jeudi 20 avril 2017

A praxe solidária

A praxe solidária e a teologia da vida
Questões que um político cristão deve levar em conta
Uma leitura a partir de Enrique Dussel

Jorge Pinheiro, PhD

Devemos nos distanciar (1) do marxismo lido a partir do ateísmo e (2) da religião que faz a legitimação da dominação. E a partir desse distanciamento, procurar definir caminhos para a militância política das comunidades cristãs. E aqui, sem dúvida, encontramos uma complementaridade fundamental e necessária à teologia: a atividade militante dos cristãos no interior das comunidades religiosas é motivada por diferentes opções históricas, tanto a favor da legitimação da dominação, que pode ser chamada de religião super/estrutural, como a favor da crítica da dominação, ou seja, da religião infra/estrutural. Entre os dois extremos situa-se um amplo campo religioso, ambíguo, já que a instituição religiosa necessita tanto do organizador como do profeta. E é a partir da análise dessa ambiguidade que devemos traçar as questões centrais que envolvem realidade brasileira e dão forma à praxe do militante cristão.

O momento analético é a afirmação da exterioridade: não é somente a negação da negação do sistema desde a afirmação da totalidade. É a superação da totalidade a partir da exterioridade daquele que nunca esteve dentro. O momento analético é crítico por isso: é a superação do método dialético negativo. Afirmar a exterioridade é realizar o impossível para o sistema, o imprevisível para a totalidade, aquilo que surge a partir da liberdade não condicionada e inovadora. Como consequência, a analética é prática: é uma economia, uma pedagogia e uma política que trabalham para a realização da alteridade humana, alteridade que nunca é solitária, mas tem o seu centro e fundamento na pessoa real.

Discutir a religião como infra/estrutura e super/estrutura é superar a visão de que as lutas de emancipação no Brasil e na América Latina tiveram origem nos movimentos milenaristas, que se adaptaram e organizaram movimentos políticos ou retrocederam convertendo-se em religiões alienadas no sentido mais limitado do termo. A religião é a primeira consciência que o ser humano tem de si mesmo, e as relações morais, do filho com os pais, do marido com a mulher, do irmão com o irmão, do amigo com o amigo, enfim do ser humano com seu próximo, são relações religiosas.

A religião, enquanto conjunto de mediações simbólicas e rituais, como doutrina explicativa do mundo e que se posiciona a partir da referência ao Absoluto, participa do fechamento do sistema sobre si mesmo. Essa totalidade do sistema é um processo de divinização, que cumpre a função de ocultar a dominação. A noção de religião super/estrutural traduz esse processo de divinização do sistema europeu e depois norte-americano: significa des/historificar a totalidade social, dialetizar negativamente um processo que tem origem, crescimento e plenitude. A divinização leva a um outro processo, à fetichização, que apresenta uma compreensão não/histórica da totalidade social vigente. A fetichização consiste, então, na identificação da estrutura atual com a natureza, ou seja, ela está aí, está colocada por vontade divina.

As massas, enquanto excluídas e passivas, vivem a ideologia das classes dominantes, pois o sistema apresenta de forma ambígua ideais utópicos que oferecem respostas às suas necessidades. Ao aceitar a religião super-estrutural da classe dominante enquanto rito simbólico do triunfo dos dominadores e derrota dos dominados, as massas vivem sob a resignação passiva, a paciência derrotista e a humildade aparente.

A miséria religiosa é expressão da miséria real, entretanto, é também uma forma de protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da pessoa excluída, carente de sentido pleno de vida. A necessidade da religião em abandonar as ilusões sobre sua própria situação é a exigência de que abandone uma situação que necessita de ilusões. Por isso, a crítica da religião é a crítica do sofrimento enquanto expressão de santidade. A crítica da religião não descarta as necessidades reais daqueles que carecem de bens e possibilidades. A crítica da religião denuncia o mito da prosperidade mágica, para que o ser humano pense, para que atue e transforme sua realidade como pessoa consciente.

A tarefa do político cristão solidário consiste em verificar a verdade que está aqui. E é tarefa do cristianismo solidário, que se encontra ao serviço da vida, uma vez que está desmascarada a santidade da auto-alienação humana, desmascarar a auto-alienação em suas formas não santas. De tal modo que a crítica do céu se transforme em crítica da terra, e a crítica da religião em crítica da política.

A expressão religião infra-estrutural indica a anterioridade da responsabilidade prática que se tem com o excluído dentro do sistema. Essa anterioridade não diz respeito exclusivamente à super-estrutura de um sistema futuro, mas diz respeito também à sua infra-estrutura. O ser humano religioso transcende o sistema vigente de dominação e vê como sua responsabilidade o serviço ao excluído. A religião nesse caso é a instauração de uma nova praxe. O fato de que a praxe religiosa infra-estrutural possa se tornar super-estrutural não nega o fato de que a crítica profética continua a irromper na história. Essa presença de responsabilidade social com o excluído mostra a vigência do clamor profético e funciona como freio das pressões alienadas e super-estruturais.

O ateísmo, enquanto negação dessa necessidade de essencialidade, perde sentido, pois, ao negar o Absoluto, afirma mediante a negação a existência do ser humano. Mas o cristianismo solidário não necessita dessa mediação, pois surge enquanto consciência sensível, teórica e prática do ser humano. É autoconsciência positiva do ser humano, não mediada pela superação da religião, do mesmo modo que a vida real é realidade positiva para o ser humano, não mediada pela superação da propriedade privada. O cristianismo solidário surge como negação da negação da emancipação e da recuperação humana, é o princípio dinâmico do porvir, mas não é em si a finalidade do desenvolvimento humano, a forma última e única da sociedade humana.

A militância religiosa faz parte de uma luta mais ampla, onde a religião infra-estrutural cumpre papel de aliado estratégico, levando o militante religioso a assumir tarefas, praxes nos níveis político, econômico e não apenas ideológico. O ateísmo, por isso, oculta, pois fecha as portas ao aliado estratégico, à religião infra-estrutural, que se fará presente enquanto houver seres humanos obstinados pela responsabilidade diante do excluído, sentido incondicional de justiça, esperança de um novo cairos.    

Assim, para o político cristão a história universal é produção humana a partir do trabalho humano, que transforma a natureza e produz o nascimento do ser humano em sociedade. É nesse processo permanente que o ser humano constrói sua essencialidade: do ser humano em direção ao ser humano, como essencialização da natureza, e da natureza para o ser humano, como existência humana.

O êxito nesse processo depende das condições de possibilidade, ou seja, é impossível separar teoria e praxe. Por isso, uma teologia da vida deve saber integrar os princípios enunciados na escolha de fins, meios, e métodos que devem levar à praxe crítica do sujeito histórico, aqueles que estão excluídos do sistema-mundo. Este sistema-mundo ao impossibilitar a produção e reprodução da vida semeia doenças, fome, terror e morte. As vítimas são os seres humanos, cuja dignidade e vidas são destruídas.

A globalidade excludente leva a um assassinato em massa e ao suicídio coletivo. Porém, a praxe do solidarismo enfrenta de um lado o anarquismo contrário à instituição e de outro o reformismo pró-integração. Por isso, estratégia e tática devem ser enquadradas dentro de princípios gerais, ético e crítico, a fim de que de forma factual ético-crítica se possa negar as causas da negação do excluído. Essa é uma luta des/construtiva, que exige meios proporcionais àqueles contra os quais a luta é travada. Mas, se a praxe traduz uma ação des/construtiva, promove transformações construtivas: leva à uma nova ordem com base num programa planejado que é realizado progressivamente, mas nunca totalmente.

La Croix Huguenote -- Apoie!

La Croix Huguenote 
o que somos e nossos objetivos

A Missão La Croix Huguenote, nesta etapa 2019/2021, visa continuar a dar apoio às pequenas igrejas francesas, mas também expandir a ação social solidária com as populações atualmente refugiadas na França. Mas a Missão La Croix Huguenote tem como objetivo chegar também aos países de língua francesa. Essas parcerias entre igrejas francesas, de língua francesa e brasileiras partem do fato de que Deus mantém na França e na Europa um remanescente da histórica tradição reformada, que deseja expandir o Reino, aproveitando o renascimento cristão que pode ser visto em diferentes regiões do continente.

A partir do exposto La Croix Huguenote propõe, para os próximos dois anos (2019-2021):

Apoio e parceria com o pastor Jorge Pinheiro e sua esposa Naira Pinheiro, fundadores da Cruz Huguenote e que, no segundo semestre de 2017, estarão se transferindo para Montpellier com a missão de coordenar a expansão e consolidação do projeto missionário da Cruz Huguenote, que passará a abranger também países de língua francesa na Europa. Sua estratégia inclui:

O acompanhamento e assistência aos pastores brasileiros já instalados em terras francesas e respectivas igrejas, que tem por objetivo a consolidação das parcerias já estabelecidas. Atualmente, cinco igrejas francesas, em diferentes cidades, Montpellier, Lunel, Paris, Biscarosse, e, a partir do segundo semestre de 2017 Lille, têm pastores brasileiros, que se transferiram para a França com suas famílias e estão fazendo a diferença nestas comunidades, assim como nas cidades onde estão instalados.

O apoio e desenvolvimento de ações sociais que contem com o apoio dessas igrejas, assim como de instituições privadas e públicas francesas, visando construir condições de vida digna às populações que hoje se refugiam em solo francês. Exemplo dessa ação é nossa casa para crianças em Drama, na Grécia, e o apoio a jovens refugiados que têm chegado às nossas igrejas.

A visitação a igrejas batistas estabelecidas na França ou em países de língua francesa na Europa e que estão em busca de apoio, bem como a prospecção de pastores brasileiros com potencial e dispostos a assumir o desafio, juntamente com as suas famílias, o que possibilitará a articulação de novas parcerias.

Happy House, o lar de crianças em situação de guerra na Grécia, é um exemplo cristão de solidariedade, desenvolvido pela Cruz Huguenote, que tem por base na França a Igreja  Batista de Montpellier, e que conta com o respaldo do governo grego.

Isto porque é na Grécia que muitas crianças fugidas da guerra na Síria e regiões em conflito no Oriente Médio chegam de barco. Muitas dessas crianças são órfãs, enquanto outras são abandonadas no cais do porto, para que seus pais possam continuar viagem ao coração da Europa.

Desde Novembro de 2015, a Happy House atua em Drama, cidade no nordeste da Grécia. O objetivo da casa é fornecer a essas crianças em situação de  guerra, um lar, amor cristão e um futuro.

Faça parte do projeto Cruz Huguenote. Apoie e viaje conosco para a França, em oração e através de participação financeira pontual, para a instalação do casal em Montpellier, e/ou participação financeira mensal, durante os próximos dois anos (2017-2018).

Em Cristo e por Cristo,
Jorge Pinheiro & Naira Pinheiro.

jeudi 6 avril 2017

Jorge Pinheiro por Yoffe Shemtov

Num barco de madeira a navegar oceanos
Jorge Pinheiro e Yoffe Shemtov


Sei, queridos leitores e leitoras, que vocês não estão muito acostumados com posfácios. E eles na verdade não são muito necessários, mas neste posfácio quero apresentar meu heterônimo Yoffe Shemtov. Ele cuida de leituras e pensares do meu judaísmo... Vou deixar que ele fale e você vai entender o porquê.

Leitor de Pinheiro, a partir da tradição sefardita, eu, Yoffe Shemtov, vejo um homem que constrói barcos de madeira para navegar oceanos. Lembra pescadores da Polinésia. E solitariamente, sentado na proa, com uma lanterna acessa no outro lado, parte sem rumo, ou melhor, num rumo que só ele crê conhecer. E dias depois, quando já em terra, as gentes ousam perguntar-lhe o que busca, Pinheiro responde: meu destino. É por isso que quando volta ao barco, todos nós, seus leitores, gritamos: Continue navegando!

Pinheiro, a navegar com pensadores como Paul Tillich, Slavoj Zizek e Giacomo Marramao, em momentos de conversa liberta de razões, à maneira mineira, diz que para garimpeiros da ontologia e navegantes do destino, duas coisas devemos saber acerca do Eterno criador: Ele é o ser real, a substância absoluta; é a forma mais-que-perfeita. 

É desta leitura que Pinheiro parte. E isso se deve ao seu judaísmo-tardio, aquele judaísmo que dialoga com a sofia grega, que traduz a universalidade judaica, que vê o Eterno como substância absoluta. Mas também parte do ser protestante-novo, que rechaça o contra-semitismo tão forte a partir de Agostinho de Hipona de católicos medievos e protestantes quase modernos... E ele olha o Eterno como a forma mais-que-perfeita. Para Pinheiro, o berit é comunicação da substância divina; mas ser protestante-novo é caminhar na graça com a pessoalidade divina. Nessa leitura, Pinheiro vive a aliança do movimento das massas hebréias e uma mística suprapessoal, que faz parte da história e tradições dos povos hebreus. Mas como protestante-novo considera que foi beneficiado com a emergência de pessoalidades e comunidades em seus caminhares com a messianidade.

Assim, para Pinheiro, a história traduz um elemento fundamental: a aspiração que vai além da racionalidade presente nas formas, que vibra nos corações judeus sob o efeito da radiação do que não pode ser capturado através da ética e nem mesmo da lógica. Esta substância universal do Eterno criador é uma dimensão intrínseca à fé judaica, mas chega ao protestantismo-novo de Pinheiro, e pode ser traduzida no movimento dinâmico e permanente da espiritualidade: querer caminhar na presença do Santo; desejar viver em comunidades de amor, que reúnem pessoas antes separadas; e compreender que a autoridade do Eterno criador, essencial à vida, se manifesta através da história, da tradição e dos símbolos. 

Pinheiro é protestante-novo, e sua militância criou raízes a partir do protesto crítico contra a absolutização da substância nas instituições, que gera, segundo crê, alienação, idolatria, morte. Daí a presença de Marramao e Zizek em suas leituras. 

Para Pinheiro, seu princípio do protesto está correlacionado com a centralidade da substância judaica, enquanto relação entre a manifestação da essência na existência e a afirmação do significado messiânico. Afirma que a substância judaica apresenta-se sob dimensões históricas e trans-históricas como identidade subjacente. Ou seja, quando se refere à história e à tradição é a substância que fornece os símbolos da unidade universal do reino do Adonai Elohim. Dentro desta unidade universal encontra-se o princípio do protesto enquanto fundação do evento messiânico, que tem uma relação de centralidade com a substância judaica. É este princípio do protesto que retira da figura humana do Mashiah tudo que nela poderia ser materializado como idolatria, por sua facticidade histórica. É por meio do símbolo que desaparecem as particularidades e o finito, dando lugar ao significado presente do Mashiah. 

O paradoxo do aparecimento do Mashiah na existência, sem a deformação da existência, é uma interpretação radical do símbolo, liberta do significado da idolatria de se permanecer na adoração de um objeto histórico e, por isso, limitado, finito, enclausurado num espaço e tempo passados. Para Pinheiro, o princípio do protesto, lido sob tal perspectiva, apresenta o Mashiah como presente que remete ao kairós.

É, por isso, que o protestantismo-novo de Pinheiro evita cair na armadilha de abandonar a unidade universal da substância, que mantém e possibilita o resgate do sentido do Eterno nas profundezas do humano. E, assim, ao romper com o deísmo dos textos antigos das tradições judaicas, da palavra que se resume à ética do texto, as profundezas da interioridade humana são resgatadas. E ao resgatar Tillich, mas compreendendo a dialeticidade do Mashiah proposta por Zizek, mostra a relevância do kerigma messiânico, em aliança com o reconhecimento do Santo, que se faz presente na cultura e nas dobraduras da secularidade. 

É a partir daí que Pinheiro defende a idéia tillichiana de comunidade espiritual como processo de essencialização, já que o significado da vida, existencial e pessoal, consiste na recuperação do ser essencial presente no Eterno criador. Ou como disse Tillich, “a comunidade espiritual é latente antes do encontro com a revelação central, e é manifesta depois desse encontro”.[1] E nesse processo de essencialização, o Mashiah é elemento que possibilita o kairós, pelo qual a história humana sempre esperou. A partir daí há um processo de essencialização das pessoas e das comunidades, que vivem processos de essencialização sob o poder messiânico.

E mais, Pinheiro, nas pegadas de Tillich, mas numa compreensão de seu judaismo-tardio e seu protestantismo-novo, considera que as comunidades protestantes estão ontologicamente imbricadas às comunidades judaicas e, por isso, fazem novas leituras do Mashiah, cujo amor e fé estabelecem a essencialização, enquanto mudança de sentido de uma participação latente para uma participação manifesta na comunidade espiritual. Dessa maneira, é o amor e a fé messiânicas que levam à autocrítica radical capaz de estabelecer distinção entre o essencial e as formas através das quais o essencial se manifesta. A afirmação de que o judaísmo-tardio se complementa na comunidade protestante-nova justifica a leitura messiânica da fé. 

Ou como afirmou Tillich e Pinheiro cita: “a comunidade espiritual está relacionada tanto com a cultura e a moralidade quanto com a religião, e a presença espititual torna necessária uma mudança radical na atitude para com o que é incondicional”.[2]

Convém lembrar, porém, que Pinheiro, a partir de Marramao, combate toda expressão de arrogância, de absolutização do poder, na relação entre comunidade manifesta e judaísmo latente, ao reconhecer a presença da espiritualidade na cultura e nas religiões. Por isso, sugere que a proclamação do Mashiah combine ofensiva e mediação. Ofensiva no sentido kerigmático e mediação no sentido de correlacionar o kerigma com a questão cultural.

Assim, o conceito de substância judaica é valioso para a compreensão do kerigma, principalmente no protestantismo-novo. O kerigma messiânico, a partir desta leitura, segundo Pinheiro, admite que a realidade manifesta no kairos do Mashiah está em ação na cultura. Dessa maneira, a tarefa kerigmática consistiria em procurar identificar as maneiras por meio das quais o essencial, manifesto no evento messiânico, se faz presente na cultura. Tal procura possibilita a apropriação kerigmática da experiência com o Mashiah, ao considerá-la enquanto manifestações do essencial, além de sinalizar caminhos nos quais a auto-compreensão messiânica pode ampliar contatos com culturas e povos.

Logicamente, por fazer uma confissão do novo protesto da presença do Mashiah em sua vida, as reflexões de Pinheiro sobre o universalismo judaico influenciam em muito sua ação kerigmática. Assim, no correr de suas navegações, construiu uma visão kerigmática da qual participam comunidades, e sua ação se vê calcada num entendimento libertário de práxis social. 

Ou seja, a partir do universalismo judaico, Pinheiro considera que o amor do Eterno criador pelos seres humanos não está suspenso, esperando que o kerigma messiânico seja entregue. Considera que aqueles que O buscam, nos limites da fé colocada em seus corações, serão essencializados, mesmo que nada saibam sobre a presença do Mashiah em suas vidas.

Para Pinheiro o protesto-novo, não enquanto instituição, mas em sua ação kerigmática têm uma prática que repousa em muito sobre a substância judaica. Esta leitura de Pinheiro, a partir de Marramao, Tillich e Zizek, apresenta as bases para uma esperança maior no modo específico através do qual o desejo do Eterno criador de essencializar os seres humanos é realizado. O ponto de vista defendido é que o Eterno ama os seres humanos e deseja que sejam essencializados. E são essencializados em razão do evento messiânico, quer sejam conscientes ou não desse evento, que projeta o kairós. Dessa maneira, o universalismo judaico apresenta a comunidade protestante-nova como comunidade que caminha em direção à essencialização. Ou em linguagem judaica, o Eterno aceita os que exercem fé, sem levar em consideração até que ponto vai o conhecimento dessas pessoas.

É importante entender, então, que o conceito de substância judaica está em processo de correlação permanente com o princípio protestante, e é por isso mesmo que nas diferentes comunidades protestantes encontramos defensores da substância judaica como fundamental para a vida dessas comunidades. Tais considerações, nos permitem dizer que, como defende Pinheiro, o conceito substância judaica represente a abordagem mais próxima de um consenso entre os pensadores do protesto-novo na atualidade.

Nestas navegações de Pinheiro, onde correlaciona pensadores aparentemente diversos como Giacomo Marramao, Paul Tillich e Slavoj Zizek, antropologia e ontologia se correlacionam. Esta antropologia baseia-se na compreensão de que a humanidade é imago Dei e se encontra em choque com a alienação do espaço e tempo presentes. Mas a memória humana persiste como impulso na direção da recuperação desse mau encontro, exposto por La Boétie. Esta dialética explicita e traduz a presença da espiritualidade do espírito humano.

Quando Pinheiro diz, a partir de seus garimpeiros preferidos, que a humanidade é universalmente espiritual, partindo da dialética universal/particular, localiza o particular no contexto do universal. Em vez de considerar a realização plena do universal na revelação messiânica, relativiza a particularidade no contexto dessa humanidade universalmente espiritual. Tal ênfase exige que o navegador aprecie as manifestações do essencial nas culturas. Mas nem por isso o compromisso com a messianidade é diminuída. Ao contrário, a fé é aprofundada por meio do reconhecimento das variações daquilo que os protestantes-novos percebem no evento messiânico, tanto nas religiosidades como nas dobraduras da secularidade.

Assim, a radicalidade do princípio do protesto pode ser aplicada às materializações da substância judaica na direção da essencialização do humano, denunciando as expressões idolátricas que ameaçam a comunidade humana.

É o que eu tinha a dizer. E por isso entrego a palavra, de novo, a Pinheiro.

Obrigado, Yoffe Shemtov. Só quero dizer aos leitores e leitoras que aqui em “Imago Dei, a teologia do ser humano”, vocês, nem sempre em mar de almirante, navegam na dialeticidade do universalismo judaico e da particularidade protestante... onde os textos antigos da tradição judaica são lidos na contra-corrente do que se espera, quer para judeus, quer para protestantes. Mas para vocês que procuram leituras para novos espaços e tempos, a novidade pode ser criadora e criativa. Donde, o convite é: vamos navegar oceanos em barcos de madeira! Jorge Pinheiro.


Nota

Pósfácio, Jorge Pinheiro, Imago Dei, a teologia do ser humano, Fonte Editorial, São Paulo, 2016, pp. 383-390.




[1] Paul Tillich, « La Masse et la Religion », in Christianisme et socialisme, Écrits socialistes allemands, 1919-1931, Paris, Genebra e Quebec ; Cerf, Labor et Fides, Presses de l´Université Laval, 1992, p. 605. 


[2] Paul Tillich, idem, op. cit, p. 665-666.

mercredi 5 avril 2017

Homenagem ao Prof. Dr. Jorge Pinheiro


Video elaborado pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo em homenagem do Prof. Dr. Jorge Pinheiro, na abertura da palestra "Espiritualidade e liberdade", apresentado pelo mesmo.

Jean 3 par Thomas d'Aquin

COMMENTAIRE DE L'ÉVANGILE DE SAINT JEAN
PAR SAINT THOMAS D'AQUIN, Docteur de l'Eglise

Notes prises en cours par son secrétaire, Frère Réginald de Piperno

(1269-1272)

CHAPITRE III: La régénération spirituelle donnée aux juifs

Jean 3, 1-6: L'ENTRETIEN AVEC NICODEME

1 Or il y avait parmi les Pharisiens un homme du nom de Nicodème, un notable des Juifs. 211 vint à Jésus de nuit et Lui dit: "Rabbi, nous le savons, c’est de la part de Dieu que tu es venu en maître personne en effet ne peut faire les signes que tu fais si Dieu n’est avec lui. " 3 répondit et lui dit: "Amen, amen je te le dis, personne, à moins de naître de nouveau, ne peut voir le Règne de Dieu. " 4 Lui dit: "Comment un homme peut-il naître quand il est vieux? Peut-il entrer une seconde fois dans le sein de sa mère, et renaître?" Jésus répondit: "Amen, amen je te le dis, personne, à moins de renaître de l’eau et de l’Esprit Saint, ne peut entrer dans le Royaume de Dieu. 6 Ce qui est né de la chair est chair, et ce qui est né de l’Esprit est esprit."

423. Après avois montré [n° 335-422] la puissance qu’a le Christ de changer la nature, l’Evangéliste montre maintenant, et c’est son intention principale, la puissance qu’a le Christ de recréer par la grâce. Or la recréation par la grâce se fait par la régénération spirituelle et par le don de bienfaits à ceux qui sont régénérés. Il va donc traiter en premier lieu de la régénération spi rituelle, puis du don des bienfaits spirituels à ceux qui sont divinement régénérés [n° 699].

Concernant le premier de ces deux points, deux choses sont à considérer: d’une part la régénération spirituelle accordée aux Juifs [ch. III], d’autre part le fait que les fruits de cette régénération s’étendent jus qu’aux nations étrangères [IV, n° 549].

En ce qui concerne la régénération spirituelle des Juifs, l’Evangéliste montre comment le Christ la révèle d’abord par des paroles — en exposant la nécessité de cette régénération spirituelle [n° 424], son mode et sa qualité [n° 436], sa cause et sa raison [n° 457] — puis l’accomplit par des actes [n° 497].

Pour montrer la nécessité de cette régénération spi rituelle, l’Evangéliste commence par indiquer ce qui a été pour le Christ l’occasion de l’affirmer [n° 424], puis il rapporte l’affirmation même du Christ [n° 430].

I

OR IL Y AVAIT PARMI LES PHARISIENS UN HOMME DU NOM DE NICODEME, UN NOTABLE DES JUIFS. IL VINT A JESUS DE NUIT ET LUI DIT: "RABBI, NOUS LE SAVONS, C’EST DE LA PART DE DIEU QUE TU ES VENU EN MAITRE: PERSONNE EN EFFET NE PEUT FAIRE LES SIGNES QUE TU FAIS SI DIEU N’EST AVEC LUI."

L’occasion de l’affirmation du Christ est donnée par Nicodème, que l’Evangéliste décrit d’abord dans son personnage [n° 424], puis d’après le temps [n° le moment de sa visite] [n° 427], enfin d’après ce qu’il reconnaît du Christ [n° 428].

OR IL Y AVAIT PARMI LES PHARISIENS UN HOMME DU NOM DE NICODEME, UN NOTABLE DES JUIFS.
424. Le personnage de Nicodème est décrit sous trois aspects. D’abord celui de sa religion: c’est un Pharisien. Il y avait en effet deux partis chez les Juifs: les Phari siens et les Sadducéens. Les premiers étaient plus pro ches de nous dans leurs convictions, car ils croyaient à la résurrection et affirmaient l’existence de créatures spirituelles. Les Sadducéens différaient davantage, par ce qu’ils ne croyaient ni à la résurrection future, ni à l’existence de l’esprit. On appelait les premiers "Pharisiens" pour signifier qu’ils étaient séparés des autres.

Et c’est parce que la croyance des Pharisiens était plus probable et plus proche de la vérité, que Nicodème se convertit plus facilement au Christ — J’ai vécu en Pha risien, suivant cette secte qui est la plus austère de notre religion 2.

425. Jean le décrit ensuite par son nom. NICODEME — dont le nom signifie en grec "victorieux" ou "victoire du peuple" — représente ceux d’entre les Juifs qui, convertis au Christ, sont par leur foi victorieux du monde: Telle est la victoire qui a vaincu le monde: notre foi.

426. Enfin il le décrit par sa dignité: c’était UN NOTABLE DES JUIFS. En effet, pour que l’on n’attribuât pas la puissance de la foi à la sagesse et au pouvoir de l’homme, le Seigneur, au commencement, n’a pas choisi des sages, des puissants ou des gens bien nés Frères, dit l’Apôtre, considérez votre vocation: il n’y a pas beaucoup de sages selon la chair, pas beaucoup de puissants, pas beaucoup de gens bien nés; mais ce qu’il y a de fou dans le monde, voilà ce que Dieu a choisi pour confondre les sages... . Cependant Il voulut que dès le commencement quelques sages et quelques puissants se convertissent à Lui; parce que, s’il n’y avait eu que des gens sans noblesse et sans sagesse à recevoir son enseignement, on aurait pu Le mépriser et attribuer l’importance du nombre des croyants à la rusticité et à la sottise des convertis plutôt qu’à la puis sance de la foi. Néanmoins le Seigneur voulut que ces nobles et ces puissants fussent peu nombreux à se convertir, pour éviter (comme on l’a dit) qu’on n’attri buât leur conversion à la puissance ou à la sagesse humaine. C’est pourquoi il est dit que quelques-uns des chefs crurent en Lui 5, parmi lesquels il y eut ce Nicodème — Les grands des peuples se sont assemblés 6

1. Dans ses Etymologies, saint Isidore note (à propos de Pharès) que"les Pharisiens, qui se séparaient du peuple comme étant les justes, étaient appelés "séparés"" (Etymologiarum sive originum libri, VII, vi, 40; cf. VIII, Iv, 3-4). Voir aussi JEAN SCOT ERIGÈNE, Commentaire sur l’Evangile de Jean, III, r, p. 199" Les pharisiens étaient des séparés; leur secte était séparée du reste des Juifs, c’est-à-dire des scribes et des sadducéens. Seuls les pharisiens, en effet, croyaient à la résurrection des morts, à l’opposé de tous les autres. "Le mot grec pharisaios provient de la forme emphatique de l’araméen perichayya, terme qui, attesté depuis 135 avant J. -C., est diversement interprété. Participe passif de" séparer", il peut signifier" séparé de tout ce qui peut produire une souillure" ou" séparé en tant que formant un cercle fermé, coupé du vulgaire". — Voir aussi Fr. WUTZ, Onomas tica sacra, pp. 602, 683, 410, 713, 743, 949.
2. Ac 26, 5.
3. 1 Jean 5, 4. Cf. JEAN ScoT ERIGÈNE, Commentaire sur l’Evangile de Jean, loc. cit.

[2a] IL VINT A JESUS DE NUIT ET LUI DIT...
427. L’Evangéliste décrit ensuite Nicodème en faisant appel au temps. A ce sujet il faut savoir que l’Ecriture a coutume, à propos de certaines personnes, de préciser les circonstances de temps pour manifester leur mentalité ou [le caractère de] leur action. L’Evangéliste relève ici l’obscurité de l’heure: IL VINT DE NUIT. La nuit en effet est obscure et cela s’accordait bien avec la nature des sentiments de Nicodème, qui ne venait pas à Jésus sans inquiétude et ouvertement, mais avec crainte, car il était de ces chefs dont il est dit qu’ils crurent en Jésus, mais [ne se déclaraient pas à cause des Pharisiens, de peur d’être chassés de la synagogue. Leur amour en effet était imparfait; aussi l’Evangéliste ajoute-t-il. Car ils aimaient la gloire des hommes plus que la gloire de Dieu. La nuit s’accordait bien aussi avec l’ignorance de Nicodème et la connaissance imparfaite qu’il avait du Christ — La nuit est avancée, le jour est proche. Rejetons les oeuvres de ténèbres et revêtons les armes de lumière Ils n’ont ni savoir ni intelligence; ils marchent dans les ténèbres.

4. 1 Corinthiens 1, 26-27.
5. Jean 12, 42.
6. Ps 46, 10.
7. Jean 12, 42 et 43.

"RABBI, NOUS LE SAVONS, C’EST DE LA PART DE DIEU QUE TU ES VENU EN MAITRE: PERSONNE EN EFFET NE PEUT FAIRE LES SIGNES QUE TU FAIS SI DIEU N’EST AVEC LUI."
428. L’Evangéliste décrit enfin Nicodème par ce qu’il reconnaît du Christ: il reconnaît ici le ministère du Christ dans son enseignement et sa puissance dans ses oeuvres. Sur ces deux points Nicodème dit vrai, mais il n’en dit pas assez. En effet il proclame une vérité en appelant le Seigneur RABBI, c’est-à-dire "Maître", car le Seigneur dira aux Apôtres: Vous m’appe lez, vous, Maître et Seigneur, et vous dites bien, car je le suis 10. Nicodème avait lu ce qui est écrit dans Joèl Fils de Sion, exultez et réjouissez-vous dans le Seigneur de votre Dieu, parce qu’Il vous a donné un maître de justice Cependant Nicodème ne dit pas assez, car s’il affirme que Jésus est venu de la part de Dieu comme maître, il ne dit pas qu’Il est Dieu. Venir comme maître de la part de Dieu est commun à tous ceux qui exercent une charge dans l’Eglise en bons [serviteurs]: Je vous donnerai des pasteurs selon mon coeur, ils vous feront paître avec intelligence et sagesse 12; cela n’est donc pas propre au Christ, bien que la manière d’enseigner soit autre pour les hommes, autre pour le Christ. Les autres maîtres, en effet, enseignent seulement de l’extérieur, mais le Christ enseigne aussi de l’intérieur, parce qu’Il est la lumière, la vraie, qui illumine tout homme 13 C’est pourquoi Lui seul donne la sagesse et peut dire ce qu’aucun homme, seulement homme, ne peut dire: Je vous donnerai moi-même une bouche et une sagesse à laquelle nul de vos adversaires ne pourra résister ni contredire 14

8. Ro 13, 12.
9. Ps 81, 5.
10. Jean 13, 13.
11. Jo 2, 23.
12. Jérémie 3, 15.
429. Nicodème reconnaît la puissance de Jésus aux signes qu’il a vus: "Je crois que TU ES VENU EN MAITRE DE LA PART DE DIEU, parce que PERSONNE NE PEUT FAIRE LES SIGNES QUE TU FAIS SI DIEU N’EST AVEC LUI." Nicodème dit vrai, car les signes accomplis par le Christ ne peuvent être accomplis que par une puissance divine et parce que Dieu était avec Lui. Celui qui m’a envoyé, dira plus loin [Christ], est avec moi 16. Cependant Nicodème ne dit pas assez, car il croyait que le Christ n’accomplissait pas ces signes par son propre pouvoir, mais qu’Il avait besoin d’une puissance venant d’ailleurs, comme si Dieu n’avait pas été avec Lui par l’unité de l’essence, mais seulement par le don de la grâce. Ce qui est assurément faux, car Jésus accomplissait ces signes, non par un pouvoir venant d’ailleurs, mais par sa propre puissance; en effet la puissance de Dieu et celle du Christ sont la même. La veuve de Sarepta [la résurrection de son fils] s’exprime d’une manière semblable [celle de Nicodème] quand elle dit à Elie: A cela je reconnais mainte nant que tu es un homme de Dieu 17

13. Jean 1, 9.
14. Luc 21, 15. Cf Ps 36, 30" La bouche du juste médite la sagesse".
15. 1 Sam 3, 19; 16, 18; 18, 12.
16. Jean 8, 29.
17. 1 Rs 17, 24.

JESUS REPONDIT ET LUI DIT: "AMEN, AMEN JE TE LE DIS, PERSONNE, A MOINS DE NAITRE DE NOUVEAU, NE PEUT VOIR LE REGNE 18 DE DIEU. " NICODEME LUI DIT: "COMMENT UN HOMME PEUT-IL NAITRE QUAND IL EST VIEUX? PEUT-IL ENTRER UNE SECONDE FOIS DANS LE SEIN DE SA MERE, ET RENAITRE?" JESUS REPONDIT: "AMEN, AMEN JE TE LE DIS, PERSONNE, A MOINS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU. CE QUI EST NE DE LA CHAIR EST CHAIR, ET CE QUI EST NE DE L’ESPRIT EST ESPRIT. " " AMEN, AMEN JE TE LE DIS..."
430. L’affirmation de la nécessité de la régénération spirituelle est suscitée par l’ignorance de Nicodème; c’est pourquoi le Christ commence par dire AMEN, AMEN. Remarquons d’abord ici que le mot Amen est hébreu. Le Christ l’a prononcé souvent et, par respect pour Lui, aucun traducteur ni grec ni latin n’a voulu le traduire. Tantôt Amen signifie "c’est vrai" ou "en vérité", tantôt "qu’il en soit ainsi" [fiat]. Ainsi, dans les psaumes 71, 88 et 105, là où nous avons Fiat, fiat, l’hébreu porte Amen, amen. Jean est le seul Evangéliste à doubler ce mot. En voici la raison: les autres Evangélistes nous rapportent principalement ce qui a trait à l’humanité du Christ, ce qui, étant plus facile à croire, ne demandait qu’une affirmation moins appuyée; tandis que Jean traite principalement de ce qui relève de la divinité du Christ et qui, étant caché et éloigné de la connaissance des hommes, avait besoin d’être affirmé avec plus de force.

18. Le mot latin regnum, qui traduit ici le grec basileia, signifie à la fois" règne" (l’exercice du pouvoir royal) et" royau me" (l’état gouverné par un roi, c’est-à-dire à la fois le territoire et la communauté des personnes soumis à son autorité). Tenant compte de la manière dont saint Thomas a lu les versets 3 et 5, nous traduisons le premier regnum (v. 3) par" règne" et le second (v. 5) par" royaume".

"PERSONNE, A MOINS DE NAITRE DE NOUVEAU, NE PEUT VOIR LE REGNE DE DIEU."
431. Il faut remarquer ensuite que cette réponse du Christ, si l’on n’y réfléchit pas attentivement, semble ne pas correspondre du tout aux propos de Nicodème. Comment en effet la parole de Nicodème: RABBI, NOUS SAVONS QUE C’EST DE LA PART DE DIEU QUE TU ES VENU... s’accorde-t-elle avec la réponse du Seigneur

PERSONNE, A MOINS DE NAITRE DE NOUVEAU, NE PEUT VOIR LE REGNE DE DIEU? Rappelons-nous que Nicodème avait du Christ une opinion imparfaite, puisqu’en ce maître qui accomplissait ces signes, il ne reconnaissait qu’un homme. Le Seigneur veut donc lui montrer comment il pourrait parvenir à une plus haute connaissance de Lui. Sans doute le Seigneur aurait-Il pu à ce sujet entamer une discussion; mais c’eût été donner dans la dispute, contredisant ainsi ce qui est écrit de Lui: Il ne disputera pas 19. Aussi est-ce avec douceur qu’Il voulut conduire Nicodème à la vraie connaissance. Sa réponse revient à dire: Il n’est pas étonnant que tu me croies seulement homme, car personne, à moins d’avoir reçu la régénération spirituelle, ne peut connaître les secrets de la divinité: PERSONNE, A MOINS DE NAITRE DE NOUVEAU, NE PEUT VOIR LE REGNE DE DIEU.

19. Isaïe 42, 2. Saint Thomas lit non contendet au lieu de non clamabit (Vulgate). La Vetus latina de Sabatier porte également non clamabit, mais on trouve non contendet chez certains auteurs, notamment Tertullien (voir SABATIER, Latinae versiones antiquae. II, p. 585).
432. Il faut ici avoir présent à l’esprit que, la vision étant une opération vitale, il y a diverses visions correspondant aux divers [degrés] de vie. II y a en effet une vie charnelle qui est commune à tous les animaux, et cette vie possède une vision ou une connaissance charnelle. Il y a aussi une vie spirituelle par laquelle l’homme est conforme à Dieu et aux êtres spirituels saints; cette vie possède une vision spirituelle. La vision charnelle ne permet pas de voir les réalités spirituelles — l’homme naturel ne perçoit pas ce qui est de l’Esprit de Dieu 20 —, mais la vision spirituelle les perçoit; c’est pourquoi Paul dit aussi que nul ne connaît ce qui est de Dieu, sinon l’Esprit de Dieu 22. Or c’est l’Esprit qui régénère, et c’est pourquoi l’Apôtre dit: Vous n’avez pas reçu un esprit de servitude pour retomber dans la crainte, mais vous avez reçu un esprit d’adoption 23. Et cet esprit, nous le recevons assurément par la régénération spirituelle: Il nous a sauvés par le bain de régénération et de rénovation de l’Esprit Saint 23. Si donc il n’y a de vision spirituelle que par l’Esprit Saint et si l’Esprit Saint est répandu en nous par le bain de la régénération spirituelle, alors nous ne pouvons VOIR LE REGNE DE DIEU que par le bain de la régénération. Voilà pourquoi le Seigneur dira ensuite: A MOINS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NUL NE PEUT EN TRER DANS LE ROYAUME DE DIEU — comme s’Il disait: Il n’est pas étonnant que tu ne voies pas LE REGNE DE DIEU, car nul ne peut le voir s’il ne reçoit l’Esprit Saint, par qui il naît de nouveau comme fils de Dieu.

433. Or, au règne n’appartient pas seulement le trône royal, mais aussi tout ce qui regarde le gouvernement du roi: la dignité royale, le [privilège] d’accorder les grâces, et les voies de la justice qui font la solidité d’un règne. Aussi le Christ dit-Il que [qui ne renaît pas] NE PEUT VOIR LE REGNE DE DIEU, autrement dit la gloire et la dignité de Dieu, c’est-à-dire les mystères du salut éternel où le regard ne pénètre que par la justice de la foi 24 — Le Royaume [règne] de Dieu n’est pas nourriture et boisson, il est justice, paix et joie dans l’Esprit Saint 25.

20. 1 Corinthiens 2, 14. " Naturel" traduit animalis, qui signifie ici " laissé aux seules ressources de sa nature".
21. 1 Corinthiens 2, 11.
22. Ro 8, 15.
23. Ti 3, 5.
Il y eut bien dans l’ancienne Loi une régénération spirituelle, mais elle était imparfaite et n’était qu’une figure — Nos pères ont tous été (...) baptisés en Moïse dans la nuée et dans la mer, c’est-à-dire: ils reçurent le baptême en figure. Voilà pourquoi ils voyaient certes les mystères du Royaume de Dieu, mais seulement en figures — C’est dans la foi qu’ils moururent tous sans avoir reçu l’objet des promesses, mais ils l’ont vu et salué de loin 27.

Dans la nouvelle Loi au contraire, la régénération spirituelle a été manifestée; elle est toutefois demeurée imparfaite, car nous ne sommes renouvelés par la grâce qu’intérieurement, nous ne le sommes pas extérieurement par l’incorruptibilité — Même si notre homme extérieur se corrompt, notre homme intérieur se renou velle de jour en jour. C’est pourquoi nous voyons le Règne de Dieu et les mystères du salut éternel, mais imparfaitement — Nous voyons à présent dans un mi roir, en énigme 29.

C’est dans la patrie que la régénération est parfaite, parce que nous y serons renouvelés intérieurement et extérieurement. Aussi verrons-nous le Royaume de Dieu parfaitement — Nous verrons alors face à face. Lors que le Seigneur se manifestera, nous Lui serons sembla bles, parce que nous Le verrons tel qu’Il est 31.

24. Ro 4, 11 et 13.
25. Ro 14, 17.
26. 1 Corinthiens 10, 2.
27. He 11, 13.
28. 2 Co 4, 16.
29. 1 Corinthiens 13, 12.
434. Il est donc manifeste que, de même qu’il faut être né pour posséder la vision corporelle, de même on ne peut posséder la vision spirituelle à moins d’être né DE NOUVEAU, et qu’aux trois modes de régénération [dont on vient de parler] correspondent trois modes de vision.

435. Remarquons que le texte grec ne dit pas "de nouveau", mais anothen, c’est-à-dire "d’en haut", que Jérôme a traduit par "de nouveau" (ce qui exprime la même chose que "d’en haut"), pour signifier que cette génération s’ajoute à la précédente. Ainsi Jérôme, en disant PERSONNE, A MOINS DE NAITRE DE NOUVEAU, a compris: PERSONNE, à moins de naître une seconde fois, d’une naissance surnaturelle, NE PEUT VOIR LE REGNE DE DIEU.

Pour Chrysostome 32 NAITRE D’EN HAUT est le propre du Fils de Dieu, car Lui seul est né d’en haut. Celui qui vient d’en haut est au-dessus de tous. Nous disons que le Christ est né d’en haut quant au temps (s’il est permis de parler ainsi), parce qu’Il est engendré de toute éternité. Avant l’étoile du matin, je t’ai engendré et qu’Il est né D’EN HAUT quant au principe de sa génération, parce qu’Il est sorti du Père qui est au-dessus des cieux; [c'est pourquoi Lui-même dit]: Je suis descendu du ciel pour faire, non ma volonté, moi, mais la volonté de Celui qui m’a envoyé. Or notre régénération spirituelle est à l’image de la génération du Fils de Dieu, car ceux que Dieu a connus d’avance, Il les a aussi prédestinés à être conformes à l’image de son Fils. Par conséquent, puisque la génération du Christ est d’en haut, la nôtre l’est aussi: selon le temps, par notre prédestination éternelle, car Dieu nous a élus en Lui dès avant la fondation du monde 37; et en ce qui concerne le don [de Dieu], car [dira le Christ] nul ne peut venir à moi si le Père qui m’a envoyé ne l’attire. C’est par grâce que vous êtes sauvés, par le moyen de la foi. Ce salut ne vient pas de vous, il est un don de Dieu 39.

30. Ibid.
31. 1 Jean 3, 2.
32. Voir In loannem homiliae, 26, ch. 1, PG 59, col. 154, où saint Jean Chrysostome distingue la génération "selon la substance", qui est celle du Fils unique, de la génération "selon la grâce", qui est la nôtre. "Moi aussi, dit-il, je suis né de Dieu, mais je ne suis pas né de sa substance" (ibid.).
33. Jean 3, 31.
34. Ps 109, 3.

NICODEME LUI DIT: "COMMENT UN HOMME PEUT IL NAITRE QUAND IL EST VIEUX? PEUT-IL EN TRER UNE SECONDE FOIS DANS LE SEIN DE SA MERE, ET RENAITRE?"
436. L’Evangéliste expose ici le mode de cette régénération spirituelle; à ce sujet il rapporte d’abord une objection de Nicodème [n° 437], puis la réponse du Christ [n° 440].

437. Au sujet de l’objection de Nicodème, il faut sa voir que l’homme naturel ne perçoit pas ce qui vient de l’Esprit de Dieu 40; aussi Nicodème, encore charnel et naturel, ne put-il comprendre que d’une manière charnelle les paroles de Jésus. C’est pourquoi, ce que le Seigneur avait dit de la régénération spirituelle, lui l’entendait d’un nouvel engendrement charnel. D’où son interrogation: COMMENT UN HOMME PEUT-IL NAITRE QUAND IL EST VIEUX? Selon Chrysostome 41, Nicodème a voulu faire une objection aux paroles du Sauveur. Mais son objection est dérisoire, car le Christ parle de la régénération spirituelle tandis que l’objection porte sur une renaissance charnelle. De même sont dérisoires toutes les raisons alléguées pour attaquer les choses de la foi, parce qu’elles ne rejoignent pas l’intention de l’Ecriture Sainte.

35. Jean 6, 38.
36. Ro 8, 29.
37. Eph 1, 4.
38. Jean 6, 44.
39. Eph 2, 8.
40. 1 Corinthiens 2, 14. Cf. ci-dessus, note 20.
438. L’objection de Nicodème aux paroles du Seigneur — l’homme doit naître de nouveau — était dou ble, en ce sens que ce qu’avait dit le Seigneur lui parais sait doublement impossible. D’abord à cause de l’irré versibilité de la vie humaine, car un homme ne peut, de la vieillesse, revenir à l’enfance; aussi Job dit-il: Je marche sur un chemin, celui de la vie présente, par lequel je ne reviendrai pas 42. Ainsi l’interrogation de Nicodème COMMENT UN HOMME PEUT-IL NAITRE QUAND IL EST VIEUX? revient à dire: Deviendra-t-il à nouveau enfant, pour renaître? [ne dit-il pas encore:] L’homme ne reviendra plus dans sa maison, et son lieu ne le reconnaîtra plus? Ensuite à cause du processus de la génération charnelle; les dimensions de l’homme, au commencement de sa génération, sont si réduites que le sein maternel peut le contenir; mais après sa naissance elles ne cessent de s’accroître peu à peu, si bien que le sein maternel ne pourrait plus le contenir. Aussi Nicodème dit-il: PEUT-IL RENTRER DANS LE SEIN DE SA MERE ET RENAITRE? ce qui revient à dire: Non, car ce sein ne peut plus le contenir.

41. In loannem hom., 25, ch. 1, col. 149.
42. Jb 16, 23.
43. Jb 7, 10.
439. Mais ces objections sont sans portée dans le cas de la génération spirituelle; en effet, si vieilli qu’il soit spirituellement par le péché — Parce que je me suis tu [PARCE que j’ai tu mon péché], mes os ont vieilli 44 —, l’homme peut, avec le secours de la grâce divine, redevenir jeune — Le Seigneur, qui pardonne toute tes offenses (...), renouvellera ta jeunesse comme celle de l’aigle 45 et, si grand qu’il soit, il peut, par le sacrement de baptême, entrer dans le sein spirituel, celui de l’Eglise. Qu’il y ait un sein spirituel, c’est manifeste: autrement il ne serait pas dit dans l’Ecriture: De mon sein, avant l’étoile du matin, je t’ai engendré 46.

Néanmoins il y a bien dans ce qu’exprime Nicodème une certaine similitude avec la génération spirituelle. En effet, de même que l’homme, une fois né selon la chair, ne peut plus naître, de même, une fois né spirituellement par le baptême, le chrétien ne peut naître de nouveau, en ce sens qu’il ne doit pas être bapti sé de nouveau: "Il y a un seul Seigneur, une seule foi, un seul baptême".

[5] JESUS REPONDIT: "AMEN, AMEN JE TE LE DIS, PERSONNE, A MOiNS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU."
440. L’Evangéliste rapporte ici la réponse du Christ, dans laquelle on peut distinguer trois moments. Le Christ, en effet, commence par réduire à rien les objec tions de Nicodème en montrant la qualité de la régénéra tion [n° 441]; puis Il s’explique par un raisonnement [n° 4471; enfin Il donne une image [n° 449].

44. Ps 31, 3.
45. Ps 102, 3 et 5.
46. Ps 109, 3.
47. Eph 4, 5.
441. Le Christ réduit donc à rien les objections de Nicodème, en montrant que la régénération dont Il parle est spirituelle et non charnelle: AMEN, AMEN JE TE LE DIS, PERSONNE, A MOINS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU, comme s’Il disait: Toi, tu penses à une régénération charnelle, mais moi, je par le d’une régénération spirituelle.

Remarquez que, plus haut, le Seigneur avait dit NE PEUT VOIR LE REGNE DE DIEU; alors qu’ici Il dit: NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU. Cela revient au même, car nul ne voit ce qui appartient au Règne de Dieu, s’il ne pénètre dans le Royaume de Dieu; et il voit dans la mesure où il pénètre 48 — Au vainqueur je donnerai un caillou blanc, et sur ce caillou se trouve écrit un nom nouveau que nul ne connaît, sinon celui qui le reçoit 49.

442. Que la régénération spirituelle se fasse par l’Esprit, cela s’explique. Car l’engendré doit être engendré semblable à celui qui l’engendre; or la régénération qui fait de nous des fils de Dieu nous rend semblables au Fils véritable: il faut donc que la régénération se fasse par ce par quoi nous sommes rendus semblables au Fils véritable; et nous Lui sommes rendus semblables du fait que nous avons son Esprit — Si quelqu’un n’a pas l’Esprit du Christ, il ne Lui appartient pas 50. A ceci nous savons que nous demeurons en Lui et Lui en nous, à ce qu’Il nous a donné de son Esprit 51. Il faut donc que la régénération spirituelle se fasse par l’Esprit Saint — Vous n’avez pas reçu un esprit de servitude pour retomber dans la crainte, mais vous avez reçu un esprit d’adoption 52 C’est l’Esprit qui vivifie... 53.

48. Cf. JEAN SCOT ERIGÈNE, op. cit., III, u, p. 209: "Voir le Royaume de Dieu et entrer (introtre) dans le Royaume de Dieu ne sont pas deux choses, mais une seule et même chose. Quiconque voit le Royaume de Dieu y entre (intrat); qui conque y entre le voit. Voir, c’est entrer (intrare); entrer, c’est voir, autrement dit, c’est connaître la vérité. " Comme on peut le voir, E. Jeauneau, dans sa traduction, ne fait pas de différence entre introire et intrare. Nous avons cru bon, dans la nôtre, de traduire le introire de l’évangile par "entrer", et le intrare du commentaire de saint Thomas par" pénétrer".
49. Ap 2, 17.
50. Ro 8, 9.

443. A cette régénération l’eau également est nécessaire, pour trois raisons. D’abord à cause de la condition de la nature humaine. L’homme est en effet composé d’une âme et d’un corps; si dans cette régénération l’Esprit seul était présent, seul apparaîtrait régénéré ce qui est spirituel dans l’homme. Il faut donc, pour que la chair aussi soit régénérée, que, comme l’Esprit est là pour régénérer l’âme, il y ait de même quelque chose de corporel pour régénérer le corps, et c’est l’eau.

L’eau est nécessaire aussi à cause de la connaissance humaine. Selon Denys en effet, "la Sagesse divine ordon ne toutes choses en sorte de pourvoir à chacun conformément à sa nature" 54. Or l’homme est naturellement capable de connaître; il faut donc que les dons spirituels soient accordés aux hommes de telle manière qu’ils les connaissent Nous avons reçu (...) L’Esprit qui est de Dieu, afin de connaître les dons qui nous ont été faits par Dieu. Mais le mode naturel de cette connaissance est de saisir les choses spirituelles par les sensibles, puisque toute notre connaissance commence par les sens. Il fallait donc, pour que nous comprenions ce qui est spi rituel dans cette régénération, qu’il y eût en elle quelque chose de sensible et de matériel, l’eau, grâce à quoi nous comprenions que le baptême lave et purifie intérieurement l’esprit de l’homme, comme l’eau lave et purifie extérieurement le corps.

51. 1 Jean 4, 13.
52. Ro 8, 15.
53. Jean 6, 63.
54. Cette phrase, attribuée ici à Denys, se retrouve une autre fois (une seule) dans l’oeuvre de saint Thomas: dans la Somme théologique, où elle est légèrement différente (III, q. 61, a. 1, c: "il appartient à la Providence divine de pourvoir à toute réalité selon sa nature"). La IlIa pars de la Somme étant très probablement postérieure à ce passage du commentaire sur saint Jean, on peut se demander si saint Thomas n’y a pas volontairement omis la référence à Denys. Faute d’avoir trouvé chez celui-ci cette phrase exacte, nous renvoyons aux Noms divins, ch. 4, § 33, où Denys dit que la Providence s’exerce à l’égard de chaque être de la façon qui convient proprement à cet être (OEuvres complètes du Pseudo-Denys l'Aréopagite, p. 126; voir aussi Lettre IX, § 3, p. 356; PG 3, col. 734 et 1110).
Enfin, l’eau est nécessaire parce que cela convient à la cause de notre régénération, qui est le Verbe incar né. C’est Lui qui a donné à tous ceux qui L’ont reçu le pouvoir de devenir enfants de Dieu 56. Il convient donc que, dans les sacrements qui tiennent leur efficacité de la puissance du Verbe incarné, il y ait quelque chose qui corresponde au Verbe et quelque chose de corporel qui corresponde à la chair ou au corps. Ainsi en est-il spécialement de l’eau dans le sacrement du baptême par elle nous sommes configurés à la mort du Christ en étant plongés trois fois en elle lors du baptême, com me le Christ fut trois jours dans le sein de la terre. Nous avons en effet été ensevelis avec Lui par le baptême dans la mort 58.

Ce mystère avait été symbolisé au début de la création, lorsque l’Esprit du Seigneur planait sur les eaux. Mais le contact de la chair très pure du Christ conféra aux eaux une vertu plus grande; car au commencement, les eaux produisaient le reptile à l’âme vivante 60; mais, du fait que le Christ a été baptisé dans le Jourdain, l’eau rend les âmes spirituelles.

55. 1 Corinthiens 2, 12.
56. Jean 1, 12.
57. Cf. Phi 3, 10.
58. Ro 6, 4.
59. Gn 1, 2.
60. Gn 1, 1 et 20. Commentant l’oeuvre du cinquième jour (c que les eaux produisent des reptiles doués d’âme vivante") et la comparant à l’oeuvre du sixième jour (que la terre produise une âme vivante... "), saint Basile montrait que les poissons n’ont qu’" une vie imparfaite", et c’est pourquoi ils" ont été créés avec des corps animés", tandis que pour les animaux terrestres, dont" la vie est plus parfaite", "l’ordre divin spécifia que fût produite une âme qui gouvernerait leur corps" (Homélies sur l’Hexaéméron, VIII, 1, SC 26, pp. 431 et 433). Saint Thomas, dans la Somme théologique, distingue divers degrés de vie en se référant à ce texte de saint Basile, tout en le corrigeant voir I, q. 72, art. unique, ad 1.

444. Les paroles du Christ PERSONNE, A MOINS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU mon trent clairement que l’Esprit Saint est Dieu. En effet le Verbe a donné le pouvoir de devenir enfants de Dieu à ceux qui ne sont nés ni du sang, ni d’un vouloir de chair, ni d’un vouloir d’homme, mais de Dieu 61. A partir de ces textes on peut former ce raisonnement: Celui de qui les hommes renaissent spirituellement est Dieu; or, comme on le dit ici, les hommes renaissent par l’Esprit Saint; donc l’Esprit Saint est Dieu.

445. Mais ici deux questions se posent. La première est celle-ci: si nul n’entre dans le Royaume de Dieu à moins de renaître de l’eau, nos pères de l’Ancien Testament, qui ne sont pas renés de l’eau puisqu’ils n’ont pas été baptisés, ne sont donc pas entrés dans le Royaume de Dieu.

La seconde question est la suivante. Il y a trois baptêmes: celui du sang, celui du feu et celui de l’eau. Or beaucoup ont été baptisés des deux premiers et nous disons qu’ils sont entrés aussitôt dans le Royaume de Dieu (bien qu’ils ne soient pourtant pas renés de l’eau). Il semble donc que ces paroles: PERSONNE, A MOINS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU, ne soient pas vraies.

En ce qui concerne la première question, il faut [n° 5] savoir que la régénération par l’eau et l’Esprit Saint se fait de deux manières: en vérité et en figure. Les anciens pères, bien qu’ils n’aient pas été régénérés de la véritable régénération, renaquirent cependant d’une régénération figurative, car ils eurent toujours un signe sensible dans lequel était préfigurée la vraie régénération; et renés grâce à ce signe, ils entrèrent dans le Royaume de Dieu, une fois payé le prix [de la Rédemption].

A la seconde question il faut répondre que ceux qui renaissent par le baptême du sang et du feu, bien qu’ils n’aient pas la régénération de l’eau en acte, l’ont néan moins par le désir; autrement, en effet, le baptême du sang serait sans valeur et le baptême de l’Esprit ne pourrait exister.

Ainsi donc, pour que l’homme entre dans le Royau me de Dieu, il faut qu’il y ait baptême d’eau, soit réel lement, comme c’est le cas de tous les baptisés; soit par le désir, comme c’est le cas des martyrs et des catéchu mènes "que la mort a emportés avant l’accomplissement de leur désir"; soit en figure, comme pour les anciens pères.

446. De ces paroles: PERSONNE, A MOINS DE RENAITRE DE L’EAU ET DE L’ESPRIT SAINT, NE PEUT ENTRER DANS LE ROYAUME DE DIEU, les Pélagiens ont conclu faussement que les enfants sont baptisés, non certes pour être purifiés des péchés que, d’après eux, ils n’ont pas encore, mais afin de pouvoir entrer dans le Royaume de Dieu. Mais cela est faux; car, comme le dit Augustin, il ne convient pas que l’image de Dieu, c’est-à-dire l’homme, soit privé du Royaume de Dieu si ce n’est à cause d’un empêchement; or il ne peut y avoir [d'autre obstacle au Royaume de Dieu] que le péché. Il faut donc que, chez les enfants privés du Royaume, il y ait un péché, et c’est le péché originel 62.

62. Voir SAINT AUGUSTIN, De baptismo parvulorum, ch. 30, PL 44, col. 142.
61. Jean 1, 12-13.

"CE QUI EST NE DE LA CHAIR EST CHAIR, ET CE QUI EST NE DE L’ESPRIT EST ESPRIT."
447. Le Seigneur prouve ici par un raisonnement la nécessité de naître de l’eau et de l’Esprit Saint. Son raisonnement est le suivant. Nul ne peut parvenir au Royaume de Dieu s’il n’est rendu spirituel; mais on ne peut devenir spirituel que grâce à l’Esprit Saint; donc, nul ne peut entrer dans le Royaume de Dieu s’il ne renaît de l’Esprit Saint. Le Seigneur dit donc: CE QUI EST NE DE LA CHAIR EST CHAIR, c’est-à-dire que la naissance selon la chair fait naître à une vie charnelle — Ce n’est pas ce qui est spirituel qui a été fait d’abord, mais ce qui est charnel; ensuite ce qui est spirituel. Le premier homme, tiré de la terre, est terrestre, le second, venu du ciel est céleste 63 — ; et CE QUI EST NE DE L’ESPRIT, c’est-à-dire de la puissance de l’Esprit Saint, est esprit, c’est-à-dire spirituel.

448. Remarquons que la préposition "de" [la chair, DE l’Esprit] désigne soit la cause matérielle, comme lorsque je dis: "le couteau de fer", soit la cause efficiente: "la maison est [de l’architecte". On peut donc comprendre de deux manières CE QUI EST NE DE LA CHAIR EST CHAIR: selon la causalité efficiente et selon la causalité matérielle. Selon la causa lité efficiente, car c’est la puissance présente dans la chair qui est capable d’être cause efficiente de la génération; selon la causalité matérielle, puisque c’est quelque chose de charnel qui est chez les animaux la matière de la réalité engendrée. Quant à l’esprit, on ne dit pas que de lui naisse quelque chose selon la causalité matérielle, puisque l’esprit est immuable, alors que la matière est le sujet du changement; mais on le dit selon la causalité efficiente.

D’après ce qui précède on peut donc parler d’une triple génération. La première est de la chair selon les causes matérielle et efficiente, et est commune à tous ceux dont la condition est d’être charnel. La seconde est de l’Esprit selon la cause efficiente: nous y sommes régénérés comme fils de Dieu par la grâce de l’Esprit Saint, et rendus spirituels. La troisième, intermédiaire entre les deux, est de la chair uniquement selon la causalité matérielle, et est de l’Esprit Saint selon la causa lité efficiente: elle est unique et propre au Christ. Il tient en effet sa chair, selon la causalité matérielle, de la chair de la mère dont il naît; et, selon la causalité efficiente, de l’Esprit Saint 64 — Ce qui a été engendré en elle vient de l’Esprit Saint. Aussi est-Il né saint: L’Es prit Saint surviendra en toi, et la puissance du Très-Haut te prendra sous son ombre; c’est pourquoi le saint qui naîtra de toi sera appelé Fils de Dieu 65.

63. 1 Corinthiens 15, 46-47.
64. Mt 1, 20.
65. Luc 1, 35.

Jean 3, 7-15: LA CAUSE DE LA REGENERATION SPIRITUELLE

7 "Ne t’étonne pas que je t’aie dit: Il vous faut naître de nouveau. 6 Le vent souffle où il veut, et tu entends sa voix, mais tu ne sais d’où il vient ni où il va: ainsi en est-il de quiconque est né de l’Esprit. " Nicodème répondit et Lui dit: "Comment cela peut-il se faire?" Il répondit et lui dit: "Tu es docteur en Israël et tu ignores ces choses? 11 Amen, amen je te le dis, nous parlons de ce que nous savons et nous témoignons de ce que nous avons vu; et notre témoignage, vous ne le recevez pas. 12 quand je vous parle des choses de la terre, vous ne croyez pas, quand je vous parlerai des choses du ciel, comment croirez-vous? 13 Et personne n’est monté au ciel, si ce n’est Celui qui est descendu du ciel, le Fils de l’homme qui est au ciel. 14 Et comme Moïse éleva le serpent dans le désert, ainsi faut-il que soit élevé le Fils de l’homme, 15 que tout homme qui croit en Lui ne périsse pas, mais qu’il ait la vie éternelle."

[7-8] "NE T’ETONNE PAS QUE JE T’AIE DIT: IL VOUS FAUT NAITRE DE NOUVEAU. LE SOUFFLE SOUF FLE OU IL VEUT, ET TU ENTENDS SA VOIX, MAIS TU NE SAIS D'OÙ IL VIENT NI OU IL VA: AINSI EN EST-IL DE QUICONQUE EST NE DE L’ESPRIT."
449. Le Seigneur a prouvé plus haut [n° 440] par un raisonnement [la nécessité de] la génération spirituel le; Il donne maintenant une image.

"NE T’ETONNE PAS QUE JE T’AIE DIT: IL VOUS FAUT NAITRE DE NOUVEAU."

Ces paroles laissent entendre que Nicodème, à ces mots: CE QUI EST NE DE L’ESPRIT EST ESPRIT, fut pris d’un doute qui le troubla; voilà pourquoi le Seigneur lui dit: NE T’ETONNE PAS QUE JE T’AIE DIT: IL VOUS FAUT NAITRE DE NOUVEAU.

1. Spiritus spirat, traduisant le grec pneûma pneî. Les mots spiritus et pneûma (comme le mot hébreu ruah) peuvent signifier à la fois le souffle, le vent et l’esprit. La traduction de spiritus par "souffle" dans ce verset de saint Jean n’est pas satisfaisante, la signification du mot français étant plus restreinte que celle du mot latin; elle permet cependant de ne pas opter d’emblée pour une interprétation, ce qui serait gênant puisque l’exégèse de saint Thomas (reprenant celle des Pères) va distinguer deux sens du mot spiritus.

Précisons ici qu’il y a deux sortes d’étonnement. L’un relève d’une attitude intérieure de religion: c’est l’étonnement de celui qui, considérant les merveilles de Dieu 2, reconnaît qu’elles sont pour lui incompréhensibles, ce qui l’amène à s’étonner, à admirer Le Seigneur, dit le psalmiste, est admirable dans les hauteurs 3; et encore: Tes témoignages sont admirables 4. A cet étonnement il faut amener les hommes, plutôt que de les en détourner.

L’autre sorte d’étonnement relève de l’incrédulité; c’est [L'attitude de] celui qui, ne croyant pas ce qui lui est dit, s’étonne. C’est en ce sens qu’il est dit que [habitants de Nazareth, entendant Jésus enseigner dans leur synagogue,] étaient saisis d’étonnement devant son enseignement et se scandalisaient à son sujet 5. C’est cet étonnement que le Seigneur veut éviter à Nicodème en prenant une image.

"LE SOUFFLE SOUFFLE OU IL VEUT, ET TU EN-[8a] TENDS SA VOIX, MAIS TU NE SAIS D'OÙ IL VIENT NI OU IL VA."

On peut, sans changer la teneur de ces paroles, les expliquer au sens littéral de deux manières.

450. Selon Chrysostome 6, le mot SOUFFLE désigne le vent, comme dans le psaume Souffles de tempête, qui accomplissez sa parole... . Selon cette interprétation, le Seigneur affirme quatre choses au sujet du vent. D’abord sa puissance: LE SOUFFLE SOUFFLE OU IL VEUT, c’est-à-dire: le vent souffle dans la direction qu’il veut. Et si l’on objecte que le vent n’a pas de volonté, il faut répondre que l’on parle ici de "vouloir" pour désigner un appétit naturel, qui n’est rien d’autre qu’une inclination naturelle. La "volonté" du vent est donc ici son inclination naturelle, dont il est dit: [Dieu] qui donna du poids aux vents 8. Le Seigneur men tionne ensuite un signe indiquant la présence du vent ET TU ENTENDS SA voix, autrement dit le bruit que fait le vent en heurtant un corps, et dont le psaume parle ainsi: Voix de ton tonnerre dans le tourbillon. Il parle ensuite de l’origine du vent, qui est cachée: MAIS TU NE SAIS D'OÙ IL VIENT, c’est-à-dire d’où il se lève [tire le vent de ses trésors 10. Il parle enfin du terme [son mouvement], qui est également caché: tu ne sais OU IL VA, c’est-à-dire jusqu’où il continue de souffler. Puis le Seigneur applique cette comparaison à ce qu’Il veut enseigner, en disant: AINSI EN EST-IL DE QUICONQUE EST NE DE L’ESPRIT. Autrement dit: Si le vent, qui est corporel, a une origine cachée, et si sa course ne peut être connue, comment t’étonnes-tu de ne pouvoir connaître le processus 11 de la régénération spirituelle?

2. Sir 18, 5; 2 Mac 3, 34; Ac 2, 11.
3. Ps 92, 4.
4. Ps 118, 129.
5. Mt 13, 54 et 57.
6. In loannem hom., 26, ch. 2, PG 59, col. 154-155.
7. Ps 148, 8.
8. Jb 28, 25.
9. Ps 76, 19.
10. Ps 134, 7.
11. Dans cette phrase, c’est le même mot latin, processus, qui est rendu en français par "course" (la course du vent) et "processus".

451. Cependant Augustin fait à cette interprétation l’objection suivante. En disant que LE SOUFFLE SOUFFLE OU IL VEUT, le Seigneur ne pensait pas au vent, car de n’importe quel vent nous savons D'OÙ IL VIENT et OU IL VA. Le vent du midi, en effet, vient du sud et va vers le nord; et, inversement, l’Aquilon va du nord au midi. Comment donc le Seigneur dirait-Il du vent corporel: TU NE SAIS D'OÙ IL VIENT NI OU IL VA? 12

12. Voir SAINT AUGUSTIN, Homélies sur l’Evangile de saint Jean (cité désormais sous l’abréviation Tract. in b.), XII, 7, BA 71, pp. 645-647.
Mais à cela on peut répondre que le principe du vent peut être connu de deux manières. En général, et de cette manière on sait D’OÙ IL VIENT, c’est-à-dire de quelle partie du monde: ainsi on sait que le vent du midi vient du sud; et OU IL VA vers le nord. En parti culier, et de cette manière on ne sait pas D’OÙ IL VIENT, c’est-à-dire de quelle région précise il se lève; ni OU IL VA, c’est-à-dire en quelle région précise du monde il s’arrête. Presque tous les Pères grecs sont d’accord avec Chrysostome sur cette interprétation.

452. Selon l’autre explication [Littérale], le mot SOUFFLE désigne l’Esprit Saint, au sujet duquel le Christ affirme quatre choses. En premier lieu sa puissance, lorsqu’Il dit: LE SOUFFLE [L'ESPRIT] SOUFFLE OU IL VEUT. Car c’est en vertu du libre arbitre de sa puissance qu’Il souffle OU IL VEUT et quand Il veut, en illuminant les coeurs des hommes — Tout cela [dit Paul en parlant des dons spirituels], c’est un seul et même Esprit qui l’opère, distribuant à chacun comme Il le veut 13. Par là est réfutée l’erreur de Macédonius 14, qui soutenait que l’Esprit Saint est le serviteur du Père et du Fils; en effet, [s'il l’était], Il ne soufflerait pas où Il veut, mais là où on Lui donnerait ordre de le faire.

13. 1 Corinthiens 12, 11.
14. Evêque de Constantinople de 342 à 359, Macédonius semble n’avoir commencé à faire figure d’hérésiarque qu’après sa mort, où saint Jérôme et le pape saint Damase, les premiers, lui attribuèrent la paternité de l’erreur soutenue par ceux qui furent appelés "macédoniens". L’enseignement des macédoniens se rapporte surtout à la personne du Saint-Esprit, à qui ils refusent de donner le titre de Dieu parce que nulle part l’Ecriture ne dit qu’Il est Dieu. L’Esprit Saint, pour eux, n’est donc pas Dieu, mais Il n’est pas non plus une créature comme les autres; Il occupe une position intermédiaire (et imprécise) entre Dieu et les créatures (voir VACANT et MANGENOT, Dictionnaire de théologie catholique, IX, col. 1464-1478).

453. Le Christ donne ensuite un signe indiquant [la présence] du Saint-Esprit, en disant: ET TU ENTENDS SA VOIX — Aujourd’hui [disait le psaume], si vous en tendez sa voix, n’endurcissez pas vos coeurs 15. Mais Chrysostome 16 fait ici une objection. Ces paroles, estime-t-il, ne peuvent s’entendre de l’Esprit Saint; car le Seigneur parlait avec Nicodème qui ne croyait pas encore et qui, de ce fait, n’était pas capable d’entendre la voix de l’Esprit Saint 18 Mais à cela il faut répondre, selon Augustin 19, en distinguant deux voix de l’Esprit Saint: l’une qui parle intérieurement, dans le coeur de l’homme, et que seuls les croyants et les saints entendent; c’est d’elle qu’il est question dans ce psaume: J’écouterai [ou j’entendrai] ce que dit en moi le Seigneur Dieu 20. L’autre par laquelle l’Esprit Saint parle dans l’Ecriture ou par la bouche des prédicateurs, selon ce qui est dit dans l’Evangile: Ce n’est pas vous qui parlez, mais l’Esprit de votre Père qui parle en 21 et cette voix-là, les incroyants et les pécheurs eux-mêmes l’entendent.

454. Le Christ, en troisième lieu, évoque l’origine de l’Esprit Saint, qui est cachée: TU NE SAIS D’OÙ IL VIENT, bien que tu entendes sa voix. Pourquoi cela? Parce qu’Il vient du Père et du Fils — Quand viendra le Paraclet que moi, je vous enverrai d’auprès du Père, l’Esprit de vérité qui procède du Père... . Or le Père et le Fils habitent une lumière inaccessible qu’aucun homme n’a vue ni ne peut voir 26.

455. Le Christ parle enfin du terme [de l’action] de l’Esprit, qui est certes caché — TU NE SAIS OU IL VA —, parce qu’il conduit à une fin cachée: la béatitude éternelle. C’est pourquoi il est dit que l'Esprit Saint est le gage de notre héritage 24 et que l’oeil n’a pas vu, l’oreille n’a pas entendu, le coeur de l’homme n’a pas conçu ce que Dieu a préparé pour ceux qui L’aiment. Ou encore, les paroles TU NE SAIS D'OÙ IL VIENT NI OU IL VA peuvent vouloir dire: Tu ne sais comment Il pénètre dans l’homme, ni à quelle perfection il le con duit. — S’Il vient à moi, je ne Le verrai pas 26.

"AINSI EN EST-IL DE QUICONQUE EST NE DE [8b] L’ESPRIT."
456. Autrement dit: celui qui est né de l’Esprit est comme l’Esprit Saint. Et cela n’a rien d’étonnant, puis que, comme le Christ l’avait dit précédemment, ce qui est né de l’Esprit est esprit v. En effet, l’homme spirituel a en lui les propriétés de l’Esprit Saint, comme le charbon ardent a en lui celles du feu; et celui qui est né de l’Esprit Saint a en lui les quatre propriétés de l’Esprit dont on a parlé plus haut. Il possède en effet, en premier lieu, la liberté 28. Où est l’Esprit du Seigneur, là est la liberté, car l’Esprit du Seigneur conduit à ce qui est droit: Ton bon esprit me conduira dans une voie droite 29, et Il libère de l’esclavage du péché et de la loi — La loi de l’Esprit de vie qui est dans le Christ Jésus m’a libéré de la loi du péché et de la mort 30. En second lieu, il y a un signe qui dénote l’homme spirituel c’est sa voix, l’intonation de ses paroles: en l’entendant on reconnaît qu’il est spirituel — La bouche parle de l’abondance du cœur 31. Enfin, l’homme spirituel a une origine et une fin cachées, car nul ne peut le juger: L’homme spirituel juge de tout et n’est lui-même jugé par personne 32.

On peut dire encore que TU NE SAIS D’OÚ IL VIENT NI OU IL VA signifie: Tu ignores le principe de sa naissance spirituelle, qui est la grâce baptismale, et tu ne sais pas de quoi il est rendu digne, c’est-à-dire la vie éternelle, qui t’est encore cachée.

15. Ps 94, 8.
16. In loannem hom., loc. cit., col. 155.
17. Il s’agit ici de la foi plénière, la foi dans le Christ.
18. Cf. ORIGÈNE, X, XLIII, § 300, SC 157, pp. 567-569" Comment peut-on dire de quelqu’un qu’il croit vraiment en l’Ecriture sans voir en elle le sens du Saint-Esprit que Dieu veut que l’on croie plutôt que l’intention de la lettre?"
19. Voir Quaestiones ex Novo Testamento, q. 59, PL 35, col. 2251.
20. Ps 84, 9.
21. Mt 10, 20.
22. Jean 15, 26.
23. 1 Tin 6, 16. Saint Thomas lit ici (comme déjà au n° 210 et plus loin au n° 491)" lucem inaccessibilem, quam (au lieu de quem) nullus hominum vidit", le relatif se rapportant alors à la lumière et non à Dieu. Cette lecture n’est attestée nulle part par Sabatier (Latinae versiones antiqaae, III, p. 879). Lorsqu’il commente ce verset de saint Paul, saint Thomas souligne que la lumière que Dieu habite "est inaccessible, c’est-à-dire non visible des yeux de la chair", mais il lit quem et non quam, et commente le verset en conséquence (voir Super primam epistolam ad Timotheum lectura, 6, leç. 3, n° 268).
24. Eph 1, 14.
25. 1 Corinthiens 2, 9.
26. lb 9, 11.
27. In 3, 6.

II

NICODEME REPONDIT ET LUI DIT: "COMMENT CELA PEUT-IL SE FAIRE?" JESUS REPONDIT ET LUI DIT: "TU ES DOCTEUR EN ISRAEL, ET TU IGNORES CES CHOSES? AMEN, AMEN JE TE LE DIS, NOUS PARLONS DE CE QUE NOUS SAVONS ET NOUS TEMOIGNONS DE CE QUE NOUS AVONS VU; ET NOTRE TEMOIGNAGE, VOUS NE LE RECEVEZ PAS. SI, QUAND JE VOUS PARLE DES CHOSES DE LA TERRE, VOUS NE CROYEZ PAS, QUAND JE VOUS PARLERAI DES CHOSES DU CIEL, COMMENT CR0IREZ-VOUS? ET PERSONNE N’EST MONTE AU CIEL, SI CE N’EST CELUI QUI EST DESCENDU DU CIEL, LE FILS DE L’HOMME QUI EST AU CIEL. ET COMME MOÏSE ELEVA LE SERPENT DANS LE DESERT, AIN SI FAUT-IL QUE SOIT ELEVE LE FILS DE L’HOMME, POUR QUE TOUT HOMME QUI CROIT EN LUI NE PERISSE PAS, MAIS QU’IL AIT LA VIE ETERNELLE."

457. L’Evangile va nous révéler maintenant la cause de la régénération spirituelle et sa raison [ultime], cela à travers une interrogation de Nicodème [n° 458] et la réponse du Seigneur [n° 459].

NICODEME REPONDIT ET LUI DIT: "COMMENT [9] CELA PEUT-IL SE FAIRE?"
458. Cette interrogation montre bien que Nicodème, étant encore ignorant, étant encore un Juif enfermé dans le sensible, ne pouvait comprendre les mystères du Christ ni par des images, ni par des raisonnements.

Notons qu’il y a deux manières d’interroger. Certains, en effet, interrogent par manque de confiance. Ce fut le cas de Zacharie: A quoi connaîtrai-je cela? Car je suis vieux... 34; et c’est pourquoi il fut puni — Dieu réduit à rien ceux qui scrutent ses secrets 35. D’autres au contraire interrogent parce qu’ils désirent intensément apprendre, comme le fit la Bienheureuse Vierge lorsqu’elle dit à l’ange: Comment cela se fera-t-il, puis que je ne connais pas d’homme? 36 et ceux-ci sont instruits. C’est donc parce qu’il avait interrogé avec le désir intense d’apprendre que Nicodème mérita d’être instruit. La suite le montre bien.

28. 2 Co 3, 17.
29. Ps 142, 10
30. Ro 8, 2.
31. Mt 12, 34.
32. 1 Corinthiens 2, 15.
33. Voir n" 423.
34. Le 1, 18.
35. Isaïe 40, 23.
36. Luc 1, 34.

[10] JESUS REPONDIT ET LUI DIT: "TU ES DOCTEUR EN ISRAEL, ET TU IGNORES CES CHOSES?"
459. Avant de répondre à l’interrogation de Nicodème [n° 465], le Seigneur lui reproche sa lenteur d’esprit [n° 460].

460. Il la lui reproche pour trois raisons. D’abord à cause de la condition même de la personne à qui Il s’adresse, en lui disant: TU ES DOCTEUR EN ISRAËL. Ce faisant, le Seigneur ne reprend pas Nicodème pour l’insulter; mais Il voulait, parce que Nicodème se fiait encore à sa fonction de docteur et comptait trop sur sa propre science, faire de lui, en l’humiliant, la demeure de l’Esprit Saint — Vers qui regarderai-je, sinon vers le pauvre, celui dont l’esprit est brisé et qui tremble à ma parole? 37. Et Il souligne: TU ES DOCTEUR; car s’il est admissible qu’un homme simple ne puisse saisir les choses profondes, cela serait tout à fait répréhensible de la part d’un homme chargé d’enseigner, d’un docteur. Jésus dit donc à Nicodème: TU ES DOCTEUR, mais de la lettre qui tue 38, EN ISRAEL, et CES CHOSES, c’est-à-dire les choses spirituelles, TU LES IGNORES? — Alors qu’avec le temps vous devriez être devenus des maîtres [des docteurs], vous avez encore besoin qu’on vous enseigne les premiers éléments des paroles de Dieu 39.

461. On pourrait objecter que le Seigneur aurait à juste titre reproché à Nicodème sa lenteur d’esprit s’Il lui avait parlé de l’ancienne loi et que Nicodème n’eût pas compris; mais que, ici, Il lui a parlé de la loi nouvelle. A cela il faut répondre que ce que le Seigneur dit de la génération spirituelle est contenu dans l’ancienne loi, mais en figure. Paul dit en effet que tous ont été baptisés en Moise dans la nuée et dans la mer 40; et les prophètes aussi l’avaient dit: Je verserai sur vous une eau pure et vous serez purifiés de toutes vos souillures, et de toutes vos idoles je vous purifierai 41.

37. Isaïe 66, 2.
38. 2 Co 3, 6.
39. He 5, 12.

AMEN, AMEN JE TE LE DIS, NOUS PARLONS DE CE QUE NOUS SAVONS ET NOUS TEMOIGNONS DE CE QUE NOUS AVONS VU; ET NOTRE TEMOIGNAGE, VOUS NE LE RECEVEZ PAS.
462. La seconde raison de reprocher à Nicodème sa lenteur est la condition de Celui qui lui parle. En effet, que l’on n’acquiesce pas aux paroles d’un ignorant, c’est admissible; mais s’opposer à ce que dit un homme sage et d’une grande autorité, cela est intolérable. Voilà pourquoi le Christ dit: AMEN, AMEN JE TE LE DIS, NOUS PARLONS DE CE QUE NOUS SAVONS ET NOUS TEMOIGNONS DE CE QUE NOUS AVONS VU; car ce qui est exigé pour qu’un témoin soit digne de foi, c’est qu’il rende témoignage de ce qu’il a entendu ou de ce qu’il a vu: Ce que nous avons vu et ce que nous avons entendu, nous vous l’annonçons 42. Aussi le Seigneur dit Il l’un et l’autre: NOUS PARLONS DE CE QUE NOUS SAVONS ET NOUS TEMOIGNONS DE CE QUE NOUS AVONS VU. Or le Seigneur, en tant qu’homme, sait tout — Seigneur, tu sais tout... 43 Seigneur, toi qui possèdes la science sainte, tu le sais manifestement... 44. Mais, en outre, Il voit toutes choses par la connaissance qu’Il a en tant que Dieu: Ce que j’ai vu auprès de mon Père, je le dis 45. Du reste, Il dit au pluriel NOUS PARLONS DE CE QUE NOUS SAVONS ET NOUS TEMOIGNONS DE CE QUE NOUS AVONS VU, pour faire entendre par là le mystère de la Trinité — Le Père qui demeure en moi fait Lui-même les œuvres 46. Ou bien encore, en disant CE QUE NOUS SAVONS, Il parle de Lui-même et d’autres, de ceux qui ont été rendus spirituels, puisque Personne ne connaît le Père, si ce n’est le Fils et celui à qui le Fils aura voulu Le révéler 47. Et cependant, ajoute-t-Il, notre témoignage, ainsi éprouvé et solidement établi, VOUS NE LE RECEVEZ PAS. Et de nouveau, plus loin, il sera dit: Il témoigne de ce qu’il a vu et entendu; et son témoignage, personne ne le reçoit 48.

40. 1 Corinthiens 10, 2.
41. Ez 36, 25.
42. 1 in 1, 3.
43. Jean 21, 17.
44. 2 Mac 6, 30.

[12]" SI, QUAND JE VOUS PARLE DES CHOSES DE LA TERRE, VOUS NE CROYEZ PAS, QUAND JE VOUS PARLERAI DES CHOSES DU CIEL, COMMENT CROI REZ-VOUS?"
463. Le Seigneur a ici une troisième raison de reprocher à Nicodème sa lenteur: c’est la nature des choses dont Il a parlé. En effet, que l’on ne saisisse pas des choses difficiles, cela n’a rien d’étonnant; mais que l’on ne comprenne pas des choses faciles, c’est inadmissible. C’est pourquoi le Christ dit: SI, QUAND JE VOUS PARLE DES CHOSES DE LA TERRE, VOUS NE CROYEZ PAS, QUAND JE VOUS PARLERAI DES CHOSES DU CIEL, COMMENT CROIREZ-VOUS? Autrement dit: Si tu ne comprends pas ces choses qui sont faciles, comment pourras-tu saisir la procession du Saint-Esprit? Nous avons peine à deviner ce qui est sur la terre (...); ce qui est dans les cieux, qui donc le découvrira 49?

45. Jean 8, 38.
46. Jean 14, 10.
47. Mt 11, 26.
48. Jean 3, 32.
49. Sag 9, 16.

464. Mais on ne voit pas, dans ce qui précède, que le Seigneur ait parlé à Nicodème des CHOSES DE LA TERRE. A cette objection il faut répondre, selon Chrysostome 50, que les CHOSES DE LA TERRE dont parle ici le Seigneur doivent s’entendre de l’image du vent. Le vent, en effet, étant sujet à la génération et à la corruption, compte parmi les réalités terrestres. Ou bien l’on peut dire, toujours selon Chrysostome 51, que la régénération spirituelle réalisée par le baptême, si elle est céleste, certes, dans son principe qui sanctifie et régénère, est terrestre quant à son sujet: en effet, ce qui est régénéré, l’homme, est terrestre.

On peut encore répondre, avec Augustin 52, que par CHOSES DE LA TERRE il faut entendre ce que le Seigneur avait dit plus haut: Détruisez ce temple et en trois jours je le relèverai 53. C’est là chose terrestre, puisque le Seigneur parlait du temple de son corps, qu’Il avait reçu de la terre. Ainsi, en disant SI, QUAND JE VOUS PARLE DES CHOSES DE LA TERRE, VOUS NE CROYEZ PAS, QUAND JE VOUS PARLERAI DES CHOSES DU CIEL, COMMENT CROIREZ-VOUS?, le Christ veut dire Si vous ne croyez pas à la génération spirituelle temporelle, comment croirez-vous à la génération éternelle du Fils? Ou bien Si vous ne croyez pas ce que je dis de la puissance de mon corps, comment croirez-vous ce que je vous dirai de la puissance de ma divinité et de la puissance de l’Esprit Saint?

50. In loannem hom. 27, ch. 1, PG 59, col. 157.
51. Ibid.
52. Tract, in Ioann., XII, 7, BA 71, p. 647.
53. Jean 2, 19.

"ET PERSONNE N’EST MONTE AU CIEL, SI CE N’EST CELUI QUI EST DESCENDU DU CIEL, LE FILS DE L’HOMME QUI EST AU CIEL."
465. Le Seigneur répond maintenant à la question de Nicodème. Il commence par donner les causes de la régénération spirituelle [n° 466], puis Il en dévoile [la raison ultime] [n° 476].

La régénération spirituelle a deux causes: le mystère de l’Incarnation du Christ et celui de sa Passion; le Seigneur traite donc d’abord de l’Incarnation [n° 466], puis de la Passion [n° 472].

466. Mais comment cette réponse du Christ satisfait-elle à la question de Nicodème? Voilà ce qu’il faut examiner en premier lieu. En effet le Seigneur avait dit auparavant, parlant du souffle: TU NE SAIS D'OÙ IL VIENT NI OU IL VA, où Il donnait à entendre que la ré génération spirituelle a un principe et une fin cachés. Or les choses qui nous sont cachées sont celles qui sont dans les cieux, selon les mots du livre de la Sagesse cités plus haut: Ce qui est dans les cieux, qui donc le découvrira? 54. La question de Nicodème COMMENT CELA PEUT-IL SE FAIRE? doit donc être comprise de la manière suivante: Comment quelque chose pourrait-il venir du secret des cieux, ou aller au secret des cieux? Aussi le Christ, avant de répondre à la question, a-t-Il commencé par en expliciter le sens en disant: QUAND JE VOUS PARLERAI DES CHOSES DU CIEL, COMment CROIREZ-VOUS? Après quoi Il commence aussitôt à montrer à qui il appartient de monter au ciel; car celui qui descend du ciel, c’est celui-là qui monte au ciel: Celui qui est descendu est Celui-là même qui est monté au-dessus de tous les cieux, afin de remplir toutes choses 55. Dans les réalités de la nature aussi, on constate que tout corps tend vers un lieu, selon son origine ou sa nature. Ainsi, il peut se faire que quelqu’un, par l’esprit, aille en un lieu que les êtres charnels ignorent, et cela en montant au ciel, si cela se réalise par la puissance de Celui QUI EST DESCENDU DU CIEL; car Il est descendu pour, en montant, nous ouvrir la voie — Celui qui fait la brèche monte devant eux 56.

467. Ces paroles du Seigneur: CELUI QUI EST DESCENDU DU CIEL, LE FILS DE L’HOMME, ont été pour certains occasion d’erreur. L’expression FILS DE L’HOMME désignant en effet la nature humaine, qui est composée d’une âme et d’un corps, Valentin 57 voulut, de ces paroles affirmant que le Fils EST DESCENDU DU CIEL, conclure qu’Il avait apporté du ciel même son corps et était passé par la Vierge sans rien recevoir d’elle, comme de l’eau passant par un canal; mais cela va contre la parole de l’Apôtre concernant le Fils, issu de la descendance de David selon la chair 58.

Origène, lui, soutient que le Christ est DESCENDU DU CIEL selon son âme, dont il dit qu’elle a été créée au commencement avec les anges et unie au Verbe, et qu’elle est ensuite descendue du ciel en prenant chair de la Vierge 59; mais cela aussi est contraire à la foi catholique, qui enseigne que les âmes n’ont pas existé avant les corps.

468. Il ne faut donc pas comprendre que le Fils de l’homme serait descendu du ciel selon sa nature humai ne, mais qu’Il en est descendu selon la nature divine. En effet, puisqu’il y a dans le Christ un seul suppôt, ou hypostase, ou personne, de deux natures, la nature divine et la nature humaine, on peut attribuer à ce suppôt, quelle que soit la nature à partir de laquelle on le nom me, et ce qui est divin, et ce qui est humain. Ainsi nous pouvons affirmer que le Fils de l’homme a créé les étoiles et que le Fils de Dieu a été crucifié. Mais le Fils de Dieu n’a pas été crucifié selon la nature divine, il l’a été selon la nature humaine; et c’est selon la nature divine que le Fils de l’homme a créé les étoiles. Il en va ainsi de toutes les choses que l’on dit du Christ: il ne faut pas les distinguer à partir de [la réalité concrète] dont elles sont dites, parce que [dans le Christ] les choses divines et les choses humaines sont dites indifféremment de Dieu et de l’homme; mais il faut les distinguer en fonction de ce en raison de quoi elles sont dites, car les choses divines sont dites du Christ en rai son de la nature divine et les choses humaines en raison de la nature humaine. Descendre du ciel se dit donc du Fils de l’homme, non selon sa nature humaine, mais selon sa nature divine, en raison de laquelle il Lui appartient, avant l’incarnation, d’avoir été du ciel, comme le dit le psaume: Le ciel des cieux est au Seigneur; mais la terre, il l’a donnée aux fils des hommes 60.

54. Sag 9, 16.
55. Eph 4, 10.
56. Mic 2, 13.
57. Valentin (originaire d’Egypte, au IP siècle), est l’un des personnages les plus importants du gnosticisme. Voir vol. 1 (2° éd.), p. 123, note 20; voir aussi VACANT et MANGENOT, Dictionnaire de théologie catholique, XV, col. 2497 sq.
58. Ro 1, 3.
59. Voir Comm. in Evang. Ioannis, XX, 17, PG 14, col. 615.

469. Si l’on dit que le Fils de l’homme est descendu, il ne s’agit pas d’un mouvement local, sinon Il ne serait pas demeuré dans le ciel; car rien de ce qui se meut localement ne reste à l’endroit d’où il descend. C’est donc pour exclure le mouvement local que le Christ ajoute: QUI EST DANS LE CIEL, comme pour signifier: IL EST DESCENDU DU CIEL de telle manière que cependant Il EST DANS LE CIEL. Il est en effet descendu du ciel, non certes en cessant d’être en haut, mais en assumant une nature qui est d’en bas; et parce qu’Il n’est pas contenu ni enfermé en elle, durant le temps même où son corps vivait sur la terre Il était Lui-même, selon sa divinité, dans les cieux et partout. Afin donc de montrer que si l’on dit qu’Il EST DESCENDU, c’est parce qu’Il a pris cette nature, Il précise: CELUI QUI EST DESCENDU, LE FILS DE L’HOMME, c’est-à-dire en tant qu’il s’est fait Fils de l’homme.

470. On peut dire encore, avec Hilaire 61, qu’Il est descendu du ciel en ce qui concerne son corps; non que la matière du corps du Christ soit descendue du ciel, mais parce que la puissance qui l’a formé était du ciel.

471. Mais pourquoi dit-Il: PERSONNE N’EST MON TE AU CIEL, SI CE N’EST CELUI QUI EST DESCENDU DU CIEL, LE FILS DE L’HOMME QUI EST AU CIEL? Paul, Pierre et les autres saints ne sont-ils pas montés eux aussi, selon ce que Paul lui-même dit: Nous avons une maison qui est l’oeuvre de Dieu, une demeure qui n’est pas faite de main d’homme, une demeure éternelle dans les cieux 62? A cela je réponds que personne n’est monté au ciel que le Christ et ses membres, c’est-à-dire les croyants qui sont justes. Si donc le Fils de Dieu est descendu des cieux, c’est pour, en faisant de nous ses membres, nous préparer à monter aux cieux, maintenant en espérance, mais à la fin en réalité: Dieu (...) nous a ressuscités avec Lui et nous a fait asseoir ensemble dans les cieux en Jésus-Christ 63.

"ET COMME MOÏSE ELEVA LE SERPENT DANS LE DESERT, AINSI FAUT-IL QUE LE FILS DE L’HOMME SOIT ELEVE, POUR QUE TOUT HOMME QUI CROIT EN LUI NE PERISSE PAS, MAIS QU’IL AIT LA VIE ETERNELLE."
472. Le Seigneur évoque ici le mystère de sa Passion, dont la puissance donne au baptême son efficacité. Nous tous qui avons été baptisés dans le Christ Jésus, c’est dans sa mort que nous avons été baptisés 64. Il commence par donner une figure de sa Passion [n° 473], puis Il en montre le mode [n° 474] et enfin le fruit [n° 475].

60. Ps 113, 16.
61. De Trinitate, X, 16, CCL vol. LXII A, p. 471, (PL 10, col. 355 A).
62. 2 Co 5, 1.
63. Eph 2, 6.

"ET COMME MOÏSE ELEVA LE SERPENT DANS LE DESERT..."
473. Pour amener Nicodème à comprendre, le Christ prend une figure de l’ancienne loi. En effet, au peuple juif qui se déclarait dégoûté de cette nourriture sans consistance 65, le Seigneur envoya, en punition, des serpents. Le peuple accourut alors vers Moïse, et celui-ci supplia le Seigneur, qui lui ordonna de faire un serpent de bronze, lequel fut à la fois un remède contre les serpents [et une figure de la Passion du Seigneur. Aussi est-il dit que Moïse l’exposa comme un signe 66. Le propre du serpent est d’avoir du venin; le serpent de bronze n’en avait pas, mais il figurait les serpents venimeux. De même le Christ n’eut pas en Lui le péché, qui est un venin — car le péché, une fois accompli, engendre la mort 67 — mais Il eut la ressemblance du venin, c’est-à-dire du péché: car Dieu a envoyé son propre Fils dans une chair semblable à celle du péché 68. Voilà pourquoi le Christ posséda le pouvoir du serpent de bronze contre l’assaut et l’ardeur des concupiscences.

64. Ro 6, 3.
65. Nomb 21, 5.
66. Nomb 21, 9.
67. Ja 1, 15.
68. Ro 8, 3.

"AINSI FAUT-IL QUE LE FILS DE L’HOMME SOIT ELEVE"
474. En parlant de cette élévation, qui doit s’entendre de son élévation sur la croix, le Christ annonce le mode de sa Passion. C’est pourquoi, lorsque plus tard, Il dira: Il faut que le Fils de l’homme soit élevé 69, l'Evangéliste ajoutera Il disait cela pour signifier de quelle mort Il allait mourir 70, et par là glorifier Dieu 71. Il voulut en effet mourir élevé, pour plusieurs raisons. D’abord pour purifier les cieux; déjà, en effet, par la sainteté de sa vie, Il avait purifié ce qui est sur la terre; il Lui restait, par sa mort, à purifier ce qui est dans les airs — Pacifiant par le sang de sa Croix soit ce qui est sur la terre, soit ce qui est dans les cieux 72. En second lieu, Il voulut être élevé pour triompher des démons qui préparent la guerre dans les airs — l’Apôtre parle du prince des puissances des airs 73. Il le voulut aussi pour attirer à Lui nos coeurs: Quand j’aurai été élevé de terre, j’attirerai tout à moi 74. Il le voulut encore parce qu’Il fut exalté 75 dans la mort de la croix, car c’est là qu’Il triompha de ses ennemis; voilà pourquoi Il ne parle pas de mort, mais d’élévation, d’exaltation: Il boira au torrent sur le chemin, dit le psaume, et c’est pourquoi il relèvera [exaltera] la tête 76. Enfin, Il voulut mourir élevé parce que la croix fut la cause de son exaltation. Il s’est fait obéissant jus qu’à la mort, et la mort de la croix; c’est pourquoi Dieu L’a exalté et Lui a donné le nom qui est au-dessus de tout nom 77.

69. 1n 12, 34.
70. Jean 12, 33.
71. Jean 21, 19. En réalité, au lieu des deux citations que nous donnons ici (Jean 12, 33 et 21, 19), le texte de saint Thomas porte: "Il disait cela pour signifier de quelle mort Il allait glorifier Dieu". Il y a là une synthèse, sans doute inconsciente, de deux textes cités de mémoire. La seconde partie de cette phrase, empruntée à Jean 21, 19, concerne Pierre; mais il est évident qu’elle est éminemment vraie du Christ, la Croix étant par excellence la glorification du Père par le Fils (et du Fils par le Père cf. Jean 17, 1; 13, 31-32; 12, 28). Cette erreur matérielle (fait assez rare chez saint Thomas) est pour nous comme un indice: elle nous révèle que saint Thomas est plus attentif au sens qu’à la lettre.
72. Col 1, 19-20.
73. Eph 2, 2.
74. Jean 12, 32.
75. " Elevé" et" exalté" traduisent le même mot latin exaltatus.
76. Ps 109, 7.

[15]" POUR QUE TOUT HOMME QUI CROIT EN LUI NE PERISSE PAS, MAIS QU’IL AIT LA VIE ETERNELLE."
475. Le fruit de la Passion du Christ est la vie éternelle; voilà pourquoi Il dit: POUR QUE TOUT HOMME QUI CROIT EN LUI, en agissant bien, NE PERISSE PAS, MAIS QU’IL AIT LA VIE ETERNELLE. Ce fruit correspond au fruit du serpent qui préfigurait [le Christ crucifié]. En effet, quiconque regardait le serpent de bronze était délivré du venin et avait la vie sauve; or il regarde le Fils de l’homme élevé, celui qui croit au Christ crucifié, et il est par là libéré du venin du péché — Celui qui croit en moi ne mourra pas à jamais 78 — et sauvé pour la vie éternelle — Ces choses ont été écrites pour que vous croyiez que Jésus est le Christ, le Fils de Dieu et que, en croyant, vous ayez la vie en son nom 79.
77. Phi 2, 8.
78. Jean 11, 26.
79. Jean 20, 31.

Jean 3, 16-21: L’AMOUR DE DIEU POUR LE MONDE, RAISON ULTIME DE LA REGENERATION

16 "Car Dieu a tellement aimé le monde qu’Il a donné son Fils unique, afin que tout homme qui croit en Lui ne périsse pas, mais qu’il ait la vie éternel le. 17 Car Dieu n’a pas envoyé son Fils dans le monde pour juger le monde, mais pour que le monde soit sauvé par Lui. 18 qui croit en Lui n’est pas jugé; mais celui qui ne croit pas a déjà été jugé, parce qu’il ne croit pas au nom du Fils unique de Dieu. 19 tel est le jugement: la lumière est venue dans le monde, et les hommes ont mieux aimé les ténèbres que la lumière, parce que leurs oeuvres étaient mauvaises. 20 En effet, quiconque fait le mal hait la lumière et il ne vient pas à la lumière, de peur que ses oeuvres ne soient réprouvées; 21 mais celui qui accomplit la vérité vient à la lumière, pour que ses oeuvres soient manifestées, parce qu’elles ont été faites en Dieu."

476. Plus haut [n° 465], le Seigneur a attribué la cause de la régénération spirituelle à la descente du Fils de Dieu et à l’exaltation du Fils de l’homme, et Il en a fait connaître le fruit la vie éternelle. Mais ce fruit, cette éternité de vie, semblait incroyable à des hommes nécessairement voués à la mort. C’est pourquoi le Seigneur en dévoile [la raison ultime], d’abord en expliquant la grandeur de ce fruit par la grandeur de l’amour divin [n° 477], puis en excluant une objection [n° 481].

"CAR DIEU A TELLEMENT AIME LE MONDE QU’IL A DONNE SON FILS UNIQUE, AFIN QUE TOUT HOMME QUI CROIT EN LUI NE PERISSE PAS, MAIS QU’IL AIT LA VIE ETERNELLE."
477. Comprenons ici que la cause de tous nos biens est l’amour divin. En effet, aimer quelqu’un, c’est proprement vouloir pour lui le bien; or la volonté de Dieu est cause des réalités; donc, le bien nous vient de ce que Dieu nous aime. L’amour de Dieu est certes la cause du bien de la nature — Tu aimes tout ce qui existe, et tu ne hais rien de ce que tu as fait 1 —, et il est aussi la cause du bien de la grâce — D’un amour éternel je t’ai aimé, c’est pourquoi je t’ai attiré 2, attiré par la grâce; mais que Dieu nous donne aussi le bien de la gloire, cela provient d’un [très] grand amour 3. C’est pourquoi le Christ montre ici que cet amour est le plus grand qui soit. Il le montre de quatre points de vue [différents, regardant successivement]:

1° la personne de celui qui aime; c’est Dieu qui aime, et immensément DIEU A TELLEMENT AIME... Il a aimé les peuples; tous les saints sont dans sa main 4.

2° La condition de celui qui est aimé: c’est l’homme qui est aimé, l’homme de ce monde, l’homme de chair, et même l’homme vivant dans le péché — Dieu prouve ainsi son amour envers nous: (...) alors que nous étions ennemis, nous avons été réconciliés avec [lui] par la mort de son Fils 5. — Qu’est-ce que l’homme, pour que tu te souviennes de lui, et le fils de l’homme, pour que tu le visites? 6 Voilà ce que veut exprimer le Christ lorsqu’Il dit que Dieu a aimé LE MONDE.

3° La grandeur du don. L’amour, en effet, se manifeste par le don; car, comme le dit Grégoire, "l’amour se prouve par des actes 7". Or Dieu nous a fait le plus grand des dons, puisque, comme le dit ici le Christ, IL A DONNE SON FILS UNIQUE — Il n’a pas épargné son propre Fils, mais Il L’a livré pour nous tous 8. Et le Christ dit SON Fils, c’est-à-dire [celui qui est] Fils par nature, qui Lui est consubstantiel, et non un fils adoptif, comme ceux dont il est parlé dans le psaume: J’ai dit Vous êtes des dieux, et tous les fils du Très-Haut ç. Ces paroles du Christ font apparaître clairement l’erreur d’Ariusbis. Car si le Fils de Dieu était une créature, comme Arius 9bis le prétendait, Il ne pourrait pas manifester l’immensité de l’amour divin en vivant en Lui la bonté infinie, qu’aucune créature ne peut recevoir. Le Christ dit aussi: son Fils UNIQUE, pour montrer que Dieu ne partage pas son amour entre plusieurs fils, mais que tout son amour est dans son Fils, ce Fils qu’Il a donné pour prouver l’immensité de son amour — Le Père aime le Fils et il Lui montre tout ce qu’il fait 10.

4° Enfin, la grandeur du fruit, puisque par Lui nous avons la vie éternelle: ... afin que quiconque croit en Lui ne périsse pas, mais qu’il ait la vie éternelle, vie qu’Il nous a acquise par la mort de la Croix 11.

1. Sag 11, 25.
2. Jérémie 31, 3.
3. Cf. Eph 2, 4.
4. Deut 33, 3.
5. Ro 5, 8 et 10.
6. Ps 8, 5.
7. XL homiliae in Evangelia, II, hom. 30, PL 76, coI. 1220.
8. Ro 8, 32.

478. Dieu a-t-Il donc donné son Fils pour qu’Il mourût sur la Croix? Assurément Il L’a donné pour la mort de la Croix 12, en tant qu’Il Lui a donné la volonté d’y souffrir, et cela de deux manières. Car d’une part, de qualité de Fils de Dieu, Il a eu de toute éternité la volonté de prendre chair et de souffrir pour nous; et cette volonté, Il la tenait du Père; et, d’autre part, c’est Dieu qui inspira à l’âme du Christ la volonté de souffrir.

479. Remarquons que plus haut [n° 467], le Seigneur, parlant de la descente qui convient au Christ selon sa divinité, L’a nommé Fils de l’homme, cela parce qu’il n’y a qu’un seul suppôt dans deux natures, comme on l’a dit [n° 468], ce qui nous permet d’attribuer ce qui est divin au suppôt de la nature humaine et ce qui est humain au suppôt de la nature divine, mais non pas, toute fois, selon la même nature: ce qui est divin est attribué selon la nature divine, et ce qui est humain selon la nature humaine. Et si, alors qu’Il s’est nommé plus haut Fils de l’homme, le Seigneur, ici, parlant de Lui en tant qu’Il est voué à la mort, se nomme FILS DE DIEU, c’est pour une raison spéciale parce que Lui-même a voulu communiquer ce don en signe de l’amour divin, amour par lequel nous vient le fruit de la vie éternelle. Un tel nom était bien dû à Celui à qui il appartenait de manifester la puissance qui réalise la vie éternelle, puissance qui ne se trouve pas dans le Christ en tant que Fils de l’homme, mais en tant que Fils de Dieu C’est Lui qui est le vrai Dieu et la vie éternelle 13. En Lui était la vie 14.

9. Ps 81, 6.
9 bis. Voir n’ 61, note 62 (voL I, 2e éd., pp. 108-109).
10. Jean 5, 20.
11. Phi 2, 8.
12. Phi 2, 8 et Ro 8, 32 "Lui qui n’a pas épargné même son propre Fils, mais qui L’a livré pour nous tous...". Cf. SAINT AUGUSTIN, Commentaire de la première épître de saint Jean, VII, 7, SC 75, pp. 325-327 le Père "a envoyé son Fils mourir pour nous" (p. 325); "le Père L’a livré, et Lui s’est livré" (p. 327).

480. Notons encore l’expression: AFIN QUE TOUT HOMME QUI CROIT EN LUI NE PERISSE PAS. Périr, ou se perdre 15, c’est être empêché de parvenir à la fin à laquelle on est ordonné. Or l’homme est ordonné à une fin qui est la vie éternelle; et, aussi longtemps qu’il pèche, il se détourne de cette fin. Certes, tant qu’il vit, il ne périt pas tout à fait, au point de ne pouvoir être ramené à la vie; mais s’il meurt dans le péché, il périt [se perd] alors tout à fait Le chemin des impies se perdra 16.

Enfin, les paroles QU’IL AIT LA VIE ETERNELLE révèlent l’immensité de l’amour divin: car en donnant la vie éternelle, Il se donne Lui-même. La vie éternelle, en effet, n’est rien d’autre que jouir de Dieu; et se donner soi-même est le signe du [plus] grand amour: Dieu, qui est riche en miséricorde, à cause de l’amour extrême dont Il nous a aimés, et alors que nous étions morts par nos péchés, nous a fait revivre avec le Christ 17, c’est-à-dire qu’Il nous a donné d’avoir en Lui la vie éternelle.

"CAR DIEU N’A PAS ENVOYE SON FILS DANS LE MONDE POUR JUGER LE MONDE, MAIS POUR QUE LE MONDE SOIT SAUVE PAR LUI. CELUI QUI CROIT EN LUI N’EST PAS JUGE; MAIS CELUI QUI NE CROIT PAS A DEJA ETE JUGE, PARCE QU’IL NE CROIT PAS AU NOM DU FILS UNIQUE DE DIEU. OR TEL EST LE JUGEMENT LA LUMIERE EST VENUE DANS LE MONDE, ET LES HOMMES ONT MIEUX AIME LES TENEBRES QUE LA LUMIERE, PARCE QUE LEURS OEUVRES ETAIENT MAUVAISES. EN EFFET, QUICONQUE AGIT MAL HAIT LA LUMIE RE ET IL NE VIENT PAS A LA LUMIERE, DE PEUR QUE SES OEUVRES NE SOIENT REPROUVEES; MAIS CELUI QUI FAIT LA VERITE VIENT A LA LUMIERE, POUR QUE SES OEUVRES SOIENT MANIFESTEES, PARCE QU’ELLES ONT ETE FAITES EN DIEU. "

"CAR DIEU N’A PAS ENVOYE SON FILS DANS LE MONDE POUR JUGER LE MONDE, MAIS POUR QUE LE MONDE SOIT SAUVE PAR LUI."
481. Le Seigneur exclut ici une objection "que l’on pourrait faire". Dans l’ancienne loi, en effet, il avait été promis que le Seigneur viendrait pour juger: Le Seigneur viendra pour le jugement 18. On pourrait donc dire que le Fils de Dieu n’était pas venu pour donner la vie éternelle, mais pour juger le monde. Aussi le Seigneur, pour écarter cette objection, montre d’abord en quel sens. Il n’est pas venu pour juger, puis Il le prouve (n° 484).

13. 1 Jean 5, 20.
14. Jean 1, 4.
15. En latin perire. Ce verbe se retrouvera à plusieurs reprises avec l’un ou l’autre de ses deux sens, par exemple en 6, 12" Ramassez les morceaux qui sont restés, pour que rien ne se perde"; 10, 28" Je leur donne la vie éternelle, et elles ne périront jamais"; 17, 12" Ceux que tu m’as donnés, je les ai gardés, et aucun d’eux ne s’est perdu..."
16. Ps 1, 6.
17. Eph 2, 4-5.

482. Il dit donc que le Fils de Dieu n’est pas venu pour juger, car Dieu n’a pas envoyé son Fils, lors de son premier avènement, POUR JUGER LE MONDE, MAIS POUR QUE LE MONDE SOIT SAUVE PAR LUI. De même Il dira plus loin Je ne suis pas venu pour juger le monde, mais pour sauver le monde 19. Or le salut de l’homme consiste à parvenir jusqu’à Dieu: En Dieu est mon salut et ma gloire 20 et parvenir jusqu’à Dieu, c’est obtenir la vie éternelle. Etre sauvé est donc la même chose qu’avoir la vie éternelle. Et il ne faut pas, sous prétexte que le Seigneur a dit: Je ne suis pas venu pour juger le monde, être paresseux et abuser de la miséricorde de Dieu en se donnant licence de pécher; car si, lors de son premier avènement, Il n’est pas venu pour juger mais pour remettre [les péchés], lors de son second avènement Il viendra pour juger et non pour remettre [les péchés], comme le dit Chrysostome 21 — Au temps que j’aurai fixé, je rendrai le juste jugement 22.

483. Mais le Seigneur ne dit-Il pas plus loin: C’est pour un jugement que je suis venu dans le monde 23? A cette objection il faut répondre qu’il y a deux sortes de jugement. Il y a un jugement de discernement, et c’est pour celui-là que le Fils de l’homme est venu lors de son premier avènement; en effet, à sa venue, un discernement s’est opéré parmi les hommes, selon l’aveuglement des uns et la lumière de grâce des autres. Et il y a un jugement de condamnation; mais le Seigneur, au tant qu’il dépendait de Lui, n’est pas venu pour celui-là.

18. Isaïe 3, 14.
19. Jean 12, 47.
20. Ps 61, 8.
21. In loannem hom. 28, ch. 1, PG 59, col. 162.
22. Ps 74, 3.
23. In 9, 39.

"CELUI QUI CROIT EN LUI N’EST PAS JUGE; MAIS CELUI QUI NE CROIT PAS A DEJA ETE JUGE, PARCE QU’IL NE CROIT PAS AU NOM DU FILS UNIQUE DE DIEU."
484. Le Christ prouve ici ce qu’Il a dit plus haut; Il le fait en utilisant un procédé de division Quiconque sera jugé sera ou croyant, ou incroyant; mais je ne suis pas venu juger les croyants, parce qu’ils ne sont pas jugés, ni pour juger les incroyants, parce qu’ils sont déjà jugés. Dieu n’a donc pas envoyé en premier lieu son Fils pour juger le monde.

Le Christ montre donc en premier lieu que les croyants ne sont pas jugés [n° 485] et ensuite que ceux qui ne croient pas ne sont pas jugés non plus [n° 487].

485. Le Christ dit ici qu’Il n’est pas venu POUR JUGER LE MONDE, parce qu’Il n’est pas venu pour juger les croyants, puisque CELUI QUI CROIT EN LUI N’EST PAS JUGE — entendons d’un jugement de condamnation. En effet, aucun de ceux qui croient en Lui d’une foi formée n’est passible d’un tel jugement — Celui qui écoute ma parole et croit à Celui qui m’a envoyé, a la vie éternelle et il ne vient pas en jugement, mais il est passé de la mort à la vie —, mais il sera jugé d’un jugement de récompense et d’approbation, ce jugement dont parle l’Apôtre: Celui qui me juge, c’est le Seigneur 26.

24. Nous adoptons ici (et de même au n° 486) la traduction littérale du P. Bernard (Somme théologique, II-II, q. 4, a. 4, éd. de la Revue des Jeunes): foi "formée" et foi "informe". Plus loin, au n° 901, saint Thomas précisera ce qu’est la foi "formée" en distinguant les diverses manières dont la foi se rapporte à Dieu. Dieu peut en effet être soit l’objet de la foi (croire à Dieu), soit le témoin (croire Dieu), soit la fin (croire en Dieu). Or, lorsque par la foi nous croyons en Dieu comme en notre fin, nous L’atteignons comme notre bien, c’est-à-dire comme l’objet de la charité. Une telle foi est dite "formée" parce qu’elle" opère par la charité" (n° 486; Ga 5, 6). La charité, dit saint Thomas dans la Somme, "est appelée "forme" de la foi en tant que, par la charité, l’acte de la foi est rendu parfait et est formé (II-II, q. 4, a. 3). Ainsi, seul l’exercice de la foi formée distingue celle-ci de la foi informe, puisque Dieu est toujours son objet. Mais la foi exercée sans la charité ne nous ordonne pas immédiatement à notre fin; informée par la charité, elle devient au contraire une adhésion aimante à son objet propre Dieu se révélant comme Vérité et se communiquant comme Amour. Cette distinction a été reprise par le Concile de Trente (cf. vol. I, 20 éd., p. 182, note 35), en des termes différents.

"CELUI QUI CROIT EN LUI N’EST PAS JUGE..."
486. Mais qu’en est-il des nombreux croyants qui sont pécheurs? Ne seront-ils pas condamnés? A cette question certains hérétiques ont répondu qu’aucun croyant, si grand pécheur soit-il, ne sera condamné, mais qu’il sera sauvé par le mérite du fondement, c’est-à-dire de la foi, bien qu’il ait à souffrir une certaine peine. Ces hérétiques appuient leur erreur sur ces paroles de l’Apôtre: Personne ne peut poser d’autre fondement que celui qui a été posé et qui est le Christ Jésus; et si l’oeuvre [quelqu’un aura bâtie sur ce fondement] brûle, il en subira la perte; lui pourtant sera sauvé, mais comme à travers le feu 27.

Mais cette interprétation s’oppose manifestement à ce que l’Apôtre enseigne aux Galates: Les oeuvres de la chair sont manifestes: ce sont la fornication, l’impureté, la débauche, l’idolâtrie, la sorcellerie, les inimitiés, les querelles, la jalousie (...) et autres choses semblables au sujet desquelles je vous préviens, comme je vous ai déjà prévenus: ceux qui commettent de telles choses n’hériteront pas du Royaume de Dieu 28.

Il faut donc répondre que le fondement, c’est-à-dire la foi au Christ, doit être sauf, mais que ce fondement n’est pas la foi informe: il est la foi formée, celle qui opère par la charité 29. Aussi le Seigneur dit-Il expressément, non pas que "celui qui Le croit", mais que CELUI QUI CROIT EN LUI 30 — c’est-à-dire qui, en croyant, tend vers Lui par la charité — celui-là N’EST PAS JUGE, parce qu’il ne pèche pas mortellement — ce qui fait dis paraître le fondement. Ou bien il faut dire, avec Chrysostome 31 que quiconque agit mal ne croit pas — Ils f ont profession de connaître Dieu, mais par leurs oeuvres ils Le renient — 32 mais que celui qui agit bien [de la foi] — Je te montrerai ma foi par les œuvres 33 — et que celui-là n’est pas jugé, c’est-à-dire n’est pas condamné pour n’avoir pas cru.

25. Jean 5, 24.
26. 1 Corinthiens 4, 4.

27. 1 Corinthiens 3, 11 et 15.