lundi 27 septembre 2021

É tempo de reconstruir o Brasil

Solidariedade, é tempo de reconstruir o Brasil 
Jorge Pinheiro 


A solidariedade é um tema que aquece corações e desafia mentes. Edgar Morin, desde os tempos da Guerra Civil Espanhola, se debruçou sobre tal desafio e sua relação intrínseca com a economia e a política. Hoje vamos pensar, em vôo de pássaro, a reconstrução do Brasil levando em conta o papel da solidariedade. 

Façamos um breve balanço da pandemia, que eu chamo de peste. Em poucos meses transformou-se numa das principais causas de morte no mundo: matou mais de 3 milhões de pessoas em um ano e meio. 

Desde o seu aparecimento, a peste matou 3 milhões de pessoas para 140 milhões de casos registrados, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins, de 18 de abril de 2021. Os Estados Unidos são o país mais enlutado com mais de 1/2 milhão de mortos (para 31 milhões de casos). Seguem-se o Brasil com cerca de 400 mil mortos (para 13 milhões de casos) e o México, com 200 mil mortos (para 2 milhões de casos). A Índia está em quarto lugar, com 180 mil mortos (para 14 milhões de casos). 

Uma radiografia social 

As pestes são um fenômeno tanto de saúde quanto social. Elas mostram as vulnerabilidades estruturais da sociedade e desafiam o status quo. A pandemia de influenza de 1918 trouxe com suas tragédias grandes mudanças políticas e sociais no mundo: passou-se a ter uma nova visão, positiva, do movimento trabalhista e dos sindicatos, e criaram-se sistemas universais de saúde no correr das décadas seguintes. É verdade que essas mudanças se realizaram de forma diferente de um país para outro. 

Da mesma forma, a pandemia do Covid 19 evidenciou as desigualdades existentes em nossa sociedade, que afeta principalmente as pessoas marginalizadas, tornadas invisíveis ou desumanizadas, como idosos e deficientes físicos. Assim como, também, os milhares de encarcerados em prisões. 

Mas evidenciou também a situação daqueles que vivem em áreas onde a superlotação e a falta de acesso aos recursos são difíceis, como nas comunidades indígenas. Seus efeitos são modulados por local de residência, origem étnica, gênero, classe social. Corremos mais risco de sermos infectados com Covid 19 nos bairros onde as comunidades negras residem do que em outras regiões. As mulheres tiveram que absorver a parcela mais importante das chamadas tarefas domésticas, e as crianças de famílias pobres passaram a ter mais dificuldade em recuperar o atraso escolar acumulado. Sem falar nos impactos em escala global, onde a corrida por equipamentos e por vacinas amplia a lacuna do apartheid global. 

Os múltiplos exemplos de solidariedade que surgiram durante a pandemia revelaram as deficiências desta solidariedade na situação dita “normal”, deficiências causadas pelo próprio desenvolvimento da nossa civilização, que reduz enormemente a solidariedade sob o efeito do individualismo cada vez mais egoísta, juntamente com o efeito de uma compartimentação social cada vez mais fracionada. Na verdade, a solidariedade estava adormecida em cada um e despertou com o infortúnio vivido em comum. Para suprir a carência de poderes públicos, assistimos ao surgimento de um grande número de atos e iniciativas de solidariedade: produção alternativa à falta de máscaras por empresas reconvertidas, roupas artesanais ou domésticas, agrupamentos de produtores locais, entregas ao domicílio gratuitas, ajuda mútua entre vizinhos, alimentação distribuída a moradores de rua, acompanhamento de crianças e contatos mantidos nas piores condições entre professores e alunos”. (Edgar Morin, Necesitamos funerales para despedirnos, y otras lecciones de la pandemia, El País online, 05.11.2020).


Outras medidas importantes foram adotadas por diferentes governos no contexto da peste: benefício de emergência, proibição de despejo de moradias, liberação de presos, planos de regularização de pessoas sem status, abertura de quartos de hotel para acomodação de pessoas na falta de moradia, colaboração internacional em pesquisa científica, planos de ação sobre mudanças climáticas, que estão intrinsecamente ligados às pandemias. Essas intervenções são reformas de pequena escala que estabelecem as bases para novas políticas necessárias. 

Assim, essa pandemia, como a de 1918, nos força a ver nossas fraquezas em meio à dor e às lágrimas. E nos coloca frente a frente com as falhas dos sistemas que construímos. Também nos mostra como corrigi-los. A decisão de fazer isso depende de nós. 

Solidariedade e novas possibilidades 

A pandemia apresenta possibilidades para perceber a fragilidade do mundo. Questiona as interações entre meio ambiente e saúde e o papel da biodiversidade em sua propagação. Refletindo uma visão solidária da saúde pública, pode ser o prenúncio de uma democracia da saúde se a política de saúde se tornar um assunto coletivo e não for mais reservado estritamente a políticos e profissionais de saúde. Esta crise nos exorta a ir além do caráter rotineiro da existência para nos aproximar de uma segunda via. É, este é o desafio, devemos buscar uma maneira diferente de viver. E a solidariedade se mostra como caminho, já que durante a pandemia nos tornamos conscientes de nossa dependência e vulnerabilidade. Assim, pandemia versus solidariedade nos confrontam com a questão do significado da vida. 

A crise também estimulou uma série de iniciativas, que buscaram diferentes remédios para os males que a pandemia causou ou agravou. Textos de intelectuais, cientistas, médicos, depoimentos, sugestões, apelos de artistas solidários e também reflexões e propostas de cidadãos para diagnosticar, prever e expor as bases de uma nova política que visa reformar e até transformar a sociedade.” (Edgar Morin, idem). 

É, de novo afirmo: pandemia versus solidariedade nos confrontam com a questão do significado -- o confinamento é fonte de angústia. O desaparecimento de reuniões, refeições compartilhadas, ritos de amizade fecham as cidades em uma economia doméstica incerta. Porque toda vida foi e está exposta. 

Na medida em que a saúde de cada um depende da saúde de todos, só um serviço público de saúde, equipado com material e pessoal necessários ao seu bom funcionamento, pode permitir-nos evitar outras pestes. Para Morin, “esta crise deve abrir as nossas mentes, há muito confinadas ao imediato”. Porque por trás disso estava a corrida pela rentabilidade, a digitalização da sociedade, a economia just-in-time, a transferência dos serviços públicos para os mercados. Estas fragilidades da sociedade que construímos exigem uma reflexão estratégica sobre nosso futuro comum. 

A crise em uma sociedade desencadeia dois processos contraditórios. O primeiro estimula a imaginação e a criatividade na busca de novas soluções. A segunda pode ser traduzida em uma tentativa de retornar a uma estabilidade anterior ou de se inscrever para uma salvação providencial. A angústia provocada pela crise motivou a busca e denúncia de um culpado. Esse culpado pode ter cometido erros que causaram a crise, mas também pode ser um culpado imaginário, um bode expiatório que deve ser eliminado” (Morin, idem). 

Estou convencido de que existem possibilidades positivas além desta pandemia, se ela nos permitir tomar consciência de nossas fraquezas e voltarmos a nos concentrar no essencial. No entanto, essa compreensão não pode atender apenas à parte mais precária da população, aquela que paga o preço mais alto pela pandemia. As medidas de contenção amplificam as desigualdades. O fechamento da economia aumenta a precariedade e a transforma em pobreza. É essencial, a curto prazo, organizar a ajuda às famílias e empresas em dificuldade para lidar com o vírus. Mas é fundamental, a médio prazo, mobilizar as lições da crise para lançar as bases de economia e políticas solidárias. Devemos propor o retorno ao estado de bem-estar social. 

A indústria deve ser reconvertida para poder produzir equipamentos médicos e medicamentos, mas também equipamento de triagem, reposição de estoques e produção de máscaras. E, logicamente, devemos manter as medidas de barreiras sanitárias. Mas, para além da emergência sanitária, a injeção de liquidez na economia real, já iniciada em alguns países, tanto a nível nacional como comunitário, deve estar presente na economia solidária, evitando que este capital acabe em mercados especulativos. E atenção, deve ser terminantemente proibida a especulação sobre os títulos da dívida pública. 

Uma política solidária de emprego ativa é absolutamente necessária para fazer face ao desemprego que se fez presente. Provavelmente, estará ligada ao setor de serviços, de suporte, de atendimento e de utilidade social, mas também à produção e comercialização de alimentos. 

Finalmente, a política social solidária deverá ser renovada através da reavaliação dos mínimos sociais, um aumento geral dos salários e das pensões mais baixas. Nesta mudança de paradigma, as autoridades e seus parceiros sociais têm um lugar especial a ocupar. Primeiro porque a crise mostrou que é a nível local que ocorre a mudança. E segundo porque não é possivel enfrentar tal crise seguindo uma política de especialistas, que se sentem muito seguros de suas habilidades para ouvir aqueles que estão vivendo na carne a pandemia que se abateu sobre o planeta. 

A pandemia está abrindo perspectivas e possibilidades solidárias. E se você entender isso, assim como os governos que você eleger, um Brasil solidário será possível. Pense como e em que medida você será necessário nesta nova etapa que se abre.











samedi 25 septembre 2021

Morin e eu

A partir de Morin, a nova política 
Jorge Pinheiro 


"Mas se você não sacou, eu vou lhe dizer. 
Não é porque eu sou preto que todo mundo é preto, 
não é porque eu sou branco que todo mundo é branco, 
não é porque eu sou índio que todo mundo é índio. 
Né porque, nem porque, né porque ". 
(Desperta, de Margareth Menezes). 


Edgar Morin se pergunta: o que é complexidade? E diz que, à primeira vista, é um fenômeno quantitativo, uma quantidade extrema de interações e interferências num grande número de unidades. Mas a complexidade não é apenas a quantidade de unidades e interações que desafiam nossa capacidade de cálculo: inclui incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios. Por isso, a complexidade tem sempre um sentido de acaso. 

A complexidade política, na alta modernidade, é vista como marginal e fenômeno emergente. Não está fixa, porque a complexidade é móvel, momentânea e o momento marginal de seu aparecimento é inevitavelmente complexo. Longe de ser um estado, esse momento emergente da política reconstitui o fluxo de tempo, enquanto impulso que o mantém em movimento. É significante que a palavra momento derive da idéia de impulso em latim, mostrando movimento como sendo também pulsão. 

Embora freqüentemente apareça como um ponto simples, o momento político é inerentemente complexo. Seus limites não podem ser firmemente estabelecidos, porque sempre estão trocando de modos, que dão fluidez ao momento. Na política da alta modernidade vivemos o domínio do intermediário, que a teoria da complexidade procura entender. A dinâmica do caos e da complexidade da política parte de certas características que diferem em importância e modos. 

Um sistema complexo é um sistema único composto de várias partes compatíveis, que interagem entre si e que contribuem para sua função básica, sendo que a remoção de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de forma eficiente. Um sistema de tal complexidade não pode ser produzido diretamente, isto é, pelo melhoramento contínuo da função inicial, que continua a atuar através do mesmo mecanismo, mediante modificações leves, sucessivas, de um sistema precursor. 

O exemplo mais popular de complexidade irredutível foi apresentado por Michael Behe (A caixa preta de Darwin): é a ratoeira. Ela tem uma função simples, pegar ratos, e possui várias partes, uma plataforma, uma trava, um martelo, uma mola e uma barra de retenção. Se qualquer uma dessas partes for removida, o aparelho não funciona. Portanto, é irredutivelmente complexo. Um automóvel, em contrapartida, pode funcionar com os faróis queimados, sem as portas, sem pára-choques, etc, embora chegará um momento em que haverá um mínimo de peças essenciais para seu funcionamento. 

Originariamente, a teoria do caos foi desenvolvida como um corretivo para os sistemas fechados e lineares da física de Newton, pois diante da ausência de ordem, caos é uma condição na qual a ordem não pode ser averiguada por causa da insuficiência de informação. 

Enquanto a física de Newton imagina um mundo abstrato governado por leis definidas, que determinavam completamente as coisas reais, a globalidade não é transparente porque não temos a informação adequada e necessária para estabelecer leis, assim toda operação é sempre inacessível. Trabalhando a questão, Morin nos fala de três princípios da complexidade: (1) dialógico, no sentido de que ordem e desordem podem um suprimir o outro ou colaborarem e dar origem a um sistema complexo. (2) O momento de turbilhão, quando juntos surgem produção e produtor. (3) E o princípio hologramático, que assim como o holograma, contém a quase totalidade do objeto representado. 

A partir dessa compreensão da teoria do caos e da complexidade, duas razões podem ser destacadas na abordagem da política. Primeiro que os sistemas finitos, como é o caso da política, não estão fechados, mas são sistemas abertos. E segundo que os sistemas ou estruturas da política envolvem relações que não podem ser entendidas apenas em termos de modelos lineares de causalidade. Nos sistemas políticos recorrentes é impossível medir as condições iniciais com precisão para determinar as relações causais num período muito limitado de tempo. Então, a imprevisibilidade é inevitável. Ao contrário dos sistemas lineares, nos quais causas e efeitos são proporcionais, nos sistemas recorrentes, a avaliação é complexa, porque esses sistemas se auto-alimentam da vida e na recorrência geram causas que podem ter efeitos desproporcionados. 

Em contraste com a teoria do caos, a teoria da complexidade está menos interessada em estabelecer a fuga ou o caos determinado, pois oscila entre ordem e caos. Assim, o momento de complexidade é o ponto no qual sistemas políticos organizados emergem para criar novos padrões de coerência e estruturas de relação. Embora tenha se desenvolvido fora das investigações da política, a teoria da complexidade pode ser usada para iluminar as práxis da política. 

A partir das redes, a política pode ser estendida às comunidades e às dimensões culturais. Assim, equilibrado entre uma pequena ou grande ordem, o momento de complexidade da política na alta modernidade é o meio no qual emerge enquanto cultura. 

A teoria da complexidade leva à política ao afirmar que a noção de que as fundações tenham desaparecido é ameaçadora para muitas pessoas, mas este assunto é um tema recorrente na filosofia. Pensadores importantes na história de filosofia ocidental, como Nietzsche, colocaram tal discussão na ordem do dia e influenciaram pensadores da alta modernidade como Derrida. Uma das coisas que agride o pensamento moderno é a ênfase desses filósofos na importância de entender que a idéia de fim de fundamentos é uma metáfora, assim como a teoria da complexidade também é uma metáfora. 

Ou como afirma Derrida, a metáfora é determinada como perda provisória de sentido, desvio inevitável, mas história em vista, que tem no horizonte a reapropriação circular do sentido. É por isso que a avaliação da política sempre foi ambígua: a metáfora é estranha ao olhar da intuição, do conceito e da consciência. Quando começamos a conceber algo, concebemos figurando em termos de modelo. Através do contraste descrevemos um mundo no qual um modelo diferente predomina. Temos interações de planos, modelos e processos. A política, assim entendida, pode ser chamada de local de consumo. 

Mas uma estrutura não é aquilo que alguém busca, pois a política enfatiza movimento e troca, troca de informação. Os modelos políticos de que estamos falando não são apenas conceituais, pois o conhecimento simbólico da política emerge de uma interação entre entendimento e formas de fazer, que são filtros através dos quais foram processadas a política. 

Se alguém pensa tais categorias como um vigamento historicamente emergente, em constante processo de formação, deformação e reforma, estamos diante de um salto como o das tecnologias de produção e reprodução em uma comunidade determinada. Começamos então a ver os modos em que processamos a experiência, onde o conhecimento é constituído em fluxo constante. Não é apenas uma questão de como pensamos, é uma questão de como vemos, ouvimos e fazemos. As novas mídias abrem uma percepção nova e capacidades de apercebimento. O ponto em que se faz a troca também é uma questão importante. Uma das coisas que o estruturalismo nos ensinou é que em lugar de ser um local de origem, a política deve ser entendida como constituída dentro e pelas redes de troca na qual está imbricada. É um tipo complexo de reversão. 

A troca da heteronomia pela autonomia foi uma importante mudança de comportamento: significou não receber a lei de outro alguém, mas procurar a lei na internalidade do próprio fazer político. Isto quer dizer, a política livre é algo que não é determinada ou que se exclui. 

Este é o centro referencial da noção de liberdade na política. O modelo consistui em trocar a noção de tema centrado, para uma visão em termos de sistemas de troca nos quais a política é local de consumo. Tomemos a noção de troca como crucial, mas pensemos em redes. Em lugar de temas que criam estruturas, estruturas criam temas. Cada tema se torna algo como o nó de uma teia de relações. A situação da política dentro daquela rede que envolve trocas de todos os tipos, econômicas, psicológicas, simbólicas, constitui a particularidade do tema. São as relações que constituem a particularidade de qualquer política. 

A política se torna o que é em virtude de sua situação dentro de redes complexas. Estas, porém, não são redes fechadas e estáveis como os estruturalistas pensaram, mas estão abertas. Então, a subjetividade nunca é um produto acabado, está em mudança porque as redes dentro das quais se inscreve estão em permanente mudança. Por isso, as políticas podem se desenvolver de diferentes modos. Temos então as economias da representação e da dominação que reforçam nossos medos, pois operam dentro de estruturas de referência que reivindicam para si o referir-se ao outro e são estruturas de ego-referência que usam o outro para a conformação de uma leitura de soberania. 

Porém, no esforço para afiançar a identidade comunidades/política e estabelecer sua presença, o político descobre diferença e ausência. Embora lute para negar isto, esta é a realidade. A procura pela presença em autoconsciência conduz à descoberta da ausência. A auto-afirmação e a negação provam estar ligadas indivisivelmente. Ser político aparentemente tornou-se não ser político. 

Há um verso de Nietzsche que pode nos servir de guia para uma compreensão da política na alta-modernidade: “Agora celebramos, seguros da vitória comum,/ a festa das festas:/ O amigo Zaratustra chegou, o hóspede dos hóspedes!/ Agora o mundo ri, rasgou-se a horrível cortina,/ É hora do casamento entre a Luz e as Trevas...” 

Os políticos necessitam compreender o que é a realidade imagológica, e como pode ser usada para prover uma interface mais íntima entre comunidade e a relatividade política, e como dados sensoriais se transformam em experiência real. No entanto, o fundamental é analisar a representação que se coloca por trás da imagem e dentro da estrutura. Pode-se dizer que tudo que o computador faz é simulação, mas para definir simulação é necessário respostas científicas e matemáticas. Assim, a realidade da imagem, que poderia ser um novo paradigma, se tornou uma metáfora. É um conceito estranho e provocante, com certo senso de aventura tecnológica. 

Esta compreensão da política leva à uma totalidade estrutural na qual tudo está dentro e tem seu próprio outro. Assim, alteridade e diferença são componentes essenciais da política, e a relação entre alteridade e diferença é, em última instância, política. Por isso, a política, nos modernos projetos de estruturas totalizantes, é uma política de valor utilitário na construção do político. Quando a política resiste a este papel, quando recusa ser usada ou consumida, sua territorialidade é invadida ou sua alteridade é colonizada. 

Dessa maneira, a realidade da imagem que a política nos oferece termina sendo real. Promete a realidade, que deixa de ser metáfora, e se transforma em criação verdadeira. Nesse sentido, a imagem deixa de ser metáfora e se faz realidade. Assim, a mundialização da política, a partir das tecnologias, computarização, digitalização, comunicações e internet, criou uma perspectiva do que são as novas políticas. Ou seja, estamos diante da recorrência da teoria da complexidade. Se a perspectiva anterior era a divisão, a perspectiva da mundialização da política é integração forçada. 

O símbolo do sistema anterior era um muro que dividia o mundo. O símbolo da mundialização é a web. Estes processos de mundialização criam uma nova cultura de compreensão da política cuja lógica complexa e dinâmica só agora começamos a entender. O contraste entre grades e redes clarifica a transição do sistema anterior para o de cultura em rede. O sistema anterior nasceu para manter a estabilidade através de relações complexas e situações que deveriam ser simplificadas em termos de grades com oposições precisas. Este era um mundo onde as paredes pareciam prover segurança. 

Tais questões mostram as falhas das estruturas políticas totalizantes, ou como afirmou Nietzsche, “a crença fundamental dos metafísicos é a crença nas oposições de valores. Nem aos mais cuidadosos entre eles ocorreu duvidar aqui, no limiar, onde mais era necessário, mesmo quando haviam jurado para si próprios de tudo duvidar. Pois pode-se duvidar, primeiro, que existam absolutamente opostos; segundo, que as valorações e oposições de valor populares, nas quais os metafísicos imprimiram seu selo, sejam mais que avaliações de fachada, perspectivas provisórias, talvez inclusive vistas de um ângulo, de baixo para cima talvez”, expondo a fragilidade da relação entre as estruturas comunitárias de representação amarradas a um significado político e estruturas sociais e econômicas de dominação. 

Assim, tudo precisa ser desenredado e nada decifrado. A estrutura pode ser percebida, desenrolada como a linha das meias em todos os pontos e níveis, mas nada haverá debaixo disso: o espaço da política é para ser percorrido. 

Dessa maneira, a política ao recusar aceitar segredos, transforma-se em atividade última, atividade essa revolucionária posto que a recusa de fixar sentidos é, afinal, a recusa da hipótese de razão, ciência e lei. O fim do fundamento político é seguido pela morte do tema autônomo. O desaparecimento de um requer o desaparecimento do outro. Mas, o fundamento não desapareceu simplesmente, ele foi lançado fora. Esta é a questão: o fundamento não morreu, tornou-se humano. Pois, uma das coisas que precisam ser pensadas neste contexto é a mundialização. É o caso de perguntar qual será o impacto das novas políticas na noção tradicional da política. Podemos antever problemas quando vemos como os novos processos criam dificuldades para as políticas ditas estabelecidas. 

A política não visa o saber teórico, mas sim o viver em comunidade e entre comunidades. Trata-se, então, de construção histórica e afetiva, objetiva e subjetiva. Mas, devemos ir além da dicotomia, e compreender que uma política é o encadear de um novo discurso no discurso da política. Isto supõe que a política seja aberta e que viver signifique apropriar-se do sentido da política. Assim, não há reflexão sem meditação sobre os signos e não há explicação sem a compreensão do mundo, das comunidades e de nós aí.








Le sermon sur la montagne

Le sermon ser la montagne
Jorge Pinheiro


Alors que nous commençons à lire les premiers chapitres de l'Évangile de Matthieu, une question nous est posée : qu'est-ce que le sermon sur la montagne ? Nous allons réfléchir sur cette question ce matin. 

Matthieu 5.3 
Heureux les pauvres en esprit, car le Royaume des cieux est à eux ! 

Nous pensons normalement que le sermon sur la montagne est limité aux béatitudes, mais c’est l'introduction de cette Constitution, de cette Déclaration majeur de la bonne nouvelle de Jésus, le Messie. 

Lorsque nous parlons de Sermon sur la montagne, notre attention se tourne vers ces trois chapitres (5, 6 et 7) de la bonne nouvelle présentée par l'évangéliste Matthieu. Nous pensons aux béatitudes présentées dans ce discours de Jésus, pensant qu'il propose le chemin du bonheur. Mais ce n'est pas tout à fait comme ça: si l'on se souvient que Jésus a prononcé le discours en araméen, il faut aller vers l'hébreu et la culture de l'époque, pour mieux comprendre ce qu'il a dit.

1. En marchant 

Dans la culture juive, Jésus décrit ici la personne marchant sur le chemin qui mène au Royaume des Cieux. Pour cette raison, il répète ashréi, en hébreu - en marchant - plusieurs fois et Matthieu utilise l'expression makarius, en grec, que nous traduisons par bienheureux, heureux, béni. Expression qui, parmi les anciens Grecs, était utilisée en référence aux dieux. Et plus tard aux humains qui ont marché sur le chemin des dieux. 

Ainsi, ce discours parle de la marche de celui qui est fidèle à Dieu. Ce sont des leçons pour notre voyage. Pour tous les jours de notre vie. Et dans ce voyage, les lois de l'amour entrent, y compris les ennemis. 

Mais il y a quelque chose ici qui attire l'attention : Jésus se présente comme le nouveau Moïse en commentant la loi délivrée par le prophète fondateur de la religion d'Israël. Il commente la loi et présente de nouvelles lectures qui devraient guider ceux qui marchent sur le chemin qui mène au Royaume des Cieux. 

Il y a une fascination pour le sermon sur la montagne. Augustin (354-430), évêque d'Hippone, que les catholiques appellent Saint Augustin, a vu ce sermon comme un résumé de l'Évangile. Et Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704), l'un des plus grands prédicateurs français, considérait le Sermon sur la montagne comme le premier et le plus puissant discours de Jésus. 

Quand nous lisons le sermon sur la montagne sans temps de réflexion et de prière, cela semble intrigant. Et plus que cela, cela semble radical, car comment pouvons-nous suivre le conseil d'aimer les ennemis, de ne pas juger, d'être parfaits comme notre Père céleste, d'entrer par la porte étroite qui mène à la vie. Ou encore, comment ne pas être perplexe face à l'hyperbole, quand Jésus dit de tendre l'autre joue quand on reçoit une gifle, ou de couper la main droite et de la jeter, ou de ne pas s'inquiéter pour demain? 

Cependant, lorsque nous regardons lentement et dans la prière le Sermon sur la montagne, nous découvrons des trésors inattendus, car cette Constituition, cette Déclaration majeur du Royaume des Cieux doit être vécue à tout moment et dans toutes les situations culturelles et sociales de notre vie. En parlant sur la montagne, Jésus a dit que chaque personne possédant les qualités décrites sont humble d'esprit et pur de cœur, douce et miséricordieuse, elle pleure, elle a faim et soif de justice, elle est des artisans de paix, elle subit des blessures et des persécutions pour la justice et l'amour au Maître. Alors, marchant sur cette route qui mène au Royaume des Cieux, le chrétien est makarius, béni, heureux. 

Il est très important de comprendre que Jésus ne présentait pas de théorie du bonheur humain. Comme Moïse, il a présenté un modèle de comportement pour la construction réelle du caractère du croyant, qui produit des bénédictions immédiates et futures. 

Ainsi, comme nous l'avons dit, Jésus se présente comme législateur, un nouveau Moïse supérieur, promulguant une nouvelle loi, la loi de l'amour, qui est née de l'Esprit. Jésus condamne non seulement l'archaïsme de la législation rituelle, mais indique clairement qu'une nouvelle alliance est en train de naître. Ainsi, nous faisons face à un nouveau peuple. Cet Israélit spirituel aura un nouveau caractère, différent par essence des standards mondiaux. 

Commentant les béatitudes, Augustin, l'évêque d'Hippone, a vu dans l'exposition de Jésus marches d’escalier, comme si nous grimpions vers la perfection. La première étape est l'humilité, la soumission à l'autorité divine et la deuxième étape, la douceur. Ces deux premières étapes placent le disciple, dans un esprit de piété, avant la connaissance de Dieu. C'est alors que, de là, il découvre les liens « auxquels les habitudes de la chair et des péchés soumettent ce monde ». Ainsi, pour Augustin, les troisième, quatrième et cinquième étapes sont liées à la lutte contre le siècle actuel et ses diktats. La sixième étape, au contraire, conduit le croyant, auparavant victorieux, à contempler le “ bien suprême, qui ne peut être vu que par une intelligence pure et sereine ». La septième étape est la sagesse, qui naît de la contemplation de la vérité, qui pacifie le chrétien et lui imprime la ressemblance avec Dieu. Et le dernier pas en arrière vers le premier, comme tous deux appellent le Royaume des Cieux, la perfection. 

Bien que la vision augustinienne soit trop allégorique pour notre herméneutique baptiste, elle nous apporte la compréhension des pères de l'Église au sujet du Sermon sur la montagne. 

D'après ce que nous avons vu jusqu'à présent, il est clair que le Sermon sur la montagne parle des qualités, des caractéristiques des disciples du Christ. Et le texte de Galates 5 : 22 et 23 résume la même préoccupation. 

Mais le fruit de l'Esprit est : l'amour, la joie, la paix, la patience, la bonté, la bénignité, la fidélité, la douceur, la tempérance. Contre un tel, il n'y a pas de loi. 

Il y a des femmes et des hommes qui ont lutté pour la paix. Ici je pense à remémoré un chrétien que je respecte beaucoup: Desmond Tutu (né le 07.10.1931 à Klerksdorp, en Afrique du Sud) un archevêque anglican sud-africain qui a reçu le prix Nobel de la paix en 1984. Auteur d'une théologie ubuntu de la réconciliation, il fut ensuite le président de la Commission de la vérité et de la réconciliation, chargée de faire la lumière sur les crimes et les exactions politiques commises, durant l'apartheid, au nom des gouvernements sud-africains, mais également les crimes et exactions commises au nom des mouvements de libération nationale. 

C’est ça. L’apôtre Paul en son texte parle du fruit d'un arbre sain. Et il ne décrit qu'un seul fruit, car l'idée ici est celle d'une chaîne, qui n'existe que par des maillons entrelacés. Si un seul maillon est fragile, toute la chaîne sera fragile. 

Ces neuf vertus peuvent être cataloguées dans (1) les habitudes mentales - l'amour, la joie, la paix - qui inspirent le disciple à aimer Dieu et les gens, génèrent une profonde joie du cœur, qu'aucune œuvre de la chair ne peut pas produire et créent un sentiment d'harmonie en ce qui concerne Dieu et les gens. (2) Les qualités sociales - la patience, la bonté, la bénignité - qui conduisent à la patience, face aux blessures et aux persécutions, donnent une bonne disposition envers les autres et conduisent à la bienfaisance active. (3) Principes généraux de conduite - la fidélité, la douceur, la tempérance -, qui traduisent des attitudes comportementales, c'est-à-dire être digne de confiance, ne pas défendre ses intérêts avec des ongles et des dents et avoir des désirs et des passions sous contrôle. 

Revenant au Sermon sur la montagne, nous trouvons dans Matthieu 5 : 20, que si notre justice ne va pas au-delà de celle des scribes et des pharisiens, nous n'entrerons pas dans le Royaume des cieux. 

Cette déclaration, qui est un ordre pour tous les disciples, réunit les deux textes étudiés dans une chaîne d'or. Et pourquoi Jésus présente-t-il les scribes et les pharisiens comme de mauvais exemples ? 

Les scribes et les pharisiens ont vécu une religiosité formelle et apparente, sans réelle transformation de la vie, sans conversion. En ce sens, le chrétien doit dépasser cette norme, aller au-delà, changer d'essence, avoir un cœur de chair. 

Selon John Stott (1921-2011), théologien et évangéliste anglais, la grandeur du Royaume n'est pas seulement évaluée par la justice conforme à la loi, car l'entrée dans le Royaume devient impossible s'il n'y a pas de comportement qui dépasse la loi elle-même. 

En fait, l'apôtre Paul dans Galates 5 : 23 est radicalement clair, disant que contre les vertus exprimées dans le fruit de l'Esprit il n'y a pas de loi. Les scribes et les pharisiens ont dit que la loi contenait 248 commandements et 365 interdictions et ont convenu qu'il était impossible de tout faire. Comment alors dépasser les rabbins ? Simplement parce que nous ne sommes pas limités à la loi de Moïse, mais à la loi de l'Esprit. La justice chrétienne dépasse parce que c'est une justice qui naît du cœur régénéré, est interne et a pour source l'Esprit de Dieu qui habite en nous. C'est le fruit de l’Esprit. 

2. La vie du disciple 

Ainsi, nous pouvons dire que le caractère du chrétien exprimé dans le Sermon sur la montagne et dans Galates 5 : 22 et 23, traduit la vie du disciple depuis sa nouvelle naissance. Et, Jésus nous a appris que personne n'entrera pas dans le Royaume des Cieux s'il n'est pas né de l'Esprit. 

Le but de cette Constitution de la bonne nouvelle du salut est de parler aux esprits et au cœur; marquer le chemin et alerter sur l'impasse lorsque le chrétien choisit d'entrer par la grande porte. Et donc, dans cette Constituition, nous sommes interpellés par la Parole de Jésus sur le mont. Et lorsque nous la recevons et la vivons avec foi, nous sommes transformés dans ce voyage de notre vie vers le Royaume des cieux. 

Jésus nous a dit en Matthieu 7 : 21-23. Pas tous ceux qui me disent: Seigneur, Seigneur! il entrera dans le Royaume des cieux, mais celui qui fait la volonté de mon Père, qui est aux cieux. Beaucoup me diront ce jour-là: Seigneur, Seigneur, n'avons-nous pas prophétisé en ton nom? Et, en votre nom, nous n'expulsons pas les démons? et en votre nom n'avons-nous pas fait beaucoup de merveilles? Et alors je leur dirai ouvertement : je ne vous ai jamais connus; éloignez-vous de moi, vous qui pratiquez l'iniquité. 

La condition pour que nous soyons acceptés par Jésus est la vérité de ce qui est professé. Vivez ce qui est prêché. En ce sens, ce qui caractérise le disciple n'est pas l'extériorité de ses actions, si puissantes, expressives ou miraculeuses soient-elles, mais l'obéissance qui traduit une vie moralement féconde et authentique. 

Regardons quelque chose d'important, la signification de la sanctification dans l'Ancien Testament, le Nouveau Testament et le développement de ce concept. 

Bien que le commandement ait été clairement exprimé dans Lévitique 19 : 2, vous serez saints, parce que moi, le Seigneur votre Dieu, je suis saint. Le kaddish (sanctification) était et est pour les Juifs un cérémonial. Le kaddish a lieu à certains moments de la vie, lors de célébrations et de rituels. Ainsi, dans la cabalat sabat (entrée du sabbat), la sanctification se fait dans le culte familial, dans la nourriture casher, pure, dans les ustensiles utilisés par les prêtres, autrefois dans le temple, aujourd'hui dans les synagogues. 

La sanctification chrétienne vient d'une autre perspective : nous sommes définis par Dieu comme des saints. Nous devons alors vivre ce que nous sommes déjà : séparés par Dieu pour le servir, le glorifier, le refléter devant le monde. Nous sommes des saints et nous devons sanctifier toute la réalité environnante avec notre vie sanctifiée et de plus en plus sanctifiante. Ce nouveau concept est clairement expliqué dans 1 Pierre, chapitre 1 : 13-25, mais la deuxième partie du verset 15, nous donne la clé de la réflexion chrétienne sur la sanctification : vous soyez aussi saints dans toute votre conduite. 

3. Un exemple 

Mais, nous pouvons dire que toute sainteté vient de l’Esprit de Dieu, toute sainteté procède de Dieu. Tous nous, les saints sont les saints de Dieu, les frères de Jésus, les frères en sainteté de notre Seigneur Jésus Christ même. C’est vrai : toute sainteté vient de Dieu, qui en est la source éternelle. 

Un exemple pour nous tous. Polycarpe né vers l’anné 70 et mort soit en 155 ou 167, était un disciple direct de l'apôtre Jean et second évêque de Smyrne, aujourd'hui Izmir en Turquie. Un récit de la tradition nous raconte: 

À l'entrée de ce saint vieillard dans l'amphithéâtre, tous les chrétiens présents entendirent une voix mystérieuse qui lui disait : 

-- Courage, Polycarpe, combats en homme de cœur ! 

Le proconsul lui demanda : Es-tu Polycarpe ? 

-- Oui, je le suis. 

-- Aie pitié de tes cheveux blancs, maudis le Christ, et tu seras libre. 

-- Il y a quatre-vingt-six ans que je Le sers et Il ne m'a fait que du bien; comment pourrais-je Le maudire ? Il est mon Créateur, mon Roi et mon Sauveur. 

-- Sais-tu que j'ai des lions et des ours tout prêts à te dévorer ? 

-- Fais-les venir ! 

-- Puisque tu te moques des bêtes féroces, je te ferai brûler. 

-- Je ne crains que le feu qui brûle les impies et ne s'éteint jamais. Fais venir tes bêtes, allume le feu, je suis prêt à tout. 

De toutes parts, dans l'amphithéâtre, la foule sanguinaire s'écrie : 

-- Il est digne de mort. Polycarpe aux lions ! 

Mais les combats des bêtes féroces étaient achevés ; on arrêta qu'il serait brûlé vif. Comme les bourreaux se préparaient à l'attacher sur le bûcher, il leur dit : 

-- C'est inutile, laissez-moi libre, le Ciel m'aidera. 

Le saint lève les yeux au Ciel et prie. Tout à coup la flamme l'environne et s'élève par-dessus sa tête, mais sans lui faire aucun mal, pendant qu'un parfum délicieux embaume les spectateurs. À cette vue, les bourreaux lui percent le cœur avec une épée. 

Ainsi, nous pouvons dire que le Sermon sur la Montagne constitue un tout qui vise à nous sanctifier au cours de notre cheminement vers le Royaume des Cieux. Et ainsi, étonnés comme les auditeurs de Jésus, sur la montagne, dans Matthieu 7 : 28-29, nous lisons : 

Et il arriva que, alors que Jésus terminait son discours, la foule s'émerveillait de sa doctrine, parce qu'il enseignait avec autorité et non comme les scribes. 

Tel est le défi posé par Jésus, nous sommes appelés à marcher et à vivre en chrétiens!


 

Le sermon sur la montagne, YouTube

Le sermon ser la montagne
Jorge Pinheiro


Alors que nous commençons à lire les premiers chapitres de l'Évangile de Matthieu, une question nous est posée : qu'est-ce que le sermon sur la montagne ? Nous allons réfléchir sur cette question ce matin. 

Matthieu 5.3 
Heureux les pauvres en esprit, car le Royaume des cieux est à eux ! 

Nous pensons normalement que le sermon sur la montagne est limité aux béatitudes, mais c’est l'introduction de cette Constitution, de cette Déclaration majeur de la bonne nouvelle de Jésus, le Messie. 

Lorsque nous parlons de Sermon sur la montagne, notre attention se tourne vers ces trois chapitres (5, 6 et 7) de la bonne nouvelle présentée par l'évangéliste Matthieu. Nous pensons aux béatitudes présentées dans ce discours de Jésus, pensant qu'il propose le chemin du bonheur. Mais ce n'est pas tout à fait comme ça: si l'on se souvient que Jésus a prononcé le discours en araméen, il faut aller vers l'hébreu et la culture de l'époque, pour mieux comprendre ce qu'il a dit.

1. En marchant 

Dans la culture juive, Jésus décrit ici la personne marchant sur le chemin qui mène au Royaume des Cieux. Pour cette raison, il répète ashréi, en hébreu - en marchant - plusieurs fois et Matthieu utilise l'expression makarius, en grec, que nous traduisons par bienheureux, heureux, béni. Expression qui, parmi les anciens Grecs, était utilisée en référence aux dieux. Et plus tard aux humains qui ont marché sur le chemin des dieux. 

Ainsi, ce discours parle de la marche de celui qui est fidèle à Dieu. Ce sont des leçons pour notre voyage. Pour tous les jours de notre vie. Et dans ce voyage, les lois de l'amour entrent, y compris les ennemis. 

Mais il y a quelque chose ici qui attire l'attention : Jésus se présente comme le nouveau Moïse en commentant la loi délivrée par le prophète fondateur de la religion d'Israël. Il commente la loi et présente de nouvelles lectures qui devraient guider ceux qui marchent sur le chemin qui mène au Royaume des Cieux. 

Il y a une fascination pour le sermon sur la montagne. Augustin (354-430), évêque d'Hippone, que les catholiques appellent Saint Augustin, a vu ce sermon comme un résumé de l'Évangile. Et Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704), l'un des plus grands prédicateurs français, considérait le Sermon sur la montagne comme le premier et le plus puissant discours de Jésus. 

Quand nous lisons le sermon sur la montagne sans temps de réflexion et de prière, cela semble intrigant. Et plus que cela, cela semble radical, car comment pouvons-nous suivre le conseil d'aimer les ennemis, de ne pas juger, d'être parfaits comme notre Père céleste, d'entrer par la porte étroite qui mène à la vie. Ou encore, comment ne pas être perplexe face à l'hyperbole, quand Jésus dit de tendre l'autre joue quand on reçoit une gifle, ou de couper la main droite et de la jeter, ou de ne pas s'inquiéter pour demain? 

Cependant, lorsque nous regardons lentement et dans la prière le Sermon sur la montagne, nous découvrons des trésors inattendus, car cette Constituition, cette Déclaration majeur du Royaume des Cieux doit être vécue à tout moment et dans toutes les situations culturelles et sociales de notre vie. En parlant sur la montagne, Jésus a dit que chaque personne possédant les qualités décrites sont humble d'esprit et pur de cœur, douce et miséricordieuse, elle pleure, elle a faim et soif de justice, elle est des artisans de paix, elle subit des blessures et des persécutions pour la justice et l'amour au Maître. Alors, marchant sur cette route qui mène au Royaume des Cieux, le chrétien est makarius, béni, heureux. 

Il est très important de comprendre que Jésus ne présentait pas de théorie du bonheur humain. Comme Moïse, il a présenté un modèle de comportement pour la construction réelle du caractère du croyant, qui produit des bénédictions immédiates et futures. 

Ainsi, comme nous l'avons dit, Jésus se présente comme législateur, un nouveau Moïse supérieur, promulguant une nouvelle loi, la loi de l'amour, qui est née de l'Esprit. Jésus condamne non seulement l'archaïsme de la législation rituelle, mais indique clairement qu'une nouvelle alliance est en train de naître. Ainsi, nous faisons face à un nouveau peuple. Cet Israélit spirituel aura un nouveau caractère, différent par essence des standards mondiaux. 

Commentant les béatitudes, Augustin, l'évêque d'Hippone, a vu dans l'exposition de Jésus marches d’escalier, comme si nous grimpions vers la perfection. La première étape est l'humilité, la soumission à l'autorité divine et la deuxième étape, la douceur. Ces deux premières étapes placent le disciple, dans un esprit de piété, avant la connaissance de Dieu. C'est alors que, de là, il découvre les liens « auxquels les habitudes de la chair et des péchés soumettent ce monde ». Ainsi, pour Augustin, les troisième, quatrième et cinquième étapes sont liées à la lutte contre le siècle actuel et ses diktats. La sixième étape, au contraire, conduit le croyant, auparavant victorieux, à contempler le “ bien suprême, qui ne peut être vu que par une intelligence pure et sereine ». La septième étape est la sagesse, qui naît de la contemplation de la vérité, qui pacifie le chrétien et lui imprime la ressemblance avec Dieu. Et le dernier pas en arrière vers le premier, comme tous deux appellent le Royaume des Cieux, la perfection. 

Bien que la vision augustinienne soit trop allégorique pour notre herméneutique baptiste, elle nous apporte la compréhension des pères de l'Église au sujet du Sermon sur la montagne. 

D'après ce que nous avons vu jusqu'à présent, il est clair que le Sermon sur la montagne parle des qualités, des caractéristiques des disciples du Christ. Et le texte de Galates 5 : 22 et 23 résume la même préoccupation. 

Mais le fruit de l'Esprit est : l'amour, la joie, la paix, la patience, la bonté, la bénignité, la fidélité, la douceur, la tempérance. Contre un tel, il n'y a pas de loi. 

Il y a des femmes et des hommes qui ont lutté pour la paix. Ici je pense à remémoré un chrétien que je respecte beaucoup: Desmond Tutu (né le 07.10.1931 à Klerksdorp, en Afrique du Sud) un archevêque anglican sud-africain qui a reçu le prix Nobel de la paix en 1984. Auteur d'une théologie ubuntu de la réconciliation, il fut ensuite le président de la Commission de la vérité et de la réconciliation, chargée de faire la lumière sur les crimes et les exactions politiques commises, durant l'apartheid, au nom des gouvernements sud-africains, mais également les crimes et exactions commises au nom des mouvements de libération nationale. 

C’est ça. L’apôtre Paul en son texte parle du fruit d'un arbre sain. Et il ne décrit qu'un seul fruit, car l'idée ici est celle d'une chaîne, qui n'existe que par des maillons entrelacés. Si un seul maillon est fragile, toute la chaîne sera fragile. 

Ces neuf vertus peuvent être cataloguées dans (1) les habitudes mentales - l'amour, la joie, la paix - qui inspirent le disciple à aimer Dieu et les gens, génèrent une profonde joie du cœur, qu'aucune œuvre de la chair ne peut pas produire et créent un sentiment d'harmonie en ce qui concerne Dieu et les gens. (2) Les qualités sociales - la patience, la bonté, la bénignité - qui conduisent à la patience, face aux blessures et aux persécutions, donnent une bonne disposition envers les autres et conduisent à la bienfaisance active. (3) Principes généraux de conduite - la fidélité, la douceur, la tempérance -, qui traduisent des attitudes comportementales, c'est-à-dire être digne de confiance, ne pas défendre ses intérêts avec des ongles et des dents et avoir des désirs et des passions sous contrôle. 

Revenant au Sermon sur la montagne, nous trouvons dans Matthieu 5 : 20, que si notre justice ne va pas au-delà de celle des scribes et des pharisiens, nous n'entrerons pas dans le Royaume des cieux. 

Cette déclaration, qui est un ordre pour tous les disciples, réunit les deux textes étudiés dans une chaîne d'or. Et pourquoi Jésus présente-t-il les scribes et les pharisiens comme de mauvais exemples ? 

Les scribes et les pharisiens ont vécu une religiosité formelle et apparente, sans réelle transformation de la vie, sans conversion. En ce sens, le chrétien doit dépasser cette norme, aller au-delà, changer d'essence, avoir un cœur de chair. 

Selon John Stott (1921-2011), théologien et évangéliste anglais, la grandeur du Royaume n'est pas seulement évaluée par la justice conforme à la loi, car l'entrée dans le Royaume devient impossible s'il n'y a pas de comportement qui dépasse la loi elle-même. 

En fait, l'apôtre Paul dans Galates 5 : 23 est radicalement clair, disant que contre les vertus exprimées dans le fruit de l'Esprit il n'y a pas de loi. Les scribes et les pharisiens ont dit que la loi contenait 248 commandements et 365 interdictions et ont convenu qu'il était impossible de tout faire. Comment alors dépasser les rabbins ? Simplement parce que nous ne sommes pas limités à la loi de Moïse, mais à la loi de l'Esprit. La justice chrétienne dépasse parce que c'est une justice qui naît du cœur régénéré, est interne et a pour source l'Esprit de Dieu qui habite en nous. C'est le fruit de l’Esprit. 

2. La vie du disciple 

Ainsi, nous pouvons dire que le caractère du chrétien exprimé dans le Sermon sur la montagne et dans Galates 5 : 22 et 23, traduit la vie du disciple depuis sa nouvelle naissance. Et, Jésus nous a appris que personne n'entrera pas dans le Royaume des Cieux s'il n'est pas né de l'Esprit. 

Le but de cette Constitution de la bonne nouvelle du salut est de parler aux esprits et au cœur; marquer le chemin et alerter sur l'impasse lorsque le chrétien choisit d'entrer par la grande porte. Et donc, dans cette Constituition, nous sommes interpellés par la Parole de Jésus sur le mont. Et lorsque nous la recevons et la vivons avec foi, nous sommes transformés dans ce voyage de notre vie vers le Royaume des cieux. 

Jésus nous a dit en Matthieu 7 : 21-23. Pas tous ceux qui me disent: Seigneur, Seigneur! il entrera dans le Royaume des cieux, mais celui qui fait la volonté de mon Père, qui est aux cieux. Beaucoup me diront ce jour-là: Seigneur, Seigneur, n'avons-nous pas prophétisé en ton nom? Et, en votre nom, nous n'expulsons pas les démons? et en votre nom n'avons-nous pas fait beaucoup de merveilles? Et alors je leur dirai ouvertement : je ne vous ai jamais connus; éloignez-vous de moi, vous qui pratiquez l'iniquité. 

La condition pour que nous soyons acceptés par Jésus est la vérité de ce qui est professé. Vivez ce qui est prêché. En ce sens, ce qui caractérise le disciple n'est pas l'extériorité de ses actions, si puissantes, expressives ou miraculeuses soient-elles, mais l'obéissance qui traduit une vie moralement féconde et authentique. 

Regardons quelque chose d'important, la signification de la sanctification dans l'Ancien Testament, le Nouveau Testament et le développement de ce concept. 

Bien que le commandement ait été clairement exprimé dans Lévitique 19 : 2, vous serez saints, parce que moi, le Seigneur votre Dieu, je suis saint. Le kaddish (sanctification) était et est pour les Juifs un cérémonial. Le kaddish a lieu à certains moments de la vie, lors de célébrations et de rituels. Ainsi, dans la cabalat sabat (entrée du sabbat), la sanctification se fait dans le culte familial, dans la nourriture casher, pure, dans les ustensiles utilisés par les prêtres, autrefois dans le temple, aujourd'hui dans les synagogues. 

La sanctification chrétienne vient d'une autre perspective : nous sommes définis par Dieu comme des saints. Nous devons alors vivre ce que nous sommes déjà : séparés par Dieu pour le servir, le glorifier, le refléter devant le monde. Nous sommes des saints et nous devons sanctifier toute la réalité environnante avec notre vie sanctifiée et de plus en plus sanctifiante. Ce nouveau concept est clairement expliqué dans 1 Pierre, chapitre 1 : 13-25, mais la deuxième partie du verset 15, nous donne la clé de la réflexion chrétienne sur la sanctification : vous soyez aussi saints dans toute votre conduite. 

3. Un exemple 

Mais, nous pouvons dire que toute sainteté vient de l’Esprit de Dieu, toute sainteté procède de Dieu. Tous nous, les saints sont les saints de Dieu, les frères de Jésus, les frères en sainteté de notre Seigneur Jésus Christ même. C’est vrai : toute sainteté vient de Dieu, qui en est la source éternelle. 

Un exemple pour nous tous. Polycarpe né vers l’anné 70 et mort soit en 155 ou 167, était un disciple direct de l'apôtre Jean et second évêque de Smyrne, aujourd'hui Izmir en Turquie. Un récit de la tradition nous raconte: 

À l'entrée de ce saint vieillard dans l'amphithéâtre, tous les chrétiens présents entendirent une voix mystérieuse qui lui disait : 

-- Courage, Polycarpe, combats en homme de cœur ! 

Le proconsul lui demanda : Es-tu Polycarpe ? 

-- Oui, je le suis. 

-- Aie pitié de tes cheveux blancs, maudis le Christ, et tu seras libre. 

-- Il y a quatre-vingt-six ans que je Le sers et Il ne m'a fait que du bien; comment pourrais-je Le maudire ? Il est mon Créateur, mon Roi et mon Sauveur. 

-- Sais-tu que j'ai des lions et des ours tout prêts à te dévorer ? 

-- Fais-les venir ! 

-- Puisque tu te moques des bêtes féroces, je te ferai brûler. 

-- Je ne crains que le feu qui brûle les impies et ne s'éteint jamais. Fais venir tes bêtes, allume le feu, je suis prêt à tout. 

De toutes parts, dans l'amphithéâtre, la foule sanguinaire s'écrie : 

-- Il est digne de mort. Polycarpe aux lions ! 

Mais les combats des bêtes féroces étaient achevés ; on arrêta qu'il serait brûlé vif. Comme les bourreaux se préparaient à l'attacher sur le bûcher, il leur dit : 

-- C'est inutile, laissez-moi libre, le Ciel m'aidera. 

Le saint lève les yeux au Ciel et prie. Tout à coup la flamme l'environne et s'élève par-dessus sa tête, mais sans lui faire aucun mal, pendant qu'un parfum délicieux embaume les spectateurs. À cette vue, les bourreaux lui percent le cœur avec une épée. 

Ainsi, nous pouvons dire que le Sermon sur la Montagne constitue un tout qui vise à nous sanctifier au cours de notre cheminement vers le Royaume des Cieux. Et ainsi, étonnés comme les auditeurs de Jésus, sur la montagne, dans Matthieu 7 : 28-29, nous lisons : 

Et il arriva que, alors que Jésus terminait son discours, la foule s'émerveillait de sa doctrine, parce qu'il enseignait avec autorité et non comme les scribes. 

Tel est le défi posé par Jésus, nous sommes appelés à marcher et à vivre en chrétiens!



https://www.youtube.com/watch?v=aRXcl1s618o

mercredi 9 juin 2021

La liberté chrétienne

La liberté chrétienne et ses défis

Jorge Pinheiro, pasteur


Jean 8. 32-36 

" Et il dit aux Juifs qui avaient cru en lui: Si vous demeurez dans ma parole, vous êtes vraiment mes disciples; vous connaîtrez la vérité, et la vérité vous affranchira. Ils lui répondirent: Nous sommes la postérité d'Abraham, et nous ne fûmes jamais esclaves de personne; comment dis-tu : Vous deviendrez libres? En vérité, en vérité, je vous le dis, leur répliqua Jésus, quiconque se livre au péché est esclave du péché. Or, l'esclave ne demeure pas toujours dans la maison; le fils y demeure toujours. Si donc le Fils vous affranchit, vous serez réellement libres.

Qu'est-ce que la liberté ? Est-elle importante ? Comment vivre la liberté ? 

J'avais un ami, Anton Ronai, aujourd'hui décédé, qui a été emmené au camp de concentration d'Auschwitz. Et il m'a dit, « je savais que j'allais être tué. Je n'ai pensé qu'à m'enfuir. Je voulais être libre ". 

Lui et d'autres prisonniers ont organisé une évasion, creusant un tunnel sous le camp de concentration. Et une nuit, ils se sont enfuis. Il se souvient avoir couru pendant des heures cette nuit-là. Il a parcouru environ 900 kilomètres à pied, de jour comme de nuit, jusqu'à la frontière suisse. 

La liberté s'oppose à la notion d'enfermement ou de séquestration. Une personne qui vient de sortir de prison est dite libre. Le sens original du mot liberté est d'ailleurs assez proche : l'homme libre est celui qui n'a pas le statut d’esclave. 

En Christ nous sommes libres 

Dans l'évangile de Jean, Jésus parle aux Juifs de la liberté. Les Juifs croyaient qu'ils étaient libres parce qu'ils étaient les descendants d'Abraham. Mais Jésus leur a présenté un nouveau critère de liberté. 

Premièrement, ceux qui avaient cru devaient rester dans la parole. Jésus a clairement indiqué que pour être libre il ne suffit pas de simplement croire et il est nécessaire de rester dans la parole. Mais qu'est-ce que c’est ? C'est rester ferme. C'est une vie sincère. Rester, c'est être inébranlable, c'est vivre Jésus au quotidien. 

Mais pour être libre, vous devez aussi connaître la vérité. Et qu'est-ce que savoir ? Cela signifie rester avant tout. C'est à partir de là que nous marchons vers la liberté. Et la liberté devient la vie lointaine de l'esclavage de l'aliénation. La liberté pour Jésus est de vivre libre de l'aliénation, des matérialités de ce monde qui lient et entravent le mouvement de l'esprit dans nos vies. 

Nous devons découvrir le sens de ces deux mots utilisés par Jésus, rester et savoir. Restez dans la parole, l'accomplissez, afin de connaître la vérité. Dès lors, nous serons libérés de l'aliénation qui asservit et conduit à la ruine, à l'esclavage et à la mort. 

Donc, qu’est-ce que la liberté ? 

C’est rester dans la parole, l’accomplir, afin de connaître la vérité. 

2. Il n’y a aucune condamnation 

Dans la société moderne, on peut définir la liberté comme la possibilité qu’a une personne de penser, de s’exprimer et d’agir selon ses valeurs, ses croyances, ses besoins et ses désirs. La liberté permet, par exemple, à une personne de faire des choix. Ces choix peuvent être très simples, comme sélectionner une chanson que l’on a envie d’écouter. Il arrive aussi que ces choix soient plus complexes parce qu’ils impliquent des obligations. 

Mais le Nouveau Testament est plus profonde et l'apôtre Paul nous explique en détache ce que signifie la liberté du chrétien. Voyons nous Romain 8.1-5 

" Il n'y a donc maintenant aucune condamnation pour ceux qui sont en Jésus Christ. En effet, la loi de l'esprit de vie en Jésus Christ m'a affranchi de la loi du péché et de la mort. Car-chose impossible à la loi, parce que la chair la rendait sans force, Dieu a condamné le péché dans la chair, en envoyant, à cause du péché, son propre Fils dans une chair semblable à celle du péché, et cela afin que la justice de la loi fût accomplie en nous, qui marchons, non selon la chair, mais selon l’esprit. Ceux, en effet, qui vivent selon la chair, s'affectionnent aux choses de la chair, tandis que ceux qui vivent selon l'esprit s'affectionnent aux choses de l’esprit ". 

Dans la lettre de l'apôtre Paul aux romains, nous avons deux blocs de textes : un plus grand, qui est tout le chapitre huit et dont le thème est la vie sous la loi de l'esprit; et un bloc plus petit (de 1 à 5) qui traite spécifiquement de la vie émancipée par cette loi de l'esprit. 

Ces deux blocs nous donnent la ligne de pensée de l'apôtre Paul: la vie émancipée; la vie pleine d'espoir et la vie exaltée. De cette manière, Paul retrace le cours de la vie, dans lequel la grâce triomphe de l'effort humain et le juste expérimente la libération de l’aliénation. 

En analysant notre justification par le Dieu éternel, il montre que la libération de l'être humain repose fondamentalement sur la foi, qui est le positionnement, venant de la grâce de Jésus. Cette miséricorde du Dieu éternel ne dépend pas de la loi, car les êtres humains, dans leur nature pécheresse, ne peuvent pas répondre efficacement aux exigences de la loi, qui exprime la sainteté du Dieu éternel. Ainsi, la grâce vient du Christ, qui, dans son amour et son sacrifice, pardonne les péchés des humains. La liberté de la vie chrétienne ne dépend pas de la personne elle-même, ni de ce qu'elle peut faire, mais de ce que le Dieu éternel a déjà fait pour lui. 

L'amour du Dieu unique a été révélé en Jésus, le Messie, à travers ses enseignements, ses œuvres et sa mort sur la croix. Lorsque nous grandissons dans la grâce et dans la connaissance de Jésus, le Seigneur, nous revêtons son caractère et lui ressemblons. Le caractère de Jésus se révèle en nous à travers les vertus qui donnent le ton de notre communion avec les frères et sœurs de la communauté de foi. 

Dans la Déclaration des droits de la personne (art. 4), « la liberté consiste à pouvoir faire tout ce qui ne nuit pas à autrui » ce qui implique la possibilité de « faire tout ce qui n'est point interdit, comme ne pas faire ce qui n'est point obligatoire » (art. 5). Dans cette compréhension à partir de droit, nous avons la « liberté de dire ou de faire ce qui n'est pas contraire à l'ordre public ou à la morale publique ». 

Mais pour nous, les chrétiens, la liberté est liée à la communion avec les gens, dans la communauté de foi et se fait par la miséricorde. C’est une relation affective et prudente avec les frères et les personnes blessées et abattues. Quand Jésus a vu la foule, il a été très désolé pour ces gens parce qu'ils étaient affligés et abandonnés, comme des brebis sans berger. 

C'est pourquoi nous sommes appelés à la bonté, prêts à faire le bien sans regarder qui. Nous sommes appelés à l'humilité, dans une attitude serviable. Nous sommes appelés à la douceur, dans une relation sans contrainte pour changer les gens. Nous sommes appelés à souffrir longtemps, avec la volonté d'être tolérants face à la faiblesse des gens. Nous sommes appelés au pardon, car nous sommes pardonnés par le Dieu éternel lorsque nous pardonnons. Et nous sommes appelés à la paix, résultat de la pratique de l'amour, du pardon et de la gentillesse. 

C'est ainsi que la communauté de foi montre au monde que la réconciliation et la paix peuvent être réalisées en Jésus. Les décisions prises avec amour et justice construisent une paix qui dépasse la compréhension humaine, même dans les situations de conflit. 

Nous sommes appelés à vivre l'expérience chrétienne comme communauté de foi. Nous pouvons jouir, comme nous sommes égaux, des bénédictions de cette communauté dans les célébrations de notre église. Nous sommes appelés à vivre dans le corps de Jésus pour rejoindre Béziers, la France et le monde. 

Par conséquent, il n'y a plus de condamnation pour ceux qui sont en Jésus. La loi de l'esprit de vie en Jésus, vous a libéré du péché et de la mort. C'est impossible pour l'effort humain, car il est affaibli par l'éloignement du Dieu éternel. Mais ce Dieu unique a envoyé son fils dans une humanité semblable à la nôtre, condamné l'aliénation, le détachement et les mauvaises cibles. Pour que sa justice s'accomplisse en nous qui vivons selon l'esprit. En effet, ceux qui vivent selon l'esprit désirent les choses qui sont de l’esprit. 

Donc, la liberté, est-elle importante ? 

Oui, elle est très importante. Puisque, il n'y a plus de condamnation pour ceux qui sont en Jésus. La loi de l'esprit de vie en Jésus nous a délivré du péché et de la mort. 

3. Les frontières de la liberté 

La portée du texte apostolique nous fait passer de la réflexion à l'action sur les trois thèmes qui s'entrecroisent dans cette ouverture des frontières : l'égalité, la liberté et l'unité dans le Christ. 

Ainsi, Paul nous oblige à repenser les questions d'éthnicité, d'esclavage et de sexe, en extrapolant les murs de l'église et en présentant à tous les chrétiens une proposition d'ouverture des frontières, où règnent l’égalité et la parité des droits et des chances. Et libérer, de manière à ce que chacun puisse avoir sa volonté, en pleine jouissance des droits d'un être humain autonome devant sa conscience et Dieu, à son image, dont les droits à l'existence et à la vie sont garantis. 

Si la révélation est une conversation entre Dieu et les êtres humains, dans le Christ, c'est de ce dialogue que nous avons les éléments fondamentaux pour savoir ce que Dieu veut que nous soyons : égaux et libres, unis dans l'amour du Christ. En ce sens, peu importe à quel point l'être humain est tombé, peu importe à quel point l'être humain est abandonné et socialement discriminé, il a toujours la liberté de conscience nécessaire pour accepter le dialogue proposé par le Créateur. 

Nous croyons que la mission du peuple de Dieu est l'évangélisation du monde, visant à la réconciliation des êtres humains avec Dieu, quelle que soit leur situation financière ou sociale, qu'ils soient hommes ou femmes. Les disciples de Jésus et les Églises étaient appelés à proclamer par l'exemple de l'amour et de l'unité dans le Christ et par la prédication de l'Évangile de la paix et ainsi faire de nouveaux disciples du Christ dans toutes les nations. C'est aux églises de les baptiser, en leur apprenant à observer ce que Jésus a commandé. L'évangélisation et les missions se produisent lorsque nous vivons dans l'église dans l'égalité et la liberté et témoignons de la foi à travers nos propres vies. 

L'apôtre Paul ( Galates 3.26-28 ) présent la loi de vie du Saint-Esprit et dit que ce qui est juste et bon déborde en nous. Ce débordement de ce qui est juste, de ce qui est bon, n'est possible que par l'union au Christ par la foi et a sa traduction dans le commandement de l'amour. C'est parce que nous ne vivons pas selon la matérialité de la vie, mais nous marchons dans l'esprit, c'est-à-dire que nous avons un mental contrôlé par l'Esprit. 

L’apôtre nous présente le fonctionnement du Saint-Esprit, compris comme celui qui communique la vie, celui qui donne la liberté et intercède auprès du Dieu éternel. 

Il y a une grande différence entre les efforts humains et la nature humaine. Entre ce qui est esprit et ce qui est matériel. Le corps, avec ses membres, intéresse Paul en tant qu'instrument de vie morale. Soumis à la tyrannie de la matérialité, de l'aliénation et de la destruction, Paul demande: « qui me délivrera ? « Et il rend « grâce à Dieu, pour Jésus, notre seigneur « . C'est à partir de ce paroxysme, qu'il affirme que pour cette raison, aujourd'hui, rien du tout ne peut condamner ceux qui sont en Christ. 

En termes d'enseignement, Paul a montré que la loi de Moïse était bonne et sainte, et a conduit les gens à connaître la volonté de Dieu. Mais il ne leur a pas donné la force de le faire. Il leur a fait prendre conscience de leur éloignement de Dieu et de leur besoin d'aide. Cette aide, entièrement gratuite, est venue par Jésus. Et l'humanité, blessée par l'aliénation, est recréée en Jésus, et peut maintenant vivre dans la liberté et la justice, selon la volonté du Dieu unique. 

Aujourd'hui encore, l’épître au Romains présentent des enseignements fondamentaux pour la communauté de Jésus: nous apprenons le péché, la gratuité de la liberté et le fait d'être ressuscité dans le Christ. Mais il parle aussi de justification par la foi et d'être adopté comme enfants. C'est à partir de cette compréhension que nous devons vivre. Nous comprendrons alors mieux ce que Paul appelle la loi de l'Esprit de vie en Jésus-Christ et son importance dans le cheminement du chrétien. 

Mon ami Anton Ronai a vaincu la mort, s'est échappé du camp de concentration et a conquis la liberté de droits. 

Mais, comment vivre la liberté chrétienne ? 

La liberté chrétienne nous emmène au-delà des frontières. La liberté chrétienne est service. Nous conduit à vivre l'amour et l'égalité dans notre communauté de foi, dans notre ville, dans notre pays et dans le monde. 

Pour penser et vivre 

Dans la loi de l'Esprit de vie nous sommes appelés à la liberté. 

En Christ nous sommes libres. 

La liberté chrétienne a des frontières, qui sont l’amour et l'égalité avec les autres. 

C'est Jésus lui-même qui nous a donné la directive : « Je suis la vigne et vous êtes les sarments. Celui qui est uni à moi et moi à lui, cela porte beaucoup de fruits, car sans moi vous ne pouvez rien faire ». Jean 15.5. 

Jésus est la vigne, mais les fruits de la liberté dans l’Esprit jaillissent des communautés qui lui sont liées. Puissions-nous tous, unis à lui, produire des fruits d'une justice et d'une dignité reconnues. C'est ce que Jésus attend de nous. 

Que le Dieu éternel vous bénisse et demeure dans la parole, connaisse la vérité et soit libre dans l'Esprit! 

C’est ma prière. 


Question: Qu'est-ce que c'est un Huguenot ?
Avec Karo Vallée
https://www.youtube.com/watch?v=EavWWjMX9-M