal, que algumas religiões apontam ter sido usado por Jesus na Última Ceia e
que no qual, supostamente, José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Cristo
durante a crucificação, esse pode ser considerado um exemplo de mitologia
cristã?
Jorge Pinheiro – A mitologia é fenômeno
sócio-cultural. Não é um erro ou uma farsa. Quem é que conhece ou define sua
vida pelo Santo Graal? Esse assunto deve ser situado no campo da ficção.
7 - E a Ordem dos Cavaleiros Templários
que, também supostamente, teria realizado importantes descobertas e ter ficado
de posse do Santo Graal?
Jorge Pinheiro – A resposta anterior
elimina esta. Desde quando importantes descobertas são supostas?
8 - Há algum outro exemplo de
"mito" cristão, se é que se pode ser chamado de mito?
Jorge Pinheiro – O cristianismo é uma
fé racional e objetiva que brota do caráter e das promessas de Deus. É uma confiança
racional, porque nasce da reflexão e leva à constatação de que Deus é digno de
crédito. Mas, de maneira nenhuma, lança fora a vontade, a afetividade, a
personalidade, as ações, obras e experiências humanas enquanto componentes e
realidades da fé.
Teologicamente, conhecimento é fé (Hb 11.1). Ela
depende de uma opção da pessoa e é um estado do coração. Vejamos por que: tomando
por base alguns textos (Rm 10.9-10; 1 Jo 5.1; Jo 5. 38-40, 42, 44; 2 Ts 2.10;
At 8. 37) podemos dizer que a fé (1) é um dever e, portanto, a vontade está
incluída; (2) que é uma graça entregue pelo Espírito Santo (1Co 13), e sendo
graça não está limitada ao intelecto; (3) que dá glória a Deus e não se dá
glória a Deus só com a razão, já que envolve toda a personalidade humana; (4)
expressa-se em termos de afeto (2Ts 2.10). Ora receber inclui afeto, implica
assim em engajamento de afetividades (Rm 10.9-10); (5) a falta de fé está
ligada a uma disposição moral (Jo5; Jo 8.33+; Hb 3; Ef 4.17). A incredulidade é
um estado do coração, não é um erro enquanto abordagem meramente racional.
Se não houver arrependimento não há fé verdadeira.
João, o batista, pregava o batismo do arrependimento. E sem regeneração também não
há fé. Os textos que nos levam a pensar assim são 1Co 2.10-16, 1Co 12.3; a
experiência de Nicodemos (Jo 3) e Rm 8.7.
Assim, a idéia de que o cristianismo tem base mítica nasce do desconhecimento
do que significa a fé ou revelação, enquanto processo que inclui coração e
mente, arrependimento e regeneração. O processo de conhecimento da revelação
está ligado à obediência, que em última instância é disposição positiva do
coração, enquanto totalidade da personalidade humana, arrependimento e
regeneração de vida. E isto está longe da mitologia.
9 - Na mitologia grega, Zeus é o deus
supremo do mundo. Há alguma ligação histórica, filosófica, bíblica, entre Zeus
e Deus, nosso Senhor?
Jorge
Pinheiro -- Entre 171 e 169 antes de
Cristo, Antíoco IV Epífanes, rei selêucida, enviou tropas a Jerusalém, ordenou
a abolição da lei judaica e iniciou uma violenta política repressiva. Mandou
construir em Jerusalém uma cidadela para abrigar uma guarnição pagã, levantou
no templo um altar com uma estátua de Zeus olímpico e em dezembro de 167 a.C.
iniciou sacrifícios de acordo com o ritual grego. Os capítulos 6 e 7 de
2Macabeus relatam casos de judeus torturados pelo governo por se recusarem a
comer carne de porco e a fazer sacrifícios a baal shamaim (Zeus). As perseguições do início da década de 170
a.C. falam dos primeiros mártires da história: homens e mulheres que preferiam
a morte a violar os preceitos de sua fé. Dê uma olhada em 1Macabeus 1.59; 2Macabeus
10.5, 6.2 e Daniel 11.31+. O que tem o Eterno, criador dos céus e da
terra, com baal shamaim, o Zeus
olímpico? Nada.
10 - Na sua opinião, qual foi a maior
contribuição da mitologia grega para a humanidade, em todos os aspectos?
Jorge Pinheiro -- A filosofia apreende
a realidade através do questionamento teórico, trabalhando, a partir de uma
visão geral da totalidade, do real, com separações e aproximações de idéias --
dinâmica própria da razão, que estrutura o modo de pensamento que se tornou
mais comum e predominante no Ocidente. Por outro lado, a filosofia tem em comum
com o mito a sua questão: ambos nascem como modos de interpretar a origem (arché) do real. É neste sentido que
Aristóteles, um dos pais da filosofia, escreveu em sua Metafísica: “Por isso,
também o amante de mitos (philomythos)
é, de algum modo, filósofo: pois o mito é composto de extraordinário”.
A proposição de um problema dialético está relacionada à solução de um mistério
ou enigma – forma de problematizar questões, muito empregada pelos gregos da
Antiguidade –, visto que ambas são explicitadas enquanto opostos. Entende-se,
pois, que o racionalismo é um ato contínuo ao misticismo, isto é, são etapas
sucessivas de um processo. Não é sensato desprezar a visão mítica como ponto de
partida para a ideação mais racional, no sentido de não-mítico. O mito foi o
ponto de partida, o primeiro esforço da humanidade. A pergunta que se impõe é
como o ser humano passou a pensar de forma não-mítica? Alguns autores
consideram que houve um salto, chamado “milagre grego”. Esta é uma idéia
ingênua, porque podemos perceber uma relação entre os mitos cosmogônicos, mitos
que descreviam a formação do universo, e a cosmologia dos primeiros filósofos.
Em termos
gerais, a razão é o exercício de procurar e avaliar argumentos antes de aceitar
como bom o que penso saber. É a faculdade capaz de estabelecer ou captar as
relações que fazem com que as coisas dependam umas das outras, e sejam
constituídas de uma determinada forma e não de outra. Ao organizar as notícias,
os estudos ou as experiências, aceitamos algumas à espera de melhores
argumentos. E rejeitamos outras, tentando ligar as crenças entre si com alguma
harmonia. Assim, podemos dizer que o ser humano atravessou o mito em direção à
razão e ao pensamento científico: não há porque voltar a ele.