samedi 23 mai 2015

O mal, uma questão hermenêutica

Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Apologética cristã
Segundo semestre de 2008.


O mal, uma questão hermenêutica

Professor Dr. Jorge Pinheiro




Na teologia cristã, teodicéia, termo cunhado por Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), designa a teoria que procura conciliar a bondade e onipotência divinas diante da presença do mal. E será a partir dessa teoria que vamos analisar a questão do mal. A palavra mal vem do latim malu e refere-se aquilo que é nocivo, prejudicial, que fere, que é mórbido, doença, angústia, sofrimento e desgraça. Temos, então, o mal moral, contrário ao caráter do Criador, produzido por agentes morais e temos o mal natural, conseqüência dos desequilíbrios da natureza: furacões, terremotos, epidemias e as sequências degenerativas, como as epidemias, deformidades congênitas etc.

As cosmovisões se posicionam diante da questão do mal de diferentes maneiras. Para alguns pensadores o mal não existe. Jean-Paul Sartre, por exemplo, embora descartasse o mal, falará sobre o absurdo da existência, e dirá que o inferno são os outros. Mas, a posição clássica dos ateísmos humanista, positivista, marxista e mesmo existencialista relativizam o mal, já que é uma visão antropocêntrica, sem, contudo, negá-lo. Assim para um militante comunista no século vinte, ateu, o mal era o imperialismo norte-americano.

Já para o panteísmo monista, como é o caso do hinduísmo e setores do budismo, tudo é deus, então nada é mal. Para essa cosmovisão, as coisas parecem más, mas isso é ilusão, pois não há mal. 

Para o teísmo, o mal é uma realidade. Mas o teísmo tem muitas leituras, assim, para as correntes dualistas, existem duas forças opostas em equilíbrio, o bem e o mal. Para as correntes teístas finitistas, que negam atributos da divindade, Deus pode ser bom, mas não onipotente. Essa é a cosmovisão do judaísmo contemporâneo e do mormonismo. Essa leitura apresenta um Criador que não controla plenamente o universo, ou seja, as coisas não foram feitas de acordo com um plano que pode ser desenvolvido.

Outra afirmação do teísmo finitista é de que Deus pode ser onipotente, mas não é lá muito bom. Essa cosmovisão foi defendida por John Stuart Mill e R. Roth. Nesse sentido, tudo que recebemos de bom não vem do Criador e a perfeição não existe nem nele próprio. Mas há ainda outras leituras teístas, como a de Irineu e J. Hick que acreditavam que Deus criara o universo como lugar de provação e aperfeiçoamento. Ou seja, o conceito de que a criação é boa padece na origem e a própria redenção do ser humano deixa de ter significado, pois Deus é o único responsável pela condição do mundo.

Ora, o universo, enquanto criação dinâmica, é bom no sentido teleológico, tem as qualidades adequadas à sua natureza ou função. O Criador construiu seres livres que tinham e têm opção de escolha. A impossibilidade de escolha diante do bem e do mal implicaria na remoção da liberdade humana relativa e condicionada à existência. O que explica o clamor de Habacuque, quando pergunta ao Criador como ele pode suportar a traição e as gentes más?

O mal tem origem no exercício da liberdade de seres pessoais. Ou como disse o Criador ao jovem Caim, se ele tivesse feito o que era certo, ele estaria sorrindo, mas como agiu mal, o pecado estava à porta, à espreita. O pecado desejava dominá-lo, mas ele precisava vencê-lo. A liberdade de escolha era e é boa, enquanto liberdade dinâmica e progressiva, pois reflete a própria imagem do Criador. Mas, tecnicamente, necessidade e liberdade, lei e graça são realidades correlatas na existência.  

Donde o mal moral e o mal natural são frutos do processo de alienação da imagem de Deus: é o que teologicamente chamamos de mau encontro, conceito antropológico criado por La Boétie e mais tarde utilizado por Pierre Clastres, que usamos como categoria que traduz as disfunções da imago Dei na espécie humana, ou seja, as alienações espiritual, psicossomática, sociológica e antropo-ecológica. Assim, o ser humano está alienado do Criador, de si mesmo, dos outros homens, da natureza, e esta consigo mesma.

Uma grande parte da ciência no século vinte apresentou-se como materialista. É bom lembrar que cientistas como Galileu, Francis Bacon, Isaac Newton, B. Pascal, M. Faraday e muitos outros não eram materialistas. Albert Einstein, por exemplo, afirmou: “Deus não joga dados com o Universo”. Ao negar a ação de um Criador infinito e pessoal, o materialismo retira a base para qualquer significado no universo. O ser humano e todos os particulares passam a ser nada.

As implicações da alienação

Por isso, vamos retomar aqui a questão do termo dia, yom. A raiz de yom aparece 2.355 vezes no texto massorético e pode exprimir um instante de tempo; um período de luz; um período de vinte e quatro horas; uma época; um período geral e indefinido, sete dias; ao cabo de dias; um mês inteiro; ano; o dia de Iavé. Não temos um conceito único para yom. Não há uma posição unânime na igreja. Agostinho considerou que o tempo surge com o universo. E Tomás de Aquino disse que o tempo é uma medida humana.

Mas tempo nos remete a outro conceito o de caos. E aí vem a pergunta: o que é o caos? Na leitura tradicional, tohu significa apenas sem forma, caos; e bohu vazia, desolada. Mas temos outros termos que nos levam a idéia de caos: trevas; abismo; águas. Na leitura tradicional o caos reflete apenas uma situação sem ordem e faz parte da criação original.

Porém temos outras teorias, como as da catástrofe: (a) teoria da criação a partir do caos ou teoria da recriação. Nela, Gêneses 1:1 é um título ou resumo da perícope  1.2-2.3. Aqui a conjunção vê, em hebraico, traduz seu sentido mais comum “e”. E céu e terra significam o universo organizado. Essa seria a primeira criação; (b) e teoria da brecha, onde Gêneses 1.1 é criação original e a conjunção que inicia 1:2 deve ser traduzida como porém, simbolizando um lapso de tempo desconhecido, em que houve uma catástrofe entre os dois períodos. Donde, Gêneses 1.3-21 é uma recriação da terra.

A questão da criação é fundamental para o estudo do mal, pois posiciona o mal em condições e momentos diferentes.  De todas as maneiras, a relação criação versus mal sublinha o risco calculado do Criador ao fazer o ser humano à sua imagem e semelhança, que consistiu, entre outras coisas, em conceder liberdade ao ser humano como pessoa. O ser humano poderia usar essa liberdade para retribuir o seu amor ao Criador, oferecendo-se a ele em adoração e serviço. Mas no dom da liberdade estava contida outra possibilidade, a de fazer seu próprio caminho.

A alienação consiste nisso, na decisão do ser humano de caminhar por conta própria. Esse deslocamento leva ao abuso da dignidade própria e à distorção da aliança de seu ser à imagem do Criador, colocando-se a si próprio como centro de seu querer. Ou como disse Etienne La Boétie (Discurso da servidão voluntária, São Paulo, Brasiliense, 1982, p. 19), “que mau encontro foi esse que pode desnaturar tanto o ser humano, o único nascido de verdade para viver francamente, e fazê-lo perder a lembrança de seu primeiro ser e o desejo de retomá-lo?”.

E Pierre Clastres (Liberdade, Mau Encontro, Inominável, in Etienne La Boétie, Discurso da servidão voluntária, São Paulo, Brasiliense, 1982, pp. 110-111), analisando o texto desse libertário do século dezesseis, que influenciou o pensamento huguenote francês, afirma:

Mau encontro: acidente trágico, azar inaugural cujos efeitos não cessam de ampliar-se, a tal ponto que é abolida a memória do antes, a tal ponto que o amor da servidão substituiu-se ao desejo de liberdade. O que diz La Boétie? Mais do que qualquer outro clarividente, afirma inicialmente que essa passagem da liberdade à servidão deu-se sem necessidade, afirma acidental – e, desde então, que trabalho pensar o impensável mau encontro!”.

Antropologicamente, mau encontro é descrito como corrupção da liberdade do ser humano por ele próprio que, por essa corrupção, se coloca em estado de servidão voluntária. Teologicamente, definimos como a opção do ser humano de não mais depender do Criador, mas construir sua liberdade e história a partir de interesses próprios. O entendimento do mau encontro enquanto alienação forma o pilar da antropologia teológica, já que o problema do mau encontro passa a estar ligado à liberdade do ser humano e porque essa liberdade é uma expressão da imago Dei. A partir dessa leitura, o mau encontro e a alienação primordial da liberdade humana, assim como a ativação do humano num sentido de distanciamento do Criador introduziram a desordem nos processos de relacionamentos e transmissão da informação no universo.

A alienação humana tem como conseqüência o entorpecimento da responsabilidade e da materialidade do mundo e cria o primado da morte. Essa alienação gera distorção no equilíbrio da imago Dei, na relação espiritualidade, psiquismo e materialidade. A alienação entorpece a liberdade, mas teologicamente leva à compreensão do Cristo como figura que representa o penhor de redenção do ser humano.

Assim, dois elementos fazem parte da compreensão da encarnação: o primeiro deles é a absoluta irrepetibilidade do acontecimento e o segundo é o fato material de que o Criador, ao entrar no tempo, ao fazer-se humano, membro de uma família, de uma comunidade, entra na corporabilidade, na materialidade da história da humanidade. E planta na humanidade a semente de uma radical transformação de todo o modo de ser do humano, o que abrange todas as esferas da natureza humana, material, psíquica e espiritual.

A questão do destino

Na tradição judaico-cristã essa relação entre liberdade versus mal sempre foi um tema teológico/ hermenêutico da maior importância. No Antigo Testamento temos a espiral conceitual aliança/ fidelidade/ constância, cujo centro epistemológico é a liberdade. No Novo Testamento o vértice é o conceito de destino.

Paralelamente ao pensamento hebraico, a cultura grega apresentará uma leitura diferente do conceito de destino, que traduzia a maneira de pensar e viver do helenismo. Na sua época, por razões apologéticas, o apóstolo Paulo apresentará um conceito de destino que resgata e transcende o conceito veterotestamentário de aliança. Entre os gregos, a religião e o culto de mistérios traduziam uma luta contra o destino, numa tentativa de colocar-se acima dele. A origem dos cultos de mistério não pode ser entendida quando os vemos apenas como mitos.

Para o ser humano helênico a luta com o destino era inevitável porque o destino tinha qualidades demoníacas. Era um poder sagrado e destrutivo. Envolvia o ser humano numa culpa objetiva. Os cultos de mistério, dessa forma, ofereciam uma purificação das mãos de deuses que manipulando o destino excluíam do ser humano qualquer possibilidade de liberdade.

Assim, também a filosofia helênica, através do conhecimento, procurava elevar o ser humano à transcendência, despojando-o dos objetivos e formas da vida imediata, para lançá-lo através da abstração em direção ao ser puro. O mundo helênico era um mundo de culpa objetiva e castigo trágico e um profundo pessimismo atravessava todo o conhecimento, desde Anaximandro, passando por Pitágoras, Demócrito, Sócrates, Platão e Aristóteles.

Apesar dessa visão trágica, os gregos eram apaixonados pela vida e é essa dicotomia que dará riqueza a esta que será uma das mais expressivas culturas da humanidade. Mas, em última instância, a luta do filósofo permaneceu inalterada em todo o helenismo: superar o destino. E isso foi tentado através do domínio do pensamento, como forma de elevar-se acima da existência, já que no campo da ação e da transformação da existência é impossível superar o destino. No entanto, nunca essa meta foi alcançada. Necessidade e liberdade foram conceitos chaves nas discussões do helenismo pós-platônico. O medo de demônios obscureceu o espírito helênico. O epicurismo tentou, em vão, libertar seus seguidores do medo, mas ao definir o conceito de possibilidade absoluta, ou azar, abriu o espaço para o medo em sua argumentação filosófica.

Dessa maneira, a filosofia grega caminhou para o ceticismo, já que a busca de uma certeza transcendente para a existência humana se mostrou nula. Ao mesmo tempo, enquanto força sobre-humana do destino, as nações eram submetidas ao poderio romano. Diante desse destino trágico, o mundo helênico tinha necessidade da revelação. Ameaçado por um destino demoníaco, o mundo helênico ansiava por um destino salvador, necessitava não somente de liberdade, mas também de graça.

O cristianismo é a vitória sobre a idéia da força resistível da matéria eterna, traduz a idéia de que o mundo é uma criação divina. É a vitória da crença na perfeição do ser em todos seus aspectos sobre o medo trágico e a matéria que resiste hostil ao divino. É a negação radical do caráter demoníaco da existência em si. Dá a existência um valor essencialmente positivo e valoriza os acontecimentos da ordem temporal. Com o cristianismo, ao contrário do que pensava Anaximandro, a ordem do tempo não leva apenas ao transitório e perecível, mas também à possibilidade de algo totalmente novo, um propósito e um fim que dá pleno significado à vida humana.

No cristianismo o tempo triunfa sobre o espaço. O caráter irreversível do kairós substitui o tempo cíclico, transitório e perecível do pensamento helênico. A partir desse momento, destino outorga graça, que traz salvação no tempo e na história. O mundo helênico e sua interpretação da vida estão superados e com eles, a filosofia, a religião e os cultos de mistério.

Antes, a filosofia buscava desesperadamente a revelação, agora a revelação apodera-se da filosofia dando origem à teologia. Assim, a teologia jogou fora o destino demoníaco e por extensão a metafísica helenística e se apropriou de suas formas lógicas e de seus conteúdos empíricos. O transitório e perecível da filosofia helenística não teve importância na formação do pensamento ocidental, mas sim a idéia da criação divina do mundo e a fé numa providência divina, através da salvação que se constrói historicamente e acontece no kairós. E isso já não é helenismo, mas antropologia teológica cristã.   

O conceito paulino de destino

Mas voltemos um pouco atrás, para entendermos esse processo. Dentro da visão paulina, que traduz o pensamento cristão palestino, destino, no sentido de que os limites estão dados de antemão, é a lei transcendente na qual está imbricado o conceito de liberdade. Assim, destino também implica numa trindade conceitual: (1) o destino está sujeito à liberdade; (2) destino significa que a liberdade também está sujeita à lei; (3) destino significa que liberdade e lei são interdependentes e complementares.

Analisando o conceito cristão palestino de destino, exposto por Paulo em sua carta aos romanos (8.31-39; e 9), podemos dizer que a liberdade humana está ligada às leis universais, de tal forma que liberdade e leis se encontram intrinsecamente entrelaçadas. Aqui Paulo trabalha com um conceito judaico, de que lei é imposição de limites, que faz parte da revelação, que se expressa pela primeira vez como criação de Deus. Mas para Paulo, se o mal é uma probabilidade que surge da correlação lei/ graça, o julgamento era inerente a tudo na criação, mas também a liberdade.

Assim, a certeza de que o destino é divino e não demoníaco e tem um significado realizador e não destruidor é a peça chave do pensamento paulino, que coloca o logos acima do destino. Ao fazer isso, Paulo está dizendo que a compreensão do destino não está ao alcance do ser humano, nem pode ser submetido aos processos do pensamento humano. Mas esse logos eterno se reflete através de nossos pensamentos, embora não exista um ato do pensamento sem a secreta premissa de sua verdade incondicional. Mas a verdade incondicional não está ao nosso alcance. Em nós humanos há sempre um elemento de aventura e risco em cada enunciado da verdade. Mas, mesmo assim, devemos correr este risco, sabendo que este é o único modo que a verdade pode ser revelada a seres finitos e históricos.

Quando mantemos relação com o logos eterno e deixamos de temer a ameaça do destino demoníaco, aceitamos o lugar que cabe ao destino em nosso pensamento. Podemos reconhecer que desde o princípio esteve submetido ao destino e que o nosso pensamento sempre desejou livrar-se dele, mas nunca conseguiu. Tarefa teológica da maior importância, na análise cristã do destino é saber relacionar logos e kairós. O logos deve envolver e dominar as leis universais, a plenitude do tempo, a verdade e o destino da existência. A separação entre logos e existência chegou ao fim. O logos alcançou a existência, penetrou no tempo e no destino. E isso aconteceu não como algo extrínseco a ele próprio, mas porque é a expressão de seu próprio caráter intrínseco, sua liberdade.

É necessário, porém, entender que tanto a existência como o conhecimento humano estão submetidos ao destino e que o imutável e eterno reino da verdade só é acessível ao conhecimento liberto do destino: a revelação. Dessa maneira, ao contrário do que pensavam os gregos, todo ser humano possui uma potencialidade própria, enquanto ser, para realizar seu destino. Quanto maior a potencialidade do ser – que cresce à medida que é envolvido e dominado pelo logos – mais profundamente está implicado seu conhecimento no destino.

Nosso destino, que aqui deve ser entendido como missão, é servir ao logos, num novo kairós, que emerge das crises e desafios de nossos dias. Quanto mais profundamente entendermos nosso destino, no sentido de prokeimai, estar colocado, ser proposto, e o de nossa sociedade, tanto mais livres seremos. Então, nosso trabalho será pleno de força e verdade.

A vontade humana não é neutra e a liberdade humana sempre se dá dentro da existência, enquanto realidade condicionada pela materialidade. Assim, a liberdade entende-se como correlação entre lei e graça. Quando Hegel afirmava que a liberdade é a consciência da necessidade, como fez questão de mostrar Marx, cometia um erro porque descartava a realização da liberdade. É por isso que Marx dirá que liberdade é práxis. Ora, para Marx, práxis é consciência da necessidade mais ação transformadora. Ou seja, em termos teológicos, consciência da lei diante da existência do mal é arrependimento, e ação transformadora do logos que produz justificação e mudança de vida, graça.

O mal enquanto feitura humana

Dentro da visão cristã e exatamente pelo que acabamos de ver, o mal, ao contrário do que pensavam os gnósticos, não é um ser, mas um fazer. Em relação ao imediato é um estado e no que se refere à espécie humana é um domínio. Numa definição teológica, o mal acontece perante aquilo que minha liberdade é desafiada, quando ele, o mal, é chamado a surgir como feitura humana. Nesse sentido, o mal não se apresenta sem agente moral, sem liberdade. Toda vez que realizo minha liberdade a lei está presente, pois o mal é um antítipo da salvação.

Por isso só podemos responder ao mal reconhecendo que o mal é feitura minha e de minha espécie, colocando a ruptura desse domínio nas mãos daquele único que pode fazê-lo, o logos. A partir daí, ao nível do pensamento, já que é um desafio teológico, o caminho é a reflexão, como aquela que Agostinho fez frente aos gnósticos, quando esses levantarem a pergunta: Por que o mal existe? Transformando assim o mal em coisa e mundo, dando existência e imagem ao mal. Agostinho responde dizendo que a única pergunta que posso fazer é: O que me leva a fazer o mal? E ao nível da vontade e do sentimento, crendo em Deus apesar do mal, pois a cristologia nos ensina que o logos também sofreu. E por fim, ao nível da ação, pois o mal é o que não devia estar, devemos ter uma ética de responsabilidade social, de combate a este estado e domínio na vida de meu próximo e da sociedade.

Mil anos depois de Agostinho, a questão do mal continuava em discussão e a teodicéia, ainda em construção, oscilou entre dois imperativos aparentemente excludentes, o da soberania de Deus e o da liberdade humana. Mas, no início do século vinte, a partir da teologia dialética, passou-se a ver tais imperativos como correlação. Assim eleição e oferta aberta foram lidos como termos complementares, e a cruz como base da salvação e da condenação.

Três leituras da modernidade nascente

Vamos analisar a dialética de tais imperativos sob um novo ângulo. Em 1970, Manuel Ballestero publicou em Madri, pela Siglo XXI, La Revolución del Espíritu (Tres pensamientos de libertad), analisando o caráter radical da liberdade no pensamento de três gênios da modernidade: Nicolas de Cusa, Lutero e Marx. Ballestero diz que sua preocupação residiu em analisar o projeto de liberdade desses três pensadores, sabendo que a autonomia e o ato livre são concebidos de maneiras diferentes e mesmo antagônicos, embora existam, no contexto da obra dos três, analogias de fundo. E essas se referem ao fato de que liberdade significa a abolição da lei, o colapso da determinação exterior, e não o comportamento que se adequou aos limites da ordem. Assim, segundo Ballestero, Cusa, Lutero e Marx olham a liberdade como a destruição da ordenação exterior e anterior ao próprio ato livre.

Os ensaios mostram que a revolução teórica empreendida por Cusa e Lutero não é gratuita, nem produto de um simples ato ideal, mas se enraíza no tecido histórico do movimento de decomposição global da formação social pré-capitalista. Cusa e Lutero clamam por essa destruição. Sem entrar nos detalhes das mutações vividas no século dezesseis, com a ruptura do equilíbrio cidade/ campo, o surgimento das manufaturas e a consolidação do sistema de trabalho assalariado, vemos que a dimensão negativa da condição humana na incipiente sociedade capitalista será percebida por Cusa e Lutero: a autonomia do sujeito se dá como dor.

Mas ambos consideram essa subjetividade liberada pelo início da arrancada capitalista como desequilíbrio. Assim, tanto Cusa quanto Lutero partem da negação dessa subjetividade alienada do nascente capitalismo, considerando que deve ser superada para que o Espírito floresça. Aí, então, teríamos o fim da inessencialidade do sujeito alienado e a inserção deste na totalidade objetiva. Mas isso não pode acontecer sem a transformação dessa realidade objetiva em realidade espiritual, que sustém o ser humano. Dessa maneira, para os dois pensadores, o Espírito constrói num nível superior o universo anteriormente negado.

O jovem Marx, seguindo os passos de Hegel, partirá dessa discussão. Para ele, a religião é a realização imaginária da essência do ser humano, mas essa essência não tem realidade alguma. De todas as maneiras, há um ponto de interligação nessa perspectiva, quando vê, assim como Cusa e Lutero, a liberdade como abolição da legalidade, como coincidência do momento subjetivo com o momento objetivo, e como responsabilidade suprema do ser humano. Para entender esse ponto de partida de Marx é bom ler seus manuscritos econômicos e filosóficos, mas também sua Introdução à Crítica da Economia Política (Marx, São Paulo, Abril Cultural, 1982), texto que só foi descoberto em 1902 e publicado por Kautsky em 1903.

 O cristão é senhor de todas as coisas e não está submetido a ninguém. O cristão é servo em tudo e está submetido a todo mundo” (Lutero, Les grands écrits reformateurs, Paris, Aubier, 1955, p. 225). Para Lutero, o ser humano existe como estrutura ontológica dual. Sua conceituação traduz a ansiedade teórica do século dezesseis, mas traduz-se em superação da subjetividade alienada. O cristão é senhor de todas as coisas, não está submetido a ninguém e esse senhorio radical é produto da graça. Sua liberdade é fruto da fé que transforma a subjetividade alienada em realidade objetiva. Nesse sentido, o caráter espiritual da autonomia do cristão se dá como processo. Morre o imediato, o alienado, e tem início a construção de uma segunda natureza.

A liberdade surge como deslocamento do ser humano natural, como distanciamento crítico daquilo que foi naturalmente dado. O primeiro momento da liberdade parte de uma concepção trágica, porque o senhorio num primeiro momento implica em servidão, criando tensão e luta... “É necessário desesperar-se por você mesmo, fazer com que você saia de dentro de você e escape de sua prisão” (Lutero, Les grands écrits, p. 259). Mas superada a tensão, temos a liberdade enquanto espiritualidade, uma dimensão de combate.

O ser humano, que em Cristo vive essa metamorfose, tem a liberdade que vai além, a liberdade que é fonte de realidade e ação. Assim, o cristão transforma-se em receptáculo da fé, em intencionalidade aberta ao Absoluto.


vendredi 15 mai 2015

B.B. King - Grandes maestros del blues 1.wmv


B. B. King (pour Blues Boy), de son vrai nom Riley B. King, né le 16 septembre 1925 à Itta Bena, dans le Mississippi aux États-Unis et mort le 14 mai 2015 à Las Vegas, est un guitariste, compositeur et chanteur de blues américain. Il est considéré comme l'un des meilleurs musiciens de blues. Il est, avec Albert King et Freddie King, un des trois kings de la guitare blues.

mardi 12 mai 2015

Radicalmente

Entre o céu e a terra
Jorge Pinheiro


Vamos ver a correlação entre as leituras judaico-cristãs e a vida. As leituras judaico-cristãs são construções que levam em conta dois fundamentos, os relatos das experiências do povo hebreu com o Eterno único e os relatos das experiências dos discípulos com o rabino de Nazaré. No correr dos séculos da Era Comum, rabinos partiram dos textos fundadores e construíram duas religiosidades que deram origem ao Ocidente, o judaísmo talmúdico e o cristianismo católico. Ambos desenvolveram diversidades e hoje se nos apresentam com uma riqueza de formas e ideias difícil de se imaginar no início de suas histórias.

As leituras judaico-cristãs entregam, assim, a partir dos dois fundamentos, um conteúdo transcendente e outro humano, que procuram contextualizar as experiências com o Eterno e as experiências com o rabino de Nazaré, e responder aos desafios do tempo presente, armando e fortalecendo as comunidades de fé, tanto judaicas, como cristãs. Apesar desse importante serviço, as leituras judaico-cristãs são sempre passageiras e parciais. 

A vida é fundamento da existência humana, mas também motivação que anima a existência, que lhe dá entusiasmo e nesse sentido é espírito, alma e corpo. Não é apenas razão filosófica ou leituras judaico-cristãs, mas correlação entre o céu e a terra. 

Quando correlacionamos o céu e a terra surgem questões difíceis de serem respondidas. Entre essas questões podemos citar o esvaziar-se do homem e o ser levantado. Outra questão difícil, por implicar esse cruzamento do eterno e com a finitude, é a própria leitura da vida.

Nesse sentido, há leituras que olham esta questão a partir da eternidade. E há outras leituras que olham esta questão a partir do finito. Mas há outra maneira de olhar a questão da vida, a partir do reconhecimento de que estamos diante de um cruzamento das coisas ditas do céu com a realidade da terra. É esta perspectiva que orienta nossa leitura judaico-cristã da vida.

Para entendermos a correlação céu e terra começaremos a partir da leitura de que a violência não pode ser limitada a um período particular. Nessa leitura, a eternidade vem até aqui embaixo e a liberdade começa quando é entregue ao ser humano, que vive sob os limites da lei. O movimento em direção ao humano resulta em convicção e posicionamento. Ocorre, então, uma troca: a eternidade toma a natureza humana e entrega aos homens e mulheres o fim dos limites. Dentro dessa leitura, devemos fixar nosso olhar na novidade, de maneira que possamos reconhecer nossos alvos errados. Depois, lutar contra tais alvos que fizeram com que perdêssemos o sentido da vida. E, por fim, sob a sombra da violência, descobrimos a providência e o conforto que ela oferece. Assim, o que vem de cima é uma esperança. Pois, nos momentos de sofrimento e morte é a providência que dá garantia da presença da misericórdia nas vidas. 

Dessa maneira, o caminho começa com o ato de ouvir, com o reconhecimento dos alvos errados, mas também da misericórdia eterna. Continua no correr da vida com a luta contra os alvos errados e, finalmente, quando debaixo da violência e do sofrimento, é a providência da eternidade manifesta que garante a esperança. 

Mas podemos inverter a leitura. Acabamos de ver que o ser humano não tem como discutir e mergulhar na compreensão da soberania da eternidade, por isso a esperança é entregue, vem da eternidade nos momentos de dificuldades e sofrimentos. Se invertermos, a base é a escolha eterna. Assim, a esperança embora venha da eternidade não acontece como fim, mas é começo. Tal leitura tem por base a soberania da eternidade. Olha sempre do ponto de vista da eternidade, descarta a leitura de que o humano é imagem. 

Essa leitura da eternidade pode ser definida em três palavras: absoluta, dupla e particular. É absoluta porque não está condicionada a nenhuma contingência finita, é dupla porque p Eterno, para o louvor de sua misericórdia, elegeu uns para a eternidade benfazeja e, para o louvor de sua justiça, outros para a eternidade maldita; e é particular no sentido que pertence a pessoas e não a grupos. 

Quando tal leitura correlaciona céu e terra, pode ser entendida no sentido de que a vida depende do decreto eterno. E de que a convicção e o posicionamento traduzem esta escolha feita na eternidade. E de que se alguém crê, tem a vida porque já foi escolhido.

A leitura da eternidade absoluta enfrentou oposição, mas deve deve ser entendida como um esforço de demonstrar que existe garantia para os momentos de provação. É uma confissão de confiança na misericórdia da eternidade.

Uma leitura da terra parte da imagem da eternidade e de suas necessidades. É uma leitura que fala da degradação humana e diante dela realça a misericórdia. Mas, como sua visão é telúrica e negativa realça também a possibilidade de perda da vida. Assim, a vida é condicionada pela fé. Numa leitura da terra, os seres humanos têm a liberdade aceitar ou recusar a vida. E que o masiah morreu pela vida existente em todas as épocas e lugares. E que os seres humanos podem perder a vida caso não permaneçam na fé.

A leitura da eternidade não define os seres humanos para o não-ser, mas decreta a vida e o não-ser dos humanos em particular com base na onisciência divina da convicção e perseverança de cada pessoa.

A tensão da discussão entre eternidade absoluta e finitude relativa gira ao redor da compreensão da vida. Quando se diz que a eternidade não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciência porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus alvos errados. 

Há uma chave para que a função misericórdia e função vida sejam plenamente exercidas. E essa chave está em que todos deem a volta por cima. A misericórdia da eternidade absoluta deve ser somada à mudança existencial, produzindo então vida. Ou seja: misericórdia mais sentido existencial é igual a vida. A misericórdia da eternidade absoluta sem o sentido de vida produz justiça. Ou seja: misericórdia sem sentido de vida é igual à violência manifesta. Assim, o valor da violência ontológica não é limitado, mas sua aplicação sim. A finitude condicional remete à vida através do sentido pleno da vida. Por isso, a eternidade define a vida e o não-ser com base no conhecimento divino da convicção e perseverança de cada pessoa.

A leitura da terra ressalta a liberdade humana. Como tal leitura é telúrica e negativa, vê a alienação humana como alvo errado de origem, a vontade humana como degradada e incapacitada para produzir qualquer bem maior. 

A leitura do céu parece confrontar a leitura da terra. Mas, as abordagens de ambas as leituras levam a uma leitura dialética: a leitura judaico-cristã da vida, que trabalha a tensão existente entre eternidade absoluta e finitude relativa.

A tendência minimalista olha a questão a partir da eternidade e nega a possibilidade da liberdade humana, de consciência livre e escolha. A tendência maximalista olha a questão a partir da finitude e não vê limitação à possibilidade do humano responder de forma livre à eternidade.

Mas há uma dialética nessa relação, é a leitura da vida. Esta entende que o humano pode apoiar sua resposta à proposta de vida em sua liberdade de ação e consciência, assim como no uso da razão. Mas tal processo deve ter como ponto de partida a eternidade absoluta. Nesse sentido, vida é escolha feita pela eternidade absoluta, a partir da misericórdia. É ação de escolha, chamado e comissionamento. Ainda que baseada na eternidade absoluta, a vida está em perfeita consonância com a liberdade de comunidades e pessoas. Viver de forma plena implica em consciência do ato e ação de viver. 

Existe uma tensão entre eterno e finito. E o que resolve essa tensão é a própria ação de viver. Para os leitores da vida, a vida é síntese que equilibra a tensão. Dessa maneira, a eternidade absoluta em sua misericórdia cria e mantém a vida, em e através do Messias, de comunidades e pessoas sob escolhas, chamados e comissionamentos desde o eterno, à luz da presciência, e de acordo com a liberdade de cada comunidade e de cada pessoa. 



Entre o céu e a terra está a vida. Por isso, a vida é para todos e acontece em e através do masiah por ação graciosa da eternidade absoluta. A eternidade é presciente e de acordo com a liberdade da finitude relativa entregue ao humano, colocou sob escolhas, chamados e comissionamentos a vida e os viventes.

A vida implica em geração e regeneração, relação dialética que é ato inicial em que a eternidade faz crescer o humano. É obra da eternidade. Mas geração e regeneração implicam em sentido pleno da vida e fé. Sentido pleno da vida é mudança na raiz da vida humana. E fé é a confiança e aceitação da vida como comissionamento. Nessa experiência de vida radical o humano pisa na terra, mas se eleva em direção ao céu. E o céu se derrama em direção à terra através do humano.

Assim, a partir da consistência ontológica do humano, somos levados à necessidade de uma análise da vida como leitura radical. Quando descartamos a reflexão sobre o ser humano a quem a eternidade fala, temos um discurso meramente ideológico, distanciado do homem e da mulher verdadeiros e da realidade em que vivem e transformam. Temos, então, um ser humano-mito, onde naturalidade e historicidade transformam-se em alegoria.

O pressuposto fundamental dessa reflexão teológica da vida traduz a verdade de que a compreensão da eternidade leva à compreensão do humano e de sua existência. Não se trata de conhecer o humano para conhecer a eternidade, porque o finito relativo não é eterno absoluto. Nesse sentido, a leitura da vida parte da eternidade absoluta. 

Se as experiências com o Eterno único e as experiências com o masiah cristão são conversas entre eterno absoluto e finito relativo, é a partir desse diálogo que temos os elementos fundamentais para conhecer a vida, embora ela própria no diálogo adquira características específicas. É nesse contexto que se dá a liberdade de consciência necessária para aceitar ou não esse diálogo de vida e para a vida.


Por isso, comissionamento é a propagação da vida e de seu sentido ao mundo, visando a geração e regeneração própria da vida. É escolha e chamado. A responsabilidade da propagação da vida se estende até os confins da terra. Comunidades e pessoas devem promovê-la. E assim nos posicionamos radicalmente entre o céu e a terra.

dimanche 10 mai 2015

Por causa da graça

Pr. Jorge Pinheiro
Igreja Batista em Perdizes
Domingo de manhã -- 10/05/2015

Tema do sermão: "Por causa da graça"

Por causa da graça
Pr. Jorge Pinheiro

Texto

“Que Deus, que nos dá essa esperança, encha vocês de alegria e de paz, por meio da fé que vocês têm nele, a fim de que a esperança de vocês aumente pelo poder do Espírito Santo! (14) Meus irmãos, estou certo de que vocês estão cheios de bondade, sabem tudo o que é preciso saber e são capazes de dar conselhos uns aos outros. (15) Porém nesta carta me atrevi a escrever com toda a franqueza para fazer com que vocês lembrem de coisas que já sabem. Eu escrevi assim por causa do privilégio que Deus me deu (16) de ser servo de Cristo Jesus para trabalhar em favor dos que não são judeus. Eu sirvo como sacerdote ao anunciar o evangelho que vem de Deus. E faço isso para que os não-judeus sejam uma oferta que Deus aceite, dedicada a ele pelo Espírito Santo. (17) Portanto, por estar unido com Cristo Jesus, posso me orgulhar do serviço que faço para Deus”. Carta aos Romanos 15.13-17.

Introdução

Maravilhosa graça

“Maravilhosa graça, como é doce o som
Que salvou um infeliz como eu
Eu antes estava perdido mas agora fui encontrado
Estava cego, mas agora vejo”

Maravilhosa graça é, sem dúvida, um dos grandes hinos cristãos. Seu autor, o pastor inglês John Newton (1725-1807), foi um ex-traficante de escravos. Certo dia, durante uma forte tempestade, Newton entregou seu coração a Deus. 

Pastor em Olney, na Inglaterra (1764 a 1780), John Newton faleceu com a idade de 82 anos, em 21 de dezembro de 1807. Ele resumi sua vida e escreveu seu próprio epitáfio, que diz em parte: 

John Clerk Newton, 
Uma vez um infiel e libertino,
Um servo de escravos na África,
Foi pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
Preservado, restaurado, perdoado,
E nomeado para pregar a fé que ele
Tinha se esforçado muito para destruir ....

Escreveu Maravilhosa graça entre 1760 e 1770. Baseado em 1o. Crônicas 17:16-17, passagem em que o rei Davi rememora a misericórdia de Deus para com um homem tão insignificante e pecador como ele. Foi escrita para ilustrar um sermão no dia de ano novo de 1773 e fez parte dos "Hinos Olney", hinário de músicas compostas por John Newton e seu amigo, o poeta William Cowper. A melodia talvez seja de uma música entoada pelos negros escravos que viajavam nos navios ingleses.

1. A graça nos leva à alegria

“Foi a graça que ensinou meu coração a temer
E graça, meus medos aliviados
Como é precioso que a graça tenha aparecido
Na hora em que acreditei”

A partir do arrependimento, fruto da graça, começamos a viver a vida cristã, não mais uma vida de derrota e tristeza, uma vida na alegria da salvação.

“Recebemos dele tudo o que pedimos porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que agrada a ele”. 1Jo 3.22.

“E, como estou certo disso, sei que continuarei vivendo e ficarei com todos vocês para ajudá-los a progredirem e a terem a alegria que vem da fé”. Filipenses 1.25

“Tenham sempre alegria, unidos com o Senhor! Repito: tenham alegria!” Filipenses 4.4

No lugar do conceito de pecado contínuo e de arrependimento contínuo, os batistas enfatizam o poder de Deus que guarda, e a necessidade da pessoa nascida de novo entregar-se a Deus: arrepender-se, confessar seus pecados e afastar-se deles quando errar. Ao evitar o legalismo e o perfeccionismo que nasce do amor próprio, os batistas insistem na obediência que nasce da fé.

“Samuel respondeu: O que é que o SENHOR Deus prefere? Obediência ou oferta de sacrifícios? É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe em sacrifício as melhores ovelhas”. 1o. Sm 15.22.

2. A graça nos leva à paz

“Através de muitos perigos, tribulações e ciladas
Nós já chegamos
Foi a graça que nos trouxe a salvo para tão longe
E a graça nos levará para casa”.

Ilustração: A mãe e o assassino 

Não vivemos mais na aflição e no desespero. Vivemos naquela paz que excede o entendimento de quem não tem a Cristo. 

“Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo. João 14.27

“Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido. E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus”. Filipenses 4.6-7.

3. A graça nos leva à fé

O critério para avaliar a espiritualidade é a obediência voluntária e uma vida de fé. Não se compreende a fé sem obediência. A fé é salvadora quando nossa ação traduz aquilo em que se crê. Obediência e fé são evidências da graça derramada em nossas vidas. 

“A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver”. Hebreus 11.1.

“Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor”. Hebeus 11.6

Alegria, paz e fé nos enchem de esperança, sob o poder do Espírito, e nos levam ao serviço.

4. A graça nos leva à missão

“Maravilhosa graça, como é doce o som
Que salvou um infeliz como eu
Eu antes estava perdido mas agora fui encontrado
Estava cego, mas agora vejo
Estava cego, mas agora vejo”.

Ou como disse Paulo: “pela graça de Deus sou o que sou, e a graça que ele me deu não ficou sem resultados. Pelo contrário, eu tenho trabalhado muito mais do que todos os outros apóstolos. No entanto não sou eu quem tem feito isso, e sim a graça de Deus que está comigo”. 1Co 15.10.

O serviço cristão que nasce da graça é fruto da obediência daquele que crê, e não de um escravo que se submete com medo. Não há servidão, mas submissão graciosa. 

E Jesus é o exemplo: “eu desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou e não para fazer a minha própria vontade”. João 6.38.

Lições para as nossas vidas

A graça nos leva à alegria, à paz e à fé, nos enchem de esperança sob o poder do Espírito, e culminam com a missão, com o serviço cristão dirigido aqueles que ainda não conhecem a Jesus.

Por isso, o apóstolo disse:

Eu escrevi assim por causa do privilégio que Deus me deu de ser servo de Cristo Jesus para trabalhar em favor dos que não são judeus. Eu sirvo como sacerdote ao anunciar o evangelho que vem de Deus. E faço isso para que os não-judeus sejam uma oferta que Deus aceite, dedicada a ele pelo Espírito Santo. Portanto, por estar unido com Cristo Jesus, posso me orgulhar do serviço que faço para Deus.





jeudi 7 mai 2015

Rebel Angel


A história Judaica do Brasil

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Amsterdã sefardita

Sefaradim jueus donar als seus fills els noms dels seus avis, que normalment estan vius. Així, en un arbre genealògic sefaradí trobarà el mateix nom cada una generació de mitjana. Si qualsevol llegir la història d'Espanya de vegades dirà que va morir i que encara és viu. Serà l'AVI o nét?

La sefaradim recuperat Joliot després de molts segles. A Espanya, abans de Ferdinand i Isabella, concebut una època daurada per als jueus. No obstant això, ells van ser expulsats per Isabel el mateix any que Colom va embarcar cap a Amèrica. A més, els primers jueus nord-americans van ser també sefaradim.

Sefaradim cognoms entre cognoms jueus espanyols és fàcil reconèixer oficis designats en àrab o hebreu, com: Amzalag (joier); Saban (saboneiro); Nagar (Fuster); Haddad (Ferrer); Hakim (doctor).

Les professions relacionades amb la sinagoga: Hazan (cantant); Melamed (director); Dayan (jutge); Cohen (sacerdot); Taxa, Levi (auxiliars del Temple).

Distincions: Navon (savi); Moreno (nostre mestre) i Gabay (oficial).

A Itàlia, la Inquisició es van establir després d'Espanya, que va portar els jueus italians d'exiliar a Polònia. Aparegué, així el cognom Italiener i Welsch o Bloch, perquè Itàlia també s'anomena Wloche en alemany.

Cognoms de la Torà es deriva una bona quantitat de cognoms jueus noms bíblics o ciutats europees d'Àsia menor. Exemple: el nom del fill d'Abraham Abraham (Abraham) si diu diferentment en cada idioma: Abramson, Abraams, Abramchik, en alemany o neerlandès; Abramov o Abramoff, en rus, Abramovici, Abramescu, en romanès; Abramski, Abramovski, en llengües eslaves; Abramino, en castellà; Abramelo, en italià; Abramian, en armeni; Abrami, Ben Abram, en hebreu; Bar obert, en arameu, Abramzadek o Abrampur, en persa; Abramshvili, en georgià; Barhum o Barhuni, en àrab. Podeu veure aquestes variacions també pel que fa a cognoms derivats de Isaac i Jacob.

Més tard, com ella van fugir als Països Baixos, Amèrica o a l'imperi turc, retornà al judaisme, sense perdre el seu nou cognom. Així va aparèixer cognoms com Diaz o dies, Errera o Herrera, roques o roca, Maria o Maria, Fernandez o Fernandes, Silva, Gallero o l'infern, Maria, Lopez o Lee, Fonseca, Ramalho, Pereira i un munt de noms d'arbres fruiters (Poma, taronja, moreres, oliveres i pins). O fins i tot d'animals com les ovelles, Balutxistan, Wolf, Lleó, gat, conill, Pinto i Colom.

Un altre canvi de cognoms era provocat per les guerres. La gent ha perdut o volia perdre els seus documents i si "podria" un passaport amb un cognom que va denunciar el seu origen, per creuar la frontera amb seguretat. A finals del segle XIX, el tsar de Rússia va exigir 25 anys de servei militar obligatori, especialment dels jueus. Molts immigrants van fugir de Rússia i Ucraïna amb passaports canviat per evitar una vida dedicada a l'exèrcit del Tsar.


Una altra qüestió és que som fills d'immigrants, i canviar de molts cognoms si jo he estat defaced amb el país i llengua. De vegades eren empleats de les costums o la immigració, altres immigrants mateix no saben castellà, o escriure malament. Per tant, molts membres de la mateixa família tenen cognoms similars en el so, però escrites amb ortografia diferent.
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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 140/14 (2012:6)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho CientíficodaOrganização de estudos de processos culturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência -

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Doc. N°2952
Instituições em visita

A irmandade "Árvore da Vida" (Ets Haim) da sinagoga portuguesa de Amsterdam e sua biblioteca
Procura de saber, ensino e esclarecimento em processos culturais de judeus lusófonos 
Felix Libertate




Ciclo de estudos euro-brasileiros de Amsterdam 2012, Sinagoga de inverno e Livraria Montezino