samedi 19 avril 2014

12 devocionais para você

Para pensar nas próximas doze semanas depois da Páscoa
Por Jorge Pinheiro

A VITÓRIA VEM COM O AMOR

Em relação à espiritualidade cristã, o apóstolo Paulo diz que há três tipos de pessoas: 

(1) A natural, que não reconhece Jesus como senhor de sua vida: “Mas quem não tem o Espírito de Deus não pode receber os dons que vêm do Espírito e, de fato, nem mesmo pode entendê-los. Essas verdades são loucura para essa pessoa porque o sentido delas só pode ser entendido de modo espiritual”. (1Coríntios 2.14).

(2) A espiritual, que aceitou Jesus como senhor e salvador e, como conseqüência, tem a sua vida dirigida pelo Espírito Santo: “A pessoa que tem o Espírito Santo pode julgar o valor de todas as coisas, porém ela mesma não pode ser julgada por ninguém. Como dizem as Escrituras Sagradas: 'Quem pode conhecer a mente do Senhor? Quem é capaz de lhe dar conselhos?' Mas nós pensamos como Cristo pensa”. (1Coríntios 2.15-16).

E (3) a carnal, que já aceitou a Jesus como salvador, mas confia em seus próprios esforços para viver a vida cristã: "Na verdade, irmãos, eu não pude falar com vocês como costumo fazer com as pessoas que têm o Espírito de Deus. Tive de falar com vocês como se vocês fossem pessoas do mundo, como se fossem crianças na fé cristã. Tive de alimentá-los com leite e não com comida forte, pois vocês não estavam prontos para isso. E ainda não estão prontos, porque vivem como se fossem pessoas deste mundo. Quando existem ciumeiras e brigas entre vocês, será que isso não prova que vocês são pessoas deste mundo e fazem o que todos fazem?” (1 Coríntios 3:1-3)

Para a primeira semana depois da Páscoa

Filipenses 2.1-11. “Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. E também são bondosos e misericordiosos uns com os outros. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz. Por isso, Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai”.

O AMOR CRISTÃO

É preciso coragem para ir à luta, como as Escrituras Sagradas nos desafiam. E a principal dessas lutas, diz respeito ao nosso caráter. Por isso, fazer aos outros aquilo que nós desejamos que nos façam, é a melhor definição de amor. Isso quer dizer que devemos considerar as pessoas da nossa família, os amigos, mas também aqueles de quem discordamos tão importantes quanto nós. Significa aprender a respeitar as pessoas e entender que não estão aqui por acaso. Esse é o amor que Jesus ensinou.

O jeito de Deus para completar a sua transformação em nossa vida é a obra do Espírito Santo. Caso você tenha aceitado Jesus como Senhor da sua vida, uma das primeiras coisas que o Pai fará é introduzir o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, na sua vida.

Através do Espírito Santo, Ele vai realizar um processo de transformação, trabalhando todos os dias para mudar seu caráter, na sua forma de agir e reagir espiritualmente. O Espírito Santo se dedicará a edificar a sua vida através do amor. Mas você deve cooperar com Ele.

Como você tem experimentado a presença e o poder transformador do Espírito Santo na sua vida?

Conte para o grupo uma situação em que você não cooperou como devia com o Espírito Santo e quais foram as conseqüências. 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Seja forte Salmos 31.24

Terça-feira O sofrimento vai passar Jó 11.16-19

Quarta-feira Deus refaz a vida Salmos 138.7

Quinta-feira Entrega o problema a Deus Salmos 55.22

Sexta-feira Não se desespere João 14.1

Sábado O que Deus quer para você Jeremias 29.11

Texto para reflexão

Fomos chamados à liberdade. O que significa isso? Bem, talvez falar de corvos, gaviões e passarinhos ajude...

ENTREGUE O BANDIDO

Em 1965, Pier Paolo Pasolini, um dos gênios do cinema italiano, filmou “Gaviões e passarinhos”, história que é uma metáfora sobre a liberdade. Numa estrada vazia, um senhor e seu filho encontram um corvo que fala. O corvo os transforma em dois monges franciscanos e eles são obrigados a pregar para gaviões e passarinhos. O próprio Pasolini diria:

"Nunca criei um filme tão desarmado, frágil e delicado como esse. Ele não se parece com meus filmes anteriores e não se parece com nenhum outro filme... Seu surrealismo tem pouco a ver com o surrealismo histórico, mas fundamentalmente com o surrealismo das fábulas".

O filme é uma parábola sobre a crise existencial, representada pelo corvo. Pai e filho representam as pessoas inocentes que não sabem como enfrentar as falsidades do mundo. A liberdade tem um custo. O custo de enfrentar as limitações de nosso caráter, em primeiro lugar. E é sobre isso que vamos falar: entregue o bandido, agora!

Jesus disse que deveríamos apresentar nossas necessidades ao Pai, em nome dele (João 14.13), e que ele, Jesus, nos responderia para que o Pai fosse glorificado no Filho. A idéia do texto é que devemos apresentar, entregar a Deus nossas necessidades. É como se disséssemos: “Senhor, olha a minha situação, quero lhe entregar este problema, fica com ele, com o problema, a dor, e supre minha necessidade”.

Aprendi com um amigo pastor, que muitas vezes devemos entregar nossas dificuldades de caráter a Deus, como o xerife leva o bandido para a cadeia. “Deus, eis aqui o meu pecado, ele é um bandido na minha vida, eu não quero mais ele comigo. Coloca ele não cadeia”. E Jesus agarra a limitação do seu caráter e prende. E você sai de diante de Deus, em paz, sem nenhum pecado bandido para infernizar a sua vida.

Nesse sentido, como disse o sábio, há tempo para tudo. E você deve definir os tempos de sua liberdade. Isso significa, em primeiro lugar, dizer que a partir de agora, desse momento, você não quer mais conviver com essa falha do seu caráter.

Muitas pessoas sofrem e oram a Deus para que as liberte de um vício, de um pecado, mas não entregam o bandido ou, como dizem os jovens da FEBEM, “não soltam o refém”. Você tem que soltar o refém.

Ao fazer isso, você não está exigindo nada de Deus. Você não está mandando em Deus. Ao contrário, você está fazendo exatamente aquilo que Ele deseja. Quando você entrega a Deus o seu problema, o seu vício, o seu pecado, você não sai vazio da presença de Deus. Como o herói de um filme de bang bang que capturou o bandido procurado e o entregou ao xerife, você, pela graça, recebe uma recompensa espetacular: o fruto do Espírito. Cada bandido procurado e entregue, você pode trocar por um gomo do fruto do Espírito. Você entrega o bandido do ódio e sai com o amor, você entrega a bandida da ira e sai com a paz no coração.

Agora você sabe que tem uma tarefa pela frente, fixar os tempos da sua liberdade. Prepare-se: esta é a semana em que você está desafiado a entregar algum bandido que inferniza a sua vida vida -- o ódio ou um de seus cúmplices: antipatia, aversão, enfado, nojo, raiva, repugnância. Lembre-se, nessa tarefa o Espírito Santo é seu aliado, ele vai lhe dar coragem e força, vai lhe animar para você cumprir a missão. Vá em frente, você pode!

Por isso, como na parábola de Pasolini, somos chamados a pregar para gaviões e passarinhos. Somos livres em Cristo: chamados a viver no Espírito o desafio incondicional de realizar a verdade e fazer o bem.

Para a segunda semana depois da Páscoa

João 15.9-11.. “Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês. Se obedecerem aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar. — Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”. 

A ALEGRIA CRISTÃ

Existem duas verdades bíblicas relacionadas com a alegria e a felicidade. A primeira é que Deus ama tanto você que definiu como prioridade produzir um espírito de alegria na sua vida. Ele tem este compromisso: desenvolver a alegria no fundo do seu coração através do poder sobrenatural do Espírito Santo. Ele que você tenha alegria em profusão, que você transborde de alegria, uma alegria capaz de ir além de qualquer dor, do desânimo ou de qualquer problema que você possa enfrentar.

A segunda verdade é que Deus tem um plano para alcançar esse objetivo: encher sua vida de relacionamentos significativos. Depois, ele lhe dará um vida plena de propósitos e de sentido. E, por fim, encherá você de esperança, uma esperança eterna.

* Como sua relação com Deus trouxe relacionamentos de amor significativos para sua vida?

** De que modo o seu relacionamento com Jesus dá significado à sua vida?

*** Por que andar com Jesus dá esperanças para a sua vida?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Os sete livramentos Jó 5.19

Terça-feira O Senhor dá força Salmos 29.11

Quarta-feira De Cristo, nada nos separa Romanos 8.38-39

Quinta-feira Ele expulsou o inimigo Deuteronômio 33.27

Sexta-feira Faça o bem Gálatas 6.9

Sábado Alegria e paz Romanos 15.13

Texto para reflexão

60 anos em branco

É ELE QUEM NOS ENCHE DE ALEGRIA!

“Vocês sairão alegres da Babilônia, serão guiados em paz para a sua terra. As montanhas e os morros cantarão de alegria; todas as árvores baterão palmas. Onde agora só há espinheiros crescerão pinheiros, murtas aparecerão onde agora só cresce o mato. Isso será para vocês uma testemunha daquilo que eu fiz, será um sinal eterno, que nunca desaparecerá.” (Isaias 55. 12-12).

O carro era um Renault Modus, 2005, placa 420AMW60, e o patrocinador o Toninho, nosso padrinho de casamento, meu e da Naira, pelo meu aniversário de 60 anos, completados no sábado dia 5 de março.

Partimos de Montpellier, no litoral do Mediterrâneo francês em direção ao Parque Nacional de Cèvennes, às 8 da manhã de sábado, chegamos em Anduze, cidade que dá entrada à região de Cèvennes, por volta das 10 da manhã. Depois de dois cafezinhos para nós e um chá para a Paloma, para esquentar o frio, começamos a atravessar o parque, zigzagueando o vale e margeando o rio Gard. 

Cenário do campo da região de Languedoc, com seus castelos, não muitos, suas fazendas e vinhas. Arquitetura medieval em pedra, cidades que se cruza em minutos. Estradas secundárias, mas em ótimas condições. Uma delas com um aviso, «chaussées deformées», para dizer que a pista não era muito boa. Fiquei esperando buracos e desvíneis, mas nada... apenas não era lisa como as anteriores. 

Quando o vale ficou para trás e iniciamos a subida da montanha numa estrada sinuosa com precipícios à direita, Paloma teve sua primeira grande experiência deste inverno, nevava levemente. Mas, conforme subíamos, maior umidade e neve mais forte. Não houve como resistir, descemos do carro e fizemos nossa primeira guerra na neve. Foi a glória. Naira e Paloma pareciam duas crianças. A maior farra. Preocupado com a possibilidade das meninas se resfriarem, fiz as duas voltarem ao carro. Estávamos na maior alegria. 

Seguimos viagem debaixo de neve e da beleza das estradas emolduradas... E logicamente os pinheiros verdes, cobertos... como nos cartões postais de Natal. Chegamos a Florac, já lá em cima, no meio de uma nevada que caía quase forte. Entramos num restaurante muito simpático, cheio de hippies, o que parecia estranho e fora de época, afinal estamos em 2005. Tomamos chocolate quente e voltamos para o carro. Estacionei numa pequena praça e dentro do carro almoçamos. Naira tinha preparado coxa de peru assado com batatas, suco de maça e pão, que aqui é sempre um capítulo à parte. Amamos «les baguettes». 

Depois do almoço, ainda em Florac, fomos visitar um castelo que no século XVII fez parte da resistência protestante. Atenção, toda a região de Cèvennes no século XVII foi um pólo das lutas pela liberdade religiosa, de pensamento e de expressão, com a presença dos primeiros huguenotes.

Nevava forte e a história cedeu lugar a uma nova e aguerrida batalha na neve, agora sem mediação ou armistício. Naira, a mãe, foi atacada sem dó nem piedade. E em nenhum momento reclamou das boladas recebidas. Reagiu à altura, sem complacência. Por fim, voltamos ao carro e seguimos viagem para Barre de Cèvennes, outra região histórica, onde o protestantismo nascente produziu «camisards» e profetas. 

Mas aí tivemos o prazer de entrar na cidade debaixo de uma nevada muito forte. Em poucos minutos a neve cobriu o carro. Descemos e fomos visitar uma igreja protestante do século XVII. Eu estava emocionado pelo momento sublime do encontro com o passado heróico da fé protestante, mas também, como Naira e Paloma, inebriado pela beleza da nevasca, soprada por ventos fortes.

Assim como a neve...

A cidade inteira estava branca. Tudo branco. Guerra de neve era pouco, o momento exigia algo mais grandioso. Lembrei-me de Isaías 55, quando Deus diz que assim como desce a neve dos céus e para lá não volta, mas rega a terra, a faz produzir, brotar, dar semente ao semeador e pão ao que come, assim é a palavra Dele, que não volta, mas faz o que Ele quer e prospera no objetivo para a qual foi enviada. Agradeci a Deus pela vida, por meu ministério e pela eternidade com meu Senhor e Deus.

Um grupos de rapazes passou por nós, no meio da rua, cantando, gritando, alucinados pelo momento. Foi difícil deixar Barre de Cèvennes. Mas tivemos que fazê-lo. Eu não queria dirigir nas montanhas, à noite, debaixo de neve.

No caminho, Naira viu um mirante, grande, que se debruçava sobre o vale. Paramos mais uma vez.

Desta vez, Paloma fez o anjo. Para quem não sabe, consiste em se jogar de costas na neve, de braços abertos, e deitada fazer movimentos com os braços para marcar a neve. Depois, de pé, olhar e ver no branco, em branco, um anjo com suas asas abertas. E fez outro anjo... e por fim num gesto solidário, juntos, fizemos nosso primeiro boneco de neve. Na verdade, boneca, porque vestiu o gorro e o cachecol rosas da Paloma. Não era uma boneca enorme, mas muito simpática.

E lá seguimos nós, parando mais uma vez num pequeno hotel e depois fazendo o caminho de volta. Retornamos ao vale, passamos de novo por Anduze, e seguimos para Nîmes, cidade construída pelos romanos, que tem no centro uma arena, um coliseu, onde ainda se realizam corridas de touro. Quando chegamos estava acontecendo uma. Mas levei as meninas a Nîmes só para uma rápida olhada. Voltamos, já à noite para Montpellier.

Chegamos às 20h30. E como li a placa do Renault que aluguei, ao bater os olhos nela, como «60 Attends à Merveilleux Week-end 60» (ou seja, “60 Aguarde um maravilhoso fim de semana 60”), agradeci a Deus pelo gostoso sábado branco de meus sessenta anos, que Toninho nos proporcionou. E a Deus toda a glória! Pois aqueles que esperam nele renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam. (Isaías 40.31).

Para a terceira semana depois da Páscoa

João 14.25-27.

“— Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês.— Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo”. 

A PAZ COM DEUS

Todos nós conhecemos pessoas que não vão à igreja e vivem distantes de Deus. Mas quando a gente pergunta: 'Você não acredita em Deus?'. Respondem: 'Acredito sim, vivo em paz com Ele, e por isso não preciso fazer mais nada'.

Na verdade, essas pessoas vivem a paz de um estranho pacto: Deus cuida da vida dele, e ela cuida da vida dela. É a paz do fim das hostilidades. Nessa paz não existe um conflito declarado, mas sem dúvida este não é um relacionamento saudável. 

Deus, através de Jesus, declarou o fim das hostilidades. Mas Ele não quer apenas esse tipo de paz, de armistício, você lá e Ele lá longe. Ele quer a paz do amigo, do marido apaixonado pela esposa, Ele quer a paz da intimidade. Ele quer uma paz que cura os relacionamentos feridos. 

Nas verdade, Deus diz para você: “Vou fazer tudo para ter uma paz, cheia de amor e alegria, e farei tudo que for necessário para isso. Vou até você e vou derrubar as muralhas. Vou chegar pertinho e soprar sobre você o meu Espírito Santo. Então você se sentirá atraído/a e viveremos um relacionamento de amor”.

Não se esqueça: você nunca encontrará paz no fundo do seu coração até que tenha um relacionamento de amor e alegria com Jesus. Somente pela confissão de nossos pecados, que diz para Jesus, o senhor é meu salvador, podemos encontrar a paz de que a Bíblia nos fala.

* Como é a vida da pessoa que tem com Deus apenas a paz do fim das hostilidades?

** O que ocorre na vida quando descobrimos a paz da intimidade com Deus?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Ele dá o livramento 1Coríntios 10.13

Terça-feira Ele não rejeita você Jó 8.20

Quarta-feira Não somos desamparados 2Coríntios 4.8,9

Quinta-feira Receba a paz! João 14.27

Sexta-feira Ele é o libertador! Salmos 68.19-20

Sábado Clama, Ele ouvirá Salmos 4.3

Texto para reflexão

VOCÊ QUER INOVAR MISSÕES?

Existem abordagens inovadoras que podem eletrizar a igreja, como por exemplo a assistência nas situações de catásfrofes e combates às endemias, ministério de apoio as populações em situações de risco, evangelismo urbano de comunidades socialmente excluídas. 

Mas por que isso? Por que fazer missões sob novo olhar? Porque é unânime entre os missiólogos que a Europa e Estados Unidos deixaram de ser o centro de gravidade do cristianismo. Durante mais de um século, Europa e Estados Unidos foram os grandes impulsionadores do movimento missionário, mas no final do século 20 deixaram de ser o centro de gravidade do cristianismo e foram substituídos por igrejas de outras regiões, entre as quais as igrejas brasileiras, conforme entrevista do presidente da Aliança Reformada Mundial (ARM, que representa 75 milhões de fiéis em mais de 100 países), Choan-Seng Song.

“Dos 2 bilhões de cristãos que há no mundo, 1,24 bilhão encontra-se na África, Ásia, Oceania e América Latina, e 821 milhões na Europa e na América do Norte”, contabilizou Song, baseando-se em informações divulgadas pela Enciclopédia Britânica.

Para esse pastor presbiteriano de Taiwan, essa proporcionalidade verifica-se também no campo das igrejas cristãs reformadas. Dois terços das igrejas membros da ARM estão fora da Europa e da América do Norte.

As igrejas que nas décadas anteriores difundiram o cristianismo ao resto da Terra parece que estancaram e perderam o vigor espiritual. Agora percebe-se uma maior influência das igrejas procedentes dos “confins da terra”, entre as quais as igrejas brasileiras, que mostram sinais de vigor e crescimento. 

Assim como o futuro da economia mundial vai depender mais dos países e povos do mundo em desenvolvimento, também as igrejas e os cristãos dos “confins da terra” desempenharão uma função decisiva no futuro do cristianismo.

Essa situação introduz muitos desafios e responsabilidades. Do ponto de vista cultural e religioso, o mundo em que as igrejas e os cristãos vivem é plural. As missões cristãs trataram de convertê-lo num mundo monolítico, mas isso não funcionou, ao contrário, gerou conflitos. 

Assim, temos que impedir que se exija deste mundo que se adapte às culturas idealizadas pelas igrejas do passado e ao mundo centralizado na Europa e nos Estados Unidos. Temos de remodelar nossa maneira de fazer missões à luz da diversidade criada por Deus. 

A reconstrução da comunidade humana é outro desafio que devemos encarar, disse o professor Song. “Nos últimos anos testemunhamos a forma como a comunidade humana manchou-se de sangue e foi assolada por conflitos ocasionados não somente por forças políticas e econômicas, mas por forças religiosas. É curioso que as religiões que professam a paz, o amor e a salvação provoquem temor, ódio e destruição no mundo”, declarou. 

O presidente da ARM propôs que as igrejas sejam comunidades abertas e não alheias às necessidades da sociedade, e que sejam comunidades de cura, sem deixar de lado a luta pela justiça econômica, racial e de gênero. 

«Que o Senhor da paz dê a vocês a paz, sempre e de todas as maneiras». 2Tessalonicenses 3.16.

Fonte
Missão Portas Abertas.

Para a quarta semana depois da Páscoa

Romanos 5.1-2.

“Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus”.

A PAZ COM NÓS MESMOS E COM OS OUTROS

Muita gente pensa que a paz serve só para termos um relacionamento especial com Deus. Não é verdade. Quando vivemos a paz com Deus, maravilhas do Espírito Santo acontecem no nosso íntimo. Uma delas é que começamos a nos reconciliar com nós mesmos. E descobrimos que há coisas especiais naquilo que somos. Se antes você olhava para você e só via defeitos: Puxa, porque não sou mais extrovertido? Puxa, por que eu não tenho essa habilidade? Puxa, se ao menos eu estivesse numa situação diferente? Agora, porque você tem Paz com Deus, através de Jesus, o Espírito Santo dando a você novas capacidades, vai mudando seu caráter... E você vai descobrir que também é uma pessoal especial.

* Em que áreas da sua vida você só vê defeitos?

** Agora ouça o grupo falar das suas qualidades, daquilo que apreciam em você e vêem nisso um toque especial do Espírito Santo?

Bem, você pode já estar em paz com Deus e em paz com você mesmo, mas isso não basta. Se você estiver em guerra com alguém, a sua paz ainda corre perigo. Deus quer que você tenha paz com todos que o rodeiam. 

Exatamente porque Jesus é o Senhor da sua vida, o Espírito Santo vai incentivar você a ter coragem de dizer um basta na guerra contra certas pessoas. Ele vai pressionar você para dar um telefonema, a falar francamente, a pedir perdão, e a dizer à pessoa: eu quero ter um relacionamento gostoso, fraterno, com você.

Abaixar a guarda, depor as armas, é uma paz que até o mundo conhece. O Espírito Santo quer mais. Deseja uma paz que seja reconciliadora: de amor e alegria!

* Com quem você não está em paz no momento?

** O que você precisa fazer para estabelecer a paz com essa pessoa?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Ele abençoa o justo Salmos 5.12

Terça-feira Não tema Isaias 43.1

Quarta-feira Não se estresse Filipenses 4.6

Quinta-feira Você não está sozinho 2Reis 6.16

Sexta-feira Ele coloca você no colo Isaías 40.11

Sábado Ele não desampara Salmos 37.28

Texto para reflexão

AS MISSÕES BRASILEIRAS E OS POVOS INDÍGENAS

O antropólogo Marcos Pereira Rufino escreveu, já faz algum tempo, sobre a atuação das missões junto aos povos indígenas, ressaltando como os missionários estão envolvidos em projetos de educação, saúde e auto-sustentação no Brasil.

A presença de missões entre os povos indígenas do país é uma realidade antiga. O quadro atual em que ocorre esta presença é complexo e envolve um conjunto heterogêneo de missionários. A evangelização dos povos indígenas é uma preocupação de muitas agências religiosas. Estas reproduzem no contexto da missão as suas características de agentes cristãos independentes, que representam diferentes igrejas e denominações, com teologias que muitas vezes se opõem.

Os protestantes

A ação de missionários protestantes é bem complexa. Além das centenas de grupos, que muitas vezes atuam sem compreender a diversidade cultural das tribos e comunidades indígenas, há também agentes missionários que se envolvem na política indigenista, confrontando a política da Funai. Mas, uma grande parte das atividades evangélicas estão, além de voltadas para a evangelização, também preocupadas com a educação e a saúde. 

É bastante conhecido o trabalho de sistematização lingüística realizado em diversos povos, cujos resultados são aproveitados não apenas para a tradução da Bíblia no idioma nativo, mas também para a estruturação de escolas indígenas e grupos de alfabetização. O desenvolvimento de ações dirigidas à saúde é freqüente em muitas missões protestantes evangélicas, ocupando o espaço deixado pelo Estado. Em alguns contextos, a atuação destas missões em programas de saúde é a principal forma que elas têm de legitimar a sua presença entre os índios e de justificar sua entrada em áreas de índios isolados.

Os grupos protestantes de maior destaque no cenário da política indigenista são o GTME (Grupo de Trabalho Missionário Evangélico) e o Comin (Conselho de Missão entre os Índios). Estas duas agências missionárias são próximas uma da outra. Apesar de estarem comprometidas com a evangelização dos povos com quem atuam, ambas enfatizam o envolvimento missionário na educação, saúde e movimento indígena, atuando conjuntamente na realização de diversas atividades neste âmbito.

Os católicos

A atuação da missão católica também não esconde a sua diversidade. Além do trabalho realizado pelas diversas ordens e congregações, cada qual com o seu projeto missionário próprio, há hoje a presença de missionários seculares, envolvidos com o plano pastoral da hierarquia catolica do país. Estes últimos estão, em sua grande maioria, ligados ao Conselho Indigenista Missionário, Cimi, órgão anexo à CNBB, criado com a finalidade de coordenar a ação católica missionária nacionalmente. Diferente dos missionários católicos das ordens e congregações, os cerca de 400 missionários do Cimi, distribuídos em 112 equipes, concentram a sua atuação na área da saúde, educação, movimento indígena e assessoria jurídica.

Nos últimos anos desenvolveram projetos de geração de alternativas econômicas, como o projeto de sustentatibilidade e ocupação territorial entre os Mura, cuja meta é a produção, beneficiamento e comercialização de frutas regionais. Ou o projeto de desenvolvimento entre comunidades indígenas de técnicas apícolas e de industrialização de frutas regionais no Amazonas. 

A inserção do Cimi visando a auto-sustentação de grupos indígenas se dá de modo peculiar: a elaboração de seus projetos é orientada por um espírito anticapitalista, de maneira a evitar propostas que carreguem vestígios de empreendimento empresarial que vise a obtenção de lucro ou acúmulo de riquezas. 

As propostas de auto-sustentação elaboradas pelo Cimi visam criar atividades de baixo impacto sobre as condições sociais e econômicas internas aos grupos indígenas. Estas propostas procuram fortalecer o sentido comunitário que estas atividades podem desempenhar.

Algumas vezes, os protestantes agem em parceria com os missionários católicos do Cimi na realização de atividades comuns. Podemos citar a sua participação conjunta no Comitê de Resistência Indígena, Negra e Popular, e na marcha indígena dos 500 anos, evento que propunha fazer uma contra-celebração dos festejos oficiais realizados pelo governo e pela Igreja Católica.

«Mas Deus dará glória, honra e paz a todos os que fazem o bem ». Romanos 2.10.

Fonte
Marcos Pereira Rufino, Nem só de pregação vive a missão. Povos Indígenas no Brasil. Outubro 2000. www.socioambiental.org/pib/portugues/indenos/missoes.

Para a quinta semana depois da Páscoa

Salmo 103.8-12.

“O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso. Ele não vive nos repreendendo, e a sua ira não dura para sempre. O senhor não nos castiga como merecemos, nem nos paga de acordo com os nossos pecados e maldades. Assim como é grande a distância entre o céu a e terra, assim é grande o seu amor por aqueles que o temem. Quanto Oriente está distante do Ocidente, assim ele afasta de nós os nossos pecados”. 

A PACIÊNCIA

Vamos começar a analisar essa questão pela falta. É isso mesmo: quando falta paciência, quando ela acaba, cuidado! Você está em perigo! Vejamos alguns casos. Quando a paciência acaba, o marido agride verbalmente a esposa. Mas tarde, vai pedir a ela que esqueça, mas isso é quase impossível, a memória já registrou a ofensa. Algo parecido acontece quando a esposa lança um daqueles olhares de “não seja ridículo”, que entra mais afiado que punhal! Ou quando o pai vê a prova de Geografia do filho e grita: “Você é retardado? Qualquer menino da sua idade sabe que a capital da Argentina é Buenos Aires e você coloca La Paz?” E vai por aí a fora. Você deve conhecer muitos outros exemplos. O certo é que quando a paciência acaba, alguém vai sair machucado.

* Você já foi ferido pela impaciência de alguém? Conte para o grupo.

** Você já machucou alguém por causa da sua impaciência?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira O Espírito descerá sobre você Oséias 6.3

Terça-feira A Palavra dá vida Salmos 119.50

Quarta-feira Ele conserta o seu caminho Provérbios 3.5-6

Quinta-feira Ele está ao lado Salmos 34.18

Sexta-feira Você será recompensado Marcos 10.29,30

Sábado Confia e nada vai abalar você Salmos 125.1

Texto para reflexão

COM PACIÊNCIA, PLANTAMOS ESPERANÇA

A revista Veja há anos publicou uma matéria onde analisou a relação entre o crescimento dos evangélicos e o trabalho de ação social. Demonstrou que estamos crescendo a um ritmo muito maior que o próprio crescimento da população brasileira.

Mas, ao contrário da maioria das análises anteriores, mostra que tal crescimento está intimamente ligado ao benefício social que levamos às populações carentes.

Esse crescimento produz um efetivo benefício social. Fincadas nas comunidades carentes as igrejas evangélicas promovem a redução de vários índices negativos na vizinhança, começando pelo total de alcoólatras e terminando no número de ocorrências criminais.

"Quando uma igreja evangélica entra numa comunidade pobre, contribui para elevar a auto-estima dos moradores e gera um efeito disciplinador", afirma o sociólogo Rubem César Fernandes, diretor-executivo do movimento Viva Rio e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião.

No discurso dos pastores, diz a reportagem, quem se converte a Cristo e a uma vida de princípios morais alcança tanto o perdão como a chance de mudar de vida. Assim, por exemplo, muita gente troca algum tipo de vício por uma vaga na escola.

No Rio de Janeiro, houve redução de homicídios nas favelas Cantagalo, Pavão e Pavãozinho à medida que, nos últimos anos, foram se instalando na região igrejas evangélicas. Com 20.000 moradores, a área chegou a ter dez assassinatos num único mês em 2000, excluídas as mortes decorrentes de confrontos entre traficantes e policiais. Nos dois anos seguintes, houve nove casos. Em 2003, nenhum. Outras entidades e a ação das autoridades também contribuíram, mas a própria polícia reconhece a importância da pregação do Evangelho. 

"As pregações, os testemunhos e as obras dos evangélicos ajudam a desarmar os espíritos", depõe o major Marco Aurélio Santos, comandante da Polícia Militar na área. 

Livres de amarras hierárquicas, os evangélicos agem depressa e colhem resultados. Na região metropolitana de Belo Horizonte, um centro de recuperação de dependentes químicos da Igreja Batista da Lagoinha tem índice de 40%, oito vezes melhor do que o considerado razoável pela Organização Mundial de Saúde. No sertão baiano, uma fazenda projetada por uma denominação evangélica gera renda para trinta famílias e dá escola a 500 crianças em período integral. Na Casa de Detenção de São Paulo, já desativada, 25% dos presos eram evangélicos. 

Cenários como esses explicam como um pastor que atuava da Casa de Custódia de Benfica, no Rio, pôde pôr fim, sozinho, à uma sangrenta rebelião na detenção. 

"Onde há miséria, eles têm a força", diz a antropóloga Clara Mafra, autora do livro Os Evangélicos.

Diante da constatação do poder da Palavra de Deus pelas autoridades do País, só podemos dizer: Ao Senhor nosso Deus toda a honra, poder e glória!

“A paciência traz a aprovação de Deus e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração por meio do Espírito Santo”. (Romanos 5.4).

Fonte 
José Edward, Revista Veja, edição 1861. 7 de julho de 2004.

Para a sexta semana depois da Páscoa

2Pedro3.9.

“O senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus pecados”.

A PACIÊNCIA DE DEUS COM TODAS AS PESSOAS E COM OS CRENTES

Desde o livro do Gênesis até o Apocalipse vemos que Deus é paciente com todas as pessoas, mesmo com os orgulhosos, pecadores e rebeldes. Santo e justo, Ele poderia eliminar todos os que o ofendem, mas Ele ama o ser humano e sempre procura um jeito de estabelecer um relacionamento de amor com as pessoas. Ele é paciente e cheio de amor, tardio em se irar. Quando vemos sua paciência, sentimo-nos a demonstrar a mesma paciência que Deus nos dedica.

* Como Deus lhe demonstrava paciência antes de você se tornar um discípulo de Jesus?

** Como essa paciência de Deus impacta a sua maneira de se relacionar com as pessoas que não são espirituais?

Deus continua paciente como você, hoje. Veja, por exemplo, a paciência de Jesus com o apóstolo Pedro. Ele estava sempre ao lado de Jesus, viveu experiências maravilhosas, andou sobre as águas, mas na hora do aperto negou Jesus. Mas apesar da inconstância de Pedro, Jesus se manteve tolerante. E, depois da ressurreição, tirou um tempo para conversar com ele.

Deus trabalha a nossa paciência à medida que damos testemunho da enorme paciência que Ele tem conosco. A nossa impaciência vai se evaporando conforme entendemos o quanto Ele tem sido compassivo e amoroso conosco. Aos poucos, Deus vai amolecendo nosso coração e com calma vai enchendo-o de tolerância, compreensão e benevolência.

* Em que áreas da sua personalidade Deus tem demonstrado paciência, desde que você se tornou cristão?

** Você está lutando contra a impaciência em alguma área? Conte para o grupo. 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Não desista Hebreus 10.35,36

Terça-feira Nada faltará Salmos 34.10

Quarta-feira Ele salva Salmos 116.6

Quinta-feira Para quem tem sede Isaias 44.3

Sexta-feira Ele vai terminar o trabalho Filipenses 1.6

Sábado Você também será coroado Isaías 51.11

Texto para reflexão

O BANQUETE DA PÁSCOA

Ela virou e respondeu em hebraico: Meu mestre!

[Montpellier, França] -- Na sala, o notebook toca música brasileira. Eu, Naira e Paloma convidamos quatro jovens para o almoço de páscoa: Andreas, alemão, que estuda engenharia; Georgine, de Barcelona, que estuda economia; Térèse, alemã, que estuda Teologia; e Serge, de Barcelona, que veio passar uma semana em Montpellier. Jovens cujas famílias estão longe, cristãos na diáspora acadêmica.

Enquanto eles conversam, Djavan canta que amar é um deserto e seus temores, e a vida vai na cela dessas dores. Lá fora, junto ao pinheiro, companheiro da janela da sala, a primavera chega a passos largos. Eu preparo coelho a caçadora e Naira manchon de canard. Essas serão as carnes do almoço. O almoço é a francesa, com toda a liturgia que isso implica. E os paralamas do sucesso dizem que o calibre do perigo é não saber de onde vem o tiro. 

Como vocês notaram estamos em pleno domingo de páscoa. E quando se fala de páscoa, se fala de morte, já que não haveria ressurreição se não houvesse morte. Donde, procedem os temores de Djavan e dos paralamas. E isso me leva à teologia.

Ao falar de páscoa, ao nos lembrarmos da ressurreição, nos vem à mente os dois dias e meio de silêncio e tristeza, que marcaram a pós-morte de Jesus. Por que esses quase três dias? Na verdade, eles fazem parte de uma pedagogia que transcende. Através desses quase três dias de silêncio e tristeza, Deus possibilitou aos discípulos a aprendizagem da unidade do corpo. Em meio ao silêncio daqueles que fogem e se escondem, em meio ao silêncio da dor da separação daquele que é querido, e da tristeza diante daquele que está morto, mas devia estar vivo, os discípulos se uniram, abandonaram velhas brigas e juntos oraram pela misericórdia daquele que é amor. 

A unidade foi selada por condições tão adversas. E Jesus levantou-se para dizer que o que separava não separa mais. Agora, ao invés de silêncio temos louvores; ao invés de tristeza, alegria; ao invés de morte, vida.

E assim, como a primavera que cobre de flores o jardim em frente de minha casa, que faz algumas semanas estava seco, a páscoa possibilita o encontro. Estamos reunidos ao redor de uma mesa, brasileiros, espanhóis, alemães. Oramos em francês, mas falamos também em português, espanhol, alemão. 

Quero dizer a Djavan que de fato há o momento do deserto, do temor e da dor, mas já não pode durar para sempre. Quero dizer aos paralamas que já sabemos de onde vem o tiro, por isso o perigo pode ser enfrentado. A mensagem é verdadeira e por isso o mundo será coberto pela justiça. O Cristo ressurreto nos une, e o mundo conhecerá sua glória e o amor que tem por nós. 

O banquete da páscoa estava delicioso, porque foi dividido, porque foi ágape de paz, amor e justiça. 

Jesus disse: Não me segure, pois ainda não subi para o meu Pai. 

Vá se encontrar com os meus irmãos 

e diga a eles que eu vou subir para aquele que é meu Pai e o Pai deles,

o meu Deus e o Deus deles. [João 20.16-17]. 

Para a sétima semana depois da Páscoa

A DELICADEZA 

Ou a beleza da sensibilidade

“Algum tempo depois morreu o rei Naás, do país de Amom, e seu filho Hanum se tornou rei. E Davi disse: 

-- Eu serei bondoso com Hanum, assim como Naás, o seu pai, foi bondoso comigo.

Então enviou mensageiros a Hanum para mostrar a sua amizade. Porém, quando os mensageiros chegaram à cidade de Rabá, as autoridades amonitas disseram ao seu rei:

-- O senhor pensa que é em honra do seu pai que Davi enviou estes homens para mostrar amizade? É claro que não! Ele os mandou aqui como espiões a fim de conhecerem a cidade, para poderem destruí-la.

Então Hanum pegou os mensageiros de Davi, raspou de um lado a barba deles, cortou as suas roupas até a altura das nádegas e os mandou embora. Quando Davi soube disso, enviou outros mensageiros para se encontrarem com eles porque eles estavam muito envergonhados. Davi mandou lhes dizer que ficassem na cidade de Jericó e que só voltassem quando as suas barbas tivessem crescido de novo”. 2Samuel 10.1-5.

De que maneira Davi demonstrar ter um coração terno e sensível nesta história: (1) para com o rei dos amonitas? (2) Para com o0s mensageiros que haviam sido humilhados?

Um rei de coração sensível

Como o Espírito Santo consegue transformar uma pessoa embrutecida em alguém sensível? No Antigo Testamento encontramos um homem duro e sensível ao mesmo tempo. A Bíblia destaca algumas de suas qualidades: corajoso, um dos maiores guerreiros de todos os tempos, alguém disposto a correr riscos. Seu nome era Davi, um rei para quem as dificuldades da vida não eram novidades. Foi o caçula de muitos irmãos. Por vários anos encabeçou a lista de desafetos do rei Saul. Muitos reis de outras nações quiseram matá-lo. Mais tarde, seu próprio filho tentou assassiná-lo e iniciou uma guerra civil para derrubá-lo do trono. Davi sabia o quanto a vida pode ser dura. Ainda assim, manteve o coração terno e sensível num mundo hostil.

Você acha que em coração delicado e sensível é sinal de fraqueza?

Como ser delicado

O objetivo do Espírito Santo é fazer de cada discípulo de Cristo uma pessoa sensível, delicada. O primeiro passo é nos ensinar a sentir empatia. Pessoas insensíveis reagem por reflexo ao ver alguém sofrendo. Pensam: “O problema não é meu. Ainda bem que não foi comigo. Espero que ela consiga dar a volta por cima. O tempo cura todas as feridas”. Não têm empatia. São incapazes de se colocar no lugar do outro. A infelicidade alheia não os atinge.

Em que situações Deus já o colocou para lhe amolecer o coração, diante de sofrimentos e necessidades de outras pessoas?

Davi sabia que nada pode substitui a participação ativa diante do sofrimento do outro. Ele poderia simplesmente ignorar a notícia de que seus mensageiros tinham sido humilhados em público. Afinal, era muito ocupado, tinha que reinar sobre uma nação inteira. Mas sabia que determinadas situações pedem um envolvimento pessoal, de forma que estendeu a mão para aqueles homens e cuidou deles. Não ficou apenas enternecido, mas experimentou a mesma dor e vergonha deles. 

Descreva uma situação em que você tomou conhecimento da dor e luta que uma pessoa estava passando. Como você se sentiu? O que você fez? 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Tecnologia Salmo 8:3-9.

Terça-feira O Jogo 2Tessalonicenses 3:10-13

Quarta-feira A Magia Deuteronômio 18:9-14

Quinta-feira A filantropia Lucas 12:13-21

Sexta-feira Meios de graça 2Timóteo 4:16-18

Sábado Começo de conversa Gênesis 1:26-31

Crônica para reflexão

AINDA O TEMA DA DELICADEZA

Rachel Stivelman

No dia 7 de julho de 2000, o querido poeta Affonso Romano de Sant'Anna publicou um artigo com o título ''Tempo de delicadeza''. Peço permissão para citar alguns trechos e tecer a partir deles alguns comentários. Ele começa dizendo: 

''Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras. Sei que viver está ficando dificultoso. Mas talvez por isto mesmo, ou talvez devido a este maio azulzinho, a este outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente, nesta crônica, varando os tiroteios, os seqüestros, as palavras ásperas e os gestos grosseiros nas esquinas da televisão e do cinema com a vida''. 

O outono penetrando na alma do poeta permite, por contraste, que ele veja e lamente com mais delicadeza a violência, a agressividade, a dureza dos nossos dias de hoje. Passou de moda, é inútil, é defasado ser delicado hoje. O poeta conclama um retorno à delicadeza, propõe poeticamente um manifesto a seu favor. Menciona a urgência de revertermos este quadro e invoca a delicadeza de São Francisco, ou a de Gandhi, um tanto quanto rija, ou ainda a de Che Guevara que andou dizendo: ''Endurecer, sem jamais perder a ternura''. Onde anda a ternura nos relacionamentos modernos? Onde os profissionais da delicadeza, como o autor se refere e exemplifica com o doce e sedutor Vinicius de Moraes; que se auto denominava um meigo energúmeno. É seu este verso lindo, do poema ''Elogio ao primeiro amigo'': ''Não sou bom, nem mau, sou delicado''. 

Como bem lembra Sant'Anna, há povos tradicionalmente delicados, como os ingleses, por exemplo, tão bem retratados nos filmes que têm lugar no século passado. São suas palavras textuais: ''Os ingleses têm uma maneira tão suave, tão fina de serem cruéis que parece um privilégio sofrer nas mãos deles''. Os exemplos de delicadeza que ele almeja e que muitos, como eu, endossam de imediato, como a delicadeza que ele classifica de pueril de algumas áreas do divino Mozart; a delicadeza luminosa dos quadros de um Vermeer; ou a delicadeza comovente dos adágios - fazem tanto bem à alma. Agressividade gera agressividade; uma ação violenta seguramente pode provocar uma reação de igual violência. Os homens se atacam mutuamente no seu relacionamento cotidiano, as forças policiais atacam os rebeldes, os governos são violentos com os desvalidos, as autoridades permitem, por exemplo, que a situação da saúde no Rio de Janeiro atinja a calamidade que presenciamos. Eis aí alguns exemplos de ausência total de delicadeza. 

Terminando esta preciosa crônica, Sant'Anna menciona o fato de que existe uma relação entre delicadeza e lentidão, da qual ele chega a fazer uma apologia, lembrando a historiadora Denise Bernuzzi de Sant'Anna que publicamente fez o elogio da lentidão e denunciou a ferocidade da cultura da velocidade. 

Há de concordar plenamente com a afirmativa de que estamos quase todos esquecendo de viver com plenitude porque a pressa de viver tomou conta de muita gente. Nesta pressa angustiante, não se chega a lugar nenhum. A vida merece ser saboreada e um dos seus melhores temperos é ainda, e sempre, a delicadeza. Voltemos, pois, a sermos um pouco mais delicados! Vai valer a pena!

Fonte
Rachel Stivelman, Ainda o tema da delicadeza, Jornal do Brasil, 17/12/2005. 

Para a oitava semana depois da Páscoa

A BONDADE

Ou o desafio de ser generoso e benigno

Um homem caído à beira do caminho

Um homem viajava de Jerusalém para Jericó. No caminho foi assaltado por bandidos que além de roubarem todos seus pertences, o maltrataram, abandonando-o ferido, quase à morte. Na história, contada por Jesus, as pessoas não são identificadas pelos seus nomes, mas caracterizadas por suas funções e ações. O homem assaltado é um anônimo: talvez um viajante. 

É alguém desprotegido, no momento sem amigos, sem dinheiro. Sozinho no mundo, como milhões de outros por aí. Lá está ele: jogado à beira da estrada, caído na sarjeta. 

Entram em cena, então, aqueles que tinham a solução do problema nas mãos: um sacerdote e um levita. Diz a palavra de Deus: "Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho". 

Mas, será que o sacerdote parou para ajudá-lo? Não! A Bíblia fala que o sacerdote passou de lado, ou seja, tentou ignorar aquela situação. Não quis se envolver, nem se incomodou com o pobre miserável. 

Quem sabe o sacerdote havia trabalhado todo fim de semana. Estava cansado. Queria repousar e ficar me paz. E afinal de contas o que tinha acontecido com aquele estranho não era da sua conta. 

A história continua: Também um levita passou por ali, e vendo-o também passou de largo. 

O sacerdote nem sequer olhou para o ferido viajante. O levita, quem sabe, preocupado, pensou que poderia ser um parente ou um amigo. Deteve-se por um instante, olhou, e como não o reconhecesse, seguiu seu caminho. 

E lá estava o coitado no chão, quase a morrer. Será que ninguém se preocuparia com ele? Será que ninguém se importava? Não havia uma alma bondosa por ali?

Neste momento apareceu um inimigo, ou seja, um samaritano, um estrangeiro. Ora, durante os últimos 800 anos os judeus não se davam com os samaritanos, porque em 722, os reis da Assíria tomaram Samaria e substituíram seus habitantes por babilônios e sírios, que trouxeram suas tradições e crenças religiosas diferentes daquelas dos judeus. 

Para os judeus, os samaritanos eram inimigos. Eram considerados como cães. 

Mas, lá estava o coitado no chão. Sentiu que alguém parou, desceu da montaria e se aproximou dele. Quem seria? Oh, impossível! Era um samaritano! 

E o bondoso samaritano teve pena dele. Fez curativos em seus machucados, aplicou azeite e vinho. Colocou-o em cima do seu próprio animal e o levou para uma hospedaria. No dia seguinte, pagou ao dono da hospedaria pela estada do homem e disse: cuida dele e, se você gastar mais, eu pago quando voltar. 

Ao Jesus terminar a história Jesus perguntou: "quem foi o próximo do homem assaltado? E o intérprete da lei respondeu: "aquele que foi bondoso com ele". E ele estava correto. [Leitura livre a partir de Lucas 10.25-35].

Você já viveu alguma experiência em que teve a oportunidade de crer fazendo? Como você explica esta idéia do apóstolo Tiago: “A religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições". Tiago 1.27 

Quando Jesus terminou de contar a história do bom samaritano, disse para o doutor da lei: "Vá e faça a mesma coisa". O que ele quis dizer com isso?

Se você fosse um dos integrantes da história do bom samaritano, quem seria você? O sacerdote, o levita ou o bom samaritano?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira A queda e o esconderijo Gênesis 3:6-24.

Terça-feira Pergunta para cada um Gênesis 4:2-12

Quarta-feira Ações falam mais alto Gênesis 7:1-5

Quinta-feira Sobreviver ao temporal Gênesis 9:8-17

Sexta-feira Nome famoso Gênesis 11:1-9

Sábado Conversa e promessa Gênesis 12:1-8

Crônica para reflexão

AS FRONTEIRAS DA TÉCNICA

Gustavo Corção

[trecho]

(...) Aconteceu quando ainda estavam em trajeto os engenheiros e auxiliares da comissão, descendo o Paraná numa barcaça de rodas chamada Rio Brilhante. Certa tarde, após quatro ou cinco dias de viagem, na véspera de chegar a Guaíra, ou Sete Quedas, o vaporzinho entrou numa enseada natural e veio encostar na floresta. Estávamos na estação das grandes águas. Era o rio engrossado que invadia a mata, mas a nós nos parecia que eram os troncos, as árvores, empurradas umas pelas outras, como se houvera um grande motim na floresta, que se precipitavam no rio.

— Que coisa! dizia eu maravilhado.

— Safa! murmurava a meu lado um lacônico companheiro que tirara o cachimbo da boca e considerava aquele transbordamento vegetal que nunca imagináramos.

Desembarcamos. O vapor precisava de umas reparações nas caldeiras. Tínhamos três horas de terra, que podíamos aproveitar para uma excursão nas cercanias. Munidos de bússola e podômetro, armados de faca e revólver, um colega e eu entramos no mato seguindo um fio d'água que vinha trazer seu modesto tributo de vassalo ao Paraná.

Ao cabo de alguns minutos de marcha perdemos de vista o prateado do rio, o fio d'água, o céu, o chão, sim, a terra do chão, e nos achamos dentro do mundo exclusivamente vegetal, cercados de folhas úmidas, de liames, espinhos, cipós e troncos, como se todo o universo estivesse ali a emergir do nada na sua primeira tumultuosa e desordenada afirmação de existência. A própria terra desaparecera debaixo de um colchão espesso de folhas secas, troncos caídos, detritos, tudo úmido, fofo, a exalar o acre cheiro da morte vegetal.

Abrindo caminho a facão, avançamos palmo a palmo, penetrando na polpa verde-escura. Éramos talvez os primeiros homens, talvez mesmo os primeiros animais de porte, a desbravar a carapinha intonsurada daquele capoeirão. Adiante encontramos novamente o fio d'água que andara sumido entre as raízes trançadas e o sedimento espesso de folhas mortas; e foi aí que apareceram as borboletas azuis. Foi uma festa. Elas vinham às dúzias, e esvoaçando em torno de nós traziam àquele sombrio buraco vegetal outra cor, reflexos de uma vida mais autônoma e mais leve. Traziam-nos também um pouco de nossa infância. “Ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida”... recitava o meu companheiro. Logo porém se alteraram nossos sentimentos quando a nuvem de reflexos azuis se avolumou. Já não era poesia, era praga. Tudo ali naquele mundo espesso tinha de ser desmedido e brutal. Andávamos agora a sacudir os braços e a cabeça, soprando e bufando, para que elas não nos entrassem nos olhos, no nariz e na barba. Num certo momento contei mais de trinta no chapéu do colega, sem falar nas outras ainda mais numerosas que lhe marchetavam de azul elétrico a camisa, as calças e as botas. Lembrando-me as bandejas e abajures que a praça Mauá oferece aos turistas, deu-me um ataque de riso. O colega, voltando-se, achou em mim o mesmo espetáculo: e ficamos os dois a rir naquele buraco verde que de certo ouvia pela primeira vez um riso de gente.

Foi nesse momento que o meu colega fez um sinal, e chamou-me a atenção para um som esquisito que vinha do nordeste. Não, eram dois sons. Um ritmado, “batendo o segundo” como dissemos em termos astronômicos; e outro escorrido, monótono e plangente. Dobramos à esquerda abrindo caminho entre cipós e espinhos. A floresta tornava-se mais rala, já deixando entrever uma nesga de céu. Os dois ruídos cresciam: o ritmado mantinha o seu sincronismo com as pêndulas siderais; o outro, mais agudo, persistia na sua coleante monotonia, fio de som como o fio d'água que ficara para trás, cantilena agridoce...

De repente achamo-nos numa clareira presidida por um enorme jequitibá, e ali tivemos a explicação do esquisito dueto: era um homem de cócoras que cavava, uma mulher em pé que gemia, e junto dela, no chão, imóvel entre revoadas de borboletas azuis, um corpinho escuro, magro, torcido e coberto de nódoas vermelhas, como uma raiz que tivessem retirado ainda em brasa da fogueira. O homem olhava para nós com ódio e pavor. A mulher, suspendendo a cantilena e esquecendo a criança morta, fixava-nos com os olhos vazios. Foi o colega que falou primeiro:

— Então? O que é que há?

Prorrompeu em gritos a mulher enquanto o homem, sem largar a faca, olhava para a direita e para a esquerda com desespero sombrio. Aproximamo-nos com gestos cordiais; e gastamos longos minutos até que eles vertessem em língua de gente o pavor que traziam. A criança estava realmente morta; era um menino; teria quando muito ano e meio. Alargamos o buraco com nossas facas e ajudamos o homem a plantar aquela raiz escura e torcida que voltava ao húmus depois de uma breve e malograda excursão pela clara pátria dos vivos.

Meu colega, com seu extraordinário canivete de doze lâminas, pôs-se a cortar e a lavrar duas varas brancas de piquiá-marfim, enquanto o desconhecido nos contava a sua história acompanhada pelo gemido manso da mulher. O menino morrera de mosquito. Fora devorado, intoxicado pelos milhões de mosquitos que à noite engrossam o ar daquelas regiões alagadas. Chorara a noite toda. De manhã ainda estava com vida, mas na hora do sol alto parara de chorar. Eles vinham de longe, dos ervais. Tinham “caído no mato.” Iam procurar trabalho em outras terras... Nós levamos tempo a entender a história. O sertanejo começa as histórias pelo meio, mencionando nomes e fatos que ele imagina universalmente conhecidos.

Conseguimos afinal pegar o fio da narração que só mais tarde, quando chegarmos aos ervais, se tornará perfeitamente clara para nós. Sim, dentro de poucas semanas saberemos que os trabalhadores da empresa ganham um salário calculado pela metade do que estritamente precisam para comer. A outra metade será concedida generosamente a título de empréstimo. Como porém os homens não podem ordinariamente comer dia sim dia não, acontece o que os técnicos da empresa calcularam com rigor matemático: a dívida dos trabalhadores crescerá infalivelmente na proporção do trabalho. Quanto mais trabalharem mais escravos serão. E só têm uma possibilidade de libertação: a noite, a espessura da floresta, e a coragem de enfrentar os capitães-de-mato que lhes saem ao encalço com espingardas, e que não vacilam em prostrar o rebelde devedor em nome da ordem e da justiça.

Nós vimos de perto esses escravos. Entram no mato para extrair a folha, e deixam o trapo de camisa pendurado num galho. Quando perguntamos a razão desse costume, um deles nos respondeu simplesmente:

— A pele costura sozinha.

Saem do mato sangrando. Esgalham então a planta, separam as folhas, e fazem fardos de sessenta quilos que carregam nas costas, ao fim do dia, até o armazém, três, quatro léguas, num passo miúdo e igual que procura imitar o das mulas. Experimentamos o peso e a marcha por uma centena de metros de chão mole, escorregadio e espinhoso: por mim posso garantir que não era cômodo. Experimentamos também o locro, pratarraz de milho bichado com rodelas de uma gordura equívoca: posso também asseverar que não é agradável. Mas eles agüentam anos. Creio que a força deles vem da sanfona e do bate-pé-noturno, e das morenas cunhãs que aparecem com flor no cabelo e charutinho num canto da boca enquanto o outro fica livre para cuspinhar com faceirice desdenhosa... De tempos em tempos foge um. Às vezes com mulher. Às vezes com criança.

Quando o homem terminou sua história o meu colega terminava também o encaixe das duas varas de piquiá-marfim. Um cipó prendeu os dois braços da cruz, na falta de prego. O cipó escuro, torcido, onde só faltavam as brasas de sangue, lembrava o corpo magro do defuntinho. E então, enquanto o meu amigo fincava o pau no chão, eu baixei a cabeça, com vergonha de encarar aquele casal humano.

À noite, deitados no tombadilho da barca, com um céu exageradamente estrelado proposto aos nossos olhos astronômicos, o meu colega e eu fumávamos em silêncio. O navio deslizava devagar dentro da noite. O jequitibá, comido pelo negrume, absorvido pela demagogia da floresta, ficara para trás, perdido, insignificante. Ainda mais perdida e insignificante era a vara de piquiá-marfim cortada em duas pelo canivete de doze lâminas que meu amigo possui com mal disfarçado garbo.

— Horrível! disse ele então, laconicamente.

Não respondi. Diante de mim estava o Centauro e o Cruzeiro do Sul. Muitas vezes, no sertão, deitado ao relento e sem poder dormir, eu revia a rua Haddock Lobo, onde deixara minha mãe a chorar, e onde minha irmã, no último quarto de hora de despedida, tocara um prelúdio de Chopin. Certas noites, não sabia como, abria-se um clarão no céu escuro e eu via, num recreio ensolarado de colégio, um vestido claro de menina correndo ao meu encontro. Ou então, outras vezes, sem cenário, isolado como uma belíssima borboleta branca, mansa e única, ficava o vestido claro a me acenar do céu.

Mas naquela noite eu não via em alfa e beta do Centauro as lágrimas de minha mãe, nem via as notas de Chopin nos luzeiros do céu. O vestido claro também não veio dançar no limiar de meu sonho, porque o defuntinho escuro era uma nuvem que enchia o céu e tapava o brilho das constelações. Ora, foi nesse momento que eu contraí a dívida, a primeira de que trata este capítulo. Lembram-me bem os detalhes, quase as palavras:

— Ah! se eu soubesse escrever, se eu tivesse um jornal... contaria tudo! Você já pensou numa coisa? Os acionistas por estas horas estão acabando de jantar. Vão ao teatro. Ou visitam-se e conversam sobre automóvel e política. As filhas dos acionistas estão dormindo. Amanhã cedo serão levadas por babás de touca e uniforme ao colégio de freiras. E as bondosas professoras das filhas dos acionistas ensinarão que em treze de maio de mil oitocentos e oitenta e oito foi abolida a escravidão.

Fonte
Gustavo Corção, As fronteiras da técnica, Rio de Janeiro, Livraria Agir Editora, 1963, pp. 35-41.

Para a nona semana depois da Páscoa

A FIDELIDADE

Ou o desafio de ser leal e zeloso

“Cumpra a sua missão com fidelidade, para que ninguém possa culpá-lo de nada, e continue assim até o dia em que o nosso Senhor Jesus Cristo aparecer”. 1Timóteo 6.14. 

O que é fidelidade?

Fidelidade significa: permanecer agarrado a um compromisso, mesmo depois que passar a euforia. Manter a palavra, apesar das complicações. Cumprir a promessa, ainda que isso custe mais do que se imaginava. Continuar dizendo não à tentação de aproveitar a oportunidade para cair fora. Persistir na busca de solução dos problemas de um relacionamento, em vez de descartá-lo como uma latinha de guaraná. Insistir num projeto, conduzindo-o da melhor forma possível até o fim. Recusar-se a pular do navio mesmo quando as adversidades já estiverem invadindo o convés do casamento, do relacionamento com os filhos, do ministério ou da relação com outras pessoas. Manter-se firme no relacionamento com Jesus, não importando o quanto isso custe.

Pense um pouco e converse com o grupo sobre o que você entende, na prática, por fidelidade.

Em Apocalipse 2.10 somos desafiados a ser fiéis até a morte. Como você vive isso no seu dia-a-dia?

O primeiro passo no processo que vai fazer de você uma pessoa fiel é dado pelo Espírito Santo, que vai convencer você da fidelidade infalível de Deus para com você. “Tu és Fiel” é um hino que celebra a fidelidade imutável de Deus. “Dia após dia/ com bênçãos sem fim”e, no final, “Tu és fiel/ fiel a mim”. 

Vamos juntos, a capela, cantar agora “Tu és fiel”. Depois, dar um pequeno testemunho da fidelidade de Deus na vida de cada um dos membros do grupo. 

Todos nós já assistimos a um casamento. A noiva e o noivo, diante de Deus, prometem publicamente ser fiéis um ao outro. Dão a sua palavra perante o céu e a terra. Mas o tempo passa e, em muitos casos, o vento leva a palavra empenhada. Mas Deus espera que a fidelidade permaneça, tanto nas grandes, como nas pequenas coisas. Como discípulos de Cristo nossas atitudes devem ser coerentes com as nossas palavras.

Para o grupo discutir: como a falta de fidelidade pode ter um impacto negativo nas diferentes áreas da nossa vida?

Em que área ou situação você precisa aprofundar sua fidelidade?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira O medo toma conta Gênesis 12:10-13

Terça-feira Deus em ação Gênesis 12:10-20

Quarta-feira Separar pela paz Gênesis 13

Quinta-feira Mais uma vez Gênesis 15

Sexta-feira Um jeito melhor Gênesis 16

Sábado Novos nomes Gênesis 17:1-22

Poema para reflexão

CANÇÃO NA PLENITUDE
Lya Luft


Não tenho mais os olhos de menina

nem corpo adolescente, e a pele

translúcida há muito se manchou.

Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura

agrandada pelos anos e o peso dos fardos

bons ou ruins.

(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo

o que perdi: dou-te os meus ganhos.

A maturidade que consegue rir

quando em outros tempos choraria,

busca te agradar

quando antigamente quereria

apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza

e juventude agora: esses dourados anos

me ensinaram a amar melhor, com mais paciência

e não menos ardor, a entender-te

se precisas, a aguardar-te quando vais,

a dar-te regaço de amante e colo de amiga,

e sobretudo força — que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável

cujas marés — mesmo se fogem — retornam,

cujas correntes ocultas não levam destroços

mas o sonho interminável das sereias.

Fonte
Lya Luft, Secreta Mirada, Editora Mandarim, São Paulo, 1997, p. 151. 

Para a décima semana depois da Páscoa

A HUMILDADE

A virtude daquele que conhece suas limitações

Uzias tinha 16 anos quando seu pai foi assassinado e ele se tornou rei de Judá, no oitavo século antes de Cristo. A história de seu reinado, que é registrada em 2Crônicas 26, ensina uma lição poderosa sobre a importância da humildade. Uzias começou bem. Ele respeitava o Senhor e sua palavra, e Deus o abençoou abundantemente. O reino se expandiu e o rei fiel conseguiu dominar seus inimigos. Sua reputação se espalhou a outros países. Uzias se fortaleceu.

Então, tudo mudou. "Porém, quando se tornou assim poderoso, Uzias ficou cheio de orgulho, e essa foi a sua desgraça. Ele pecou contra o Senhor, seu Deus, pois entrou no Templo para queimar incenso no altar do incenso" (2Crônicas 26.16). Uzias era um homem escolhido por Deus para conduzir seu povo. Durante muitos anos, Uzias serviu o Senhor com humildade. Porém não estava autorizado a entrar no templo para queimar incenso. Esse papel estava reservado para outros homens escolhidos por Deus, os sacerdotes, que serviam no templo. Uzias, não estando mais contente com o desempenho do papel que Deus lhe havia dado, tentou assumir uma função extra e foi repreendido por seu erro.

A humildade é fundamental para nossa comunhão com Deus

Quando Jesus pregou o sermão onde definiu o caráter do verdadeiro discípulo, suas palavras iniciais foram diretas ao coração: "Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido" (Mateus 5.3). Ele continuou a pregar, mas muitos ouvintes permaneceram surdos, porque não entenderam o ponto de partida: a humildade. Hoje, ainda, a mensagem do Evangelho cai em ouvidos surdos de homens e mulheres arrogantes que não querem reconhecer a posição de Jesus como Senhor.

Mas Jesus não reduziu os padrões. Ele não abriu uma porta extra para entrarem os arrogantes ou os quase humildes. Ele manteve intacto o requisito fundamental, porque reflete a exigência eterna de Deus. Deus não aceita pessoas orgulhosas, que pensam fazer as coisas a seu próprio modo. Deus aceita os humildes. Uma geração depois de Uzias, o profeta Miquéias citou as palavras de Deus: "O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus" (Miquéias 6.8). As Escrituras deixam claro que não há outra maneira de caminhar com Deus. Ou andamos humildemente com nosso Deus, ou não andamos com ele!

Quem é arrogante e egoísta quer ser servido, mas não quer servir. Sem humildade não seremos discípulos. Os orgulhosos querem ser chefes e cobiçam posições e influência. Este foi o problema que Arão e Miriã tiveram em Números 12, e o mesmo pecado que custou as vidas de quase 15.000 pessoas, em Números 16.

Qual é o seu problema com a humildade? 

Sem humildade não buscaremos realmente a verdade. O homem orgulhoso pensa que já conhece as respostas, e não quer depender de quem quer que seja, nem mesmo do próprio Deus. A arrogância também impede nosso entendimento da verdade. Se não queremos admitir a necessidade de mudança, ou não queremos aceitar o fato que alguma outra pessoa sabe mais do que nós, nosso orgulho será um bloqueio fatal para o estudo eficaz da Bíblia.

Você gosta de estudar a Bíblia em grupo? Qual a importância da Escola Bíblica Dominical para você?

Sem humildade não reconheceremos nossos próprios defeitos. Somos até capazes de enganar nossos próprios corações para não vermos nosso próprio pecado. Saul fez isto quando defendeu sua desobediência na batalha contra os amalequitas. Ele argumentou que tinha obedecido o Senhor e que o povo tinha errado (Leia 1Samuel 15.20-21). Deus não aceitou esta desculpa esfarrapada, e não aceita a nossa.

* Você tem sido humilde para reconhecer diante de Deus os seus defeitos?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Para Deus tudo é possível Gênesis 18:1-15

Terça-feira Negociando com Deus Gênesis 18:16-33

Quarta-feira Emergência, urgência Gênesis 19:1-29

Quinta-feira Deus traz o riso Gênesis 21:1-7

Sexta-feira Deus proverá Gênesis 22:1-19

Sábado A oração de um servo Gênesis 24:1-16

Crônica para reflexão

A COMPLICADA ARTE DE VER
Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Fonte
Rubem Alves, A complicada arte de ver, Sinapse, Folha de S. Paulo, versão on line publicada em 26/10/2004.

Para a décima-primeira semana depois da Páscoa

O DOMÍNIO PRÓPRIO

Ou a qualidade daquele que sabe se controlar e manter o equilíbrio 

Como vimos neste trimestre, na carta aos Gálatas 5.22-23, Paulo nos fala do fruto do Espírito Santo, que deve ser desenvolvido em nossas vidas: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio.

Há uma luta entre a natureza humana e o Espírito Santo em nossas vidas. E o objetivo dessa luta, por parte da natureza humana, é nos afastar do fruto do Espírito. Por isso, o fruto inteiro é fundamental para uma vida abundante, porém, nesta última lição, destacaremos o domínio próprio.

Atualmente, a grande maioria das pessoas age por impulso, não pensa sobre decisões e sobre conseqüências. As pessoas agem impulsivamente. Políticos destroem carreiras por decisões impulsivas. Casamentos são desfeitos por decisões impensadas. Artistas ficam em situações difíceis por atos públicos impensados. Por isso, o apóstolo Paulo nos fala do exercício do domínio próprio como forma de atingirmos o que desejamos do jeito que Deus quer.

Como obter domínio próprio

Há obstáculos para o exercício do domínio próprio. Um temperamento descontrolado é fator que dificulta o exercício do domínio próprio, contudo não deve ser uma desculpa. É que o temperamento pode e deve ser controlado pelo Espírito Santo. O apóstolo João, que tinha o apelido de filho do trovão, porque era estourado, e pediu a Jesus que derramasse fogo do céu quando o povo não quis ouvi-lo, teve seu temperamento controlado pelo Espírito Santo, e foi transformado no apóstolo do amor.

E a falta de comunhão com Deus também facilita a irritabilidade e a perda de controle. 

Mas como desenvolver o domínio próprio? Lembre-se que é fruto do Espírito Santo: é o resultado de uma vida colocada nas mãos dele. Logo, o primeiro passo para se obter o domínio próprio é ter uma real experiência de vida com Jesus. O segundo passo é permitir que a palavra de Deus guie nossa vida. E o terceiro passo é buscar uma vida de oração diante de Deus.

Agora, converse com o grupo:

Você sofre desse mal? Em que áreas da sua vida você necessita de mais auto-controle: na área financeira, na área afetiva, nos relacionamentos? 

Depois de todos falarem, o grupo deve orar e pedir a Deus que o seu Espírito Santo faça frutificar na vida de cada um o domínio próprio.

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Na balança Gênesis 25:19-34

Terça-feira As palavras de um pai Gênesis 27:1-29

Quarta-feira Conversa consigo mesmo Gênesis 27:41-45

Quinta-feira Misericórdias de viagem Gênesis 28:10-22

Sexta-feira A viagem de volta Gênesis 32:1-12

Sábado Lutando com Deus Gênesis 32:22-32

Crônica para reflexão

O VÔO DA ÁGUIA
Affonso Romano de Sant'Anna

(Trecho)

Já que estamos nesse clima de recomeçar, com a alma limpa para novas coisas, vou iniciar transcrevendo algo que recebi. Havia pensado em outra crônica, coisa tipo "propostas para um novo milênio", como o fez Ítalo Calvino. Mas às vezes um texto parabólico, elíptico, pode nos dizer mais que outros pretensamente objetivos. Ei-lo:

"A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.

Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.

A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos."

Esse texto foi mandado como um cartão de fim de ano pela Rose Saldiva, da Saldiva Propaganda. Tem mais um parágrafo explicitando, comentando essa parábola e o título geral é "Renovação".

Achei que você ia gostar de tomar conhecimento disto, sobretudo quando janeiro nos inunda com sua luz. Este texto vale mais que mil ilustrações. (...)

A abertura é seca e forte. Não há uma palavra sobrando. Parece as batidas do destino na Quinta Sinfonia de Beethoven. Releiam. "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.” Já li em algum lugar que Jung dizia que, em torno dos 40, alguma coisa subterrânea começa a ocorrer com a gente e os seres humanos sentem que estão no auge de sua força criativa. É quando podem (ou não) entrar em contato com forças profundas de sua personalidade.

Já ouvi de especialistas em administração de empresas que tem uma hora em que elas começam a crescer e seus dirigentes têm que tomar uma decisão — ou fazem com que cresçam de vez assumindo mais pesados desafios ou, então, fecham, porque ficar estagnado é apenas adiar a morte.

Já mencionei em outras crônicas o personagem Jean Barois (de Roger Martin du Gard) que fez um testamento aos 40 anos, quando achava que estava no auge de sua potência intelectual, temendo que na velhice, carcomido e alquebrado, fizesse outro testamento que negasse tudo aquilo em que acreditava quando jovem. Com efeito, envelhecendo, fez realmente outro testamento que desautorizava e desmentia o anterior. É que sua perspectiva na trajetória da vida mudara, como muda a de um viajante ou a do observador de um fenômeno.

O ano está começando. Mais grave ainda: um século está se iniciando. Gravíssimo: mais que um ano, mais que um século, um novo milênio está se inaugurando. Três vezes Sísifo: o ano, o século, o milênio.

Sísifo — aquele que foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que quando estivesse quase chegando no topo — cataprum!... a pedra despencaria e ele teria que empurrá-la, de novo, lá para o alto.

Pois bem: "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade suas unhas estão compridas. Não conseguem mais agarrar as presas das quais alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.” 

Nossa sociedade pensou ter inventado uma maneira de resolver, nos seres humanos, o drama da águia: a cirurgia plástica. Silicone aqui e acolá, repuxar a pele acolá e aqui, pintar e implantar cabelos. Isto feito, a águia sai flanando pelos salões, praias, telas, ruas, escritórios e passarelas.

Mas aquela outra águia prefere uma solução que veio de dentro. Talvez mais dolorosa. Recolher-se a um paredão, destruir o velho e inútil bico, esperar que outro surja e com ele arrancar as penas, num rito de reiniciação de 150 dias.

Então a águia, digamos, acabou de descasar. (Tem que redimensionar seu corpo e seus desejos, desmontar casa e sentimentos, realocar objetos e sensações, reassumir filhos.)

Então a águia, digamos, acabou de perder o emprego. (Tem que descobrir outro trajeto diário, outras aptidões, enfrentar a humilhação.)

Então, a águia, digamos, acabou de mudar de país.

(A crise ou o amor levou-a a outras paragens, tem que reaprender a linguagem de tudo e reinventar sua imagem em outro espelho.)

Então, a águia, digamos, acabou de perder alguém querido. (É como se uma parte do corpo lhe tivessem sido arrancada, sente que não poderá mais voar como antes, que o azul lhe é inútil.)

Então, a águia, digamos, está numa nova situação em que está sendo desafiada a mostrar sua competência. (Tem medo do fracasso, acha que não terá garras nem asas para voar mais alto.)

Então, a águia, digamos, andou olhando sua pele, sua resistência física, certos achaques de velhice. Pois bem. Há que jogar fora o bico velho, arrancar as velhas penas, e recomeçar. (...)

Fonte: 
Affonso Romano de Sant'Anna, O vôo da águia, O Globo, 2o. Caderno, 03/01/2001, p. 8. 

jeudi 17 avril 2014

Calvino e o capitalismo -- visões

Calvin et le capitalisme


Dans quelle mesure Jean Calvin a-t-il contribué à l’essor du capitalisme? Pour le sociologue Max Weber, il ne faisait aucun doute que le calvinisme et sa théorie de la prédestination ont été un facteur clé dans l’essor du capitalisme, les fidèles voyant dans la réussite de leur activité professionnelle une confirmation de leur statut d’élus. Cette théorie a été battue en brèche, notamment par l’historien français Fernand Braudel.

La liberté et l’argent : calvinisme et économie

LA LIBERTÉ ET L’ARGENT:

Calvinisme et économie

Michel JOHNER*

Etablir un lien entre la liberté et l’économie, ou la liberté et l’argent, est une idée qui peut surprendre dans un carrefour de théologie. Le christianisme, et en particulier le protestantisme (avec sa doctrine de la justification par la foi seule), n’a-t-il pas développé une théologie du salut qui dénie toute relation entre le bonheur et l’argent, en situant le fondement de la liberté dans un au-delà (ou un en deçà) qui rend insignifiante ou, en tous les cas, très secondaire la question de l’argent ou de la fortune?

Il serait facile de proposer ici une sorte d’«anticonférence» qui mette en valeur toutes les paroles bibliques critiques sur l’argent: soit qu’elles fassent l’éloge apparent de la pauvreté ou du dépouillement1 ou, plus profondément, appellent à une forme d’indifférence par rapport à la question de la richesse et de la pauvreté2.

Mon propos ne sera donc pas de parler du rapport entre l’argent et la liberté, mais plutôt, à l’inverse, de celui de la liberté et de l’argent, en posant la question suivante: en aval de la justification par la foi, comment se manifeste la liberté chrétienne dans le rapport du croyant à l’argent, et pas en premier lieu dans le domaine de l’éthique individuelle (qui a déjà fait l’objet d’exposés, ici même3), mais dans celui de l’éthique sociale? Quelles sont les retombées de la profession de foi chrétienne dans le domaine économique?

Jean Calvin est souvent présenté comme étant le père du capitalisme, à la suite de la thèse célèbre de Max Weber4. La plupart des économistes, historiens et théologiens contestent aujourd’hui la pertinence de cette thèse, mais reconnaissent que Calvin a bien été le premier théologien à apporter la caution morale de l’Église à la pratique du prêt à intérêt, donnant ainsi au capitalisme une sorte de «bénédiction baptismale» qui a fortement contribué à son développement, notamment dans les pays protestants aux XVIIe et XVIIIe siècles. Sans être l’inspirateur du capitalisme, il est certain que le calvinisme a eu pour effet psychologique et spirituel de débarrasser le commerce et le rapport à l’argent de plusieurs des inhibitions qui les paralysaient dans la morale antérieure5.
I. L’éthique du travail dans le protestantisme

Protestantisme et prospérité économique

Il existe effectivement une certaine concomitance, dans l’histoire de l’Europe moderne, entre le protestantisme et la prospérité économique. Aux XVIIe et XVIIIe siècles, en particulier, la carte des développements économiques de l’Europe épouse assez nettement les frontières des pays d’obédience protestante6.

Ce constat est unanime, autant de la part des partisans de la Réforme que de ses adversaires. Comme le fait remarquer A. Biéler: alors que les partisans de la Réforme vantent le goût du travail des puritains, qui aurait mis les peuples protestants en tête des nations industrielles, ses adversaires, comme le catholique Robert Beauvois, voient dans l’ardeur laborieuse des protestants et leur âpreté au gain l’origine du matérialisme ravageur qui aurait détruit le monde moderne7.

Où les opinions divergent, c’est dans l’analyse des raisons de cette prospérité. Tout a été dit à ce sujet, parfois par des auteurs aux partis pris très antiprotestants, ou par des auteurs plus nuancés, comme E. Todd, qui pensent que le dynamisme économique des protestants serait un accident imputable à des causes indirectes, comme le développement de l’alphabétisation de masse et de l’éducation, dont le protestantisme aurait profité à son insu. Selon lui, ce n’est qu’accidentellement que cette alphabétisation aurait eu, dans le protestantisme, des retombées économiques8.

Pour d’autres, comme A. Peyrefitte, ce dynamisme s’inscrirait dans la suite toute naturelle des développements économiques amorcés en Europe à partir du XIIIe siècle (à l’aube de la Renaissance). Et l’académicien de soutenir la thèse selon laquelle ce serait, en réalité, la Contre-Réforme qui aurait tenu les pays catholiques à l’écart de ce développement historique naturel. Le protestantisme ne serait pour rien dans sa prospérité9.

Ceci dit, il me semble essentiel, pour comprendre la prospérité économique des protestants, de pousser l’analyse en deçà des facteurs accidentels qui ont pu la favoriser ou l’accélérer, et de nous intéresser à la pensée religieuse spécifique au protestantisme.

L’ascétisme séculier ou «intramondain» des protestants

En effet, une des principales «révolutions culturelles» engendrées par le protestantisme concerne la théologie du travail et la dignité spirituelle des professions séculières, manuelles, artisanales, puis commerciales.

La particularité du protestantisme est d’avoir étendu à l’exercice des professions séculières la dignité spirituelle et religieuse qui, auparavant, dans la spiritualité catholique du Moyen Age, n’était reconnue qu’à la vocation des prêtres et des moines. Ce faisant, le protestantisme a atténué la distinction entre le religieux et le profane.

Les civilisations antiques, on le sait, n’ont pas eu beaucoup de considération pour le travail. Pour elles, travail rimait généralement avec servitude. Dès qu’elles l’ont pu, elles en ont fait la spécificité des esclaves10.

Dans la tradition biblique, en revanche, le travail a reçu, dès ses origines, une qualification positive. Avant qu’il ne soit altéré par la chute et ne devienne «labeur» (cf.Gn 1.28 et 3.17), il revêt une forme de dignité: le travail de l’homme s’inscrit dans le prolongement du travail que Dieu entreprend dans le monde pour l’entretien de ses créatures.

Mais en tradition chrétienne jusqu’à la fin du Moyen Age, le travail a été considéré comme une besogne temporelle un peu négligeable, n’ayant pas pour elle la dignité spirituelle reconnue aux exercices de piété et à la vie monastique. Le travail relève des contingences matérielles auxquelles il faut bien que certains hommes répondent, tant qu’ils ne peuvent pas s’en dispenser (le Tiers Etat). Le travail est rarement reconnu comme étant l’objet d’une vocation dont Dieu serait directement l’inspirateur et le bénéficiaire11.

C’est le protestantisme, Luther en tête, qui, parlant des professions séculières, utilise pour la première fois le terme «vocation» (Beruf en allemand, puis calling en anglais), avec tout son sens religieux. De ce point de vue, ce qui plaît à Dieu, plus que tout, ce n’est pas l’ascétisme des moines, mais l’exercice consciencieux de toutes les activités professionnelles dans la vie séculière12.

C’est ce que Weber a appelé l’«ascétisme séculier» des protestants (ou «ascétisme intramondain»). Avant la Réforme, dit-il, plus l’ascétisme s’emparait d’un individu, plus il l’expulsait de la vie courante et du monde du travail. Avec la Réforme, en revanche, ceci deviendra particulièrement évident dans le puritanisme, l’idéal ascétique est recherché à l’intérieur même de l’activité professionnelle13.

Certains auteurs parlent à ce propos de «désacralisation» du monde du travail, ou de «sécularisation», ou de «laïcisation», ou de «désenchantement du monde»14. Mais aucune de ces expressions ne nous semble adéquate. Car l’idée selon laquelle le travail séculier serait autonome part rapport à la religion est à l’opposé de ce que Luther a prêché! Le boulanger luthérien, lorsqu’il pétrit son pain, est au contraire habité par la conviction qu’il est ministre de Dieu dans son travail, et le glorifie au travers de son service autant que le prêtre. Donc, si le travail séculier reçoit une forme d’indépendance, dans la pensée protestante, c’est assurément une indépendance vis-à-vis de l’Église, à laquelle la dignité des professions n’est plus subordonnée, mais certainement pas une indépendance vis-à-vis de Dieu ou de la religion, tout au contraire!
Travail de Dieu et travail de l’homme

Calvin enrichira les thèses de Luther par l’affirmation que la dignité du travail de l’homme découle de son inscription dans le prolongement du travail de Dieu, qui est le premier et le plus grand travailleur. Au travers de son travail, l’homme est fait «collaborateur de Dieu», il est placé dans la position du gérant ou de l’intendant, appelé à mettre en œuvre et en valeur toutes les richesses de la création15. Par son travail, l’homme communie à l’activité créatrice et providentielle de Dieu (cf. Ps 8.4-8).

D’où, également, un lien essentiel, en morale calviniste, entre travail et sabbat. Il est regardé comme primordial que le travailleur se remette personnellement en condition devant Dieu, qu’il s’approprie lui-même dans la foi, et se réapproprie constamment les bénéfices de l’œuvre rédemptrice que Dieu a accomplie en sa faveur. Le travail, pour Calvin, n’est pas digne en soi, mais susceptible de le devenir, en se replaçant et en se maintenant dans la continuité du travail de Dieu, créateur et rédempteur16.

L’inégale dignité des professions séculières

S’il y a, chez tous les réformateurs protestants, réhabilitation de la dignité spirituelle des professions séculières, il y a divergence entre eux sur l’extension de cette réhabilitation. Dans la hiérarchie de la dignité des professions, Luther met en tête le travail des champs, puis vient le travail manuel, et ensuite le marchand qui vend ce qui est utile et nécessaire, mais il est difficile qu’un marchand soit «sans péchés», car il cherchera toujours à vendre sa marchandise «aussi cher qu’il le peut». Calvin met aussi à la première place les agriculteurs et les laboureurs «qui ont Dieu pour maître et docteur»17, mais étend ensuite cette reconnaissance aux professions commerciales et industrielles18.

D’où son intérêt direct pour la question du prêt à intérêt: pour cultiver son champ ou forger un outil, il n’est pas besoin de beaucoup de ressources ou d’avances. Mais il en faut davantage pour se livrer au commerce et à l’industrie. Comment se les procurer, sinon en les empruntant? D’où la seconde révolution opérée par le calvinisme dans l’économie politique: la doctrine du prêt à intérêt.

Providence et mobilité sociale

En 1Corinthiens 7, l’apôtre Paul exhorte chaque fidèle à demeurer «dans l’état où il se trouvait quand il a été appelé» (v. 20). Luther a fait de cette parole une interprétation assez littérale et conçu l’ordre social comme un ensemble d’états relativement immuables: chacun doit rester à la place où la Providence l’a mis. Pour Calvin, par contre, cette exhortation ne signifie pas qu’un fils de cordonnier ne puisse pas apprendre un autre métier, mais qu’il doit le faire uniquement s’il a de bonnes raisons (comme le bouvier Amos qui devint prophète ou le charpentier de Nazareth qui devint Messie)19. D’où une mobilité sociale plus évidente dans le calvinisme, vers les vocations meilleures et plus excellentes20.

Nouveau regard sur la fortune

Comme le dit A. Biéler, avant la Réforme, on était dans la logique d’une société hiérarchique et statique, dans laquelle les biens acquis, ceux dont on jouissait sans efforts, étaient considérés comme nobles et protégés, alors que les richesses nouvelles, créées avec effort (la richesse de la bourgeoisie) étaient facilement méprisées, voire spoliées21. Il est certain que, dans les pays protestants, cette échelle de valeurs a été renversée: les puritains, en particulier, dénonceront les dangers d’une «richesse thésaurisante» et le confort oisif qu’elle procure. Et ils valoriseront, par contraste, dans leur prédication, une dynamique d’enrichissements et de réinvestissements immédiats idéalement infinis22.

II. De la prohibition de l’usure à la légalisation du prêt à intérêt

Calvin, nous l’avons dit, a été le premier théologien chrétien à apporter la caution morale de l’Église à la pratique du prêt à intérêt. Sa hardiesse a été d’oser rompre avec une tradition judéo-chrétienne vieille de près de trois millénaires, qui soutenait unanimement la «prohibition de l’usure», autant les morales ecclésiastiques que politiques, même si elles ont toutes deux été capables de casuistiques assez subtiles, en particulier vis-à-vis des Juifs et des Lombards, pour obtenir d’eux les prêts financiers dont elles avaient besoin, ou par l’intermédiaire des «contrats de rentes foncières»23.

Par cette rupture, Calvin se démarque également des réformateurs protestants de la première génération, comme Luther et Zwingli, pour qui toutes les formes de prêts rémunérés restent proscrites et assimilées à l’usure, au sens négatif du terme24, à l’exception de Martin Bucer, qui partageait sur le sujet plusieurs des idées de Calvin25.
La prohibition de l’usure

Dans la morale chrétienne, la prohibition de l’usure était fondée sur quatre arguments principaux:

a.L’enseignement biblique. Alors que le prêt à intérêt était largement répandu dans l’Antiquité et le Proche-Orient ancien, il est fait interdiction, dans le Pentateuque, aux membres du peuple d’Israël d’exiger un quelconque intérêt de leurs frères26. Ils ne reçoivent cette autorisation qu’à l’égard des étrangers, ce qui explique qu’ils deviendront plus tard les banquiers du christianisme. C’est la fameuse «prohibition judaïque» que le Christ, dans le Nouveau Testament, aurait confirmée en ordonnant: «prêtez sans rien espérer en retour» (Lc 6.35).

b.L’enseignement des Pères de l’Église, parmi lesquels Jean Chrysostome, Ambroise, Augustin et Thomas27. Dépassant le particularisme vétérotestamentaire, les Pères ont donné à l’interdiction mosaïque une étendue plus large: les chrétiens ne peuvent faire aucun prêt rémunéré, ni à leurs frères chrétiens, ni aux étrangers. Cela créa au Moyen Age une situation plutôt «rocambolesque», puisque les banquiers du Vatican furent essentiellement les Juifs, qui, ce faisant, de leur point de vue, prêtaient à l’étranger et prenaient une liberté que l’Église interdisait aux chrétiens.

c. Ensuite, l’élément qui a sans doute pesé le plus grand poids dans l’argumentaire traditionnel: l’autorité reconnue par tous les Pères de l’Église, et Thomas d’Aquin en particulier, aux doctrines d’Aristote sur l’improductivité ou la stérilité de l’argent, suivant l’adage «l’argent n’engendre point d’argent».

d. A l’appui de l’interdit, on trouve enfin, dans l’histoire du droit canon, dès le IVe siècle (Nicée), comme du droit civil, un grand nombre de décrets interdisant l’usure, avec des sanctions parfois très lourdes, comme l’excommunication ou la privation de sépulture, et ceci jusqu’en 1576, sous Henri III, dans la période contemporaine de Calvin28.

La réflexion de Calvin

Calvin, avant d’être théologien, est humaniste et juriste de formation. Il est donc particulièrement bien préparé pour repenser cette question délicate.

C’est dans une lettre datée de novembre 1545, adressée à Claude de Sachins, seigneur d’Asnières, que Calvin justifie pour la première fois le prêt à intérêt29. Cette paternité a parfois été discutée entre Jean Calvin et le jurisconsulte Charles Dumoulin30. Mais c’est bien dans la lettre de Calvin à de Sachins, appelée plus tard Concilium de Usuris, que de nombreux historiens, à la suite de l’anglais Wiliam Ashley, voient le turning point de l’évolution économique européenne31. La proposition du réformateur est publiée à Genève, deux ans plus tard, en 1547, dans les Ordonnances ecclésiastiques, fixant le taux de l’intérêt à 5%32.

Il y a quatre ressorts essentiels dans sa pensée:

a. Calvin, tout d’abord, sur le plan herméneutique, remet en question l’interprétation traditionnelle de la législation vétérotestamentaire, en interprétant le précepte mosaïque comme une mesure d’ordre politique, provisoire et circonstancielle, destinée à rappeler aux Juifs leurs devoirs de charité au sein de la communauté, une mesure qui n’est pas exclusive d’autres formes de prêts, ceux qui n’ont rien à voir avec le devoir de charité33.

b. La plus grande originalité de Calvin, c’est d’oser pour la première fois distinguer deux types de prêts: le «prêt d’assistance» et le «prêt de production».

- Le «prêt d’assistance». Calvin ne conteste pas que, selon la loi biblique, celui qui peut venir en aide à son prochain dans la difficulté par prêt d’argent doive le faire de façon gratuite, sans prélever d’intérêts, dans le prolongement de la gratuité des relations que Dieu a établies avec lui: «Vous avez reçu gratuitement, donnez gratuitement», dira Jésus (Mt 10.8). C’est la conviction commune à Israël et à toute l’Église: au sein de la communauté, dans la relation aux frères en difficulté, la loi d’argent doit s’effacer et le devoir de solidarité primer. En d’autres termes, ne pas donner à son prochain ce que la charité commande, ce serait commettre une injustice. Garder pour soi ce que Dieu a destiné au prochain, ce serait commettre un larcin34. Sur ce point, Calvin reprend à son actif toute la critique traditionnelle de l’usure.

Du reste, le droit de propriété, pour Calvin, et tout le christianisme avec lui, n’est pas absolu, mais relatif. Dans l’absolu, il n’y a qu’un seul propriétaire de toutes choses, c’est Dieu lui-même, Dieu qui, tout au plus, nous les prête, pour un temps, en nous plaçant dans la position du gestionnaire ou de l’intendant, pour une fin extérieure à notre profit immédiat: l’avancement de son règne35. Le prêt gratuit, c’est la juste réplique de l’homme au don gratuit que Dieu lui a précédemment fait36.

Sur la propriété, Calvin n’a pas non plus de pensée égalitariste, fondée sur «l’envie, cette sotte jalousie d’être égal»37. Toutefois, il rappelle que la solidarité du genre humain doit aussi s’exprimer par le partage des biens matériels, en vertu d’une idée de justice sociale dans laquelle est juste non seulement ce qui est conforme au droit positif, mais aussi ce qui découle de la charité.

- Le «prêt de production». Calvin constate que, si la Bible condamne l’usure là où devrait se manifester la charité, elle ne parle pas d’une autre pratique, qu’il appelle le «prêt de production»: le type de prêt qu’exige l’élargissement d’un marché, et qui n’entre pas dans le cadre du devoir de charité. Le prêt de production est le capital nécessaire à la mise en œuvre d’une nouvelle entreprise rémunératrice. Calvin considère qu’il est licite et juste que le débiteur alloue une part de son bénéfice à celui qui lui a permis, par son prêt, la réalisation de cette entreprise.

c. Calvin est le premier qui ose mettre en question la sacro-sainte doctrine thomiste (et aristotélicienne) de la stérilité de l’argent38.

d. Calvin, avec la sensibilité du juriste, veut prendre la mesure des conséquences négatives de l’interdiction complète du prêt à intérêt: favoriser l’hypocrisie des institutions (ecclésiales et politiques) et, surtout, favoriser l’usure clandestine, non contrôlée et redoutable dans ses effets, dont les taux ont pu culminer, aux périodes les plus critiques du Moyen Age, jusqu’à 53%39. Ce qui a fait dire à Auguste Lecerf qu’en légalisant le prêt à intérêt «Calvin a purifié l’atmosphère commerciale des ruses, des faux contrats et des restrictions mentales qui la déshonorent pendant le Moyen Age, parce que l’Église l’interdisait, tout en y ayant recours pour les besoins de la cause pontificale»40.

Les conditions de la légalisation du prêt à intérêt

Si les historiens sont prompts à rappeler que Calvin a été le premier théologien à légitimer la pratique du prêt à intérêt, ils oublient, pour la plupart, les réserves auxquelles le réformateur a soumis cette autorisation: l’éthique sociale rigoureuse, qui, à ses yeux, devait impérativement servir de garde-fou à l’exercice de cette liberté nouvelle41.

Parmi les sept conditions mentionnées par Calvin42, j’en citerai quatre, qui me semblent particulièrement intéressantes:

a. La première, déjà évoquée, c’est la distinction entre le prêt de consommation et le prêt de production. Il faut noter, toutefois, que cette distinction se révèle beaucoup plus théorique que pratique. Dans de nombreux cas concrets, il est bien difficile de dire où passe la frontière entre le prêt de production et le prêt d’assistance. Le principe est toutefois posé: le prêt à intérêt n’est pas légitime lorsqu’il est perçu par quelqu’un qui se trouve plongé dans le besoin ou dans la pauvreté. Il est proscrit chaque fois qu’il entre en concurrence avec le devoir de charité. Et le même taux d’intérêt (exemple 5%) peut être jugé honnête pour les échanges entre deux partenaires égaux, mais usuraire et injuste s’il est exigé de quelqu’un qui est dans la disette. La moralité va ici plus loin que la légalité43.

b. Seconde limite: l’intérêt ne doit pas être toléré si l’emprunteur n’a pas gagné, avec la somme prêtée, un montant supérieur à l’intérêt demandé44. On met le doigt ici sur la plus intéressante des remarques de Calvin: que celui qui emprunte fasse autant ou plus de gains que l’intérêt demandé. Comme s’il avait dit: la rémunération du travail doit passer avant celle du capital, ou qu’il doit y avoir au moins parité entre les deux. A Genève, ce taux fut fixé par les Ordonnances ecclésiastiques de 1547 à 5%, puis, plus tard, à 6,66 %.

La doctrine traditionnelle reprochait au prêt à intérêt de ne pas partager équitablement les profits et les risques entre le créancier et le débiteur: au créancier un profit quasiment assuré, au débiteur le risque de se retrouver ruiné45. En accord avec cette remarque, le prêt à intérêt auquel Calvin donne sa bénédiction constitue une forme de «contrat de société», qui a pour caractéristique de mettre en commun les bénéfices et les risques. Certains auteurs l’appellent «prêt participatif», dont l’intérêt se calcule en proportion non pas de la somme prêtée, mais du profit réalisé par l’emprunteur. Ce qui évite de ruiner une entreprise temporairement déficitaire.

Il n’est pas certain que tous ceux qui se réclament de Calvin pour légitimer le prêt à intérêt soient au courant de cette condition.

c. Autre idée de Calvin, extrêmement intéressante et totalement d’avant-garde par rapport à la réflexion économique de son temps: dans le cas du prêt de production, la société ne peut pas abandonner le choix du taux d’intérêt à la liberté privée. Ce taux doit être fixé par l’autorité publique et politique. Et cela sur la base de deux motivations essentielles:

- La conviction que les rapports d’argent incarnent toujours des rapports de pouvoir sur autrui qui sont redoutables, alliant, dit Calvin, «la cruauté tyrannique et l’art de tromper»46. Du fait de son emprunt, l’emprunteur est mis dans une position de faiblesse, il devient vulnérable et dépendant.

Pour la même raison, il a semblé essentiel au réformateur qu’en période de crise soit assurée, par l’autorité de l’Etat, une forme de contrôle des prix, afin d’éviter que les marchands fortunés ne stockent les biens de première nécessité et ne profitent abusivement de la situation. De telles spéculations, pour Calvin, seraient intolérables, et rien de moins que meurtrières.

- Calvin discerne que l’intérêt payé par le marchand devient ce qu’il appelle une «pension publique». Comme, au bout du compte, c’est le consommateur qui va le payer, le taux d’intérêt concerne aussi l’ensemble des consommateurs. La société doit, dit Calvin, veiller à ce que les contrats de prêts soient utiles aux intérêts communs47. Même s’il ne le fait que partiellement, Calvin, selon Biéler, est un des premiers à analyser l’incidence du taux d’intérêt sur la hausse des prix.

d. Enfin, dernier point, dont on a presque tous perdu la mémoire: Calvin s’est opposé à la professionnalisation du prêt à intérêt, comme à la professionnalisation des activités bancaires. Le chrétien doit veiller à ne pas se laisser dominer par la soif du gain et l’avarice. C’est pourquoi il ne saurait être question qu’il fasse du commerce d’argent un métier48. C’est pourquoi Calvin lui-même, en 1563, puis la Compagnie des pasteurs de Genève, en 1580, sous la conduite de Théodore de Bèze, se sont opposés à la création d’une banque à Genève49. Martin Bucer, de même, préconisait d’interdire la sainte cène aux «acheteurs de rentes»50.

III. La thèse de Max Weber

La question des rapports entre capitalisme et protestantisme a été posée, dans la période qui précède la Première Guerre mondiale, par les publications de Max Weber, professeur d’économie nationale (1864 et 1921), Ernst Troeltsch (1865-1923)51, ainsi que Ferdinand-Jakob Schmidt52, appelés parfois «école de Heidelberg». Leur objectif essentiel était de réfuter les analyses marxistes sur le rapport entre la religion et l’économie qui fleurissaient à la fin du XIXe siècle53.

Leur analyse fut rendue célèbre par l’ouvrage de Max Weber L’éthique protestante et l’esprit du capitalisme, publié en 1905, dans lequel l’auteur développe sa fameuse thèse sur l’affinité qui existerait entre l’éthos du calvinisme puritain et la mentalité de l’entrepreneur capitaliste54.

La «psychologie de la prédestination»

Il y a plusieurs considérations périphériques, dans l’analyse de Weber, qui sont sans doute les plus intéressantes, et il y a une théorie centrale et singulière, que l’on pourrait appeler une «psychologie de la prédestination», qui suscite les plus grandes réserves. Comme l’a dit un de ses «caricaturistes», selon Weber, le travail chez les puritains serait essentiellement un refuge contre l’angoisse de la damnation.

Gagner de l’argent, toujours plus d’argent, tout en se gardant strictement des jouissances de la vie, quel étrange programme! Et à quoi bon rechercher un gain qui doit être le moins possible consommé? Encourager quelqu’un à tout sacrifier au profit est déjà troublant. Mais le dissuader de le savourer à un quelconque stade du processus d’accumulation, voilà qui devient tout à fait insolite, ironise Weber55.

Pour comprendre, il faut dire un mot, ici, de l’ascétisme puritain, qui est une forme particulière de l’ascétisme séculier ou «intramondain» des protestants dont nous parlions plus haut. L’esprit puritain, en effet, s’est interdit de jouir de façon futile de la richesse qu’il a gagnée, notamment par l’achat d’objets de luxe ou toutes sortes de dépenses somptuaires (qui, de son point de vue, flattent l’orgueil et la vanité, mais ne glorifient pas Dieu). Pour cette raison, dit Biéler, le puritain, même fortuné, est quelqu’un qui peut s’imposer une vie très simple et d’apparence modeste. D’où un certain style de confort puritain que l’on caricature souvent et qui, par élimination de tout ce qui est commodités superflues (luxe ostensible, parures inutiles, étalages pompeux), conduit à l’élégance sobre et à la simplicité pratique qui caractérisent maints intérieurs protestants. Comme l’a écrit Ph. Delaroche: «Le capitaliste puritain ne fume pas le cigare, c’est le cigare qui le consume.»56

Pour Weber, cet ascétisme puritain montre qu’il y a, de toute évidence, chez les puritains et leur esprit d’entreprise, autre chose que la satisfaction de besoins et le désir d’acquisition. Il ne s’agit chez eux ni d’acquérir le bonheur, ni de jouir des plaisirs du monde que pourrait procurer l’argent. Le gain n’est pas un but en soi, il est l’écho d’une réalité transcendante et irrationnelle de nature religieuse57.

Et il s’ensuit, chez Weber, des développements passablement «touffus et nébuleux» sur ce que serait, d’après lui, la doctrine de la prédestination dans le calvinisme. L’essentiel de son propos est le suivant: partout où est maintenue la doctrine calviniste de la prédestination surgit la question des critères auxquels un homme peut reconnaître qu’il appartient ou non au nombre des élus. Ne pouvant se contenter de la «simple confiance» dont parlait Calvin, le protestant, d’après Weber, aurait besoin de dissiper ses doutes. Et ce serait par son investissement éperdu dans l’activité professionnelle et économique qu’il chercherait à dissiper ce doute religieux.

C’est aussi ce qui expliquerait, de ce point de vue, le développement, chez les puritains, d’une forme de pragmatisme utilitariste, qui ne reconnaît la présence de la grâce qu’aux fruits qu’elle porte, notamment dans le domaine économique et financier, devenu une forme de «sacrement séculier».

D’autres auteurs, comme Frédéric Hoffet, lui emboîtent le pas: «L’homme protestant semble toujours tourmenté, tendu (…). Seul devant Dieu, il ne connaît jamais la détente que le catholique éprouve quand le pardon lui est conféré dans le confessionnal. Il est donc porté par une inquiétude active, qui, sans répit, l’incite à l’action. Ainsi le calvinisme pousse l’homme au travail, non seulement par les qualités morales qu’il développe en lui, mais encore par un mécanisme psychologique remarquable, qui le maintient dans une tension éminemment productrice.»58

Les détracteurs de Weber

Il n’y a plus aujourd’hui un seul universitaire pour défendre la thèse principale de Weber. Cependant, celle-ci a pris souche. Et depuis, malgré les nombreuses critiques dont elle a fait l’objet, sociologues et historiens généralistes ne cessent d’emprunter à Weber quelques-uns de ses concepts les plus célèbres: comme le désenchantement du monde, l’éthique de conviction, l’éthique de responsabilité, l’ascétisme intramondain des protestants, et ainsi de suite. Comme le dit Biéler, cette méprise de Weber et Troeltsch est d’autant plus fâcheuse «que leurs théories ont eu la malchance d’une heureuse fortune, s’il est permis de risquer ce paradoxe. C’est-à-dire que, quoique fausses à la base, elles ont été reprises et abondamment utilisées par de nombreux historiens sans être jamais vérifiées.»59

Du point de vue des historiens et des sociologues, quelles ont été les principales critiques adressées à Weber?

1. Il a été unanimement reproché à Weber d’avoir manqué de recul et de nuances historiques, d’avoir confondu le calvinisme du XVIe siècle avec un certain puritanisme libéralisé et sécularisé de la fin du XVIIIe siècle60. Comme le dit Biéler: «Entre le XVIIIesiècle, analysé par Weber et Troeltsch, et Calvin, il y a plus de deux siècles d’histoire, et rien moins que la révolution industrielle. Comment peuvent-ils ignorer cette distance? Le puritanisme qu’ils analysent est au moins aussi éloigné du calvinisme de Calvin que l’est aujourd’hui le protestantisme suisse ou français. Il y a naturellement des filiations spirituelles ininterrompues. Mais cette parenté a été métissée par tant d’influences historiques.»61

2. D’autres ont contesté que l’avènement du capitalisme soit réellement imputable à des raisons religieuses. Il leur semble hasardeux d’attribuer à la religion une influence aussi décisive sur les conduites économiques62.

3. D’autres ont reproché à la thèse de Weber l’absence de contre-épreuve: cette évolution économique est-elle présente uniquement en culture calviniste? Et là où le calvinisme est en position de force, est-ce qu’il porte toujours ce résultat ? La réponse est bien évidemment négative. Dans le même sens, il a été reproché à Weber de ne pas prêter suffisamment d’attention aux œuvres du calvinisme qui ont porté des fruits inverses: comme l’apport du calvinisme au christianisme social, au syndicalisme et aux partis travaillistes63, et même à la critique du capitalisme64. Pas plus que Weber ne prête attention aux résistances opposées par l’Église calviniste de Genève à la création d’une banque et au développement du commerce de l’argent65.

4. Enfin, il y a, chez les historiens, un interminable conflit de paternité autour de la question «qui a inventé le calvinisme»?

- Pour plusieurs, ce n’est pas le calvinisme, mais le rationalisme qui aurait engendré le capitalisme.

- Pour d’autres, c’est en amont de la Réforme protestante, dans l’humanisme de la Renaissance et les activités commerciales des villes-Etats italiennes du XVe siècle, qu’il faut localiser cette inspiration.

- Pour beaucoup, c’est aux juifs, piliers du système bancaire médiéval, que reviendrait cette paternité, les puritains s’en étant ensuite inspiré66. Cette thèse a été réaffirmée récemment par Jacques Attali67 qui n’hésite pas, comme le dit un journaliste, «à renvoyer dans les poubelles de l’histoire la thèse de Max Weber enseignée depuis un siècle dans les universités»68.

- Pour d’autres, enfin, ce n’est pas à Calvin, mais à Martin Bucer que reviendrait la paternité de cette révolution économique, et à son influence intellectuelle sur le réformateur de Genève pendant son séjour à Strasbourg69.

Du point vue théologique, maintenant, y a-t-il aujourd’hui un seul théologien pour reconnaître la foi protestante dans le descriptif de Weber?70 Comme le dit Lecerf: «Je ne sais pas si l’on peut travestir de façon plus grotesque l’idée que les œuvres sont une présomption de l’élection, et cette autre idée que le succès est une bénédiction de Dieu.»71

La doctrine de la prédestination prend, dans l’analyse de Weber, une importance démesurée, et surtout un sens que Calvin lui-même ne lui a jamais reconnu, Calvin pour qui la seule preuve de l’élection était la foi: «A chacun, dit-il, sa foi est suffisant témoin de la prédestination éternelle de Dieu, en sorte qu’il serait un sacrilège horrible de s’enquérir plus haut.»72

Puritanisme et théologie de la rétribution

Cela dit, il faut reconnaître que le puritanisme s’est développé, dans les siècles ultérieurs, dans une direction qui, malheureusement, donne raison sur plusieurs points au descriptif de Weber. Les puritains, au départ, se sont livrés à une activité professionnelle intense, dont le succès leur est apparu comme étant don de Dieu, signe de sa grâce, et jusque-là il n’y a rien à redire. Mais, ensuite, la connivence entre la religion et l’esprit capitaliste n’a pas manqué, chez de nombreux puritains au fil des XVIIe et XVIIIe siècles, de s’accroître de plusieurs degrés supplémentaires, conduisant la pensée sur le terrain glissant de ce que nous pourrions appeler une «théologie de la rétribution» (ou «théologie de l’abondance»), qui consiste à poser une équation directe (et surtout retournable) entre enrichissement et bénédiction73. Au sein du puritanisme américain, en particulier, s’exprime parfois un rapport à l’argent que les calvinistes français ressentent comme ambigu, chaque fois que le profit, ou la richesse, est regardé comme signe, pour ne pas dire sacrement de la bénédiction divine.

Et c’est là une des difficultés majeures dans l’analyse des thèses de Weber: si ce qu’il dit est faux de Calvin et de la tradition calvinienne du XVIe siècle, cela est malheureusement vrai, dans les siècles ultérieurs, d’un puritanisme sécularisé et devenu largement libéral74.

Chez Calvin, à l’origine, il n’y a pas de théologie de la rétribution: la fortune est accueillie avec action de grâces, comme un don de Dieu, mais pas de façon automatique. Car la fortune peut aussi être le salaire de comportements frauduleux que Dieu condamne. Et, a contrario, les revers de fortune ne peuvent pas être interprétés comme étant automatiquement le signe d’une désapprobation divine75.

IV. L’actualité de l’éthique économique de Calvin

Au terme de ce parcours rapide, il apparaît clairement que le protestantisme ne se caractérise pas par une absence d’éthique sociale et économique, bien au contraire! Le calvinisme, en particulier, en se démarquant de la doctrine luthérienne de la séparation des «deux règnes» ou des «deux pouvoirs», a développé une théologie propre à interpeller de façon directe le politique et l’économique. Dans la sphère sociale, on pourra lui reprocher parfois ses penchants de type autoritaire ou «théocratique», mais certainement pas son indifférence! Comme l’écrit Auguste Lecerf, le calvinisme est, au même titre que le catholicisme, un principe de civilisation, devant exercer son influence sur toutes les formes de la vie, sur toutes les fonctions de l’activité intellectuelle et sensible76.

Calvin est-il donc le père du capitalisme? En levant l’interdiction qui pesait sur la pratique du prêt à intérêt, Calvin a certainement apporté au développement du capitalisme une forme d’accélération importante, dont lui-même n’a pas pu imaginer l’ampleur. Ceci dit, ce qu’on appelle aujourd’hui le «capitalisme sauvage», utilitariste, individualiste, sans souci d’éthique sociale, subordonné à la loi du profit personnel, est une «éthique» économique que Calvin lui-même aurait condamnée avec la plus grande fermeté et qui ne peut, en aucun cas, se réclamer de sa paternité.

Quelle est l’actualité de sa pensée? Les quatre règles données par Calvin pour encadrer l’exercice du prêt à intérêt conservent, de toute évidence, par rapport aux réflexions économiques contemporaines, une actualité assez troublante. Voici, en conclusion, cinq propositions, pour stimuler la réflexion:

1. Les règles données par Calvin braquent le projecteur sur l’importance du devoir de charité et de solidarité dans un monde où la plupart des prêts sont assimilés à des prêts de production.

2. Elles nous engagent à conserver un minimum de recul et de liberté, pour échapper à la dictature des «contraintes du marché». Aujourd’hui, l’effondrement du communisme semble exclure toute alternative à la rationalité formelle du capitalisme et a considérablement anesthésié la conscience occidentale sur les revers possibles du libéralisme économique. Mais n’existe-t-il qu’un seul capitalisme?

3. La «mondialisation» est souvent critiquée comme étant une menace pour la démocratie, dans le sens où elle tend à subordonner les pouvoirs politiques nationaux aux contraintes du marché, à poser le primat de l’économique sur le politique (notamment en matière de politique sociale, d’emploi et d’environnement). Calvin ne nous appelle-t-il pas, par sa troisième condition, à la plus grande vigilance sur ce point?


4. Restent particulièrement intéressants les propos de Calvin sur l’intérêt proportionné au gain: le «prêt participatif», le contrat de société entre l’emprunteur et le prêteur. Aujourd’hui, au travers des activités boursières transitent des masses financières considérables qui migrent, de par le globe, comme des «vols d’étourneaux», sans s’attacher ou se solidariser longuement au sort des personnes dont elles tirent profit.

5. Par rapport aux «microcrédits» et au développement du «commerce équitable», l’éthique de Calvin renforcera notre conscience sur la disparité du rapport de force qui peut s’établir, dans l’économie de marché et le libre-échange, entre celui qui possède et celui qui est démuni, chaque fois que l’équité de la compétition (ou la «liberté» de l’échange) est mise en question par les pouvoirs considérables que procure l’argent à celui qui en possède sur celui qui en est dépourvu.

1* M. Johner est professeur d’éthique à la Faculté libre de théologie réformée d’Aix-en-Provence.

«Il est plus difficile pour un riche d’entrer dans le royaume de Dieu, que pour un chameau de passer par le trou d’une aiguille.» (Mt 19.24) Jésus n’a-t-il pas recommandé à ses disciples de n’emporter ni argent, ni même vêtements ou sandales de rechange? (Mt 10.9-10)

2 L’apôtre Paul, par exemple, désigne sa liberté par rapport à l’argent en disant: «J’ai appris à me contenter de l’état où je me trouve. Je sais vivre dans l’humiliation et je sais vivre dans l’abondance. En tout et partout, j’ai appris à être rassasié et à avoir faim, à être dans l’abondance et à être dans la disette. Je puis tout par celui qui me fortifie.» (Ph 4.11-14)


3Cf. M. Johner, «Le chrétien à l’épreuve de l’argent», inLa Revue réformée, 214 (2001:4), 4-19.


4 M. Weber, L’éthique protestante et l’esprit du capitalisme (Paris: Plon, 1964 – édition originale en allemand: «Die protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus»,inArchiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik, Tübingen, 1904-1905, tomes II et III).

5 M. Weber, ibid., 209.

6 Ce qui porte quelqu’un comme A. Peyrefitte, dans Le mal français, à s’interroger en disant: «A partir du XVIIe siècle, pourquoi le terreau des nations latines s’est-il appauvri, alors que celui des pays du Nord paraissait s’enrichir? Comment les promoteurs, les initiateurs, les innovateurs ont-ils pu, ici, se multiplier et s’épanouir, alors qu’ailleurs une espèce d’inertie sociale les éliminait ou les paralysait?» A. Peyrefitte, Le mal français(Paris: Plon, 1996), chap. 18: «Pourquoi l’Occident a divergé», 164.

7 A. Biéler, La force cachée des protestants (Genève: Labor et Fides, 1995), 27.

8 «Le dynamisme protestant est un accident», interview d’E. Todd dans le journalRéforme, n° 2791, 8-14 (1998), 8.

9 De nombreuses autres explications ont été avancées:

- Pour certains, cette prospérité serait la conséquence économique naturelle de la fuite des cerveaux et des phénomènes de migrations, importants au XVIIe siècle, parmi les populations protestantes les plus fortunées et instruites. C’est cet exode qui serait venu enrichir les terres de refuge.

- D’autres soulignent le rôle psychologique considérable exercé par l’exil et le fait d’être arraché à ses liens traditionnels. Le simple fait de changer de résidence serait un moyen efficace d’intensifier le rendement du travail (cf. récemment J. Attali, Le nouveau nomadisme).

- D’autres s’attachent à la psychologie des minorités nationales ou religieuses, qui se trouveraient généralement attirées par l’activités économique, du fait même de leur exclusion, volontaire ou involontaire, des positions politiques influentes.

- D’autres l’imputent à la modification de la géographie de la production et de la consommation (John-U. Nef, La naissance de la civilisation industrielle et le monde contemporain, Paris, 1954).

- D’autres à l’individualisme de la Réforme et au court-circuit des hiérarchies qu’il engendre.

- D’autres à la mise en valeur du «sacerdoce universel des croyants», qui va donner naissance au sein du protestantisme à une idée de l’autorité et du gouvernement de type démocratique, tout d’abord dans l’Église, puis ensuite, par analogie, dans la cité politique. Comme l’a écrit A. Peyrefitte, lorsque Calvin (1509-1564) a exhorté ses coreligionnaires à devenir responsables d’eux-mêmes, il a, en réalité, déclenché un mouvement dont il n’a certainement pas imaginé l’ampleur des conséquences historiques, un mouvement qui va, sur plusieurs siècles, ébranler la plupart des structures hiérarchiques du Moyen Age, et inspirer leur remplacement par des structures de type démocratique, que ce soit dans la sphère de la société civile ou celle de la société religieuse. A. Peyrefitte, op. cit., 167. Cf.également A. Peyrefitte, La société de confiance (Paris: Odile Jacob, 1995).

- D’autres, enfin, demandent, plus sournoisement, si c’est le protestantisme qui a engendré la prospérité ou, au contraire, la prospérité qui a attiré les protestants…

10 Selon Platon, dans La République: «C’est le propre d’un homme bien né que de mépriser le travail.» Ou Aristote: «Le privilège de l’homme libre n’est pas la liberté, mais l’oisiveté, qui a pour corollaire le travail forcé des autres, c’est-à-dire des esclaves.» Cités par L. Schümmer, «Les fondements de l’éthique de l’économie et des affaires selon le protestantisme», inLa Revue réformée, 237 (2002:2), 2-3.

11 Selon Thomas d’Aquin, en particulier, la fonction du travail est définie par le but premier et principal de procurer à l’homme de quoi vivre. En conséquence, le travail ne peut être rangé parmi les préceptes qui concernent tous les chrétiens. Il est obligatoire seulement pour ceux qui ne disposent pas d’autres moyens pour se procurer de quoi vivre. Pour la liste des références dans la Somme théologique, voir M. Miegge, «Capitalisme», in P. Gisel (sous la direction de), Encyclopédie du protestantisme(Paris/Genève: PUF/Labor et Fides, 1995, deuxième édition revue, corrigée et augmentée), 186, et L. Schümmer, art. cit., 6.

12 A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin (Publications de la Faculté des sciences économiques et sociales de l’Université de Genève, volume XIII, Librairie de l’Université Georg et Cie SA, Genève, 1959, édition originale 1965), 484 et 486. Sur le travail chez Luther, Zwingli, Bucer et Calvin, cf. L. Schümmer, art. cit., 10-25.

13Cf. M. Weber, op. cit., 139. Selon Weber, l’éthique protestante a des affinités avec les anciennes règles monastiques (ora et labora = prie et travaille). Mais le changement radical se produit dans l’orientation et le cadre: l’action des chrétiens ne se produit plus dans l’isolement, mais dans les tâches professionnelles de la vie quotidienne.

14 Par exemple, J.-C. Guillebaud, La refondation du monde (Paris: Seuil, 1999), 198.

15 Calvin, à ce propos, cite souvent Jn 5.17: «Mon père travaille jusqu’à présent, et je travaille, moi aussi.»

16 Calvin écrit: «Il nous faut complètement reposer, afin que Dieu besogne en nous, afin que Dieu besognant en nous, nous acquiescions à lui.» Cité par L. Schümmer, art. cit., 28.

17 E. Doumergue signale qu’une des premières traductions de la Bible protestante en italien (Diodati) présente, sur son frontispice, une image qui résume parfaitement la doctrine réformée du travail vocationnel: un paysan mal habillé sème son blé en levant la face vers les rayons de lumière du tétragramme divin et, dans l’exergue, on lit «son art et son Dieu», «L’esprit social du calvinisme», inJean Calvin, tome V, «La pensée ecclésiastique et la pensée politique de Calvin» (Lausanne: Georges Bridel éditeur, 1917).

18Cf. A. Biéler, op. cit., 492.

19 Pour le puritain, rien n’empêche que l’on change de profession, pourvu que cela ne soit pas à la légère mais pour la gloire de Dieu (= dans le sens d’un avantage plus grand). M. Miegge, «Capitalisme», in P. Gisel (sous la direction de), Encyclopédie du protestantisme(Paris/Genève: PUF/Labor & Fides, 1995 (deuxième édition revue, corrigée et augmentée), 187.

20 Cette mobilité sociale est aussi illustrée par les initiatives prises par Calvin, visant à donner une occupation aux pauvres et aux sans-abri. A la suite de troubles, il y eut à Genève de l’oisiveté et de la misère. Calvin se présente alors devant le Conseil, le 29 décembre 1544, pour le prier «de faire en sorte que les pauvres puissent avoir un métier qui puisse faire travailler les pauvres gens» (selon E. Doumergue, op. cit., 67). Ce qu’oublient facilement plusieurs auteurs comme Weber, Halbwasch («Les origines puritaines du capitalisme» in la Revue d’histoire et de philosophie religieuse (1925), n° 2) ou E. Choisy, L’Etat chrétien calviniste à Genève au temps de Théodore de Bèze (Genève, 1902), 36 et 187.

21 A. Biéler, La force cachée des protestants, 128.

22 Weber fait remarquer que ce qui constitue le moteur de l’activité économique des populations protestantes n’est pas, en premier lieu, le désir de s’enrichir, de jouir ou de posséder (car celui-ci a existé dans toutes les sociétés et à toutes les époques), mais plus précisément le passage de ce que Weber appelle un esprit «pré-capitaliste», dans lequel le peuple en général travaille juste assez pour satisfaire ses besoins vitaux, à un esprit nouveau (qui préfigure celui du monde économique moderne) où chacun est incité à travailler au-delà du minimum nécessaire dans un processus de croissance idéalement infini, tout en s’interdisant par ailleurs d’en profiter, en s’imposant un ascétisme rigoureux, un style de vie sobre et austère. Cf. A. Biéler, ibid.,152.

23Cf. J. Fuchs, «Bucer et le prêt à intérêt», dans Martin Bucer and Sixtenth Century Europe, Actes du Colloque de Strasbourg (28-31 août 1991), édité par C. Krieger Christian et M. Leenhardt, Bulletin (1993), 185, ainsi que B. Schnapper, Les rentes au XVIe siècle, histoire d’un instrument de crédit (Paris, 1957, collection Affaires et gens d’affaires, n° XII).

24 Dans sa définition moderne, l’usure est le délit commis par celui qui prête de l’argent à un taux jugé excessif. Mais dans la tradition classique, juive et chrétienne, le terme désigne toutes les formes de prêts rémunérés.

25Cf. J. Fuchs, art. cit., 185-194.

26 Ex 22.24-25; Lv 25.35-37; Dt. 23.20-21; Ps 15.5: «Il ne prête pas son argent à intérêt.» Ez 18.8: «Celui qui ne prête pas à intérêt et ne tire pas d’usure». Sur le sujet, cf. J. Ellul, L’homme et l’argent (Lausanne: PBU, 1979; édition originale Delachaux et Niestlé 1954),130-132.

27 Thomas d’Aquin, au XIIIe siècle, propose une synthèse de l’Écriture et d’Aristote: cf. L. Schümmer, art. cit., 7, et E. Doumergue, op. cit., 680-681.

28 En particulier sous Justinien, Charlemagne, Gratien, Charles V. En 325, le Concile de Nicée prend les premières sanctions canoniques en la matière (le canon 17 prévoit la déposition des clercs usuriers). En 445, une décrétale de Léon Legrand condamne les usuriers laïques. Au VIe siècle, l’empereur Justinien abaisse les taux et prohibe les intérêts composés. En 789, Charlemagne promulgue la première prohibition séculière de l’usure (art. 5 de l’Admonitio Generalis). Et les Conciles de Latran en 1179 et 1274 prennent de nouvelles sanctions (excommunication et privation de sépulture). Puis publication d’une Compilation, sous le titre de «Décret de Gratien» (cause 14/question 3) en 1140. En 1394, Charles V bannit les Juifs du royaume de France, au grand profit des Lombards, qui au XVe siècle obtiennent de prêter au taux maximal de 53% par an et ceci. jusqu’en 1576, date des décrets de Henri III (selon D. Ramelet, «La prohibition de l’usure au Moyen Age», revue Finance et Bien commun/Common Good, n° 17, hiver 2003-2004). Sur le même sujet, cf. E. Doumergue, op. cit., 680, et A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, op. cit., 474.

29 Lettre française de 1545, traduite en latin et publiée en 1575 par Théodore de Bèze. Elle entra dans les règles des Églises sous le titre Concilium de usuris (Calvin, O.S., II, 391 et 394), lettre publiée intégralement par E. Dommen, Finance et bien commun (avril 2004), n° 16, édité par l’Observatoire de la finance à Genève, 45-58.

30 Charles Dumoulin (né vers 1500) fut un des plus grands jurisconsultes et légistes de son temps (césaro-papiste et gallican forcené), dont l’orgueil était célèbre. Calvin le crut «son ami», avant qu’il n’adhère au luthéranisme, ne devint l’adversaire passionné du calvinisme et ne meure en «bon catholique». En 1547, Dumoulin publia une justification du prêt utile dans son Traité des contrats, de l’usure et des rentes instituées. Mais rien ne prouve que les deux hommes se soient connus. Et des deux, lequel est antérieur? La lettre de Calvin à Sachins est la réponse à une lettre du 7 novembre 1545. En outre, Calvin est le seul à prouver la productivité de l’argent et à s’attaquer de front à l’argumentation d’Aristote, qui était le fondement essentiel de la prohibition de l’usure (selon E. Doumergue, op. cit., 687-688).

31Cf. L. Schümmer, art. cit., 46.

32 E. Doumergue, op. cit., 686.

33 Pour l’exégèse de Calvin et ses commentaires bibliques, voir A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, 457-462, 471.

34 A. Biéler, ibid., 461-462.

35Cf., par exemple, l’institution du jubilé: «La terre ne sera pas vendue à perpétuité, car la terre est à moi, et vous êtes chez moi comme des étrangers et des gens en séjour (Lv 25.23).» L. Schümmer, art. cit., 6.

36 A. Biéler, op. cit., 454.

37 J. Calvin, cité par A. Lecerf, «Calvinisme et capitalisme», dans Etudes calvinistes (Aix-en-Provence: Kerygma, 1999, réédition de l’édition originale Neuchâtel: Delachaux et Niestlé, 1949), 101.

38 Pour la critique de la doctrine d’Aristote par Calvin, voir E. Doumergue, op. cit., 680-681, 688 , L. Schümmer, art. cit., 7.

39 Pierre et Philippe de Savoie, par exemple, ont couvert de leur protection l’établissement d’un «caorsin» (lombard ou banquier) et, plus tard, d’un Juif qui était placé sous leur garde spéciale. Il est question, en 1287, d’un prêt à 50%. L’Église était aussi entrée en composition avec le siècle et les franchises d’Adhémar Fabri avaient autorisé, dans les villes de foires, le prêt à intérêt. Au XVe siècle, les Lombards obtiennent l’autorisation de prêter au taux maximum de 53% par an (selon E. Doumergue, op. cit., 684-685).

40 A. Lecerf, op. cit., 103.

41 Pour une exposition détaillée, cf. A. Biéler, op. cit., 453-469.

42 Pour un exposé des sept conditions de Calvin, cf. E. Doumergue, op. cit., 682, et L. Schümmer, art. cit., 46-47, et A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, 453-469.

43 Calvin veut distinguer prêt de consommation et prêt de production, mais il demande aussi que l’on fasse la même distinction en sens inverse: que l’on ne s’autorise pas à appeler prêt à intérêt tout ce qui n’est, en fait, qu’usure, exploitation, et qui tombe sous le coup du jugement de Dieu (A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, 459).

44 A. Biéler, op. cit., 460 et 472.

45 D. Ramelet, art. cit., 25-26.

46 J. Calvin, cité par A. Biéler, op. cit., 457.

47 E. Doumergue, op. cit., 682.

48 A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, 459, 468, 473.

49 Il apparaît ici une limite au discours précédent de Calvin sur la dignité des professions séculières. Calvin est allé plus loin que Luther en étendant la notion de vocation aux professions commerciales et industrielles, mais il n’est pas allé jusqu’à donner cette absolution aux métiers de la banque. Rejoignant en cela Luther, qui s’était opposé aux grandes sociétés commerciales et banques de son temps, comme les Fugger (qui étaient chargés du commerce des indulgences). Cf. A.-E. Sayous, «La banque à Genève pendant les XVIe, XVIIe et XVIIIe siècles», in Revue économique internationale (Paris, 1934), et «Calvinisme et capitalisme à Genève de la Réforme à la fin du XVIIIe siècle», inAnnales d’histoire économique et sociale (Paris, 1935), et H. Luthy, inLa banque protestante en France de la Révocation de l’Edit de Nantes à la Révolution, 2 vol. (Paris, 1959-1961).

50 J. Fuchs, «Bucer et le prêt à intérêt», art. cit., 189.

51E. Troeltsch, «Die Soziallehren der Christlichen Kirchen und Gruppen», inGesammelte Schriften, I, Tübingen (1912).

52 F.-J. Schmidt, «Kapitalismus und Protestantismus», inPreussische Jahrbücher(novembre 1905), voyait dans le protestantisme la «religion du monde moderne» et a poussé les thèses de l’école de Heidelberg jusqu’à l’absurde et à la caricature, selon Doumergue.

53 Comme dit Biéler: au XIXe, certains philosophes, Karl Marx en tête, ont commencé à analyser le processus de formation de la civilisation industrielle capitaliste et soutenu que les manifestations spirituelles et morales n’étaient pas les causes, mais les conséquences de réalités purement économiques. Et, au début du XXe, plusieurs auteurs, souvent pour prendre le contre-pied du marxisme, ont voulu démontrer l’inverse: en parlant de l’influence des religions sur la vie économique (A. Biéler, op. cit., 477).

54 Publié en Allemagne en 1905, le livre de Max Weber (1864-1920) n’est disponible en traduction française que depuis 1964. Ce très long différé explique que l’ouvrage n’a pas pu être accueilli en France comme il l’avait été dans l’univers anglo-saxon à une époque où les premières puissances économiques du monde (Etats-Unis, Royaume-Uni et Allemagne) étaient à dominante protestante. Alors que, dans les années 1960, le miracle économique était italien, français et espagnol, donc catholique et latin (selon Odon Valet,Bulletin d’information protestant, 20).

55 Inspiré du résumé de Ph. Delaroche, «Le protestant, grand thésauriseur devant l’Eternel», inBulletin d’information protestant, 1-15 février 2002, 11.

56 Ph. Delaroche, ibid., 11.

57 A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, 480.

58 F. Hoffet, L’impérialisme protestant (Paris, 1948), 145.

59 A. Biéler, op. cit., 497.

60 En particulier l’historien français H. Hauser, «A propos des idées économiques de Calvin», inMélanges d’histoire offerts à Henri Pirenne (Bruxelles, 1926).

61 A. Biéler, op. cit., 494.

62 Des auteurs catholiques, comme l’historien G. Goyau, Une ville-Église: Genève (Paris, 1919, 2 vol.), ou F. Rachfahl (Kalvinismus und Kapitalismus, 1909).

63 En Grande-Bretagne, par exemple, le réveil méthodiste a favorisé dans les couches populaires des activités de secours mutuel. A partir du XIXe siècle, le non-conformisme protestant a fourni des militants et parfois des cadres au syndicalisme et au parti travailliste. Plus tard, les mouvements du christianisme social ont surgi dans un contexte fort différent. Souvent par des pasteurs proches du peuple et éloignés de la bourgeoisie protestante. Face aux Églises officielles qui ne voyaient dans le socialisme que l’ennemi de la religion et de la morale, ils ont souvent soutenu que celui-ci était porteur des valeurs bibliques délaissées par la théologie et remis en évidence, en opposition au moralisme et à l’individualisme religieux de l’époque libérale, les tâches publiques et politiques de la vocation chrétienne. Selon M. Miegge, «Capitalisme», inEncyclopédie du protestantisme, 189-191.

64 Par exemple, la critique du capitalisme par J.-C. Sismondi, à Genève, qui publie lesNouveaux principes d’économie politique en 1819.

65Cf. A.-E. Sayous, «La banque à Genève pendant les XVIe, XVIIe et XVIIIe siècles», in Revue économique internationale (Paris, septembre1934) et «Calvinisme et capitalisme à Genève de la Réforme à la fin du XVIIIe siècle», inAnnales d’histoire économique et sociale (Paris, 31 mai 1935).

66 Pour W. Sombart, par exemple, les puritains capitalistes sont des juifs qui s’ignorent. S’ils ont contribué à la naissance de l’esprit capitaliste, c’est dans la mesure où leur religion s’apparentait à celle des juifs. Die Juden und das Wirtschaftsleben (Leipzig, 1911, traduction française, Paris, 1923). Pour la critique de cette thèse, voir H. See, «Dans quelle mesure puritains et juifs ont-ils contribué aux progrès du capitalisme moderne?»,in Revue historique (Paris, mai-août 1927), et R.-H. Tawney, Religion and the Rise of Capitalism (Londres, 1926, traduction française: Le religion et l’essor du capitalisme, Paris, 1951).

67 J. Attali, Les Juifs, le monde et l’argent (Paris: Fayard, 2002).

68 E. Conan, «Les Juifs, les chrétiens et l’argent», L’Express (10 janvier 2002), 58.

69Thèse soutenue par G. Klingenburg, Das Verhältnis Calvins zu Butzer, untersucht auf Grund der wirtschaftsethischen Bedeutung beider Reformatoren (1912).Cf. également J. Fuchs, art. cit., 185-194. Il faut toutefois faire remarquer que les écrits de Calvin sur le sujet sont antérieurs à ceux de Bucer, et que Bucer ne s’est pas attaqué au fond de la question: la doctrine aristotélicienne de la non-productivité de l’argent.

70 Ou de façon plus caricaturale L. Rougier («La Réforme et le capitalisme moderne», in Revue de Paris, sept.-oct. 1928), pour qui le calvinisme serait avant tout la glorification des vertus bourgeoises.

71 A. Lecerf, art. cit., 104.

72 J. Calvin cité par E. Doumergue, «L’esprit social du calvinisme», 626.

73 Sur ce point, les puritains reprennent à leur compte la morale présumée de l’Ancien Testament selon laquelle Dieu bénit visiblement ses élus ici-bas et de façon mesurable dans toutes leurs entreprises, selon A. Biéler, La pensée économique et sociale de Calvin, 490.

74 Comme le dit Biéler: «L’enthousiasme religieux des débuts des mouvements puritains n’a-t-il pas cédé le pas progressivement à un style de vie sécularisé, vide des préoccupations spirituelles antérieures? Lentement, la sève religieuse s’est retirée pour laisser la place à cet esprit purement utilitariste qui caractérise aujourd’hui la morale bourgeoise.» (op. cit., 491).

75 Dans la Bible, à laquelle les calvinistes se réfèrent sans cesse, il est notable que Dieu ne lie pas forcément sa bénédiction à ce signe. Job, par exemple, doit apprendre que la bénédiction de Dieu reste sur lui malgré sa misère et ses revers de fortune. Dieu peut enrichir, certes. La richesse de Salomon, par exemple, au cœur de l’Ancien Testament, est un signe et une prophétie. Cette richesse, à proprement parler, n’est pas la sienne, mais celle du royaume eschatologique dont elle était annonciatrice.

76 Nous sommes aux antipodes de la religion Privatsache (affaire privée) dans laquelle le marxisme prétendait nous enfermer, selon A. Lecerf, «Calvinisme et capitalisme», op. cit., 99-100.