Duas ou
três palavras sobre BARUCH
O rolo de Baruch é um deuterocanônico da Bíblia. Apesar de não estar na Bíblia
hebraica é encontrado na Septuaginta e na Vulgata. Está ligado aos
livros proféticos, Isaías, Jeremias e Lamentações, Ezequiel, Daniel e os doze profetas
menores. O texto é apresentado como de autoria de Baruch ben Nerias, escriba de
Jeremias. É possível, porém, que tenha sido escrito durante ou logo depois do
período dos Macabeus. Na Vulgata, na Bíblia King James e outras versões, a
Carta de Jeremias é anexada no fim do livro de Baruch como um sexto capítulo.
Na Septuaginta aparece como um livro separado.
Baruch se
apresenta
Baruch 1:1-7
Eis o texto do livro escrito
por Baruch, filho de Nérias, filho de Maasias, filho de Sedecias, filho de Sedei, filho de Helcias, em Babilônia, no quinto ano, sétimo dia do
(quinto) mês. Decorria o tempo em que os caldeus tomaram Jerusalém e a haviam
incendiado. Leu Baruch este livro em presença de Jeconias, filho de Joaquim,
rei de Judá, e de todo o povo, que para tal fim se reunira, dos nobres,
príncipes reais, anciãos e de quantos residiam em Babilônia, às margens do rio
Sodi, desde os mais simples até os mais elevados. Ao ouvi-lo, puseram-se todos
a chorar e a jejuar, orando ao Senhor. Fizeram,
em seguida, uma coleta de dinheiro, de acordo com as posses de cada um, e o
produto enviaram a Jerusalém, ao sacerdote Joaquim, filho de Helcias, filho de
Salom, assim como aos outros sacerdotes e a quantos ainda com ele se encontravam na cidade.
A
mensagem de Baruch
Baruch 1.15-22
Eis o que direis: O Senhor,
nosso Deus, é justo. Nós, porém, devemos, hoje, corar de vergonha, nós, homens
de Judá e habitantes de Jerusalém, nossos reis e príncipes, sacerdotes, profetas
e nossos pais, porque pecamos contra o Senhor. Nós lhe desobedecemos;
recusamo-nos a ouvir a voz do Senhor, nosso Deus, e a seguir os mandamentos que
nos deu. Desde o dia em que o Senhor tirou nossos pais do Egito até
agora, persistimos em nos mostrar recalcitrantes contra o Senhor, nosso Deus,
e, em nossa leviandade, recusamos escutar-lhe a voz. Por isso, como agora o
vemos, persegue-nos a calamidade assim como a maldição que o Senhor pronunciara
pela boca de Moisés, seu servo, quando este fez com que saíssem do Egito nossos
pais, a fim de nos proporcionar uma terra que mana leite e mel. Contudo, a
despeito dos avisos dos profetas que nos enviou, não escutamos a voz do Senhor,
nosso Deus. Seguindo cada um de nós as inclinações perversas do coração,
servimos a deuses estranhos e praticamos o mal ante os olhos do Senhor, nosso
Deus.
Leituras
de Baruch
Clemente
de Alexandria cita Baruch 3.16-19, referindo-se à passagem: "Onde estão os chefes das nações que domavam
os animais da
terra, e brincavam com as aves do céu, que entesouravam prata e ouro, em quem
os homens confiavam, e cujos bens são inesgotáveis? Onde estão aqueles que
trabalham a prata com dificuldade? Nada resta de suas obras. Desapareceram,
desceram à habitação dos mortos, e outros subiram ao lugar deles”.
Agostinho
recorre ao texto de Baruch para falar da oração, ao dizer que quando recorremos
a ela encontramos paz que excede o entendimento, mesmo quando não sabemos como
orar, e a partir daí diz que o Santo Espírito intercede pelos santos.
Na Suma
Teológica (III 4 4), Tomás de Aquino cita Baruch 3.38 ao dizer que "o Filho de Deus assumiu a natureza humana, a
fim de mostrar-se à vista dos homens”. Esse trecho entra em sua discussão
sobre a forma como se dá a união do divino com a natureza humana (III 4).
Aquino cita a mesma passagem de Baruch em (III 40 1) para a responder à
questão: Cristo se associou aos seres homens ou levou uma vida solitária? (III
40).
O livro
de Baruch é utilizado pelos anglicanos e a perícope 4.21-29 é lida na véspera e
4.30-5.9 no dia de Natal, entendidos como profecia messiânica.
Os
ortodoxos também utilizam seleções de Baruch, vistos como extensão do livro de
Jeremias, e são lidos na véspera de Natal.
Algumas
considerações
Podemos ler Baruch como parte da tradição profética
de Israel. E compreender que ele nos fala sobre a vida, ao mostrar, numa sequência
que tem origem em Moisés, que a vida implica em geração e regeneração, relação
dialética que é ato inicial em que a eternidade faz crescer o humano. É obra do
infinito. Mas geração e regeneração implicam em arrependimento e fé.
Arrependimento é mudança na raiz da vida humana. E fé é a confiança e aceitação
da vida como comissionamento. Nessa experiência de vida radical o humano pisa
na terra, mas se eleva em direção ao céu. E o céu se derrama em direção à terra
através do humano.
Assim, em Baruch, como nos demais profetas
vétero-testamentários, a partir da consistência ontológica do humano, podemos
compreender a vida. Quando descartamos a reflexão sobre o ser humano a quem a
eternidade fala, temos um discurso meramente ideológico, distanciado do homem e
da mulher verdadeiros e da realidade em que vivem e transformam. Temos, então,
um ser humano-mito, onde naturalidade e historicidade transformam-se em
alegoria.
O pressuposto fundamental dessa reflexão baruchiana sobe
o sentido da vida traduz a verdade de que a compreensão da eternidade leva à
compreensão do humano e de sua existência. Não se trata de conhecer o humano
para conhecer o Eterno, porque o finito relativo não é infinito absoluto. Nesse
sentido, a vida parte da infinitude absoluta.
Baruch diz no capítulo 5
Tira, Jerusalém, a veste de luto e de miséria; reveste, para sempre, os
adornos da glória divina. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus, e
coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus vai mostrar à terra,
e sob todos os céus, teu esplendor. Eis o nome que te é dado por Deus, para
todo o sempre: Paz da Justiça e Esplendor do temor a Deus! Ergue-te, Jerusalém,
galga os cumes e olha para o oriente! Olha: ao chamado do Altíssimo, reúnem-se
teus filhos, desde o poente ao levante, felizes por se haver Deus lembrado
deles. Quando de ti partiram, caminhavam a pé, arrastados pelos inimigos. Deus,
porém, tos devolve, conduzidos com honras, quais príncipes reais, porque Deus
dispôs que sejam abaixados os montes e as colinas, e enchidos os vales para que
se una o solo, para que Israel caminhe com segurança sob a glória divina. As
florestas e as árvores de suave fragrância darão sombra a Israel, por ordem do
Senhor. Em verdade, é o próprio Deus quem conduz Israel, pleno de júbilo no
esplendor de sua majestade, pela sua justiça, pela sua misericórdia!












3. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
O propósito básico da apologética foi expresso por Pedro: “estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1ª. Pedro 3.15). A apologética, então, é a resposta para perguntas e questões sobre a fé cristã, tanto as questões levantadas pelos próprios cristãos, como os questionamentos apresentados pelos não-crentes.
Agosto
O Deus trino e os argumentos cosmológico, teleológico, axiológico e suas avaliações.
Leituras
Pinheiro, Jorge, Teologia Bíblica e Sistemática, o ultimato da práxis protestante, São Paulo, Fonte Editorial, 2012, cap. 3 e 4.
STOTT, John, A Missão Cristã no Mundo, São Paulo, Candeia, 2008, cap. 3.
Setembro
A coerência do teísmo: necessidade, onipresença, onisciência, onipotência e suas avaliações.
Leituras
Pinheiro, Jorge, op. cit, cap. 4.
Outubro/ Novembro
O problema do mal e as doutrinas cristãs: Trindade, encarnação e o particularismo cristão e suas avaliações.
Leituras
Pinheiro, Jorge, op. cit., caps. 10, 11 e 12.
STOTT, John, op. cit., caps. 4 e 5.
METODOLOGIA
Optamos por uma abordagem temática dos assuntos, sem descuidar da referência necessária à história dessa área da Teologia, que permita estabelecer o fio condutor da exposição dos temas. Isto porque fazer apologética não deve ser visto como atividade solitária, mas que se faz através do diálogo entre pensadores, igreja e fiéis quando expõem suas diferenças.
RECURSOS
Audiovisuais.
AVALIAÇÃO
Os alunos serão avaliados por sua participação em classe (peso 3), pelos seminários apresentados (peso 4) e por uma prova final (peso 3).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BECKWITH, francis J., CRAIG, William L., e MORELAND, J. P., Ensaios Apologéticos, São Paulo, Hagnos, 2006.
Pinheiro, Jorge, Teologia Bíblica e Sistemática, o ultimato da práxis protestante, São Paulo, Fonte Editorial, 2012.
STOTT, John, A Missão Cristã no Mundo, São Paulo, Candeia, 2008.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Pinheiro, Jorge, “A doutrina da eleição – calvinismo, arminianismo e o equilíbrio da doutrina batista” in Revista Teológica, São Paulo, Ano 4, no. 5, 2008.
Santo Anselmo, Livre arbítrio e predestinação, uma conciliação entre a presciência e a graça divina, São Paulo, Fonte Editorial, 2006.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Agosto / Setembro
O círculo teológico
O círculo em que se situa o teólogo é diferente daquele do filósofo. Ele acrescenta aos “a priori do mistério” o critério da mensagem cristã. Enquanto o filósofo procura permanecer geral e abstrato em seus conceitos, o teólogo é consciente e intencionalmente específico e concreto. Assim, o teólogo entra no círculo teológico com um compromisso concreto, como membro da igreja cristã para cumprir suas funções essenciais, sua interpretação teológica da revelação e da realidade. A filosofia e a teologia formulam a pergunta pelo ser. Mas elas o fazem de perspectivas diferentes. A filosofia lida com a estrutura do ser em si mesmo; a teologia lida com o sentido do ser para nós. Dessa diferença surgem tendências convergentes e divergentes entre teologia e filosofia.
Textos:
Pinheiro, Jorge, Deus é brasileiro, as brasilidades e o Reino de Deus, São Paulo, Fonte Editorial, 2008, Introdução e capítulo 1.
STOTT, John, A Missão Cristã no Mundo, São Paulo, Candeia, 2008, Introdução e caps. 1 e 2.
Tillich, Paul, Teologia Sistemática, São Leopoldo, Sinodal, 2005, Introdução, B 3-7.
Outubro
A razão e a pergunta pela revelação
Quando falamos de razão podemos trabalhar com dois conceitos, um ontológico e outro técnico. O primeiro predomina na tradição clássica e o segundo principalmente a partir do empirismo inglês. Mas como estes conceitos nos levam à pergunta pela revelação?
Textos
Pinheiro, op. cit., capítulo 2.
Stott, op. cit., capítulo 3.
Tillich, op. cit., parte 1, item 1A-C.
Novembro
A vida e suas ambigüidades
O conceito ontológico de vida e sua aplicação universal nos levam aos dois tipos de considerações, a essencialista e a existencialista. Essas considerações, em última instância, falam da unidade multidimensional da vida. O que nos leva aos processos e ambigüidades existenciais da vida e a perguntar pela vida sem ambigüidades, a vida eterna.
Textos
Pinheiro, op. cit., capítulo 3.
Stott, op. cit., capítulo 3.
Tillich, op. cit., parte 4, item 1.A-C.
METODOLOGIA
Aulas expositivas
Debates em classe
Apresentação de seminários
Realização de leituras
RECURSOS
Quadro negro / Data-show
Audiovisuais (filmes, vídeos)
Textos para leituras
AVALIAÇÃO
Apresentação de Seminário/Grupos (peso 4)
Monografia sobre um dos temas tratados na disciplina (peso 4)
Presença e participação em sala de aula (peso 2)
BIBLIOGRAFIA
PINHEIRO, Jorge, Deus é brasileiro, as brasilidades e o Reino de Deus, São Paulo, Fonte Editorial, 2008.
STOTT, John, A Missão Cristã no Mundo, São Paulo, Candeia, 2008
TILLICH, Paul, Teologia Sistemática, São Leopoldo, Sinodal, 2005.
BIBLIOGRAFIA AUXILIAR
Severino, Antonio Joaquim, Filosofia, São Paulo, São Paulo, Cortez, 1992.
Pinheiro, Jorge, Teologia Bíblica e Sistemática, o ultimato da praxis protestante, São Paulo, Fonte Editorial, 2012.
Chauí, Marilena e outros, Primeira filosofia: lições introdutórias, São Paulo, Brasiliense, 1984.
DICIONÁRIOS DE FILOSOFIA
Japiassu, Hilton e Marcondes, Danilo, Dicionário Básico de Filosofia, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1989.
Abbagnano, Nicola, Dicionário de Filosofia, São Paulo, Mestre Jou, 1970.