vendredi 10 octobre 2014

A decisão socialista

Estudos sobre A Decisão Socialista de Paul Tillich
Jorge Pinheiro

Para Paul Tillich [A Decisão Socialista, Introdução: As duas raízes do pensamento político, o ser humano e a consciência política, Potsdam 1933, Gesammelte Werke, II, pp. 219-365], nem sempre é necessário perguntar pelas raízes de um fenômeno espiritual ou social. Muitas vezes tal pergunta mostra-se supérflua, principalmente quando um testemunho saudável revela a integridade das raízes. Mas quando se apresentam distorções ou desvios, quando o testemunho congela ou a vida principia a desaparecer, então se torna necessário perguntar: quais são suas raízes?

Em 1993, Tillich considerava que esta era a situação do socialismo e, em particular, do socialismo alemão. Para ele, os eventos que preanunciavam a ascensão do nazismo, revelavam o estado de profunda crise do socialismo. E esse estado não só se explicava pelos eventos dos últimos anos, mas deviam ser pesquisadas a partir da segunda metade do século de 19, pois faziam parte de sua constelação histórica de origem. Por isso, acreditava Tillich, a tarefa mais urgente dos anos futuros seria um exame das razões do debilitamento do socialismo. E tal tarefa seria impossível de ser realizada se não se achasse uma resposta à pergunta das raízes.   



Porém, afirmava Tillich, assim que se levanta a pergunta das raízes do pensamento socialista, faz-se necessário ir mais fundo, porque o socialismo é um movimento de oposição, de mão dupla, um movimento de oposição à sociedade burguesa, mas enquanto mediação, uniu-se à sociedade burguesa na oposição às formas feudais e patriarcais de sociedade. Entender esta raiz do socialismo, ajudaria a entender as raízes do pensamento político que lhe deu origem.

É necessário procurar pelas raízes do pensamento político no próprio do homem, declara Tillich. Para ele, sem uma imagem do homem, de suas forças e tensões, não se pode dizer nada sobre as fundações políticas do pensamento e do ser político. Sem uma teoria do homem, não se  pode construir uma teoria das orientações políticas.

 A antropologia política

O homem, afirma o teólogo, diferente da natureza, é um ser dividido. Não importa saber onde termina a natureza e onde começa o homem, não importa que a passagem entre os dois se faça através de lentas transições ou por um salto. O importante é que em determinado momento, a diferença ficou clara.

Há no entanto, para Tillich, um processo vital indiviso, que desdobra natureza sem interrogar nem requerer, um processo que está ligado àquilo que se encontra nele e faz parte do que ele é. Assim, existe um processo vital que deseja saber sobre o homem, e que coloca algumas questões para ele: já não é indiviso, mas também dividido. É idêntico a si mesmo quando diante de si mesmo, no ato de pensar e de conhecer. Mas não apenas isso.

Segundo Tillich, o homem tem consciência de si mesmo, ou em outras palavras, distingue-se da natureza enquanto ser que se desdobra, tornando-se um ser consciente de si mesmo. A natureza ignora esta divisão. Por isso, o homem não é uma combinação de duas partes autônomas, tais como natureza e mente ou corpo e alma, mas um só ser, porém fendido em sua unidade.
   
Estas determinações gerais, considera Tillich, levam a algumas considerações no que se refere à pesquisa do pensamento político. Elas negam qualquer dedução do pensamento político enquanto puro movimento de pensamento, de exigências ético-religiosas, ou considerações ditadas por determinada cosmovisão. O pensamento político vem do homem enquanto unidade. Está enraizada no ser e na sua consciência, mais precisamente em sua unidade indissolúvel. É por isso que não se pode entender um sistema de pensamento político sem contextualizar seu enraizamento no ser humano enquanto ser social, ou seja, o imbricamento de pulsões e  interesses, os constrangimentos e as aspirações constituintes do ser social.

Mas também é impossível separar o ser de sua consciência, ou ver o pensamento político como simples subproduto do ser. Assim, para Tillich, a consciência estrutura todo o ser do homem, todo o ser social, em cada um de seus elementos, inclusive as sensações pulsantes mais primitivas.

Quando tenta desfazer laços, explica Tillich, passa-se ao largo da primeira e mais importante característica da essência humana, o que produz uma distorção no quadro geral que ele faz de si próprio, de que há uma consciência inadequada ao ser, uma falsa consciência, mas que não invalida a unidade do ser e da consciência. Isto porque, afirma, o conceito de falsa consciência não é possível quando a coisa que se designa é não conhecível. Assim, a consciência justa é uma consciência que emerge do ser e ao mesmo tempo o determina. Não pode ser uma coisa sem ser a outra, porque o homem é uma unidade na divisão, e desta unidade nascem as duas raízes de todo pensamento político.

A origem do pensamento político conservador  

O homem se encontra enquanto realidade dada, assim como seu ambiente. Mas estar no mundo enquanto realidade significa aquele não vem da si mesmo, que ele não é sua própria origem. Para Tillich, que cita a expressão de Martin Heidegger, o homem é um “ser lançado”. Esta situação leva o homem a colocar-se a questão da fonte (Woher). O que mais tarde vai aparecer como questão filosófica. Mas tal discussão é uma construção, e o mito apresenta a primeira resposta, enquanto determinante para a discussão de conjunto.  

A origem (Ursprung) é o que faz emergir (entspringen). Este aparecimento (Sprung) dá lugar  a algo novo, que não existiu antes, que produz uma consciência própria, diferente da origem. A realidade que somos está colocada, mas também é algo próprio. É uma tensão entre o ser-posto e o ser-próprio.

Para Tillich, a origem não nos liberta. Não se pode dizer que era e que não é mais. Constantemente somos puxados pela origem: ela nos faz emergir, nos segura firme. É ela que nos estabelece como algo, enquanto essência. Dessa maneira, ser-posto no mundo supõe caminhar para a morte.

Assim, para Tillich, a concepção conservadora admite o surgimento do eterno no tempo, que repousa no passado. Por essa razão nega toda mudança, presente ou futura[1]. A força dessa concepção repousa no fato de que considera o eterno como dado e não como resultado da ação cultural e religiosa do ser humano.

A concepção conservadora também reconhece o kairós[2], mas o situa no passado. Desconsidera que se aconteceu no passado como acontecimento único, é ele quem se revela em todos os sim e não do passado, do presente e futuro. Sob tal visão repousa o pensamento político conservador. Perdeu o sentido supratemporal do kairós[3].

O mito expressou com profunda riqueza este estado de coisas, com o testemunho de  objetos e eventos nos quais o grupo humano percebe sua origem. Em todos os mitos ressoam a lei cíclica do nascimento e da morte. Todo o mito é mito da origem, responde à pergunta da providência e conta porque somos segurados na origem e estamos debaixo de seu império. A consciência mítica original é a raiz de todo o pensamento político conservador e romântico.    

 A origem do pensamento democrático e socialista

Mas o homem vai além do colocar-se como realidade dada, vai além do saber colocar-se diante do ciclo do nascimento e a morte. Faz a experiência de uma exigência que separou o imediato da vida e o leva a colocar-se diante da pergunta da providência uma outra pergunta: "por que?”

Esta pergunta quebra o ciclo de uma maneira fundamental, eleva o homem acima da esfera do simples viver. Porque é a exigência de algo que não está aí, que tem que se tornar realidade. Quando se faz a experiência desse tipo de exigência não se está mais colado à origem. Vai-se além da afirmação do que já está. A exigência nomeia o que deve ser. E o que deve ser não é determinado com a afirmação daquilo que já é, disso que é, significa que tal exigência impôs ao homem o incondicionado.

O “por que” não está dentro dos limites da fonte. É o incondicionalmente novo. É através do “por que” que o homem deve alcançar algo do incondicionalmente novo. Este é o sentido da exigência, quando o homem, por ser dividido, faz esta experiência. Ele detém um conhecimento próprio, por isso é possível ir além da realidade, além daquilo que o cerca.

Tal é a liberdade do homem: não que ele tenha uma vontade livre, mas não está preso, enquanto homem, ao que está dado. O ciclo do nascimento e morte foi quebrado, sua existência e sua ação não estão amarradas na simples propagação de sua origem. Quando esta consciência se  impõe, são rasgados os laços da origem, o mito original está quebrado. A ruptura do mito original pelo incondicionado de exigência é a raiz do pensamento político liberal,  democrático e socialista.

Mas, a concepção progressista considera o eterno um alvo infinito, existente em cada época, mas que não se apresenta enquanto irrupção. Assim, os tempos tornam-se vazios, sem decisão, sem responsabilidade. Na concepção progressista existe uma tensão diante do que foi. Mas a consciência de que o alvo é inacessível a debilita e produz um compromisso continuado com o passado. A concepção progressista não oferece nenhuma opção ao que está dado. Transforma-se em progresso mitigado, em crítica pontual desprovida de tensão, onde não há nenhuma responsabilidade última [4]. 

Este progressismo mitigado é a atitude característica da sociedade burguesa. É um perigo que ameaça constantemente, é a supressão do não e do sim incondicionados, a supressão do anúncio da plenitude dos tempos. É o verdadeiro adversário do espírito profético [5].

O mito, uma crença desvelada
  
A exigência que o homem faz na experiência diante do incondicionado não é estranha a ele. Se fosse estranha à sua essência, não lhe seriam concernentes e ele não poderia discernir tal coisa como exigência. Se ela lhe toca é porque coloca diante de seus olhos gás sua essência enquanto exigência. Funda-se a incondicionalidade, a irrevogabilidade com que o dever-ser aborda o homem e exige ser afirmado por ele.

Se a exigência é a própria essência do homem, então ela encontra seu fundamento na sua  origem, e então a providência e o destino não pertencem a mundos diferentes. Ainda, diante do original, o que é requerido é o incondicionalmente novo. Assim, para Tillich, a origem é ambígua. Há nela uma separação entre origem verdadeira e a  origem real. O que é realmente  original não é o que é original de verdade.

A realização da origem é esta exigência e este dever-ser pelo qual o homem é confrontado. O “por que” do homem é a realização da sua providência. A  origem real é negada pela origem verdadeira; mas certamente, não é uma pura e simples negação. A origem real tem que levar à real verdadeira, ela é sua expressão, mas também disfarce e distorção. A pura consciência mítica original ignora todas as ambigüidades da origem. É por isto que esta consciência está presa à origem e considera sacrilégio toda a ultrapassagem da origem. Só a consciência que, fazendo a experiência da exigência da incondicionalidade, se livra dos laços de origem e se apercebe da ambigüidade da origem.   

A exigência quer a realização da origem verdadeira. Porém o homem não recebe uma exigência incondicionada de outros. É no reencontro do "eu e você" que a exigência torna-se concreta. Seu conteúdo é reconhecido no você com a dignidade do "eu", a dignidade para ser livre, portador da realização daquilo que  apontada à origem. Reconhecer no você uma dignidade igual ao do eu, isto é justiça. A exigência que nos arrasta à ambigüidade da  origem é a exigência de justiça. A origem não rompida conduz a poderes em tensão que procuram a dominação e destroem um ao outro. Quando a origem é rompida vem o poder do ser, o declínio dos poderes que "expiam e são julgados por seu sacrilégio, de acordo com a ordem do tempo", como já evocou a filosofia grega.

A exigência incondicional eleva acima deste ciclo trágico. Diante do poder e da impotência do ser, opõe a justiça, que provém do dever-ser. Portanto, para Tillich, não há uma simples oposição, porque o dever-ser é a realização do ser. A justiça é o verdadeiro poder do ser. Nisto se torna realidade o que é apontado na origem. Na relação entre os dois elementos da existência humana e as duas raízes do pensamento político, a exigência predomina sobre a pura origem, e a justiça, sobre o puro poder do ser. A pergunta do “por que” é superior à da providência. O mito original não deve representar no pensamento político mais do que uma crença rompida, uma crença desvelada.   

Esse é o caminho da utopia. Sem o espírito utópico não há protesto, nem espírito profético[6]. 

Isto é exato na medida em que cada tensão orientada para adiante comporta uma representação daquilo que deve vir e de como se entende a realização desse ideal. Eis porque o espírito da utopia está presente em todo agir incondicionalmente decidido, em todo agir orientado à transformação do presente [7].

A utopia quer realizar a eternidade no tempo, mas esquece que o eterno abala o tempo e todos seus conteúdos. É por isso que a utopia leva, necessariamente, à decepção. Progresso mitigado é o resultado da utopia revolucionária desencantada.

A idéia do kairós nasce da discussão com a utopia. O kairós comporta a irrupção da eternidade no tempo, o caráter absolutamente decisivo deste instante histórico enquanto destino, mas tem a consciência de que não pode existir um estado de eternidade no tempo, a consciência de que o eterno é, em sua essência, aquele que faz a irrupção no tempo, sem contudo fixar-se nele.

Assim, a realização da visão profética se encontra além do tempo, lá onde a utopia desaparece, mas não a sua ação[8].

Metodologicamente, Tillich mostra que toda mudança, toda transformação exige uma compreensão do momento vivido que vá além do meramente histórico, do aqui e agora. Deve projetar-se no futuro, deve entender que há no espírito profético da responsabilidade inelutável um choque entre este kairós[9] e a utopia, que pensa poder fixar a eternidade no tempo presente. Tal desafio não pode ser resolvido por um homem, por mais que encarne o espírito da profecia. O sujeito da transformação será, em última instância, a massa.

Para Tillich, essas duas raízes do pensamento político mantêm entre elas uma relação que é mais do simples justaposição. A exigência predomina na origem. Considerando as várias tendências políticas, não se pode supor que elas sejam atitudes humanas justificadas. Onde são requeridas decisões, o conceito tradicional de realidade não é aplicável. Outro, no entanto, é quando estamos diante de uma exigência do incondicionado.

Ninguém pode entender o socialismo se não experimentar a exigência de sua justiça como uma exigência do incondicionado. Quem não é confrontado pelo socialismo não pode falar do socialismo, a não ser enquanto expressão que vem do exterior.  Não podem falar dele em verdade, porque é contrário às tendências políticas que defendem. Aí está o nó da origem.

As raízes do pensamento político não são apenas pensamentos. O pensamento político é a expressão de um ser político, de uma situação social. Não se pode entender o pensamento quando se subestimam as realidades sociais das quais vem o pensamento político. As raízes do pensamento político não podem agir com uma força igual em todo momento e em todo grupo. Um ou outro pode predominar, depende de uma situação social, grupos ou formas de dominação determinadas. Depende de estruturas sócio-psicológicas, da interação com a situação social objetiva.

A pessoa poderia puxar o que precede uma conseqüência metodológica de acordo com a qual seriam segurar disto às realidades históricas e deixar de voltar melhor até as raízes. Estas raízes, a pessoa avançará, é inconhecével e destituído de realidade. Não tem primeiro lá nenhum elemento do ser humano independente da realidade histórica. O homem seria o que faz tal ou tal situação social, nada além de. Mas esta conseqüência se contradiz ela, assim que comece recorrendo a tais condições que tripulam, história, situação social, etc. são supostas.

Estas condições, realmente, para caracterizar o jogo da história do homem e não são então encadernado a só um momento histórico. É por que a pessoa não tem necessidade para não falar do "étemelle de gás" do homem. por outro lado, é completamente necessário agarrar nem mesmo em unidade de his/her/its o homem histórico eminentemente concreto, ao risco de não pode dizer nada, sobre o fenômeno histórico mais concreto. Mas especialmente, toda a norma acharia se supresso disto. A paixão com que alguns representantes deste pensamento histórico supostamente o radical distribui julgamentos de valor, por exemplo sobre o capitalismo, e até mesmo interpreta e leva um julgamento em toda a história humana como história feita de lutas de classes, assiste bem que neles a consciência normativa não é não extinguida e isso. bem bastante, eles se deixaram orientarem por um certo quadro de um assim--ciété humano onde o ser do homem chegaria a uma realização maior que hoje. Mas por lá põe a pessoa, [232] até mesmo sem querer isto, um momento saber-prahistorique: o um do ser humano gosta de ser realizar. É não levar primeiro até os elementos do homem está sendo então equivalente para não suprimir a exigência, a ultrapassagem e a espera. Porque o ser e o ser realizado se distingue na mesma medida que a origem e o proletariado de meta? É necessário responder isto: certamente, a consciência é ligada ao ser, mas esta aderência mútua é funcional, não de ordem biográfica. D teve alguns pensamentos que tiveram para função para expressar o ser lá burguês, não importa que é dos aristocratas ou bourgeoises que os expressaram. E há alguns pensamentos que têm para função para expressar o ser proletário, não importa que é do bourgeoises ou proletários que os expressam. O fato que especialmente é os aristocratas que prepararam a sociedade burguesa e do bourgeoises que deu ao proletariado a consciência dele bem de espetáculos que o relatório biográfico intervém pequeno forte aqui. Pode acontecer até mesmo que o distância separando sendo a consciência é necessário de forma que as elevações de ser para a consciência. O conhecimento não só supõe uma ligação ao ser, mas também uma distância para consideração de his/her/its. Aqui é por que o que é abalado em his/her/its aderência original para um grupo ou para uma classe é designado para dar consciência dela a outra classe totalmente que seu. O Marx e Lenin são o exemplo mais evidente disto Eles fazem veja que o relatório entre a situação social e o pensamento político tem que subir imediatamente de da esfera biográfica para o um do fonctionnelles14 de relações.   
   
A palavra princípio serve para caracterizar de maneira global os grupos políticos. O pensamento tem como tarefa extrair uma multiplicidade de fenômenos que constitui a característica comum a todos os indivíduos. Normalmente, se cumpre esta tarefa com ajuda de um conceito de gás. Desde Platão, a relação de gás e o fenômeno domina em Oeste a teoria do conhecimento. Porém he/it se apareceram que a lógica de gás não é suficiente para dar conta do historiques15 de realidades. A "essência de um fenômeno histórico" é uma abstração vazia, donde foi expelido a força viva de história. E ainda, a pessoa não pode fazer sem administrar caractérisations geral quando a pessoa tiver negócio a um movimento de unidade.  

Perguntas

1. Até que ponto a Teologia da Cultura pode dizer algo a respeito da ação social e humana?
2. Qual a pertinência do discurso teológico?
3. O que Paul Tillich está produzindo neste texto? Uma história da religião, sociologia da religião ou filosofia da religião?
4.  Qual é o estatuto epistemológico e teórico da análise de Paul Tillich?
5. Quais os referenciais de Paul Tillich? Uma filosofia da vida? Qual a validade desses referenciais?

Algumas considerações

Neste texto, Paul Tillich traduz uma confiança no progresso humano. Parte de uma filosofia política onde seu referencial primeiro é o ser. Nesse sentido, podemos dizer que faz uma fenomenologia política quando analisa questões como o ser, a origem do pensamento político, enquanto mito, e a partir daí procura trazer à tona os elementos não reflexivos do pensamento político conservador.

Lembramos aqui, em passant, a crítica de Ernest Bloch a Freud – conforme exposto por Etienne Higuet --, quando apresenta a Psicanálise como uma volta à origem, que resultaria em conformidade às normas sociais. Assim, o mito não é transformador. Só a utopia, enquanto sonho acordado, é progressivo e pode se apresentar como revolucionário.

Tillich não é tão radical como Bloch. Ele parte do mito, entendendo que devemos rompe-lo passando através, resgatá-lo. Nesse sentido, os símbolos devem ser atravessados para que se possa conhecer aquilo que ele evoca. E isso é o que deve acontecer em relação ao mito de origem, ele não pode ser abandonado, mas atravessado.

Assim, a questão existencial, presente nessa filosofia política, leva a uma antropologia existencial.

É importante, também, entender que o pensamento político liberal, a que Tillich se refere aqui, fala da experiência liberal européia, que teve sua origem no Iluminismo, na Revolução Francesa e nas constituições do século XIX. Essas constituições serão criticadas por Marx, que não as vê como fruto das reais necessidades da sociedade. 




Citações

[1] Kairós II in Christianisme et Socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 255-267, tradução francesa do original Kairós. Zur Geisteslage und Geisteswendung,  Gesammelte Werke, 1926, VI, pp. 29-41.
[2] Paul Tillich ao falar da plenitude do tempo no evento Jesus, explica a construção de sua concepção de kairós: um tempo carregado de tensão, de possibilidades e impossibilidades, qualitativo e rico de conteúdo. Nem tudo é possível sempre, nem tudo é verdade em todos os tempos, nem tudo é exigido em todo momento. Diversos mestres, diferentes poderes cósmicos, reinam em tempos diferentes, e o Senhor que triunfa sobre anjos e poderes, reina no tempo pleno de destino e de tensões, que se estende entre a Ressurreição e a Segunda vinda. Ele reina no tempo presente que, em sua essência, é diferente dos outros tempos do passado. É nessa viva e profunda consciência da história que está enraizada a idéia de kairós, e é a partir dela que deve ser elaborado o conceito de uma filosofia consciente da história. [Kairos I in Christianisme et socialisme, Écrits socialistes allemands (1919-1931), Les Éditions du Cerf, Éditions Labor et Fides, Les Presses de l’Université Laval, 1992, pp. 116-117].   
[3] Idem, op.cit., p. 260.
[4] Idem, op.cit., p. 260.
[5] Idem, op.cit., p. 260.
[6] Para Tillich, o espírito profético está envolvido na situação histórica concreta, tem a coragem de decidir e colocar-se sob julgamento, ao nível do particular. Sem esquecer que sua relação aponta ao incondicionado, e que o ponto mais elevado que é possível alcançar no tempo está submetido ao não. Mas não deverá, por temer o não, perder a audácia do não e do sim concretos. [Kairós II, idem, op.cit., p. 259].    
[7] Idem, op.cit., p. 260.
[8] Idem, op. cit., p.261.
[9] E é a partir dessa compreensão do que significa o espírito de profecia no tempo presente, que voltamos ao kairós, mas agora com novos conteúdos, construído enquanto responsabilidade inetulável. [Paul Tillich, História do pensamento cristão, Kairós, São Paulo, ASTE, 2000, p. 24]. Kairós significa tempo concluído, o instante concreto e, no sentido profético, a plenitude do tempo, a irrupção do eterno no tempo. Kairós não é um qualquer momento pleno, uma parte ou outra do curso temporal: kairós é o tempo onde se completa aquilo que é absolutamente significativo, é o tempo do destino. Considerar uma época como um kairós, considerar o tempo como aquele de uma decisão inevitável, de uma responsabilidade inelutável, é considerá-lo enquanto espírito da profecia. [Kairós II, idem, op. cit., p. 259].

jeudi 9 octobre 2014

Fome Zero e os evangélicos -- 2003

A FAO vai realizar uma missão conjunta com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, para analisar o Projeto Fome Zero, anunciado como prioridade pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

A chefia da missão ficará a cargo de Andrew McMillan, diretor de divisão da FAO em Roma, que comandará uma equipe a ser integrada também por técnicos brasileiros. Durante dez dias, de 1 a 10 de dezembro, a comitiva vai analisar pontos do programa, além de realizar visitas ao Nordeste e Sul brasileiros, para observar in loco o drama da fome e o desenvolvimento da agricultura familiar. 


“A FAO vai financiar a contratação de consultorias nesse período. Elas ajudarão a identificar questões ainda não suficientemente aprofundadas do programa”, explicou o coordenador do projeto, José Graziano da Silva,[1] que retornou de Washington, onde debateu o Projeto Fome Zero em reunião da FAO.

O Projeto Fome Zero traz para nós evangélicos a questão da relação entre nossas igrejas e a sociedade, assim como a questão de nosso potencial para impulsionar o cumprimento integral da missão da igreja.

Há um quase consenso na teologia de que existe uma estreita relação entre religião e sociedade. Na teologia de missão e no pentecostalismo, que predominam em nosso país, é comum acreditar que uma mudança na crença de uma pessoa muda a sua maneira de agir. Assim, a conversão teria a capacidade de renovar a sociedade. Já para a esquerda clássica, que parte de Marx, a religião é um reflexo da situação econômica.

Talvez, sociologicamente, Max Weber possa ser um ponto de equilíbrio, pois via que entre o cristianismo e a sociedade existem afinidades eletivas, interações de características que geram atração recíproca, desenvolvem alguns traços e relativizam outros.

Outra questão, é que o catolicismo de corte tridentino influenciou nossa sociedade produzindo efeitos de longo prazo. Assim, determinados interesses inibiram transformações abrangentes, durante a Colônia e o Império, principalmente no que se refere à escravidão e ao principal fruto dela: a exclusão do povo negro..

Por isso, nós evangélicos devemos aprender com o erro alheio e olhar o Projeto Fome Zero e a luta pelo fim da exclusão social como oportunidades para a realização de uma ampla ação transformadora.

Segundo o economista mexicano Gustavo Gordillo de Anda, representante regional da FAO para América Latina e Caribe:

“O Projeto Fome Zero é um programa referência por contemplar três requisitos: a produção de alimentos, o acesso a eles e a disponibilidade de estoques”.

Segundo Gustavo Gordillo de Anda há no BID, Banco Mundial e FAO diversos programas voltados para a área social, já assinados com o governo brasileiro, que poderiam eventualmente sofrer uma reciclagem para reforçar o caixa do Fome Zero.

Para o coordenador do Projeto Fome Zero do futuro governo Lula, José Graziano da Silva, “não podemos dizer quais seriam esses programas, nem estabelecer valores. Isso tudo será objeto de análise”.

Para a igreja evangélica, que quer ser sal da terra e luz do mundo, esta questão não pode ser irrelevante, porque nela se expressa a pergunta pelo serviço que presta a seus conterrâneos. Na verdade, aliar-se ao programa responde a pergunta: a serviço de que forças sociais nossas denominações estão? Atuar no campo concreto da cidadania é uma forma de a igreja cumprir com sua responsabilidade e produzir efeito duradouro.

Em seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, Max Weber constatou de que na região estudada por ele, no vale do Ruhr, na Alemanha, os filhos dos católicos escolhiam carreiras profissionais na área de Humanas, enquanto os protestantes as carreiras técnicas. Assim, os protestantes se fizeram representar entre os industriais e técnicos de nível superior. A partir daí, Weber desenvolveu uma pesquisa, na qual concluiu que denominações do protestantismo, como calvinismo, pietismo, metodismo e batistas, por causa da fé e da ética que desenvolveram, contribuíram para a formação do espírito que impulsiona a moderna economia capitalista.

Algo assim deve acontecer no Brasil, mas em sentido social. Na sociedade brasileira é impossível testemunhar o evangelho e não partilhar com as pessoas a boa nova na vida do dia-a-dia. Por isso, a igreja deve lançar mão de mediações sociais e políticas. As mediações, como escolas, artes, participação política, fazem a ponte entre a igreja e seus objetivos..

A igreja precisa fazer uma leitura brasileira de sua missão que, além do contexto social-cultural, político e econômico, traduzirá um combate declarado à fome e à exclusão social.

“Todos os programas negociados com a FAO e dirigidos ao combate à pobreza poderão ser canalizados para a fome. É dinheiro a ser sacado”, observou Gordillo de Anda. 

Graziano explicou que o empréstimo de US$ 9 bilhões, anunciado pelo presidente do Bird, Enrique Iglesias, refere-se à soma de desembolsos anuais para projetos do futuro governo na área social, que tem no Projeto Fome Zero sua prioridade.

O coordenador do projeto disse que “duas coisas precisam ficar claras, quando o presidente eleito diz que deseja assegurar três refeições a cada brasileiro. Ele está se propondo a implantar uma política de segurança alimentar no Brasil. O Projeto Fome Zero é isso: um programa de segurança alimentar. Queremos acabar com a fome e com a insegurança no acesso à comida”.

Quando ao problema da fome aqui tratado, há a certeza de que a igreja pode ajudar, ao potencializar sua influência e aproveitar ao máximo a capacidade de suas próprias estruturas.

Nossos laços de unidade no trabalho missionário e de evangelização do Brasil devem aproveitar o potencial que o trabalho em redes e ONGs possibilitam. Pequenas comunidades locais em movimento, que criam organizações na medida necessária para manter estabilizada a mobilização de seus recursos, mas que estão entrelaçadas com outras, têm condições de fazer a diferença.

O modelo é a imagem da rede, que é flexível, essencialmente igualitária e tem orientação integral. A rede é adequada a sociedade e à igreja, complexas e pluralistas.

Mas voltemos a Gordillo de Anda e Graziano, que assim explicaram seus sonhos:

“Nós gostaríamos de acabar com a pobreza no país e assegurar uma renda mínima a todo cidadão, mas não há recursos para isso. O Projeto Fome Zero não exclui os demais quarenta e um programas destinados ao combate à pobreza. Porém, fizemos uma escolha. Definimos uma prioridade: implantar um programa de segurança alimentar. Assim, vamos eleger mecanismos que vinculem os recursos aos gastos com alimentos”.

A igreja é a instituição de salvação equipada para a obra redentora, que pode acolher as massas e viver o mundo porque tem o tesouro objetivo da graça. Sua missão é a associação livre de cristãos conscientes, que se unem enquanto renascidos, e que colocam em prática o modo cristão de vida baseada no amor. A mística desse projeto é a internalização do ideário cristalizado no culto e na doutrina como embasamento histórico da fé cristã.[2]

Mas muitas vezes, por miopia, corremos o risco de não entendermos o papel que nos cabe enquanto corpo de Cristo, e acabamos por priorizar as mobilizações em detrimento das ações. Corremos o risco de recebermos de Deus, por graça, grandes e sofisticados recursos e encantarmo-nos com eles, sem ter o ânimo necessário para usá-los nas ações que podem salvar o próximo faminto e excluído. Exemplos típicos podem ser o empenho na construção de templos, altos custos de organização e investimentos desmedidos em equipamentos.

Por isso, que fique conosco o chamado à ação que Jesus nos faz na parábola do Bom Samaritano:

-- Vá e faça a mesma coisa.

Fontes
[1] Missão internacional analisa o Fome Zero, 14/11/2002 [PT: Equipe técnica de transição] www.pt.org.br
[2] Emil Albert Sobottka, As estruturas eclesiais e as estruturas da sociedade na América Latina. Fraternidade Teológica Latino-Americana: www.fratela.org/ponencias/Emil60.doc

mercredi 8 octobre 2014

Noite sem lua -- poema

Noite sem lua
Jorge Pinheiro

A pomba voou e foi para o mar, 
cercada de marinheiros, 
ficou enrolada, coberta num canto do barco, 
envolta em fantasmas de medo, 
a olhar as cordas da amarração, 
a pensar em partir para as profundezas. 


Os marinheiros querem a vida depois da tormenta, 
tempo seco e ventos alíseos. 
Beber sentados nos barris, cantar, dançar, 
sabendo que ao longe há um farol de segurança.

Param de sonhar, se voltam para a pomba, 
repartem a angústia, querem ouvi-la falar da vida elevada, 
mas as ondas arrebentam, o mar é onça no cio, 
a pomba reclama que a flama da lâmpada apagou, 
que a noite já não importa. 
Sou hebreia e adoro Iavé, 
Eloim do céu, que fez o mar e a terra.

E viram a pomba suja a caminho do exílio, 
no cruzeiro para o extremo do mundo, 
marujo sem capitão, desgrenhada, 
de olhos fixos no abismo. 
Não há tempo para discursos, é melhor jogá-la fora.

Talvez amanhã não seja a última noite, 
o farol brilhe de novo, 
os meses de inverno garantam águas serenas. 
Talvez, em terra firme, 
o dia abrande e os olhos delas acariciem corpos, céu e mar. 

A pomba amanhece, deixa a casa de Eloim, 
faz o caminho ensolarado, 
agradecida pelo resgate das entranhas do monstro, 
sem saber como pode existir noite sem lua.




lundi 29 septembre 2014

vendredi 26 septembre 2014

Shostakovich: Symphony No. 5 / Bernstein · New York Philharmonic Orchestra




O Sermão do Fogo
Jorge Pinheiro

O príncipe dos pregadores do século XIX, Charles Haddon Spurgeon, pregou um sermão que ficou conhecido como Apressando a Ló, com base no texto de Gênesis 19.15. O centro dessa mensagem de Spurgeon é que diante de uma cidade que vai arder, justos e errantes devem ser apressados.

O justo deve ser apressado em relação ao que é melhor para sua família, a sair da loucura do século presente e buscar a solidariedade do Eterno. E o errante deve ouvir do perigo iminente e da necessidade de tomar uma decisão imediata.

O pano de fundo do sermão é a cidade que vai arder. Mas para mim a sinfonia no. 5 de Shostakovich está sempre presente.

Décadas mais tarde, um poeta norte-americano, de ascendência inglesa, escreveu sobre um mundo que já ardeu. Seus poemas traduzem a angústia profética diante da guerra e do drama humano.

Terra Desolada é um dos mais impressionantes poemas de Thomas Stearns Eliot. É um gemido diante de um mundo árido, onde sobreviventes se arrastam e agonizam. Escrito entre 1921 e 1922, é considerado o mais terrível poema da literatura ocidental no século XX.

Mas, em meio ao desespero, podemos ver o sentido de transcendência que brota na Terra Desolada desse cristão agoniado diante do destino humano. No final da terceira parte do poema, chamado O Sermão do Fogo, terror e êxtase se complementam:

A Cartago então eu vim 
Ardendo ardendo ardendo ardendo
Ó Senhor Tu que me arrebatas
Ó Senhor tu que me arrebatas
ardendo

Eliot em suas notas conta que o primeiro verso acima foi tirado das Confissões de santo Agostinho, quando o teólogo diz: “A Cartago então eu vim, onde todos os amores ímpios, como num caldeirão, cantavam em meus ouvidos”.

E o verso seguinte faz parte do Sermão do Fogo, de Buda, que segundo Eliot é tão importante para o mundo oriental quanto o Sermão da Montanha para nós cristãos. E volta às Confissões de Agostinho, com o verso: “Ó Senhor Tu que me arrebatas”.

Eliot afirma que “a inserção destes dois representantes do ascetismo oriental e ocidental no ponto culminante desta parte do poema não é fortuita”, já que através de uma leitura cheia de ecumenicidade transmite ao leitor toda a angústia diante de um mundo que arde.

Três anos mais tarde, Eliot lançou Os Homens Ocos onde, ainda em meio ao mundo desolado, fala de homens vazios, empalhados. E é aqui, neste poema, que a transcendência transborda, apontando para o sentido profundo da mudança de rumo. 

Entre o desejo 
E o espanto, 
Entre a potência
E a existência
Entre a essência
E a descendência
Tomba a Sombra
Porque Teu é o Reino
Porque Teu é
A vida é
Porque Teu é o 

E numa estrofe sublime, genial, completa:

Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Não com uma explosão, mas com um suspiro. 

Diante de uma cidade que vai arder, de um mundo que já ardeu, ficam a urgência e a esperança... “e como ele estava demorando, os anjos pegaram pela mão Ló, a sua mulher e as suas filhas e os levaram para fora da cidade...

Fontes
Spurgeon, Charles Haddon, Esboços Bíblicos de Gênesis a Apocalipse, aprendendo com o príncipe dos pregadores, São Paulo, Shedd Publicações, 2002.
Eliot, T. S., Poesia, 3a. edição, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1981.



mardi 23 septembre 2014

I pugni in tasca



I pugni in tasca è un film del 1965, scritto e diretto da Marco Bellocchio, all'esordio nella regia di un lungometraggio. Si tratta di un film manifesto, per certi versi anticipatore della contestazione sessantottina. Il film è stato selezionato tra i 100 film italiani da salvare[1].

La storia si svolge in uno spazio chiuso, angosciante, dove vivono i componenti di una famiglia borghese piacentina senza pace, malsana e autodistruttriva, talmente attaccati gli uni con gli altri, che soli non hanno ragione di esistere:
la madre, cieca, ancorata ai ricordi il fratello minore Leone, affetto da ritardo mentale ed epilessia: un ragazzo tenero, indifeso ed immensamente dolce ma inutile agli occhi degli altri familiari Augusto, il fratello maggiore, l'unico "normale", cinico e mediocre, che aspira a farsi una propria famiglia, al benessere economico, all'integrazione nella società ad ogni costo
Giulia, l'unica sorella, molto curiosa nei confronti dei vari aspetti della vita (spia le prostitute) e apparentemente normale, è in realtà anch'essa disturbata e ferma psicologicamente ad una preadolescenza che la lega morbosamente al fratello Sandro, al punto da consumare un incesto. Alessandro, o Sandro: pazzo ed epilettico anch'egli, è tuttavia anche lucido nell'avvertire il disagio della famiglia, un disagio che lo ossessiona al punto da desiderare la morte dei componenti. Sandro non sa uscire dalla propria autocontemplazione, dal suo estremo narcisismo e non sa crearsi nessun rapporto se non all'interno dalla famiglia.

Il film venne realizzato in grande economia e circolò con una distribuzione indipendente. La famiglia Bellocchio contribuì alla realizzazione del film: il fratello di Marco Bellocchio, Tonino, finanziò l'opera con cinquanta milioni; l'interno della casa è quello della madre del regista[2].

Le riprese in esterno furono girate tra Bobbio e Piacenza. Il montaggio fu curato da Silvano Agosti che usò lo pseudonimo di Aurelio Mangiarotti (un suo amico muratore che viveva in Francia). Per completare il lavoro, Silvano Agosti impiegò 26 giorni in totale autonomia[3].

Lou Castel e Paola Pitagora in una scena del film

Per il ruolo di protagonista era stato contattato Gianni Morandi. Per il ruolo di Giulia, Bellocchio aveva pensato a Susan Strasberg e a Raffaella Carrà, per quello di Augusto a Maurice Ronet.

Lou Castel, nel ruolo di Alessandro, è riuscito genialmente a modificare il suo personaggio, aggiungendovi una dolcezza imprevista che lo rende ancora più crudele e tagliente. Meravigliose le scene in cui si abbandona totalmente a sé stesso pensando di non essere visto (per esempio davanti alla madre cieca). Durante le riprese Castel aveva spesso reazioni esilaranti o violente, costringendo la troupe a interrompere le riprese o il regista a modificare una scena; Masé reagiva male alle provocazioni di Castel, giungendo anche a schiaffeggiarlo[4]. Pur recitando in italiano nel film, Castel fu doppiato a causa del forte accento straniero.

Una scena del film

Il film fu proiettato per la prima volta in pubblico il 31 ottobre 1965 (v.c. n. 45471 del 28-7-1965). Fu distribuito anche in Francia (Les poings dans les poches - Hyères, maggio 1966 - 85'), Germania Occidentale (Mit der Faust in der Tasche - 5-12-1969 - 108'), Gran Bretagna (Fists in the Pocket - 1966 - 113') e Usa (Fist in His Pocket - 1968 - 105').


Note
Rete degli Spettatori
2 Sandro Bernardi, Marco Bellocchio, Il Castoro, 1978, pag. 28
3 dichiarazioni rilasciate al sito www.formacinema.it [1]
4 Sandro Bernardi, id.

Fonte: Wikipedia

samedi 20 septembre 2014

Anástase e epifania

A mensagem da anástase foi anunciada em primeiro lugar às mulheres que foram ao túmulo onde havia sido colocado o corpo do nazareno. Tristes, chegaram ao jardim e encontraram a pedra, que fechava a entrada, fora do lugar, rolada para o lado, e viram que o selo do sepulcro havia sido retirado. Então a voz de um mensageiro chegou até seus ouvidos. E eles disseram: por que vocês buscam entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas foi levantado -- Lucas 24.5-6.

A epifania do Senhor, a aparição, tornou-se festa cristã celebrada no dia 6 de janeiro, doze dias depois do Natal. Mas os católicos, com a reforma do calendário litúrgico em 1969, passaram a comemorá-la dois domingos depois do Natal.

A epifania simboliza a presença do Cristo como o enviado do Deus Eterno, quando o filho dá-se a conhecer ao mundo. Na narração bíblica o momento maior da epifania seria aquele posterior ao ser levantado, mas como o nazareno deu-se a conhecer a diferentes pessoas, lugares e momentos, a celebração acabou sendo colocada simbolicamente com a chegada dos reis do Oriente, como está relatado em Mateus 2.1-12, à casa da família de José, celebrada, então, no dia 6 de janeiro.

Essa é uma antiga tradição, que nos é contada, por exemplo, pela peregrina Egéria em visita a Jerusalém, no século IV, depois de uma noite de vigília durante as festividades epifânicas:

Depois de o povo ter repousado, ao início da segunda hora, todos se reúnem na igreja maior, situada no Gólgota. Ora, descrever a decoração da igreja neste dia, seja na Ressurreição, na Cruz, ou em Belém, teria sido acima das minhas forças descrevê-lo. Não se vê outra coisa senão ouro, pedras preciosas e seda; de fato, as tapeçarias, se as virdes, são em seda cravejada de ouro; se vides as cortinas, são, igualmente, em seda cravejada de ouro. Quanto aos objetos do culto, toda e qualquer peça que vem a serviço naquele dia é de ouro incrustado de pedras preciosas. Quanto ao número e peso dos círios, dos candelabros, das lâmpadas, dos diversos objetos do culto, porventura seria possível avaliá-los e descrevê-los?

E, na verdade, que direi da decoração daqueles edifícios que Constantino, sob os olhares de sua mãe, empregando todos os recursos do seu império, decorou de ouro, de mosaico e de mármore precioso, tanto a igreja maior como a Ressurreição, a Cruz e os outros lugares santos de Jerusalém?

Mas, para voltarmos ao assunto, celebra-se, pois, no primeiro dia, o ofício da festa, na igreja maior, que está no Gólgota. E então prega-se, fazem-se leituras diversas e dizem-se hinos, tudo, por sua vez, apropriado a este dia; e, depois, logo após a despedida da igreja, vai-se com hinos para a Ressurreição, como de costume: e assim a despedida tem lugar mais ou menos pela sexta hora”.

Nos dias seguintes ao ter sido levantado, o Cristo apareceu para mais de quinhentos seguidores -- 1Coríntios 15.6. Quando se propagou a notícia de que o nazareno crucificado estava vivo, os discípulos arriscaram a própria vida para saírem mundo afora a fim de anunciar a novidade. Por quê? Porque eles entendiam que a anástase do nazareno tem um significado de vida para todas as gentes, em todos os lugares.

Ele foi levantado para ser mediador entre o Deus Eterno e as pessoas. Recebeu de volta a vida para, a partir do sacrifício vicário, perdoar erros e desatinos -- 1João 2.12. Assim, não há liberdade em nenhum outro, porque na materialidade da vida, não há ninguém que possa nos entregar a liberdade eterna – Atos dos apóstolos 4.12.

Movidos por ciúmes e inveja, líderes da época pensaram em por um fim à obra do nazareno, matando-o. Mas ele foi levantado como vencedor e vive! Por isso, eu leio anástase e epifania como o momento maior da lberdade humana. E Paulo, o pequeno, nos diz que se nós traduzirmos em palavras e vida a anástase e esta epifania seremos libertados para a eternidade -- Romanos 10.9.

O nazareno morreu pelos nossos erros e desatinos, foi colocado na sepultura cavada na rocha, mas foi levantado três depois, conforme nos conta Paulo, o pequeno -- 1 Co 15.3b-4. O que significa a anástase para você?

Creia que o nazareno foi torturado e assassinado para pagar o preço da sua alienação, e foi levantado como primícia da anástase que está prometida a você. Aceite o milagre da epifania e torne-se participante do poder da sua anástase!



Do amigo Jorge Pinheiro