mercredi 2 novembre 2011

PROGRAMAÇÃO DO PR. DIDIER ROCA NO BRASIL


Nosso desejo é que você o conheça e traga seus amigos para as atividades públicas 
que serão realizadas na Faculdade Teológica Batista de São Paulo
e em igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Quarta-feira 09/11/2011 - (05:35h) Chegada a Guarulhos 
À tarde, encontro com pastores em Perdizes. À noite participação no culto de oração.
Quinta-feira 10/11/2011
Almoço com a participação de todos os envolvidos no Projeto A Cruz Huguenote
À tarde, passeio pela Avenida Paulista. 
À noite, fala sobre "O enigma das parábolas", no culto da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Sexta-feira 11/11/2011
Pablo e Patrícia Sacilotto passam o dia com o casal Didier e Catherine Roca.
Sábado 12/11/2011
Livre
Domingo 13/11/2011
Manhã IB em Perdizes - Participa do culto e prega
Noite IB em Vila Gerty – Participa do culto e prega
Segunda-feira 14/11/2011
Viagem para o Rio de Janeiro
Terça-feira 15/11/2011
Praia e passeio à tarde no Rio
Quarta-feira 16/11/2011
Praia e passeio à tarde no Rio
À noite participa em culto de oração
Quinta-feira 17/11/2011
Retorno a São Paulo
Sexta-feira 18/11/2011
Reunião com o Pr. Eli Fernandes e equipe ministerial.
Sábado 19/11/2011
Livre
Domingo 20/11/2011
Manhã – Participa do culto e prega
Noite – Participa do culto e prega na Igreja Batista da Liberdade
Segunda-feira 21/11/2011
Livre
Terça-feira 22/11/2011
Retorno para Paris



la croix huguenote*
Convergence pour l´appui et le développement des églises françaises et brésiliennes





mardi 1 novembre 2011

O catolicismo, análise e perspectivas – parte II

Por Jorge Pinheiro
(continuação do artigo publicado na edição anterior de ViaPolítica) 

III. A reforma católica 

O catolicismo romano não pode ser visto como um sistema teológico monolítico. Por isso, vamos analisar suas duas principais tendências teológicas e ver como, a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), a tendência minoritária cobra alento e passa a nortear o pensamento católico rumo à alta modernidade. 

A tradição principal do catolicismo romano ressalta a transcendência de Deus e da Igreja como instituição divinamente convocada, é a Igreja vertical. Essa tradição teológica, autoritária e centralizadora, foi duramente combatida pela Reforma, mas predominou desde o Concílio de Trento (1545-1563) até o Concílio Vaticano II. 

A outra tradição teológica – conhecida como princípio do desenvolvimento doutrinário – que sempre existiu, embora tenha sido minoritária durante séculos, ressalta a imanência de Deus e da Igreja como comunidade, é a Igreja horizontal. 

A característica do catolicismo romano sempre foi sua eclesiologia, que realçou o papel da Igreja como mediadora da salvação. A vida sobrenatural era assim apresentada aos fiéis através de sacramentos, que são ministrados pela hierarquia. 

O documento mais importante do Concílio Vaticano II, aConstituição Dogmática da Igreja, revolucionou a eclesiologia católica romana. A ênfase tradicional na Igreja como meio de salvação foi substituída por uma compreensão da Igreja como mistério, “uma realidade imbuída da presença oculta de Deus” (Paulo VI). 

A concepção hierárquica foi substituída pelo conceito da Igreja como povo inteiro de Deus, e a rígida visão universal suplementada pela aceitação de sua plenitude em cada congregação local. 

E, no Decreto sobre o Ecumenismo, o Concílio Vaticano II afirmou que, por ocasião da Reforma, os dois lados estavam errados, passando a procurar a restauração da unidade cristã. Dessa maneira, reconheceu que a Igreja é maior do que a Igreja católica romana. 

Vejamos agora como o Concílio do Vaticano II viu e reinterpretou as bases teológicas do catolicismo romano: 

Papa 

É a “fonte e alicerce perpétuo e visível de unidade dos bispos e da multidão dos fiéis”. O Concílio também fortaleceu o colegiado dos bispos, modificando o governo monárquico da Igreja: “Juntamente com sua cabeça, o pontífice romano, e nunca sem sua cabeça, a ordem episcopal é revestida de supremo e pleno poder sobre a Igreja universal”. 

Os sacramentos 

O Vaticano II em nada mudou o princípio sacramental do catolicismo romano. O sistema sacramental foi elaborado durante a Idade Média, pelos escolásticos. Para o Concílio de Trento, os sacramentos são causas da graça e, por isso, podem ser recebidos independentemente do mérito do fiel. Segundo a teologia sacramental católica, os sacramentos conferem graça porque são expressões cristológicas do sacrifício de Jesus no calvário. Hoje em dia, os teólogos católicos preferem ligar os sacramentos à eclesiologia: não nos encontramos com Jesus, diretamente, mas com sua Igreja. Os sacramentos são sete. O batismo, a crisma e a eucaristia fazem parte da iniciação cristã. 

O batismo 

Todos devem ser batizados (ad remissionem), caso contrário não poderão entrar no reino do céu. Mas, além do batismo pela água, há o batismo pelo sangue (os mártires, Mt 2.16-18) e o batismo do desejo, recebido por aqueles que desejam o batismo, mas que estão impedidos de recebê-lo sacramentalmente. “Até mesmo aqueles que, sem culpa pessoal, não conhecem Cristo e Sua igreja podem ser contados como cristãos anônimos se os seus esforços para viver uma vida virtuosa realmente são uma reação favorável à Sua graça, que é dada a todos em medida suficiente”. 

Temos ainda a confirmação (ad robur); a eucaristia (natureza sacrificial da missa e transubstanciação); a penitência (satisfação, confissão, contradição e absolvição – a partir do Vaticano II o papel do sacerdote na penitência é visto como terapêutico, e o propósito do sacramento é a reconciliação com a igreja), a unção dos enfermos (esse sacramento hoje é ministrado durante a missa), o casamento (indissolúvel, mas permite as dispensações delimitadas pela Lei Canônica), as ordens (sacerdócio conferido pela ordenação), a lei canônica (jurisprudência católica romana), o culto à virgem Maria (o Vaticano II dissociou a mariologia da cristologia, removendo a ênfase do papel dela em nossa redenção e ligando-a à eclesiologia – é vista como modelo, mãe e membro destacado da Igreja), e a revelação (o Vaticano II definiu a tradição como interpretações sucessivas das Escrituras). 

Dessa maneira, o catolicismo romano, através do Concílio Vaticano II, deu início a uma reforma teológica: propôs a volta à Igreja horizontal, lançou as bases para um diálogo com "os irmãos separados" e preparou-se para reconquistar o terreno perdido nos últimos séculos. Mas, com a morte de Paulo VI, um novo papa, João Paulo II, de teologia tridentina, quer dizer, calcado nas doutrinas conservadoras do Concílio de Trento, colocou-se como opositor ao reformismo proposto pelo Concílio Vaticano II. E, agora, Bento XVI segue a mesma linha de seu antecessor. 

IV. O aggiornamento como solução 

Os bispos latino-americanos e, em especial brasileiros, sempre viram com bons olhos o reformismo e o progressismo do Concílio Vaticano II. E foi a partir daí, e de uma leitura das doutrinas sociais da Igreja, que nasceu seu envolvimento com as questões sociais.1 

Assim, para o frei Leonardo Boff,2 expoente da Igreja horizontal, a partir da Reforma no século 16 predominou, na Igreja Católica romana, a atitude de confronto: primeiro com as Igrejas protestantes e depois com a modernidade. Face à Reforma houve excomunhões, e face à modernidade, condenações contra a ciência, a democracia, os direitos humanos, a industrialização. 

"Em seu documento de 2000, Dominus Jesus, o cardeal Ratzinger reafirma tal visão com a máxima clareza e laivos de fundamentalismo". Esta atitude belicosa predominou até os anos 1960, quando foi eleito o papa João XXIII. Seu propósito era passar do anátema ao diálogo. Quis escancarar as portas e janelas da Igreja para arejá-la. Considerava blasfêmia contra o Espírito Santo imaginar que os modernos só pensam erros e praticam o mal, afirma Boff. 

É por isso que Carlos Signorelli, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, diz que, desde Puebla, em 1978, "há uma disputa de modelo de Igreja na América Latina. Um dos lados aposta no compromisso com os mais pobres, outro critica o uso de métodos sociológicos para a compreensão da Igreja e aposta na evangelização da classe média". 3 

Para Leonardo Boff, há bondade no mundo, como há maldade na Igreja. Importa é dialogar, intercambiar e aprender um do outro. A Igreja que evangeliza deve ela mesma ser evangelizada por tudo aquilo que de bom, honesto, verdadeiro e sagrado que puder ser identificado na história humana. 

"Deus mesmo chega sempre antes do missionário, pois o Espírito Criador sopra onde quiser e está sempre presente nas buscas humanas suscitando bondade, justiça, compaixão e amor em todos. A figura do Espírito ganha centralidade". 

Assim, o Concílio Vaticano II optou pelo diálogo com as igrejas protestantes e com a modernidade, através do mútuo reconhecimento e pela colaboração em vista de algo maior que a própria Igreja Católica romana, uma humanidade mais dignificada e uma Terra mais cuidada. 

Este aggiornamento, segundo Boff, trouxe vitalidade em toda a Igreja, especialmente na América Latina, que criou espaço para aquilo que se chamou de Igreja da base ou da libertação e da Teologia da Libertação. Mas acirrou também as frentes. Grupos conservadores, incrustados na burocracia do Vaticano, conseguiram se articular e organizaram um movimento de restauração, de volta à grande tradição. 

"Este grupo foi reforçado sob João Paulo II, que vinha da resistência polonesa ao marxismo. Chamou como braço direito e principal conselheiro, seu amigo, o teólogo Joseph Ratzinger, elevando-o diretamente ao cardinalato e fazendo-o presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, a ex-Inquisição. Aí se processou, de forma sistemática, vinda de cima, uma verdadeira Contra-Reforma Católica. O próprio cardeal Ratzinger no seu conhecido Rapporto sulla fede, de 1985, um verdadeiro balanço da fé, dizia claramente: 'A restauração que propiciamos busca um novo equilíbrio depois dos exageros e de uma abertura indiscriminada ao mundo'." 

Ele elaborou teologicamente a opção pelo confronto a partir de sua formação de base, o agostinismo, sobre o qual fez duas teses minuciosamente trabalhadas. Santo Agostinho, diz Boff, opera um dualismo na visão do mundo e da Igreja. Por um lado está a cidade de Deus e, por outro, a cidade dos homens, por uma parte a natureza decaída e por outra, a graça sobrenatural. 

"O Adão decaído não pode redimir-se por si mesmo, seja pelo trabalho religioso e ético (conforme defendia Pelágio), seja por seu empenho social e cultural. Em razão desta chave de leitura, o papa Bento XVI se confronta com a modernidade, vendo nela a arrogância do homem buscando sua emancipação por próprias forças. Por mais valores que ela possa apresentar, não são suficientes, pois não alcançam o nível sobrenatural, único caráter realmente emancipador. Nela vê, mais que tudo, secularismo, materialismo e relativismo. Essa é também sua dificuldade com a Teologia da Libertação. A libertação social, econômica e política que pretendemos, segundo ele, não é verdadeira libertação, porque não passa pela mediação do sobrenatural. Se o atual papa tivesse assumido uma teologia do Espírito, coisa ausente em sua produção teológica, teria uma leitura menos pessimista da modernidade", concluiu Leonardo Boff. 

Algumas considerações 

Assim, podemos ver que a visita de Bento XVI não teve como objetivo apenas enfrentar a crise externa da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, a perda de fiéis. Mas, também, enfrentar internamente um debate teológico sobre os caminhos do catolicismo na América Latina. 

No momento se dá um embate entre as duas posições analisadas. A Igreja latino-americana pende mais pela opção do diálogo. Essa é mais adequada à cultura brasileira, que não é fundamentalista, mas relacional. 

Essa luta interna na Igreja Católica não está resolvida. O certo é que o catolicismo romano, no Brasil, repetiu aqui os mesmos erros que o caracterizavam como sincretismo religioso na Europa medieval. Durante a colonização e o Império, foi considerado como o principal vínculo de unidade nacional, religião do Estado, que não permitia qualquer tipo de liberdade ou mesmo tolerância a qualquer outro pensamento religioso. 

Fruto desse monismo conservador e autoritário, aceitava o sincretismo, desde que acontecessem no seio da Igreja e não fora dela. Essa postura gerou o catolicismo popular brasileiro, que só começou a sofrer mudanças a partir do processo de industrialização, no século passado. 

A luta de teólogos como Leonardo Boff e de outros comprometidos com o Concílio Vaticano II é altamente positiva e se traduz numa aproximação ao pensamento reformado, em especial aquele defendido por Lutero. Mas esta luta não está definida. Podemos dizer apenas que a América Latina é hoje um dos centros onde essa guerra acontece e que, muito possivelmente, o mundo católico acompanhará o caminhar dos católicos latino-americanos e caribenhos. E aí reside a esperança daqueles que defendem oaggiornamento do catolicismo. 

Notas do autor 
1 Jorge Pinheiro, Teologia e Política, Paul Tillich, Enrique Dussel e a Experiência Brasileira, São Paulo, Fonte Editorial, 2006, pp. 147-184. 
2 Leonardo Boff, "Bento 16 e a guerra na igreja", Opinião, Folha de S. Paulo, 13/05/2007. 
3 Rafael Cariello, "Igrejas do papa e da América Latina se opõem em encontro", Folha de S. Paulo, 13/05/2007. 

Bibliografia 
Burns, Edward McNall, História da Civilização Ocidental, vol. 2, São Paulo, Editora Globo, 1990. 
Cairns, Earle E., O Cristianismo Através dos Séculos, São Paulo, Edições Vida Nova, 1992. 
Dussel, Enrique e outros, História Geral da Igreja na América Latina, Vozes, Petrópolis, 1985. 
Elwell, Walter (ed.), Enciclopédia Histórico Teológica da Igreja Cristã, vol. 1, São Paulo, Edições Vida Nova, 1993. 
Falconi, Carlo, La Chiesa e Le Organizzazioni Cattoliche in Europa, Milano, Edizioni di Comunitá, 1960. 
Lima, Délcio Monteiro de, Os Demônios Descem do Norte, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1991. 
Pinheiro, Jorge, Teologia e Política, Paul Tillich, Enrique Dussel e a Experiência Brasileira, São Paulo, Fonte Editorial, 2006. 
Walker, W., História da Igreja Cristã, vol. I, São Paulo, ASTE, 1967. 

lundi 31 octobre 2011






La Croix Huguenote* 
Convergence pour l´appui et le développement des églises françaises et brésiliennes 

O projeto La Croix Huguenote, neste primeiro semestre de 2012, visa apoiar as pequenas igrejas batistas francesas que por diferentes motivos estão sem pastores ou necessitam de apoio ministerial e aceitam construir parcerias com igrejas batistas brasileiras. Essas parcerias partem do fato de que Deus mantem na França um remanescente da histórica tradição reformada, que deseja expandir o Reino, e aproveitar o renascimento reformado que pode ser visto em diferente regiões do país. 

A partir do exposto, neste primeiro semestre de 2012, La Croix Huguenote propõe: 

1. Parceria entre igrejas brasileiras e francesas, que desejam se conhecer e oferecer hospedagem a jovens para capacitação em evangelismo e missões. 
2. Promoção de acampamentos no Brasil e acampamentos de férias na França entre os jovens das igrejas solidárias com o Projeto La Croix Huguenote. 
3. Viagens de pequenos grupos para evangelizar na França e acolhida de pequenos grupos franceses no Brasil para treinamentos específicos. 
4. Futebol e esportes – campenatos de dentes-de-leite e juniores em cidades franceses onde estão localizadas igrejas solidárias com o Projeto La Croix Huguenote, com a presença de jogadores brasileiros. Participação de times de dentes-de-leite e juniores em Copa a ser promovida pela Igreja Batista da Liberdade e demais igrejas associadas ao Projeto La Croix Huguenote. 
5. Criação de site próprio e publicação de pastorais de ministros brasileiros e franceses, com tradução nos dois idiomas. 
6. Publicação no site de artigos de mestrandos e doutorandos das faculdades teológicas franceses e brasileiras, participantes do Projeto La Croix Huguenote. 
7. Permuta de estudantes brasileiros, graduados em Teologia, para cursarem Mestrado em faculdades francesas, e de estudantes franceses para cursarem graduação ou Pós-Graduação na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. 
8. Presença de jovens pastores brasileiros, com domínio do idioma francês, para atuarem em igrejas francesas, quer como pastores titulares, quer em segmentos de comunidades étnicas, crianças, jovens, música, e outros que se fizerem necessários. E da mesma forma, estágio de jovens pastores franceses no Brasil. 

E no caminhar do projeto, Pablo Sacilotto e sua esposa Patrícia assumirão, no correr deste primeiro semestre, o ministério pastoral da Igreja Batista de Lunel, no Mediterrãneo francês. 

Para que as igrejas parceiras e os patrocinadores do projeto La Croix Huguenot tenham conhecimento da história do movimento batista na região, publicaremos aqui, em três capítulos, o relatório que recebemos do Pr. Didier Rocca da Igreja Batista de Montpellier, que está a nos visitar no Brasil. 


Ao Projeto La Croix Huguenote – Primeira parte 


As igrejas de Montpellier e de Lunel, efetuaram uma reflexão comum, a fim de partilhar um ministério pastoral, que venha se somar aos respectivos ministérios dos pastores Didier ROCA et Alain COMBET. 

Por sua história comum, as Igrejas de Montpellier e de Lunel procuram permanecer próximas e colaborar uma com a outra harmonizando seus programas e en se ajudando mutuamente. Graças à sua proximidade geográfica (25 Km), as Igrejas de Montpellier e de Lunel possuem alguma facilidade para contemplar a partilha de um minstério pastoral suplementar. 

Mas esses motivos não são suficientes para explicar este dossier. Como vocês lerão nas próximas páginas a região Montpellier-Lunel é uma bacia em plena expanção populacional: a grande Montpellier é a de maior crescimento na França nos últimos 30 anos e, nos últimos 40 anos, Lunel multiplicou quase por 3 o número de seus habitantes. 

As Igrejas de Montpellier et de Lunel são frágeis. 

- O número de membros é baixo enquanto a média de idade destes/as é muito elevada 
- Os membros das nosssas duas Igrejas são quase todos de um meio social pobre, até mesmo muito pobre para muitos (desempregados, pessoas sós, aposentados …) 
- Mesmo unindo suas forças (ou talvez suas fraquezas) as Igrejas de Montpellier e de Lunel não têm atualmente os meios para desenvolver como deveria a vida de suas comunidades 

A Igreja de Montpellier consegue assumir de forma estrita – até o momento, mas até quando? –o encargo financeiro de um ministério pastoral. Quanto à Igreja de Lunel, ela se beneficia até o momento, mas até quando? - do ministério de um pastor aposentado. 

Tendo tomado consciência do grande crescimento populacional da região, quase todas as Igrejas Protestantes e Evangélicas de Montpellier dobraram, eventualmente triplicaram, os postos pastorais. Há portanto um grande investimento dessas Federações, Associações et outros agroupamentos de Igrejas: não é o momento da Associação Evangélica das Igrejas Batistas de Lingua Francesa fazer a mesma constatação e tomar o mesmo tipo de decisão? 

Há urgência 

Se nada for decidido nem feito num futuro muito breve, a Igreja de Lunel não terá mais ministério pastoral e o que começou há cerca de 20 anos acabará (ou se apagará) com o fechamento de um local novo e funcional... e o desapareceimento de uma Igreja. 

- O pastor Alain Combet, aposentado, não prosseguirá indefinidamente com sua atuação como pastor de tempo integral no seio da Igreja… os prazos para ele se contam em meses e não em anos. 
- A idade avançada da grande maioria dos membros da Igreja nos leva a pensar que, se nada for feito, a "vela" se apagará por si mesma … e aí novamente, não é mais em anos que se pode pensar. 

A situação da Igreja de Montpellier é menos urgente, no entanto a maior parte dos sinais estão no "amarelo". O envelhecimento da Igreja é real, seu empobrecimento também. A preocupação e o desencorajamento se imiscuiram nos « rangs » da comunidade. 

Nenhuma de nossas duas igrejas têm energia suficiente para "reforçar" e estabilizar o seu testemunho 

Mas, para além da situação específica das nossas duas comunidades, há toda uma população que mereceria que nos interessássemos um pouco mais por ela e esse é o que motiva, antes de qualquer outra coisa, o nosso pedido de ajuda. 

A Associação Evangélica das Igrejas Batistas de Língua Francesa -- AEEBLF está disposta a investir para apoiar o testemunho da Associação no Sul da França? As Igrejas em Montpellier e de Lunel são dois pontos de ancoragem, elas têm certamente fraquezas, mas eles têm o mérito de estar lá. 

Portanto, apelamos portanto para a AEEBLF (Associação Evangélica das Igrejas Batistas de Língua Francesa) para estudar a possibilidade de nos dar os meios para estabelecer um ministério compartilhado entre as Igrejas de Montpellier e de Lunel .

Em contrapartida, as igrejas de Montpellier e de Lunel se aplicarão a trabalhar juntas para harmonizar os seus programas e reforçar uma colaboração que já é real. 

2 – MONTPELLIER: CAPITAL DO LANGUEDOC - fonte Wikipédia & Prefeitura de Montpellier - 

Situada no sul da França, sobre o Mediterrâneo, Montpellier é hoje a oitava cidade da França considerando a população intra-muros e terceira cidade francesa do eixo mediterrâneo (atrás de Marselha e Nice). 

Acesso 

· Rodoviário
Montpellier-Barcelona em 2h30 
Montpellier-Genebra em 4h

· Aéreo 
14 vôos diários para Paris (em1h15) 
60 destinações para France, Europa e internacionais

· Ferroviário
Paris a 3h15 de TGV 

Capital do Languedoc-Roussillon, Montpellier experimenta atualmente o maior crescimento demográfico da França (+8,12%) 
- 400 000 habitantes no conjunto das cidades da grandeMontpellier. 
- 43 % da população tem menos de 30 anos. 

Montpellier é uma das raras cidades de mais de 100 000 habitantes onde a população tem aumentado de forma ininterrupta nos últimos 50 anos. Ela mais do que dobrou ao longo desse período para alcançar, de acordo com o censo do INSEE [Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos] de 1 de janeiro de 2006, a marca de 251.634 habitantes apenas na cidade de Montpellier. 

A população de Montpellier é tipicamente mediterrânea: à população de origem francesa e do Languedoc, vieram somar-se uma proporção elevada de "pieds noirs" (franceses repatriados da Argélia no começo da década de 1960) e de seus descendentes, de espanhóis, de imigrantes do norte da África (Argélia, Marrocos) e de outras populações provenientes das margens do Mar Mediterrâneo. A África Negra francófona também está bem representada. Mas os "imigrantes" modernos são também franceses do norte que vêm se instalar no sul em busca de um clima particularmente ensolarado e ameno (Montpellier é a cidade da França mais cortejada por funcionários públicos). 

Comentário: o fluxo da população de Montpellier, que foi alimentado por longo tempo pelas regiões vizinhas (Lozere, Aveyron, Gard), aumentou drasticamente na década de 1960 com a chegada dos "pieds noirs", representando 30000 pessoas a se instalar na grande Montpellier.

A implantação da IBM em 1965 e o desenvolvimento das administrações regionais também contribuíram para o dinamismo demográfico.

Entre 1962 e 1975, a população de Montpellier aumentou de 123000 para 196 000 habitantes, ou seja, um crescimento anual superior a 4%. É o maior aumento registrado na França.Desde então, Montpellier continuou a atrair, mas o crescimento administrado da cidade, tem beneciciado atualmente os municípios periféricos.

Em 2015, de acordo com as projeções do l'INSEE, a região urbana (1) de Montpellier deverá contar com mais de 600 000 habitantes.

(1) A região urbana engloba todas as cidades, das quais ao menos 40 % dos ativos trabalham em Montpellier, ou seja 74 municípios. 

Cada ano, são cerca de 80.000 estudantes que vêm estudar nas Faculdades de Montpellier (90 000 se levarmos em conta os alunos que permanecem na grande região). 

A cidade foi alçada a segunda área com maior concentração de estudantes, depois de Poitiers, e na frente de Grenoble, Rennes, Nancy e Toulouse. 

Montpellier está perfeitamente situada para atrair visitantes ao longo de todo o ano. 

A cidade fica a 10 km das prais de Palavas les Flots e de Carnon et a uma hora de estrada da região de Cévennes (75 km até o pico do Mont Aigoual o ponto mais alto de Cévennes). Mas a cidade também conta com importantes atividades culturais para atrair visitantes: o Museu Fabre, Teatro, Ópera, Jardim Zoológico, aquário (o maior da Europa), Planetário, estufas tropicais, muitos parques e jardins, Zenith e eventos diversos . 

A cada ano, portanto, são centenas de milhares de pessoas que vêm a Montpellier e região para estadias de férias e descoberta de lugares pitorescos e históricos ou simplesmente para aproveitar as praias. 

Em Montpellier foi criada em 1181 a primeira faculdade de medicina do mundo. Hoje em dia a cidade é um lugar forte da medicina na França, onde é possível encontrar quase todas as especialidades. 

3 – LUNEL: UMA VILA QUE SE TORNOU CIDADE - fonte Wikipédia & Prefeitura de Lunel - 

Situada na fronteira leste do departamento do Hérault [cada departamento na França constitui tanto uma divisão administrativa, quanto um estado e uma coletividade territorial, fonte :wikipedia. O departamento do Hérault fica na região do Languedoc-Roussilon, que inclui também os departamentos de Aude, Gard, Pyrénées-Orientales e Lozère. Montpellier é a capital tanto do departamento quanto da região], a cidade de Lunel se situa 25 km a leste Montpellier e a 28 km ao sudoeste de Nîmes (capital do departamento de Gard), sobre a via ferroviária e a rodovia nacional (RN113) ligando as prefeituras dos dois departamentos. 

Situada sobre a margem direita do Vidourle (departamento do Hérault), seu território consiste principalmente de uma planície aluvial entre a planície de Mauguio e a da"Petite Camargue". 

Ao norte da cidade, começam as colinas no sopé das quais se encontra o canal de irrigação do baixo Rhône-Languedoc, o qual possibilitou o desenvolvimento da fruticultura na parte oriental do Herault. 

En 1962, Lunel era um vilarejo de 9 000 habitantes … Hoje, Lunel é uma pequena cidade de 25 000 habitantes em crescimento constante. 

Os "Pescalunes" (os pescadores de lua) formam a população original da cidade, mas desde há muitos anos uma alta proporção de moradores de todas as partes do hexágono assim com uma grande população proveniente do Norte de África veio se juntar a eles. Há uma elevada proporção de magrebinos em Lunel, em particular nos bairros antigos do centro da cidade. 

Observação - pela sua situação geográfica, Lunel tornou-se também uma cidade dormitório, alguns trabalham em Montpellier, outros em Nîmes. 

Estatísticas sobre a cidade de Lunel - (fonte INSEE) 
População : 0-19 anos 26% 
População : 20-39 anos 24% 
População : 40-59 anos 27% 
População : 60 anos ou mais 23% 

Uma bacia com uma considerável população de cerca de 50 000 habitantes. 

A planície da bacia de Lunel conta com cidades como: Lunel-Viel, Lansargues, Saint Nazaire de Pézan, Marsillargues, Aimargues, Gallargues, Villetelle, Saturargues, Vérargues … 

Decididamente voltada para a “Camargue” [região situada entre o delta formado pelo encontro das águas do Rhône e do Mediterrâneo, cuja paisagem é marcada pela presença de touros, de cavalos brancos e de flamingos rosas, além de salinas e plantações de arroz] com suas tradições taurinas, em Lunel há famosos festivais que animam o calendário anual da cidade. Mas essa não é a única atração turística da cidade, que fica a apenas alguns quilômetros das praias de La Grande Motte, dos vastos espaços da Camargue, do sítio arqueológico do Oppidum romano de Ambrusum e dos muros de Aigues-Mortes, a famosa cidade medieval, farol do turismo histórico do Languedoc e lugar-tenente do protestantismo (Marie Durand prisioneira pela fé e resistência, entre outras).

Além disso, Lunel é cercada por vinhedos: o Muscat produzido por este vinha é apreciado e célebre para muito além das fronteiras do município e da região. 

4 – AS IGREJAS PROTESTANTES & EVANGÉLICAS DE MONTPELLIER 

A grande Montpellier conta com 17 Igrejas constituídas mais alguns grupos marginais (e sectários, ao menos alguns dentre eles). 
16 dessas Igrejas participam regularmente dos encontros da Pastoral de Montpellier que reúne os pastores e responsáveis a cada dois a três meses. 
Estão também presentes em Montpellier as seguintes associações: GBU, MENA, AGAPE, ONE-ANOTHER. 

Para a maioria delas o tamanho das Igrejas protestantes e evangélicas de Montpellier continua sendo médio (à imagem das Igrejas locais na França), poucas dentre elas têm mais de 100 pessoas participando dos cultos. A Igreja Reformada da França conta com muitos lugares de culto no entorno e dentro de Montpellier, mas há somente três pastores para servi-las. 

A pastoral de Montpellier está constituída como Associação (lei de 1901). Ela reúne os pastores e responsáveis que desejam participar. 

Ela tem por vocação principal possibilitar aos pastores e responsáveis que se encontrem, aprendam a se conhecer e a se respeitar, mas também que compartilhem novidades e eventuais projetos. 

Foi também a pastoral que organizou recentemente uma exposição bíblica no centro da cidade, um grande encontro festivo em 2008 e um culto comum e é ela que reúne a cada dois anos mais de 1500 pessoas na sala de ópera da cidade, disponibilizada gratuitamente pela Municipalidade. 

Há também em Montpellier uma Faculdade Livre Protestante de Teologia (Reformada), lembrando que a cidade foi um dos bastiões do protestantismo no sul da França.

*A cruz huguenote foi criada em 1688 por um ourives da cidade de Nîmes. Passou a ser referência da fé reformada durante as perseguições dos séculos XVII e XVIII. Hoje é um símbolo do protestantismo francês. Os elementos presentes na cruz têm um claro significado espiritual, onde a pomba representa o Espírito Santo, expressão da relação do cristão com o Deus Eterno.

O catolicismo, análise e perspectivas – parte I

Por Jorge Pinheiro *

ViaPolítica -- São Paulo, 06.01.2007 

Introdução 

O cardeal Joseph Ratzinger já esteve no Brasil duas vezes, em 1985, após ter punido o teólogo Leonardo Boff e, em 1990, para ministrar um curso na diocese do Rio de Janeiro. Mas a visita de maio, em 2007, foi a primeira como papa Bento XVI. Oficialmente, ele veio para canonizar Frei Galvão e para abrir a 5ª Conferência Episcopal Latino-Americana, Celam, em Aparecida (SP). 

Mas, ao contrário do que as aparências sugerem, há duas razões que balizaram a visita: uma de caráter interno, que Leonardo Boff chama de "a guerra na igreja", e outra de caráter externo, que é a guerra externa, ou seja, a perda significativa de fiéis nos últimos dez anos. 

Aliás, sobre a guerra externa, segundo o Datafolha Pesquisa de Opinião (05/05/2007), a partir de dados consolidados de oito pesquisas nacionais, realizadas em 2006 e em 2007, em um total de 44.642 entrevistas, os católicos são 64%, os evangélicos pentecostais, 17%, e os não pentecostais, 5%. Os espíritas kardecistas ou espiritualistas são 3% e, umbandistas, 1%. Os adeptos do candomblé e de outras religiões afrobrasileiras não chegam a 1%, e outras religiões atingem 3%. Aqueles que dizem não ter religião ou ser ateus, 7%. É importante notar que quando o Datafolha fez essa pergunta aos brasileiros pela primeira vez, em agosto de 1994, 75% dos brasileiros se diziam católicos, 10% evangélicos pentecostais e 4% evangélicos não pentecostais. Sem dúvida, a questão da perda de fiéis no Brasil é visível e preocupante para a Igreja Católica. 

Porém, a guerra interna é talvez mais importante ainda, porque a partir das posições em choque podem surgir diretrizes e, quem sabe, soluções para o catolicismo brasileiro. 

Assim, o que está em jogo é se a Igreja Católica na América Latina continuará lutando para se apoiar nos postulados do Concílio Vaticano II, reformista e progressista, ou se, conforme deseja Bento XVI e a hierarquia vaticana, retornará aos valores tridentinos. 

Essas duas guerras nós queremos analisar aqui, mas para isso vamos fazer uma rápida viagem histórica para entender as matrizes teológicas e populares do catolicismo romano. 

I. Um passado presente 

As primeiras fortes pressões do pensamento divergente surgiram a partir do século dois depois de Cristo. Quase todas envolviam questões doutrinárias e geraram grandes discussões na jovem Igreja Cristã, entre os anos de 313 e 451. Dividiram-se em três blocos de questões: 

1. Teológicas, referentes à relação entre Cristo e o Pai, colocando ênfase na unidade divina. Geraram leituras teológicas como ebionismo, gnosticismo (docetismo) e arianismo. 

2. Cristológicas, referentes às naturezas de Cristo, dando origem ao nestorismo (afirmava que Jesus era um homem portador de Deus) e ao monofisismo (duas naturezas fundidas). 

3. E, antropológica, referente à natureza humana, onde Pelágio, seguindo a tradição oriental, afirmava que o ser humano nasce sem pecado, está sob a graça natural, e tem possibilidade de escolher entre o bem e o mal. 

É interessante notar que essas teologias divergentes estavam presentes no Oriente, nas igrejas de Alexandria, Constantinopla, Antioquia, Éfeso e do norte da África. Foram debatidas por teólogos como Atanásio, Eusébio de Cesaréia e Agostinho de Hipona, e combatidas por imperadores como Constantino e sucessores, assim como pela violência do poder do Estado. A vitória sobre cada uma dessas teologias divergentes significou a harmonização forçada às doutrinas defendidas pela nascente Igreja ocidental. E a violência utilizada pelo poder estatal ajudou a solidificar os laços entre a Igreja cristã e o Estado romano. Como resultado, a Igreja cristã herdou declarações formais sobre a fé, distanciando as questões doutrinárias da realidade e da prática do dia-a-dia. 

Na Igreja cristã, os bispos eram considerados iguais em termos de função, posição e autoridade. Mas uma série de acontecimentos históricos, assim como razões políticas, foram modificando essa realidade. A partir dos meados do século IV, a Igreja oriental mostrava-se exaurida pelas lutas teológicas que duraram quase cem anos. Um grande número de bispos tinha sido perseguido, preso e expulso da instituição. Além do mais, em 330, Constantino transferiu a capital do Império para Constantinopla. Depois de 500 anos como centro do poder político do Império, Roma agora passava a ter apenas uma autoridade, o seu bispo. Homens jovens, audaciosos, que sabiam rodear-se de pensadores como Jerônimo, Cipriano, Tertuliano e Agostinho, esses bispos não enfrentaram oposições teológicas de monta e souberam convocar sínodos em que conseguiam manter uma posição que era apresentada ao conjunto da Igreja como a correta. 

Dois fatos devem ser lembrados, pois marcam historicamente o surgimento da predominância política da Igreja de Roma. No ano de 452, Átila e os hunos ameaçaram incendiar Roma. Leão I (400-461), que ocupou o trono episcopal entre 440 e 461, negociou com Átila e conseguiu que ele abandonasse tal idéia. E Átila recuou. Em 455, Genserico e os vândalos fizeram a mesma ameaça. Desta vez, Leão I teve que entrar em acordo. Os vândalos saqueariam a cidade durante duas semanas, mas não a incendiariam. Genserico cumpriu sua parte no acordo. Hábil político, bom administrador e teólogo, Leão I foi o primeiro bispo a dar-se o título “papas” 1. Em édito imperial de Valentiniano, em 445, é reconhecida a supremacia espiritual de Leão I em todo o Ocidente, tornando-se “lei para todos” 2. 

Tecnicamente, porém, os historiadores protestantes apresentam como primeiro papa Gregório I (540-604), bispo de Roma. Com ele termina a história da antiga Igreja cristã e tem início de forma clara e definitiva o Catolicismo Romano. 

Mas, voltemos ao século IV. O imperador Constantino tinha conquistado a unidade militar, política e administrativa do Império. Mas, sabia, e os cem anos anteriores a ele mostravam, que uma força emergente, o cristianismo, poderia abalar esta unidade. O cristianismo era forte no Oriente. Exatamente por isso, apóia-se nele e sob proteção imperial possibilita um crescimento vertiginoso daquela religião que até o momento estivera à margem da lei. 

Assim, em 319, dá isenção de encargos públicos aos bispados, ao mesmo tempo em que proíbe os sacrifícios pagãos nas casas particulares. Em 321, dá aos bispados o direito de receber legados, doações e subvenções. 

O próprio Constantino, assim como sua mãe Helena, ordena a construção de grandes e imponentes igrejas, praticamente uma novidade na história semiclandestina do cristianismo ocidental até aquele momento. E os pastores daquele rebanho, antes perseguidos, são aceitos nos palácios, tornam-se autoridades e recebem subvenções do poder imperial. 

Sob pressão do Império, os funcionários públicos e militares aproximam-se da nova fé. Na verdade, esta é uma aproximação formal, política, e acontece como movimento de massas. Milhares de pessoas declaram-se cristãs e são batizadas. Mas não foram apenas os funcionários e militares, que por segurança política e pessoal aderiram ao cristianismo. Temos ainda os povos europeus, que, ao se aproximarem do Império, procuravam assemelhar-se a ele. Assim, nesse século IV, costumes não-cristãos entram na Igreja e começam a ser aceitos e defendidos. Não foi através de discussões doutrinárias que tais costumes foram se aninhando, mas no dia-a-dia da vida cristã cada vez mais a Igreja aceitou a paganização proposta por Roma Imperial. 

Essas tradições ocuparam definitivamente o coração da igreja. São elas: 

1. Veneração dos mártires 

A veneração dos mártires teve início no segundo século. Era costume realizar a Ceia do Senhor nos cemitérios e catacumbas onde estavam enterrados os mártires. Já nessa época os cristãos oravam por suas almas. Constantino incrementou o costume, pois os pagãos cultuavam seus heróis. Dessa maneira, os mártires passaram a ocupar o lugar dos antigos heróis e dos deuses. 

2. Inclusão dos santos no panteão dos mártires 

O conceito de santo era bem diferente daquele que surgirá na Idade Média. Eram considerados santas aquelas pessoas que se destacavam no serviço ao próximo, mesmo quando esta atividade não era religiosa. Assim, os santos eram escolhidos por senso comum entre os guardiões das cidades, os patronos de profissões e os curadores de doenças. Eram venerados com velas, que deviam ficar sempre acesas. 

3. O maior de todos os santos, a Virgem Maria 

Os mártires eram venerados, os santos eram venerados, logicamente Maria surgiu desde o segundo século como uma pessoa muito especial. Textos apócrifos como o “Evangelho de Tiago” a exaltavam. Irineu, no século IV, deu-lhe o título de “segunda Eva”. E nos concílios de Éfeso e Calcedônia, no debate com Nestório, foi chamada “theotokos”, mãe de Deus. Clemente, Jerônimo e Tertuliano creditaram a ela virgindade eterna. Agostinho disse que jamais cometera pecado. Aos poucos foi ocupando um lugar ao lado de Jesus Cristo, como co-intercessora dos cristãos. Mas só em 1854 o Catolicismo Romano define a sua imaculada conceição e, em 1950, a sua miraculosa assunção aos céus. 

4. Culto dos anjos 

Também tem início ainda na era apostólica, com a ênfase que lhe davam alguns sistemas gnósticos. No século IV, a mística cristã neoplatônica leva esta crença para dentro da igreja. E no século V, com Dionísio, o Areopagita, o culto é institucionalizado. O arcanjo Miguel passa a ser o mais venerado dos anjos. 

5. Relíquias e imagens 

Também começou muito cedo. Mas, no século IV, restos mortais de mártires e santos, como roupas, objetos pessoais e ossos eram venerados. Principalmente quando esses objetos eram atribuídos ou relacionados com Cristo, os apóstolos e os heróis da igreja. 

Já a veneração de imagens surge no século III. Mas é no correr do século seguinte que aparece a crença de que o ícone participava daquilo que ele retratava. Basílio Magno chega a afirmar que “a honra prestada à imagem transfere-se ao protótipo”. No Sétimo Concílio Geral, em 787, o Catolicismo Romano aprova o culto de imagens. 

Esse cristianismo defeituoso afetou profundamente a vida da Igreja, facilitando o ingresso de milhares de pagãos não convertidos à fé imperial. Foi defendido pelos monges e oficializado pelos grandes líderes da Igreja a partir da metade do século V. Surgia, assim, com o aval da hierarquia, o primeiro grande sincretismo cristão. Mas o problema não pára aí. 

Roma Imperial não somente mudou a hierarquia e favoreceu a paganização, como também provocou a secularização da igreja. Com a entrada maciça de pessoas não evangelizadas e não discipuladas, teve início o fim do culto democrático, onde o conjunto dos irmãos participava da adoração, quer através da música, das orações e da exposição da Palavra. Intimidada com o estado monárquico, a Igreja optou por uma liturgia aristocrática, definindo uma clara separação entre clero e leigos. O culto deixou de ser um ato de adoração da comunidade, um relacionamento entre Deus e o homem, através da presença santificadora do Espírito Santo, para transformar-se num espetáculo colorido, pomposo, cantado e falado num idioma que caminhava para a morte. 

O domingo tornou-se o dia principal do calendário eclesiástico, depois que Constantino estabeleceu que seria dia de culto cívico e religioso. A festa do Natal passou a prática regular no século IV, e dezembro, usado pelos adoradores de Mitra, foi adotado como mês do nascimento de Jesus. Acréscimos do ano judaico, narrativas do Evangelho e a vida dos mártires foram institucionalizados no calendário eclesiástico. Da mesma maneira, várias cerimônias transformaram-se em sacramentos, como o casamento, a penitência, a crisma e a extrema-unção. Razões políticas, ligadas à doutrina do pecado original, levaram ao batismo de crianças. E, por fim, a Ceia do Senhor passou a ser sacrifício e sacramento. Cipriano, por exemplo, declara que o sacerdote agia no lugar de Cristo na Ceia e que oferecia “sacrifício verdadeiro e pleno a Deus, o Pai” 3. 

Dessa maneira, o Catolicismo ocidental chegou ao Concílio de Trento (1545-1563) com uma teologia popular que nasceu do sincretismo com costumes e religiosidades dos povos europeus ocidentais, e com uma dogmática construída pela força nos séculos IV e V, e sedimentada na leitura radical de Agostinho, de que fora da igreja não há salvação. 

II. O toque brasileiro 

Mil anos depois dos acontecimentos que acabamos de descrever, mais precisamente entre 1545 e 1648, o Catolicismo Romano enfrentou a Reforma Protestante com um movimento que ficou conhecido como a Contra Reforma. Este movimento teve dois objetivos. Era uma reação externa ao protestantismo, mas representava também uma renovação interna no próprio Catolicismo Romano. 

Para nosso estudo, interessa em especial o papel exercido pela Ordem da Companhia de Jesus, considerada a arma mais positiva do catolicismo na luta contra o protestantismo. Seus objetivos eram a educação, o combate à heresia (entenda-se protestantismo) e missões estrangeiras. Reconquistaram grande parte da Alemanha, o sul da Holanda e a Polônia para o catolicismo, trabalharam no Extremo Oriente e na América Latina, em especial no Brasil. 

O Brasil colonial conheceu o trabalho desses reformadores católicos. Mas, em 1759, eles foram expulsos do país, gerando uma crise de identidade no catolicismo até então existente. Cresceu então a tendência ao sincretismo. E o catolicismo brasileiro começou a viver um longo período de semelhança com a história que descrevemos nas páginas anteriores. Na verdade, o pior da apostasia católica misturou-se às crenças pagãs indígenas e africanas, gerando um catolicismo popular que predomina até hoje entre as grandes massas brasileiras. 

As tradições passaram, então, a ter uma cara brasileira. São elas:

1. Tendência ao maravilhoso 

Com a expulsão dos jesuítas, a liturgia racional, tomista, intelectual, foi rapidamente sobrepujada pelo milagreiro e pela exaltação das emoções. A Igreja tornou-se popular, cheia de crendices, devoções, orações fortes, benzeções. A Virgem Maria tomou o lugar de Cristo e surgiram duas virgens tipicamente brasileiras, a da Penha, instalada como o nome diz em morros e outeiros, e a de Aparecida, que surge nos mais diferentes lugares, do Rio Grande do Sul ao norte do país. Jesus, transformado em “Bom Jesus”, aparece nos vários cenários da Paixão: da Cana Verde, da Lapa, do Bonfim etc. 

Mas uma das formas mais expressivas do maravilhoso é o espetáculo. O culto virou festa. E a festa recebeu o nome de folia, loucura, traduzindo a estrutura das antigas religiões pagãs da Roma Imperial. Lá, os pagãos se embriagavam e dançavam junto ao “fanum”, o templo dos deuses. Aqui o espetáculo é parecido: fogos de artifício, fogueiras, bandas, fanfarras e muita luz. Faziam parte da folia os almoços fartos, as procissões com santos ricamente vestidos e estandartes coloridos. 

E cada folia passa a ter seu ciclo. É o ciclo do Natal, com a representação do presépio com imagens ou ao vivo. A Quaresma e a Semana Santa, com a penitência e procissões, com almas benditas e penadas, com o medo e familiaridade com os mortos, com a procissão das almas, e as cruzes nos caminhos. E a folia do Divino, ligada às tradições medievais dos cruzados, que deveria acontecer no Pentecostes, mas nem sempre acontece. Como era necessário levantar dinheiro, cada folia tinha um imperador ou rei, festeiros, juízes e homenageados. 

O maravilhoso transformou a igreja, o templo, em local de reunião e longas conversas. E os sacerdotes passaram a ser chamados para abençoar tudo: o engenho, o corte da cana, a inauguração de um prédio público. Surgem as devoções e ritos mágicos para o bom parto, para impedir infidelidade conjugal, mordedura de cobra etc. 

As promessas aos santos tornaram-se comum para conseguir favores: construção de capela, esmolas especiais, romarias, dar nome de santo às crianças, jejuns. Surgiu uma grande procura por rosários, de coquinhos e piaçaba torneada, que garantiam subsistência aos índios que viviam nos arredores das cidades. Os rosários eram usados no pescoço, como patuás. E medalhas, escapulário, e fitas de santo. 

2. Tendência ao profetismo messiânico 

Sessenta anos depois da expulsão dos jesuítas, gestados nesse catolicismo popular, surgem os movimentos proféticos messiânicos. Eles têm como origem a crença de que dom Sebastião de Portugal, o Rei Encoberto, retornaria de forma messiânica, para fazer justiça, distribuir riqueza e acabar com a miséria. Dois desses movimentos, porque fartamente documentados, devem ser citados. 

O primeiro é o do profeta José dos Santos, que surgiu em 1817, no Monte Rodeador, em Alagoas. O movimento do profeta José dos Santos tinha uma organizada estrutura militar, trabalhava a agricultura, uma rígida moral, grande religiosidade e uma hierarquia laicizada. O segundo movimento, o Reino Encantado do rei João Ferreira, surgiu na Pedra Bonita, em Pernambuco. O rei João Ferreira instalou a promiscuidade sexual com fins cultuais e seus cultos culminaram com sacrifícios humanos. 

Ambos os movimentos foram massacrados por tropas armadas. É interessante que o profetismo messiânico apareceu em diversas partes do país e quando surgia era geralmente aceito ou tolerado pelo clero local. 

3. Tendências carismáticas 

O catolicismo brasileiro em sua expressão popular sempre teve uma forte tendência carismática. A partir de meados do século XVIII e correr do século XIX, dezenas de ermitões vagavam pelo interior do país. E a Igreja Católica, na maioria das vezes, procurava manter um bom relacionamento com esses homens, apadrinhando-os sempre que possível, pois eram vistos como santos. Eram homens solitários, cercados de mistérios, que usavam hábito religioso, mesmo sem pertencer a nenhuma ordem eclesiástica, que deixavam crescer a barba e os cabelos. Um dos mais famosos foi o Irmão Lourenço (1758), fundador do Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Caraça, Minas Gerais. 

Além dos ermitões surgiam as beatas. Estas geralmente eram recolhidas pelos conventos e outras entidades religiosas. Quando isso não acontecia, tinham o mesmo modo de vida dos ermitões. A Irmã Germana (início do século XIX), por exemplo, viveu toda sua vida conhecida no alto da Serra da Piedade, em Minas Gerais. 

Não podemos esquecer que o maior profeta messiânico da história do país, Antonio Conselheiro, foi um ermitão e andarilho antes de arregimentar seus seguidores em Canudos. 

(Artigo a continuar na próxima edição de ViaPolítica) 

Notas do autor 
1. Earle E. Cairns, O Cristianismo através dos séculos, São Paulo, Editora Vida Nova,1992, p.128. 
2. Idem, op. cit., p. 128. 
3. Cipriano, Epístolas, 63, 14, in Earle E. Cairns, O Cristianismo através dos séculos, EVN, 1992, p.130. 

* Jorge Pinheiro é Pós-Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Doutor e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e professor de Teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. 

mercredi 26 octobre 2011

Bolsas de Pós-Doutorado

EDITAL DE SELEÇÃO PARA BOLSISTAS DE 
PÓS-DOUTORAMENTO DA FAPESP NO CENTRO DE ESTUDOS DA METRÓPOLE

O Centro de Estudos da Metrópole anuncia, através deste edital, a abertura do processo seletivo de recém-doutores a serem incorporados através de bolsas Fapesp, CNPq e CAPES de pós-doutoramento.
A seleção será feita em duas etapas. Na primeira, far-se-á a análise do curriculum vitae do candidato e do seu projeto de pesquisa.

Nesta seleção, serão tomados em conta o perfil e trajetória do candidato, tanto quanto a qualidade científica da proposta apresentada, sempre tendo em vista sua articulação às linhas de pesquisa do Centro, que podem ser encontradas no site www.centrodametropole.org.br. Os candidatos pré-classificados nesta primeira etapa serão convocados para uma entrevista com a Comissão de Seleção.

O número final de selecionados, até o máximo de 3 (três) bolsas de pós-doutoramento, dependerá da avaliação do mérito das propostas e do desempenho dos candidatos nas entrevistas.

O prazo para envio de propostas expirar-se-á no dia 16 de dezembro de 2011 (data de postagem ou remessa internet). O resultado da primeira fase será divulgado até o dia 20 de dezembro de 2011, quando serão indicados os candidatos selecionados para entrevista, a qual terá lugar na sede do CEM (ou via Skype), em data a ser indicada no momento da divulgação dos resultados da primeira etapa. O início do auxílio dependerá da finalização do processamento do processo de concessão da bolsa pelo órgão financiador.

As propostas podem ser enviadas via internet, para o endereço eletrônico do CEM posdoc.2011@cmetropole.org.br ou por meio de correio aéreo para o endereço postal; R. Morgado de Mateus 615, Vila Mariana, São Paulo, CEP 04015-902. Solicita-se que, neste caso, as propostas sejam enviadas aos cuidados de Mariza Nunes, Secretaria do CEM. No caso de dúvidas, ligue para (11) 5574-0399.

O CEM é um centro interinstitucional de pesquisas, sediado no Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) do qual participam a FFLCH/USP, a Fundação Seade, o Inpe, o Sesc e a TV Cultura. Conta com financiamentos da FAPESP, através do seu Programa CEPID - Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão, e do CNPq, através do Programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia.

Acesse
www.centrodametropole.org.br

mardi 25 octobre 2011

Antigo Testamento
Diáspora, Helenismo & Guerra
Prof. Dr. Jorge Pinheiro

Entretanto, no tempo de teu bom prazer, tu escolherás novamente para ti um povo, porque lembraste teu pacto. E farás com que eles sejam separados para ti como um coisa santa, diferente de todos os povos. E tu renovarás teu pacto com eles como uma mostra de glória e com palavras do teu Santo Espírito, com obras da tua mão e com um escrito da tua mão direita, revelando a eles ambas as raízes básicas da glória e as alturas da eternidade. E lhes darás um novo Moisés, um que irá (...), o humilde”. Guerra dos Filhos da Luz Contra os Filhos das Trevas 1.16-17.

É comum encontrarmos pessoas que consideram o período intertestamentário como anos de silêncio. Segundo essas pessoas, os quatro séculos que separam os textos de Esdras, Neemias e Malaquias, no Antigo Testamento, e as primeiras epístolas paulinas e o livro de Marcos, no Novo Testamento, têm uma característica: neles, Deus optou pela mudez.

A história do povo judeu, no entanto, mostra que esses anos de silêncio não existiram [1]. Ao contrário, a época do helenismo, que vai do ano 333 a 63 antes de Cristo, tem como característica uma agitação espiritual inédita na história do judaísmo e uma presença real de Deus no meio do povo.

Na verdade, ao decretar esses anos de silêncio, o que se faz é voltar as costas para as riquezas dos acontecimentos da vida judaica no período, assim como para a expansão e importância do helenismo. É, enfim, decretar que a roda da história não girou durante quatrocentos anos.

Mas, pior que tudo, ao proceder assim fecha-se a porta para a compreensão das condições históricas que prepararam o caminho para o ministério de Jesus e para a expansão do cristianismo. Durante 270 anos, a civilização helênica lutou pela hegemonia nas terras do Oriente Médio e da Palestina. No centro desse conflito entre o paganismo e a fé judaica temos três anos de crise intensa: a insurreição de Judas Macaréu contra a repressão desencadeada por Antíoco IV Epifanes, de 167 a 164 a.C.. Por ser um momento chave na história do judaísmo, conhecer as causas históricas, sociais e religiosas desse conflito, e seus desdobramentos, levarão à compreensão do mundo judaico em que viverão Jesus de Nazaré e os primeiros cristãos.

A guerra dos macabeus, que nasceu do choque do judaísmo reformado do pós-exílio e os valores da cultura helênica, marcou o fim do projeto político-religioso aberto com Esdras. A época de Antíoco IV assinalou uma ruptura radical e irreversível, a partir da qual surgiu uma espiritualidade pluralista no mundo judaico. O esquema fechado -- lei, templo, sacerdócio -- foi golpeado em suas bases. Um conjunto aberto, cujas orientações apontaram para diferentes soluções, substituiu o ideal anterior.

Se você estiver interessado no tema, leia História e Religião de Israel, Origens e crise do pensamento judaico, São Paulo, Editora VIDA, 2007. Você pode comprar numa boa livraria on-line.

Um forte abraço do autor, Jorge Pinheiro.


(1) Raymond E. Brown, Joseph A. Fitzmayer, Roland E. Murphy, in Comentário Bíblico San Jerônimo, Ediciones Cristiandad, Madri, 1972, vol. 5, p 99. A produção literária mostra o ineditismo e a agitação espiritual do período intertestamentário. Podemos citar: Septuaginta, 2Esdras, 3Esdras, 1Macabeus, 2Macabeus, 3Macabeus, 4Macabeus, Tobias, Judite, Oração de Manassés, Daniel, acréscimos a Daniel (Prospecto, Cântico de Azarias e dos Três Varões, Susana, Bel e o Dragão), acréscimo a Ester, Baruch, Epístola de Jeremias, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, Carta de Aristéias, Livro dos Jubileus, Martírio e Ascensão de Isaías, Salmo de Salomão, Oráculos Sibilinos, Enoque (etiópico), Assunção de Moisés, Apocalipse de Baruch (siríaco), Apocalipse de Baruch (grego), Testamento dos Doze Patriarcas, Vida de Adão e Eva, Apocalipse de Abraão e Testamento de Abraão.