lundi 9 janvier 2017

Seja vitorioso!

... a vitória 
vem com o amor

Em relação à espiritualidade cristã, o apóstolo Paulo diz que há três tipos de pessoas: 

(1) A natural, que não reconhece Jesus como senhor de sua vida: “Mas quem não tem o Espírito de Deus não pode receber os dons que vêm do Espírito e, de fato, nem mesmo pode entendê-los. Essas verdades são loucura para essa pessoa porque o sentido delas só pode ser entendido de modo espiritual”. (1Coríntios 2.14).

(2) A espiritual, que aceitou Jesus como senhor e salvador e, como conseqüência, tem a sua vida dirigida pelo Espírito Santo: “A pessoa que tem o Espírito Santo pode julgar o valor de todas as coisas, porém ela mesma não pode ser julgada por ninguém. Como dizem as Escrituras Sagradas: 'Quem pode conhecer a mente do Senhor? Quem é capaz de lhe dar conselhos?' Mas nós pensamos como Cristo pensa”. (1Coríntios 2.15-16).

E (3) a carnal, que já aceitou a Jesus como salvador, mas confia em seus próprios esforços para viver a vida cristã: "Na verdade, irmãos, eu não pude falar com vocês como costumo fazer com as pessoas que têm o Espírito de Deus. Tive de falar com vocês como se vocês fossem pessoas do mundo, como se fossem crianças na fé cristã. Tive de alimentá-los com leite e não com comida forte, pois vocês não estavam prontos para isso. E ainda não estão prontos, porque vivem como se fossem pessoas deste mundo. Quando existem ciumeiras e brigas entre vocês, será que isso não prova que vocês são pessoas deste mundo e fazem o que todos fazem?” (1 Coríntios 3:1-3)

PrimeirA SEMANA

Filipenses 2.1-11. “Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. E também são bondosos e misericordiosos uns com os outros. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Então peço que me dêem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano,  ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz. Por isso, Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai”.

 

O amor cristão

É preciso coragem para ir à luta, como as Escrituras Sagradas nos desafiam. E a principal dessas lutas, diz respeito ao nosso caráter. Por isso, fazer aos outros aquilo que nós desejamos que nos façam, é a melhor definição de amor. Isso quer dizer que devemos considerar as pessoas da nossa família, os amigos, mas também aqueles de quem discordamos tão importantes quanto nós. Significa aprender a respeitar as pessoas e entender que não estão aqui por acaso. Esse é o amor que Jesus ensinou.

O jeito de Deus para completar a sua transformação em nossa vida é a obra do Espírito Santo. Caso você tenha aceitado Jesus como Senhor da sua vida, uma das primeiras coisas que o Pai fará é introduzir o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, na sua vida.

Através do Espírito Santo, Ele vai realizar um processo de transformação, trabalhando todos os dias para mudar seu caráter, na sua forma de agir e reagir espiritualmente. O Espírito Santo se dedicará a edificar a sua vida através do amor. Mas você deve cooperar com Ele.

Como você tem experimentado a presença e o poder transformador do Espírito Santo na sua vida?
Conte para o grupo uma situação em que você não cooperou como devia com o Espírito Santo e quais foram as conseqüências. 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Seja forte                 Salmos 31.24
Terça-feira O sofrimento vai passar         Jó 11.16-19
Quarta-feira Deus refaz a vida         Salmos 138.7
Quinta-feira Entrega o problema a Deus Salmos 55.22
Sexta-feira Não se desespere         João 14.1
Sábado O que Deus quer para você        Jeremias 29.11

Texto para reflexão
Fomos chamados à liberdade. O que significa isso? Bem, talvez falar de corvos, gaviões e passarinhos ajude...


Entregue o bandido

Em 1965, Pier Paolo Pasolini, um dos gênios do cinema italiano, filmou “Gaviões e passarinhos”, história que é uma metáfora sobre a liberdade. Numa estrada vazia, um senhor e seu filho encontram um corvo que fala. O corvo os transforma em dois monges franciscanos e eles são obrigados a pregar para gaviões e passarinhos. O próprio Pasolini diria:

"Nunca criei um filme tão desarmado, frágil e delicado como esse. Ele não se parece com meus filmes anteriores e não se parece com nenhum outro filme... Seu surrealismo tem pouco a ver com o surrealismo histórico, mas fundamentalmente com o surrealismo das fábulas".

 O filme é uma parábola sobre a crise existencial, representada pelo corvo. Pai e filho representam as pessoas inocentes que não sabem como enfrentar as falsidades do mundo. A liberdade tem um custo. O custo de enfrentar as limitações de nosso caráter, em primeiro lugar. E é sobre isso que vamos falar: entregue o bandido, agora!

Jesus disse que deveríamos apresentar nossas necessidades ao Pai, em nome dele (João 14.13), e que ele, Jesus, nos responderia para que o Pai fosse glorificado no Filho. A idéia do texto é que devemos apresentar, entregar a Deus nossas necessidades. É como se disséssemos: “Senhor, olha a minha situação, quero lhe entregar este problema, fica com ele, com o problema, a dor, e supre minha necessidade”.

Aprendi com um amigo pastor, que muitas vezes devemos entregar nossas dificuldades de caráter a Deus, como o xerife leva o bandido para a cadeia. “Deus, eis aqui o meu pecado, ele é um bandido na minha vida, eu não quero mais ele comigo. Coloca ele não cadeia”. E Jesus agarra a limitação do seu caráter e prende. E você sai de diante de Deus, em paz, sem nenhum pecado bandido para infernizar a sua vida.

Nesse sentido, como disse o sábio, há tempo para tudo. E você deve definir os tempos de sua liberdade. Isso significa, em primeiro lugar, dizer que a partir de agora, desse momento, você não quer mais conviver com essa falha do seu caráter.


Muitas pessoas sofrem e oram a Deus para que as liberte de um vício, de um pecado, mas não entregam o bandido ou, como dizem os jovens da FEBEM, “não soltam o refém”. Você tem que soltar o refém.

Ao fazer isso, você não está exigindo nada de Deus. Você não está mandando em Deus. Ao contrário, você está fazendo exatamente aquilo que Ele deseja. Quando você entrega a Deus o seu problema, o seu vício, o seu pecado, você não sai vazio da presença de Deus. Como o herói de um filme de bang bang que capturou o bandido procurado e o entregou ao xerife, você, pela graça, recebe uma recompensa espetacular: o fruto do Espírito. Cada bandido procurado e entregue, você pode trocar por um gomo do fruto do Espírito. Você entrega o bandido do ódio e sai com o amor, você entrega a bandida da ira e sai com a paz no coração.

 
Agora você sabe que tem uma tarefa pela frente, fixar os tempos da sua liberdade. Prepare-se: esta é a semana em que você está desafiado a entregar algum bandido que inferniza a sua vida vida --  o ódio ou um de seus cúmplices: antipatia, aversão, enfado, nojo, raiva, repugnância. Lembre-se, nessa tarefa o Espírito Santo é seu aliado, ele vai lhe dar coragem e força, vai lhe animar para você cumprir a missão. Vá em frente, você pode!


Por isso, como na parábola de Pasolini, somos chamados a pregar para gaviões e passarinhos. Somos livres em Cristo: chamados a viver no Espírito o desafio incondicional de realizar a verdade e fazer o bem.

SegundA SEMANA

João 15.9-11.. “Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês. Se obedecerem aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar. — Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”. 

A alegria cristã

Existem duas verdades bíblicas relacionadas com a alegria e a felicidade. A primeira é que Deus ama tanto você que definiu como prioridade produzir um espírito de alegria na sua vida. Ele tem este compromisso: desenvolver a alegria no fundo do seu coração através do poder sobrenatural do Espírito Santo. Ele que você tenha alegria em profusão, que você transborde de alegria, uma alegria capaz de ir além de qualquer dor, do desânimo ou de qualquer problema que você possa enfrentar.

A segunda verdade é que Deus tem um plano para alcançar esse objetivo: encher sua vida de relacionamentos significativos. Depois, ele lhe dará um vida plena de propósitos e de sentido. E, por fim, encherá você de esperança, uma esperança eterna.

Como sua relação com Deus trouxe relacionamentos de amor significativos para sua vida?
De que modo o seu relacionamento com Jesus dá significado à sua vida?
Por que andar com Jesus dá esperanças para a sua vida?


Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Os sete livramentos Jó 5.19
Terça-feira O Senhor dá força Salmos 29.11
Quarta-feira De Cristo, nada nos separa Romanos 8.38-39
Quinta-feira Ele expulsou o inimigo Deuteronômio 33.27
Sexta-feira Faça o bem Gálatas 6.9
Sábado Alegria e paz Romanos 15.13

Texto para reflexão

60 anos em branco
É Ele quem nos enche de alegria!

“Vocês sairão alegres da Babilônia, serão guiados em paz para a sua terra. As montanhas e os morros cantarão de alegria; todas as árvores baterão palmas. Onde agora só há espinheiros crescerão pinheiros, murtas aparecerão onde agora só cresce o mato. Isso será para vocês uma testemunha daquilo que eu fiz, será um sinal eterno, que nunca desaparecerá.” (Isaías 55. 12-12).

O carro era um Renault Modus, 2005, placa 420AMW60, e o patrocinador o Toninho, nosso padrinho de casamento, meu e da Naira, pelo meu aniversário de 60 anos, completados no sábado dia 5 de março.


Partimos de Montpellier, no litoral do Mediterrâneo francês em direção ao Parque Nacional de Cèvennes, às 8 da manhã de sábado, chegamos em Anduze, cidade que dá entrada à região de Cèvennes, por volta das 10 da manhã. Depois de dois cafezinhos para nós e um chá para a Paloma, para esquentar o frio, começamos a atravessar o parque, zigzagueando o vale e margeando o rio Gard. 


Cenário do campo da região de Languedoc, com seus castelos, não muitos, suas fazendas e vinhas. Arquitetura medieval em pedra, cidades que se cruza em minutos. Estradas secundárias, mas em ótimas condições. Uma delas com um aviso, «chaussées deformées», para dizer que a pista não era muito boa. Fiquei esperando buracos e desvíneis, mas nada... apenas não era lisa como as anteriores. 


Quando o vale ficou para trás e iniciamos a subida da montanha numa estrada sinuosa com precipícios à direita, Paloma teve sua primeira grande experiência deste inverno, nevava levemente. Mas, conforme subíamos, maior umidade e neve mais forte. Não houve como resistir, descemos do carro e fizemos nossa primeira guerra na neve. Foi a glória. Naira e Paloma pareciam duas crianças. A maior farra. Preocupado com a possibilidade das meninas se resfriarem, fiz as duas voltarem ao carro. Estávamos na maior alegria. 


Seguimos viagem debaixo de neve e da beleza das estradas emolduradas... E logicamente os pinheiros verdes, cobertos... como nos cartões postais de Natal. Chegamos a Florac, já lá em cima, no meio de uma nevada que caía quase forte. Entramos num restaurante muito simpático, cheio de hippies, o que parecia estranho e fora de época, afinal estamos em 2005. Tomamos chocolate quente e voltamos para o carro. Estacionei numa pequena praça e dentro do carro almoçamos. Naira tinha preparado coxa de peru assado com batatas, suco de maça e pão, que aqui é sempre um capítulo à parte. Amamos «les baguettes». 


Depois do almoço, ainda em Florac, fomos visitar um castelo que no século XVII fez parte da resistência protestante. Atenção, toda a região de Cèvennes no século XVII foi um pólo das lutas pela liberdade religiosa, de pensamento e de expressão, com a presença dos primeiros huguenotes.

 
Nevava forte e a história cedeu lugar a uma nova e aguerrida batalha na neve, agora sem mediação ou armistício. Naira, a mãe, foi atacada sem dó nem piedade. E em nenhum momento reclamou das boladas recebidas. Reagiu à altura, sem complacência. Por fim, voltamos ao carro e seguimos viagem para Barre de Cèvennes, outra região histórica, onde o protestantismo nascente produziu «camisards» e profetas. 


Mas aí tivemos o prazer de entrar na cidade debaixo de uma nevada muito forte. Em poucos minutos a neve cobriu o carro. Descemos e fomos visitar uma igreja protestante do século XVII. Eu estava emocionado pelo momento sublime do encontro com o passado heróico da fé protestante, mas também, como Naira e Paloma, inebriado pela beleza da nevasca, soprada por ventos fortes.
 
Assim como a neve...


A cidade inteira estava branca. Tudo branco. Guerra de neve era pouco, o momento exigia algo mais grandioso. Lembrei-me de Isaías 55, quando Deus diz que assim como desce a neve dos céus e para lá não volta, mas rega a terra, a faz produzir, brotar, dar semente ao semeador e pão ao que come, assim é a palavra Dele, que não volta, mas faz o que Ele quer e prospera no objetivo para a qual foi enviada. Agradeci a Deus pela vida, por meu ministério e pela eternidade com meu Senhor e Deus.

 
Um grupos de rapazes passou por nós, no meio da rua, cantando, gritando, alucinados pelo momento. Foi difícil deixar Barre de Cèvennes. Mas tivemos que fazê-lo. Eu não queria dirigir nas montanhas, à noite, debaixo de neve.

No caminho, Naira viu um mirante, grande, que se debruçava sobre o vale. Paramos mais uma vez.


Desta vez, Paloma fez o anjo. Para quem não sabe, consiste em se jogar de costas na neve, de braços abertos, e deitada fazer movimentos com os braços para marcar a neve. Depois, de pé, olhar e ver no branco, em branco, um anjo com suas asas abertas. E fez outro anjo... e por fim num gesto solidário, juntos, fizemos nosso primeiro boneco de neve. Na verdade, boneca, porque vestiu o gorro e o cachecol rosas da Paloma. Não era uma boneca enorme, mas muito simpática.

 
E lá seguimos nós, parando mais uma vez num pequeno hotel e depois fazendo o caminho de volta. Retornamos ao vale, passamos de novo por Anduze, e seguimos para Nîmes, cidade construída pelos romanos, que tem no centro uma arena, um coliseu, onde ainda se realizam corridas de touro. Quando chegamos estava acontecendo uma. Mas levei as meninas a Nîmes só para uma rápida olhada. Voltamos, já à noite para Montpellier.


Chegamos às 20h30. E como li a placa do Renault que aluguei, ao bater os olhos nela, como «60 Attends à Merveilleux Week-end 60» (ou seja, “60 Aguarde um maravilhoso fim de semana 60”), agradeci a Deus pelo gostoso sábado branco de meus sessenta anos, que Toninho nos proporcionou. E a Deus toda a glória! Pois aqueles que esperam nele renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm  e não se cansam, caminham e não se fatigam. (Isaías 40.31).

TerceirA SEMANA

João 14.25-27.
“— Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês.— Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo”. 

A paz com Deus

Todos nós conhecemos pessoas que não vão à igreja e vivem distantes de Deus. Mas quando a gente pergunta: 'Você não acredita em Deus?'. Respondem: 'Acredito sim, vivo em paz com Ele, e por isso não preciso fazer mais nada'.

Na verdade, essas pessoas vivem a paz de um estranho pacto: Deus cuida da vida dele, e ela cuida da vida dela. É a paz do fim das hostilidades. Nessa paz não existe um conflito declarado, mas sem dúvida este não é um relacionamento saudável. 

Deus, através de Jesus, declarou o fim das hostilidades. Mas Ele não quer apenas esse tipo de paz, de armistício, você lá e Ele lá longe. Ele quer a paz do amigo, do marido apaixonado pela esposa, Ele quer a paz da intimidade. Ele quer uma paz que cura os relacionamentos feridos. 

Nas verdade, Deus diz para você: “Vou fazer tudo para ter uma paz, cheia de amor e alegria, e farei tudo que for necessário para isso. Vou até você e vou derrubar as muralhas. Vou chegar pertinho e soprar sobre você o meu Espírito Santo. Então você se sentirá atraído/a e viveremos um relacionamento de amor”.

Não se esqueça: você nunca encontrará paz no fundo do seu coração até que tenha um relacionamento de amor e alegria com Jesus. Somente pela confissão de nossos pecados, que diz para Jesus, o senhor é meu salvador, podemos encontrar a paz de que a Bíblia nos fala.

Como é a vida da pessoa que tem com Deus apenas a paz do fim das hostilidades?
O que ocorre na vida quando descobrimos a paz da intimidade com Deus?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Ele dá o livramento 1Coríntios 10.13
Terça-feira Ele não rejeita você Jó 8.20
Quarta-feira Desamparados? Não!  2Coríntios 4.8,9
Quinta-feira Receba a paz! João 14.27
Sexta-feira Ele é o libertador! Salmos 68.19-20
Sábado Clama, Ele ouvirá Salmos 4.3

Texto para reflexão

Você quer inovar Missões?


Existem abordagens inovadoras que podem eletrizar a igreja, como por exemplo a assistência nas situações de catásfrofes e combates às endemias, ministério de apoio as populações em situações de risco, evangelismo urbano de comunidades socialmente excluídas. 

Mas por que isso? Por que fazer missões sob novo olhar? Porque é unânime entre os missiólogos que a Europa e Estados Unidos deixaram de ser o centro de gravidade do cristianismo. Durante mais de um século, Europa e Estados Unidos foram os grandes impulsionadores do movimento missionário, mas no final do século 20 deixaram de ser o centro de gravidade do cristianismo e foram substituídos por igrejas de outras regiões, entre as quais as igrejas brasileiras, conforme entrevista do presidente da Aliança Reformada Mundial (ARM, que representa 75 milhões de fiéis em mais de 100 países), Choan-Seng Song.

“Dos 2 bilhões de cristãos que há no mundo, 1,24 bilhão encontra-se na África, Ásia, Oceania e América Latina, e 821 milhões na Europa e na América do Norte”, contabilizou Song, baseando-se em informações divulgadas pela Enciclopédia Britânica.


Para esse pastor presbiteriano de Taiwan, essa proporcionalidade verifica-se também no campo das igrejas cristãs reformadas. Dois terços das igrejas membros da ARM estão fora da Europa e da América do Norte.


As igrejas que nas décadas anteriores difundiram o cristianismo ao resto da Terra parece que estancaram e perderam o vigor espiritual. Agora percebe-se uma maior influência das igrejas procedentes dos “confins da terra”, entre as quais as igrejas brasileiras, que mostram sinais de vigor e crescimento. 


Assim como o futuro da economia mundial vai depender mais dos países e povos do mundo em desenvolvimento, também as igrejas e os cristãos dos “confins da terra” desempenharão uma função decisiva no futuro do cristianismo.

 
Essa situação introduz muitos desafios e responsabilidades. Do ponto de vista cultural e religioso, o mundo em que as igrejas e os cristãos vivem é plural. As missões cristãs trataram de convertê-lo num mundo monolítico, mas isso não funcionou, ao contrário, gerou conflitos. 


Assim, temos que impedir que se exija deste mundo que se adapte às culturas idealizadas pelas igrejas do passado e ao mundo centralizado na Europa e nos Estados Unidos. Temos de remodelar nossa maneira de fazer missões à luz da diversidade criada por Deus. 


A reconstrução da comunidade humana é outro desafio que devemos encarar, disse o professor Song. “Nos últimos anos testemunhamos a forma como a comunidade humana manchou-se de sangue e foi assolada por conflitos ocasionados não somente por forças políticas e econômicas, mas por forças religiosas. É curioso que as religiões que professam a paz, o amor e a salvação provoquem temor, ódio e destruição no mundo”, declarou. 


O presidente da ARM propôs que as igrejas sejam comunidades abertas e não alheias às necessidades da sociedade, e que sejam comunidades de cura, sem deixar de lado a luta pela justiça econômica, racial e de gênero. 

«Que o Senhor da paz dê a vocês a paz, sempre e de todas as maneiras». 2Tessalonicenses 3.16.

Fonte
Missão Portas Abertas.

QuartA SEMANA

Romanos 5.1-2.
“Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus”.


A paz com nós mesmos e com os outros

Muita gente pensa que a paz serve só para termos um relacionamento especial com Deus. Não é verdade. Quando vivemos a paz com Deus, maravilhas do Espírito Santo acontecem no nosso íntimo. Uma delas é que começamos a nos reconciliar com nós mesmos. E descobrimos que há coisas especiais naquilo que somos. Se antes você olhava para você e só via defeitos: Puxa, porque não sou mais extrovertido? Puxa, por que eu não tenho essa habilidade? Puxa, se ao menos eu estivesse numa situação diferente? Agora, porque você tem Paz com Deus, através de Jesus, o Espírito Santo dando a você novas capacidades, vai mudando seu caráter... E você vai descobrir que também é uma pessoal especial.

Em que áreas da sua vida você só vê defeitos?
Agora ouça o grupo falar das suas qualidades, daquilo que apreciam em você e vêem nisso um toque especial do Espírito Santo?

Bem, você pode já estar em paz com Deus e em paz com você mesmo, mas isso não basta. Se você estiver em guerra com alguém, a sua paz ainda corre perigo. Deus quer que você tenha paz com todos que o rodeiam. 

Exatamente porque Jesus é o Senhor da sua vida, o Espírito Santo vai incentivar você a ter coragem de dizer um basta na guerra contra certas pessoas. Ele vai pressionar você para dar um telefonema, a falar francamente, a pedir perdão, e a dizer à pessoa: eu quero ter um relacionamento gostoso, fraterno, com você.

Abaixar a guarda, depor as armas, é uma paz que até o mundo conhece. O Espírito Santo quer mais. Deseja uma paz que seja reconciliadora: de amor e alegria!

Com quem você não está em paz no momento?
O que você precisa fazer para estabelecer a paz com essa pessoa?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Ele abençoa o justo Salmos 5.12
Terça-feira Não tema Isaías 43.1
Quarta-feira Não se estresse Filipenses 4.6
Quinta-feira Você não está sozinho 2Reis 6.16
Sexta-feira Ele coloca você no colo Isaías 40.11
Sábado Ele não desampara Salmos 37.28


Texto para reflexão

As missões brasileiras e os povos indígenas

O antropólogo Marcos Pereira Rufino escreveu, já faz algum tempo, sobre a atuação das missões junto aos povos indígenas, ressaltando como os missionários estão envolvidos em projetos de educação, saúde e auto-sustentação no Brasil.

A presença de missões entre os povos indígenas do país é uma realidade antiga. O quadro atual em que ocorre esta presença é complexo e envolve um conjunto heterogêneo de missionários. A evangelização dos povos indígenas é uma preocupação de muitas agências religiosas. Estas reproduzem no contexto da missão as suas características de agentes cristãos independentes, que representam diferentes igrejas e denominações, com teologias que muitas vezes se opõem.

Os protestantes

A ação de missionários protestantes é bem complexa. Além das centenas de grupos, que muitas vezes atuam sem compreender a diversidade cultural das tribos e comunidades indígenas, há também agentes missionários que se envolvem na política indigenista, confrontando a política da Funai. Mas, uma grande parte das atividades evangélicas estão, além de voltadas para a evangelização, também preocupadas com a educação e a saúde. 

É bastante conhecido o trabalho de sistematização lingüística realizado em diversos povos, cujos resultados são aproveitados não apenas para a tradução da Bíblia no idioma nativo, mas também para a estruturação de escolas indígenas e grupos de alfabetização. O desenvolvimento de ações dirigidas à saúde é freqüente em muitas missões protestantes evangélicas, ocupando o espaço deixado pelo Estado. Em alguns contextos, a atuação destas missões em programas de saúde é a principal forma que elas têm de legitimar a sua presença entre os índios e de justificar sua entrada em áreas de índios isolados.

Os grupos protestantes de maior destaque no cenário da política indigenista são o GTME (Grupo de Trabalho Missionário Evangélico) e o Comin (Conselho de Missão entre os Índios). Estas duas agências missionárias são próximas uma da outra. Apesar de estarem comprometidas com a evangelização dos povos com quem atuam, ambas enfatizam o envolvimento missionário na educação, saúde e movimento indígena, atuando conjuntamente na realização de diversas atividades neste âmbito.

Os católicos

A atuação da missão católica também não esconde a sua diversidade. Além do trabalho realizado pelas diversas ordens e congregações, cada qual com o seu projeto missionário próprio, há hoje a presença de missionários seculares, envovidos com o plano pastoral da hierarquia catolica do país. Estes últimos estão, em sua grande maioria, ligados ao  Conselho Indigenista Missionário, Cimi, órgão anexo à CNBB, criado com a finalidade de coordenar a ação católica missionária nacionalmente. Diferente dos missionários católicos das ordens e congregações, os cerca de 400 missionários do Cimi, distribuídos em 112 equipes, concentram a sua atuação na área da saúde, educação, movimento indígena e  assessoria jurídica.

Nos últimos anos desenvolveram projetos de geração de alternativas econômicas, como o projeto de sustentatibilidade e ocupação territorial entre os Mura, cuja meta é a produção, beneficiamento e comercialização de frutas regionais. Ou o projeto de desenvolvimento entre comunidades indígenas de técnicas apícolas e de industrialização de frutas regionais no Amazonas. 

A inserção do Cimi visando a auto-sustentação de grupos indígenas se dá de modo peculiar: a elaboração de seus projetos é orientada por um espírito anticapitalista, de maneira a evitar propostas que carreguem vestígios de empreendimento empresarial que vise a obtenção de lucro ou acúmulo de riquezas. 

As propostas de auto-sustentação elaboradas pelo Cimi visam criar atividades de baixo impacto sobre as condições sociais e econômicas internas aos grupos indígenas. Estas propostas procuram fortalecer o sentido comunitário que estas atividades podem desempenhar.

Algumas vezes, os protestantes agem em parceria com os missionários católicos do Cimi na realização de atividades comuns. Podemos citar a sua participação conjunta no Comitê de Resistência Indígena, Negra e Popular, e na marcha indígena dos 500 anos, evento que propunha fazer uma contra-celebração dos festejos oficiais realizados pelo governo e pela Igreja Católica.

«Mas Deus dará glória, honra e paz a todos os que fazem o bem ». Romanos 2.10.

Fonte
Marcos Pereira Rufino, Nem só de pregação vive a missão. Povos Indígenas no Brasil.  Outubro 2000. www.socioambiental.org/pib/portugues/indenos/missoes.

QuintA SEMANA

Salmo 103.8-12.
“O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso. Ele não vive nos repreendendo, e a sua ira não dura para sempre. O senhor não nos castiga como merecemos, nem nos paga de acordo com os nossos pecados e maldades. Assim como é grande a distância entre o céu a e terra, assim é grande o seu amor por aqueles que o temem. Quanto Oriente está distante do Ocidente, assim ele afasta de nós os nossos pecados”. 

A paciência

Vamos começar a analisar essa questão pela falta. É isso mesmo: quando falta paciência, quando ela acaba, cuidado! Você está em perigo! Vejamos alguns casos. Quando a paciência acaba, o marido agride verbalmente a esposa. Mas tarde, vai pedir a ela que esqueça, mas isso é quase impossível, a memória já registrou a ofensa. Algo parecido acontece quando a esposa lança um daqueles olhares de “não seja ridículo”, que entra mais afiado que punhal! Ou quando o pai vê a prova de Geografia do filho e grita: “Você é retardado? Qualquer menino da sua idade sabe que a capital da Argentina é Buenos Aires e você coloca La Paz?” E vai por aí a fora. Você deve conhecer muitos outros exemplos. O certo é que quando a paciência acaba, alguém vai sair machucado.

Você já foi ferido pela impaciência de alguém? Conte para o grupo.
Você já machucou alguém por causa da sua impaciência?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira O Espírito descerá sobre você Oséias 6.3
Terça-feira A Palavra dá vida Salmos 119.50
Quarta-feira Ele conserta o seu caminho Provérbios 3.5-6
Quinta-feira Ele está ao lado Salmos 34.18
Sexta-feira Você será recompensado Marcos 10.29,30
Sábado Confia e nada vai abalar você Salmos 125.1

Texto para reflexão

Com paciência, plantamos esperança


A revista Veja há três anos publicou uma matéria onde analisou a relação entre o  crescimento dos evangélicos e o trabalho de ação social. Demonstrou que estamos crescendo a um ritmo muito maior que o próprio crescimento da população brasileira.

Mas, ao contrário da maioria das análises anteriores, mostra que tal crescimento está intimamente ligado ao benefício social que levamos às populações carentes.

Esse crescimento produz um efetivo benefício social. Fincadas nas comunidades carentes as igrejas evangélicas promovem a redução de vários índices negativos na vizinhança, começando pelo total de alcoólatras e terminando no número de ocorrências criminais.

"Quando uma igreja evangélica entra numa comunidade pobre, contribui para elevar a auto-estima dos moradores e gera um efeito disciplinador", afirma o sociólogo Rubem César Fernandes, diretor-executivo do movimento Viva Rio e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião.

No discurso dos pastores, diz a reportagem, quem se converte a Cristo e a uma vida de princípios morais alcança tanto o perdão como a chance de mudar de vida. Assim, por exemplo, muita gente troca algum tipo de vício por uma vaga na escola.

No Rio de Janeiro, houve redução de homicídios nas favelas Cantagalo, Pavão e Pavãozinho à medida que, nos últimos anos, foram se instalando na região igrejas evangélicas. Com 20.000 moradores, a área chegou a ter dez assassinatos num único mês em 2000, excluídas as mortes decorrentes de confrontos entre traficantes e policiais. Nos dois anos seguintes, houve nove casos. Em 2003, nenhum. Outras entidades e a ação das autoridades também contribuíram, mas a própria polícia reconhece a importância da pregação do Evangelho. 

"As pregações, os testemunhos e as obras dos evangélicos ajudam a desarmar os espíritos", depõe o major Marco Aurélio Santos, comandante da Polícia Militar na área. 

Livres de amarras hierárquicas, os evangélicos agem depressa e colhem resultados. Na região metropolitana de Belo Horizonte, um centro de recuperação de dependentes químicos da Igreja Batista da Lagoinha tem índice de 40%, oito vezes melhor do que o considerado razoável pela Organização Mundial de Saúde. No sertão baiano, uma fazenda projetada por uma denominação evangélica gera renda para trinta famílias e dá escola a 500 crianças em período integral. Na Casa de Detenção de São Paulo, já desativada, 25% dos presos eram evangélicos. 

Cenários como esses explicam como um pastor que atuava da Casa de Custódia de Benfica, no Rio, pôde pôr fim, sozinho, à uma sangrenta rebelião na detenção. 

"Onde há miséria, eles têm a força", diz a antropóloga Clara Mafra, autora do livro Os Evangélicos.

Diante da constatação do poder da Palavra de Deus pelas autoridades do País, só podemos dizer: Ao Senhor nosso Deus toda a honra, poder e glória!

“A paciência traz a aprovação de Deus e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração por meio do Espírito Santo”. (Romanos 5.4).

Fonte 
José Edward, Revista Veja, edição 1861. 7 de julho de 2004.

SextA SEMANA

2Pedro3.9.
“O senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus pecados”.

A paciência de Deus com todas as pessoas e com os crentes

Desde o livro do Gênesis até o Apocalipse vemos que Deus é paciente com todas as pessoas, mesmo com os orgulhosos, pecadores e rebeldes. Santo e justo, Ele poderia eliminar todos os que o ofendem, mas Ele ama o ser humano e sempre procura um jeito de estabelecer um relacionamento de amor com as pessoas. Ele é paciente e cheio de amor, tardio em se irar. Quando vemos sua paciência, sentimo-nos a demonstrar a mesma paciência que Deus nos dedica.

Como Deus lhe demonstrava paciência antes de você se tornar um discípulo de Jesus?
Como essa paciência de Deus impacta a sua maneira de se relacionar com as pessoas que não são espirituais?

Deus continua paciente como você, hoje. Veja, por exemplo, a paciência de Jesus com o apóstolo Pedro. Ele estava sempre ao lado de Jesus, viveu experiências maravilhosas, andou sobre as águas, mas na hora do aperto negou Jesus. Mas apesar da inconstância de Pedro, Jesus se manteve tolerante. E, depois da ressurreição, tirou um tempo para conversar com ele.

Deus trabalha a nossa paciência à medida que damos testemunho da enorme paciência que Ele tem conosco. A nossa impaciência vai se evaporando conforme entendemos o quanto Ele tem sido compassivo e amoroso conosco. Aos poucos, Deus vai amolecendo nosso coração e com calma vai enchendo-o de tolerância, compreensão e benevolência.

Em que áreas da sua personalidade Deus tem demonstrado paciência, desde que você se tornou cristão?
Você está lutando contra a impaciência em alguma área? Conte para o grupo. 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Não desista Hebreus 10.35,36
Terça-feira Nada faltará Salmos 34.10
Quarta-feira Ele salva Salmos 116.6
Quinta-feira Para quem tem sede Isaías 44.3
Sexta-feira Ele vai terminar o trabalho Filipenses 1.6
Sábado Você também será coroado Isaías 51.11

Texto para reflexão

O banquete da páscoa

Ela virou e respondeu em hebraico: Meu mestre!

[Montpellier, França] -- Na sala, o notebook toca música brasileira. Eu, Naira e Paloma convidamos quatro jovens para o almoço de páscoa: Andreas, alemão, que estuda engenharia; Georgine, de Barcelona, que estuda economia; Térèse, alemã, que estuda Teologia; e Serge, de Barcelona, que veio passar uma semana em Montpellier. Jovens cujas famílias estão longe, cristãos na diáspora acadêmica.

Enquanto eles conversam, Djavan canta que amar é um deserto e seus temores, e a vida vai na cela dessas dores. Lá fora, junto ao pinheiro, companheiro da janela da sala, a primavera chega a passos largos. Eu preparo coelho a caçadora e Naira manchon de canard. Essas serão as carnes do almoço. O almoço é a francesa, com toda a liturgia que isso implica. E os paralamas do sucesso dizem que o calibre do perigo é não saber de onde vem o tiro. 

Como vocês notaram estamos em pleno domingo de páscoa. E quando se fala de páscoa, se fala de morte, já que não haveria ressurreição se não houvesse morte. Donde, procedem os temores de Djavan e dos paralamas. E isso me leva à teologia.

Ao falar de páscoa, ao nos lembrarmos da ressurreição, nos vem à mente os dois dias e meio de silêncio e tristeza, que marcaram a pós-morte de Jesus. Por que esses quase três dias? Na verdade, eles fazem parte de uma pedagogia que transcende. Através desses quase três dias de silêncio e tristeza, Deus possibilitou aos discípulos a aprendizagem da unidade do corpo. Em meio ao silêncio daqueles que fogem e se escondem, em meio ao silêncio da dor da separação daquele que é querido, e da tristeza diante daquele que está morto, mas devia estar vivo, os discípulos se uniram, abandonaram velhas brigas e juntos oraram pela misericórdia daquele que é amor. 

A unidade foi selada por condições tão adversas. E Jesus levantou-se para dizer que o que separava não separa mais. Agora, ao invés de silêncio temos louvores; ao invés de tristeza, alegria; ao invés de morte, vida.

E assim, como a primavera que cobre de flores o jardim em frente de minha casa, que faz algumas semanas estava seco, a páscoa possibilita o encontro. Estamos reunidos ao redor de uma mesa, brasileiros, espanhóis, alemães. Oramos em francês, mas falamos também em português, espanhol, alemão.      

Quero dizer a Djavan que de fato há o momento do deserto, do temor e da dor, mas já não pode durar para sempre. Quero dizer aos paralamas que já sabemos de onde vem o tiro, por isso o perigo pode ser enfrentado. A mensagem é verdadeira e por isso o mundo será coberto pela justiça. O Cristo ressurreto nos une, e o mundo conhecerá sua glória e o amor que tem por nós. 

O banquete da páscoa estava delicioso, porque foi dividido, porque foi ágape de paz, amor e justiça. 

Jesus disse: Não me segure, pois ainda não subi para o meu Pai. 
Vá se encontrar com os meus irmãos 
e diga a eles que eu vou subir para aquele que é meu Pai e o Pai deles,
o meu Deus e o Deus deles. [João 20.16-17]. 

Sétima semana

A Delicadeza 
Ou a beleza da sensibilidade

“Algum tempo depois morreu o rei Naás, do país de Amom, e seu filho Hanum se tornou rei. E Davi disse: 
-- Eu serei bondoso com Hanum, assim como Naás, o seu pai, foi bondoso comigo.
Então enviou mensageiros a Hanum para mostrar a sua amizade. Porém, quando os mensageiros chegaram à cidade de Rabá, as autoridades amonitas disseram ao seu rei:
-- O senhor pensa que é em honra do seu pai que Davi enviou estes homens para mostrar amizade? É claro que não! Ele os mandou aqui como espiões a fim de conhecerem a cidade, para poderem destruí-la.

Então Hanum pegou os mensageiros de Davi, raspou de um lado a barba deles, cortou as suas roupas até a altura das nádegas e os mandou embora. Quando Davi soube disso, enviou outros mensageiros para se encontrarem com eles porque eles estavam muito envergonhados. Davi mandou lhes dizer que ficassem na cidade de Jericó e que só voltassem quando as suas barbas tivessem crescido de novo”. 2Samuel 10.1-5.

De que maneira Davi demonstrar ter um coração terno e sensível nesta história: (1) para com o rei dos amonitas? (2) Para com o0s mensageiros que haviam sido humilhados?

Um rei de coração sensível

Como o Espírito Santo consegue transformar uma pessoa embrutecida em alguém sensível? No Antigo Testamento encontramos um homem duro e sensível ao mesmo tempo. A Bíblia destaca algumas de suas qualidades: corajoso, um dos maiores guerreiros de todos os tempos, alguém disposto a correr riscos. Seu nome era Davi, um rei para quem as dificuldades da vida não eram novidades. Foi o caçula de muitos irmãos. Por vários anos encabeçou a lista de desafetos do rei Saul. Muitos reis de outras nações quiseram matá-lo. Mais tarde, seu próprio filho tentou assassiná-lo e iniciou uma guerra civil para derrubá-lo do trono. Davi sabia o quanto a vida pode ser dura. Ainda assim, manteve o coração terno e sensível num mundo hostil.

Você acha que em coração delicado e sensível é sinal de fraqueza?

Como ser delicado

O objetivo do Espírito Santo é fazer de cada discípulo de Cristo uma pessoa sensível, delicada. O primeiro passo é nos ensinar a sentir empatia. Pessoas insensíveis reagem por reflexo ao ver alguém sofrendo. Pensam: “O problema não é meu. Ainda bem que não foi comigo. Espero que ela consiga dar a volta por cima. O tempo cura todas as feridas”. Não têm empatia. São incapazes de se colocar no lugar do outro. A infelicidade alheia não os atinge.

Em que situações Deus já o colocou para lhe amolecer o coração, diante de sofrimentos e necessidades de outras pessoas?

Davi sabia que nada pode substitui a participação ativa diante do sofrimento do outro. Ele poderia simplesmente ignorar a notícia de que seus mensageiros tinham sido humilhados em público. Afinal, era muito ocupado, tinha que reinar sobre uma nação inteira. Mas sabia que determinadas situações pedem um envolvimento pessoal, de forma que estendeu a mão para aqueles homens e cuidou deles. Não ficou apenas enternecido, mas experimentou a mesma dor e vergonha deles.   

Descreva uma situação em que você tomou conhecimento da dor e luta que uma pessoa estava passando. Como você se sentiu? O que você fez? 

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Tecnologia Salmo 8:3-9.
Terça-feira O Jogo 2Tessalonicenses 3:10-13
Quarta-feira A Magia Deuteronômio 18:9-14
Quinta-feira A filantropia Lucas 12:13-21
Sexta-feira Meios de graça 2Timóteo 4:16-18
Sábado Começo de conversa   Gênesis 1:26-31

Crônica para reflexão

Ainda o tema da delicadeza
Rachel Stivelman


No dia 7 de julho de 2000, o querido poeta Affonso Romano de Sant'Anna publicou um artigo com o título ''Tempo de delicadeza''. Peço permissão para citar alguns trechos e tecer a partir deles alguns comentários. Ele começa dizendo: 


''Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras. Sei que viver está ficando dificultoso. Mas talvez por isto mesmo, ou talvez devido a este maio azulzinho, a este outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente, nesta crônica, varando os tiroteios, os seqüestros, as palavras ásperas e os gestos grosseiros nas esquinas da televisão e do cinema com a vida''. 

O outono penetrando na alma do poeta permite, por contraste, que ele veja e lamente com mais delicadeza a violência, a agressividade, a dureza dos nossos dias de hoje. Passou de moda, é inútil, é defasado ser delicado hoje. O poeta conclama um retorno à delicadeza, propõe poeticamente um manifesto a seu favor. Menciona a urgência de revertermos este quadro e invoca a delicadeza de São Francisco, ou a de Gandhi, um tanto quanto rija, ou ainda a de Che Guevara que andou dizendo: ''Endurecer, sem jamais perder a ternura''. Onde anda a ternura nos relacionamentos modernos? Onde os profissionais da delicadeza, como o autor se refere e exemplifica com o doce e sedutor Vinicius de Moraes; que se auto denominava um meigo energúmeno. É seu este verso lindo, do poema ''Elogio ao primeiro amigo'': ''Não sou bom, nem mau, sou delicado''. 

Como bem lembra Sant'Anna, há povos tradicionalmente delicados, como os ingleses, por exemplo, tão bem retratados nos filmes que têm lugar no século passado. São suas palavras textuais: ''Os ingleses têm uma maneira tão suave, tão fina de serem cruéis que parece um privilégio sofrer nas mãos deles''. Os exemplos de delicadeza que ele almeja e que muitos, como eu, endossam de imediato, como a delicadeza que ele classifica de pueril de algumas áreas do divino Mozart; a delicadeza luminosa dos quadros de um Vermeer; ou a delicadeza comovente dos adágios - fazem tanto bem à alma. Agressividade gera agressividade; uma ação violenta seguramente pode provocar uma reação de igual violência. Os homens se atacam mutuamente no seu relacionamento cotidiano, as forças policiais atacam os rebeldes, os governos são violentos com os desvalidos, as autoridades permitem, por exemplo, que a situação da saúde no Rio de Janeiro atinja a calamidade que presenciamos. Eis aí alguns exemplos de ausência total de delicadeza. 

Terminando esta preciosa crônica, Sant'Anna menciona o fato de que existe uma relação entre delicadeza e lentidão, da qual ele chega a fazer uma apologia, lembrando a historiadora Denise Bernuzzi de Sant'Anna que publicamente fez o elogio da lentidão e denunciou a ferocidade da cultura da velocidade. 

Há de concordar plenamente com a afirmativa de que estamos quase todos esquecendo de viver com plenitude porque a pressa de viver tomou conta de muita gente. Nesta pressa angustiante, não se chega a lugar nenhum. A vida merece ser saboreada e um dos seus melhores temperos é ainda, e sempre, a delicadeza. Voltemos, pois, a sermos um pouco mais delicados! Vai valer a pena!

Fonte: Rachel Stivelman, Ainda o tema da delicadeza, Jornal do Brasil, 17/12/2005.

OITAVA SEMANA

A Bondade
Ou o desafio de ser generoso e benigno

Um homem caído à beira do caminho

Um homem viajava de Jerusalém para Jericó. No caminho foi assaltado por bandidos que além de roubarem todos seus pertences, o maltrataram, abandonando-o ferido, quase à morte. Na história, contada por Jesus, as pessoas não são identificadas pelos seus nomes, mas caracterizadas por suas funções e ações. O homem assaltado é um anônimo: talvez um viajante. 

É alguém desprotegido, no momento sem amigos, sem dinheiro. Sozinho no mundo, como milhões de outros por aí. Lá está ele: jogado à beira da estrada, caído na sarjeta. 

Entram em cena, então, aqueles que tinham a solução do problema nas mãos: um sacerdote e um levita. Diz a palavra de Deus: "Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho". 

Mas, será que o sacerdote parou para ajudá-lo? Não! A Bíblia fala que o sacerdote passou de lado, ou seja, tentou ignorar aquela situação. Não quis se envolver, nem se incomodou com o pobre miserável. 

Quem sabe o sacerdote havia trabalhado todo fim de semana. Estava cansado. Queria repousar e ficar me paz. E afinal de contas o que tinha acontecido com aquele estranho não era da sua conta. 
A história continua: Também um levita passou por ali, e vendo-o também passou de largo. 
O sacerdote nem sequer olhou para o ferido viajante. O levita, quem sabe, preocupado, pensou que poderia ser um parente ou um amigo. Deteve-se por um instante, olhou, e como não o reconhecesse, seguiu seu caminho. 

E lá estava o coitado no chão, quase a morrer. Será que ninguém se preocuparia com ele? Será que ninguém se importava? Não havia uma alma bondosa por ali?

Neste momento apareceu um inimigo, ou seja, um samaritano, um estrangeiro. Ora, durante os últimos 800 anos os judeus não se davam com os samaritanos, porque em 722, os reis da Assíria tomaram Samaria e substituíram seus habitantes por babilônios e sírios, que trouxeram suas tradições e crenças religiosas diferentes daquelas dos judeus. 

Para os judeus, os samaritanos eram inimigos. Eram considerados como cães. 

Mas, lá estava o coitado no chão. Sentiu que alguém parou, desceu da montaria e se aproximou dele. Quem seria? Oh, impossível! Era um samaritano! 

E o bondoso samaritano teve pena dele. Fez curativos em seus machucados, aplicou azeite e vinho. Colocou-o em cima do seu próprio animal e o levou para uma hospedaria. No dia seguinte, pagou ao dono da hospedaria pela estada do homem e disse: cuida dele e, se você gastar mais, eu pago quando voltar. 

Ao Jesus terminar a história Jesus perguntou: "quem foi o próximo do homem assaltado? E o intérprete da lei respondeu: "aquele que foi bondoso com ele". E ele estava correto. [Leitura livre a partir de Lucas 10.25-35].

Você já viveu alguma experiência em que teve a oportunidade de crer fazendo? Como você explica esta idéia do apóstolo Tiago: “A religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições". Tiago 1.27 

Quando Jesus terminou de contar a história do bom samaritano, disse para o doutor da lei: "Vá e faça a mesma coisa". O que ele quis dizer com isso?

Se você fosse um dos integrantes da história do bom samaritano, quem seria você? O sacerdote, o levita ou o bom samaritano?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira A queda e o esconderijo Gênesis 3:6-24.
Terça-feira Pergunta para cada um Gênesis 4:2-12
Quarta-feira Ações falam mais alto Gênesis 7:1-5
Quinta-feira Sobreviver ao temporal Gênesis 9:8-17
Sexta-feira Nome famoso Gênesis 11:1-9
Sábado Conversa e promessa Gênesis 12:1-8

Crônica para reflexão

As fronteiras da técnica
Gustavo Corção
[trecho]

















(...) Aconteceu quando ainda estavam em trajeto os engenheiros e auxiliares da comissão, descendo o Paraná numa barcaça de rodas chamada Rio Brilhante. Certa tarde, após quatro ou cinco dias de viagem, na véspera de chegar a Guaíra, ou Sete Quedas, o vaporzinho entrou numa enseada natural e veio encostar na floresta. Estávamos na estação das grandes águas. Era o rio engrossado que invadia a mata, mas a nós nos parecia que eram os troncos, as árvores, empurradas umas pelas outras, como se houvera um grande motim na floresta, que se precipitavam no rio.

— Que coisa! dizia eu maravilhado.

— Safa! murmurava a meu lado um lacônico companheiro que tirara o cachimbo da boca e considerava aquele transbordamento vegetal que nunca imagináramos.

Desembarcamos. O vapor precisava de umas reparações nas caldeiras. Tínhamos três horas de terra, que podíamos aproveitar para uma excursão nas cercanias. Munidos de bússola e podômetro, armados de faca e revólver, um colega e eu entramos no mato seguindo um fio d'água que vinha trazer seu modesto tributo de vassalo ao Paraná.

Ao cabo de alguns minutos de marcha perdemos de vista o prateado do rio, o fio d'água, o céu, o chão, sim, a terra do chão, e nos achamos dentro do mundo exclusivamente vegetal, cercados de folhas úmidas, de liames, espinhos, cipós e troncos, como se todo o universo estivesse ali a emergir do nada na sua primeira tumultuosa e desordenada afirmação de existência. A própria terra desaparecera debaixo de um colchão espesso de folhas secas, troncos caídos, detritos, tudo úmido, fofo, a exalar o acre cheiro da morte vegetal.

Abrindo caminho a facão, avançamos palmo a palmo, penetrando na polpa verde-escura. Éramos talvez os primeiros homens, talvez mesmo os primeiros animais de porte, a desbravar a carapinha intonsurada daquele capoeirão. Adiante encontramos novamente o fio d'água que andara sumido entre as raízes trançadas e o sedimento espesso de folhas mortas; e foi aí que apareceram as borboletas azuis. Foi uma festa. Elas vinham às dúzias, e esvoaçando em torno de nós traziam àquele sombrio buraco vegetal outra cor, reflexos de uma vida mais autônoma e mais leve. Traziam-nos também um pouco de nossa infância. “Ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida”... recitava o meu companheiro. Logo porém se alteraram nossos sentimentos quando a nuvem de reflexos azuis se avolumou. Já não era poesia, era praga. Tudo ali naquele mundo espesso tinha de ser desmedido e brutal. Andávamos agora a sacudir os braços e a cabeça, soprando e bufando, para que elas não nos entrassem nos olhos, no nariz e na barba. Num certo momento contei mais de trinta no chapéu do colega, sem falar nas outras ainda mais numerosas que lhe marchetavam de azul elétrico a camisa, as calças e as botas. Lembrando-me as bandejas e abajures que a praça Mauá oferece aos turistas, deu-me um ataque de riso. O colega, voltando-se, achou em mim o mesmo espetáculo: e ficamos os dois a rir naquele buraco verde que de certo ouvia pela primeira vez um riso de gente.

Foi nesse momento que o meu colega fez um sinal, e chamou-me a atenção para um som esquisito que vinha do nordeste. Não, eram dois sons. Um ritmado, “batendo o segundo” como dissemos em termos astronômicos; e outro escorrido, monótono e plangente. Dobramos à esquerda abrindo caminho entre cipós e espinhos. A floresta tornava-se mais rala, já deixando entrever uma nesga de céu. Os dois ruídos cresciam: o ritmado mantinha o seu sincronismo com as pêndulas siderais; o outro, mais agudo, persistia na sua coleante monotonia, fio de som como o fio d'água que ficara para trás, cantilena agridoce...

De repente achamo-nos numa clareira presidida por um enorme jequitibá, e ali tivemos a explicação do esquisito dueto: era um homem de cócoras que cavava, uma mulher em pé que gemia, e junto dela, no chão, imóvel entre revoadas de borboletas azuis, um corpinho escuro, magro, torcido e coberto de nódoas vermelhas, como uma raiz que tivessem retirado ainda em brasa da fogueira. O homem olhava para nós com ódio e pavor. A mulher, suspendendo a cantilena e esquecendo a criança morta, fixava-nos com os olhos vazios. Foi o colega que falou primeiro:

— Então? O que é que há?

Prorrompeu em gritos a mulher enquanto o homem, sem largar a faca, olhava para a direita e para a esquerda com desespero sombrio. Aproximamo-nos com gestos cordiais; e gastamos longos minutos até que eles vertessem em língua de gente o pavor que traziam. A criança estava realmente morta; era um menino; teria quando muito ano e meio. Alargamos o buraco com nossas facas e ajudamos o homem a plantar aquela raiz escura e torcida que voltava ao húmus depois de uma breve e malograda excursão pela clara pátria dos vivos.

Meu colega, com seu extraordinário canivete de doze lâminas, pôs-se a cortar e a lavrar duas varas brancas de piquiá-marfim, enquanto o desconhecido nos contava a sua história acompanhada pelo gemido manso da mulher. O menino morrera de mosquito. Fora devorado, intoxicado pelos milhões de mosquitos que à noite engrossam o ar daquelas regiões alagadas. Chorara a noite toda. De manhã ainda estava com vida, mas na hora do sol alto parara de chorar. Eles vinham de longe, dos ervais. Tinham “caído no mato.” Iam procurar trabalho em outras terras... Nós levamos tempo a entender a história. O sertanejo começa as histórias pelo meio, mencionando nomes e fatos que ele imagina universalmente conhecidos.

Conseguimos afinal pegar o fio da narração que só mais tarde, quando chegarmos aos ervais, se tornará perfeitamente clara para nós. Sim, dentro de poucas semanas saberemos que os trabalhadores da empresa ganham um salário calculado pela metade do que estritamente precisam para comer. A outra metade será concedida generosamente a título de empréstimo. Como porém os homens não podem ordinariamente comer dia sim dia não, acontece o que os técnicos da empresa calcularam com rigor matemático: a dívida dos trabalhadores crescerá infalivelmente na proporção do trabalho. Quanto mais trabalharem mais escravos serão. E só têm uma possibilidade de libertação: a noite, a espessura da floresta, e a coragem de enfrentar os capitães-de-mato que lhes saem ao encalço com espingardas, e que não vacilam em prostrar o rebelde devedor em nome da ordem e da justiça.

Nós vimos de perto esses escravos. Entram no mato para extrair a folha, e deixam o trapo de camisa pendurado num galho. Quando perguntamos a razão desse costume, um deles nos respondeu simplesmente:

— A pele costura sozinha.

Saem do mato sangrando. Esgalham então a planta, separam as folhas, e fazem fardos de sessenta quilos que carregam nas costas, ao fim do dia, até o armazém, três, quatro léguas, num passo miúdo e igual que procura imitar o das mulas. Experimentamos o peso e a marcha por uma centena de metros de chão mole, escorregadio e espinhoso: por mim posso garantir que não era cômodo. Experimentamos também o locro, pratarraz de milho bichado com rodelas de uma gordura equívoca: posso também asseverar que não é agradável. Mas eles agüentam anos. Creio que a força deles vem da sanfona e do bate-pé-noturno, e das morenas cunhãs que aparecem com flor no cabelo e charutinho num canto da boca enquanto o outro fica livre para cuspinhar com faceirice desdenhosa... De tempos em tempos foge um. Às vezes com mulher. Às vezes com criança.

Quando o homem terminou sua história o meu colega terminava também o encaixe das duas varas de piquiá-marfim. Um cipó prendeu os dois braços da cruz, na falta de prego. O cipó escuro, torcido, onde só faltavam as brasas de sangue, lembrava o corpo magro do defuntinho. E então, enquanto o meu amigo fincava o pau no chão, eu baixei a cabeça, com vergonha de encarar aquele casal humano.

À noite, deitados no tombadilho da barca, com um céu exageradamente estrelado proposto aos nossos olhos astronômicos, o meu colega e eu fumávamos em silêncio. O navio deslizava devagar dentro da noite. O jequitibá, comido pelo negrume, absorvido pela demagogia da floresta, ficara para trás, perdido, insignificante. Ainda mais perdida e insignificante era a vara de piquiá-marfim cortada em duas pelo canivete de doze lâminas que meu amigo possui com mal disfarçado garbo.

Horrível! disse ele então, laconicamente.

Não respondi. Diante de mim estava o Centauro e o Cruzeiro do Sul. Muitas vezes, no sertão, deitado ao relento e sem poder dormir, eu revia a rua Haddock Lobo, onde deixara minha mãe a chorar, e onde minha irmã, no último quarto de hora de despedida, tocara um prelúdio de Chopin. Certas noites, não sabia como, abria-se um clarão no céu escuro e eu via, num recreio ensolarado de colégio, um vestido claro de menina correndo ao meu encontro. Ou então, outras vezes, sem cenário, isolado como uma belíssima borboleta branca, mansa e única, ficava o vestido claro a me acenar do céu.

Mas naquela noite eu não via em alfa e beta do Centauro as lágrimas de minha mãe, nem via as notas de Chopin nos luzeiros do céu. O vestido claro também não veio dançar no limiar de meu sonho, porque o defuntinho escuro era uma nuvem que enchia o céu e tapava o brilho das constelações. Ora, foi nesse momento que eu contraí a dívida, a primeira de que trata este capítulo. Lembram-me bem os detalhes, quase as palavras:

— Ah! se eu soubesse escrever, se eu tivesse um jornal... contaria tudo! Você já pensou numa coisa? Os acionistas por estas horas estão acabando de jantar. Vão ao teatro. Ou visitam-se e conversam sobre automóvel e política. As filhas dos acionistas estão dormindo. Amanhã cedo serão levadas por babás de touca e uniforme ao colégio de freiras. E as bondosas professoras das filhas dos acionistas ensinarão que em treze de maio de mil oitocentos e oitenta e oito foi abolida a escravidão.

Fonte: Gustavo Corção, As fronteiras da técnica, Rio de Janeiro, Livraria Agir Editora, 1963, pp. 35-41.

NONA SEMANA

A Fidelidade
Ou o desafio de ser leal e zeloso

“Cumpra a sua missão com fidelidade, para que ninguém possa culpá-lo de nada, e continue assim até o dia em que o nosso Senhor Jesus Cristo aparecer”. 1Timóteo 6.14. 

O que é fidelidade?

Fidelidade significa: permanecer agarrado a um compromisso, mesmo depois que passar a euforia. Manter a palavra, apesar das complicações. Cumprir a promessa, ainda que isso custe mais do que se imaginava. Continuar dizendo não à tentação de aproveitar a oportunidade para cair fora. Persistir na busca de solução dos problemas de um relacionamento, em vez de descartá-lo como uma latinha de guaraná. Insistir num projeto, conduzindo-o da melhor forma possível até o fim. Recusar-se a pular do navio mesmo quando as adversidades já estiverem invadindo o convés do casamento, do relacionamento com os filhos, do ministério ou da relação com outras pessoas. Manter-se firme no relacionamento com Jesus, não importando o quanto isso custe.

Pense um pouco e converse com o grupo sobre o que você entende, na prática, por fidelidade.

Em Apocalipse 2.10 somos desafiados a ser fiéis até a morte. Como você vive isso no seu dia-a-dia?

O primeiro passo no processo que vai fazer de você uma pessoa fiel é dado pelo Espírito Santo, que vai convencer você da fidelidade infalível de Deus para com você. “Tu és Fiel” é um hino que celebra a fidelidade imutável de Deus. “Dia após dia/ com bênçãos sem fim”e, no final, “Tu és fiel/ fiel a mim”. 

Vamos juntos, a capela, cantar agora “Tu és fiel”. Depois, dar um pequeno testemunho da fidelidade de Deus na vida de cada um dos membros do grupo. 

Todos nós já assistimos a um casamento. A noiva e o noivo, diante de Deus, prometem publicamente ser fiéis um ao outro. Dão a sua palavra perante o céu e a terra. Mas o tempo passa e, em muitos casos,  o vento leva a palavra empenhada. Mas Deus espera que a fidelidade permaneça, tanto nas grandes, como nas pequenas coisas. Como discípulos de Cristo nossas atitudes devem ser coerentes com as nossas palavras.

Para o grupo discutir: como a falta de fidelidade pode ter um impacto negativo nas diferentes áreas da nossa vida?

Em que área ou situação você precisa aprofundar sua fidelidade?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira O medo toma conta Gênesis 12:10-13
Terça-feira Deus em ação Gênesis 12:10-20
Quarta-feira Separar pela paz Gênesis 13
Quinta-feira Mais uma vez Gênesis 15
Sexta-feira Um jeito melhor Gênesis 16
Sábado Novos nomes Gênesis 17:1-22

Poema para reflexão

Canção na plenitude
Lya Luft


Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

Fonte: Lya Luft, Secreta Mirada, Editora Mandarim, São Paulo, 1997, p. 151.DÉCIMA SEMANA

A Humildade
A virtude daquele que conhece suas limitações

Uzias tinha 16 anos quando seu pai foi assassinado e ele se tornou rei de Judá, no oitavo século antes de Cristo. A história de seu reinado, que é registrada em 2Crônicas 26, ensina uma lição poderosa sobre a importância da humildade. Uzias começou bem. Ele respeitava o Senhor e sua palavra, e Deus o abençoou abundantemente. O reino se expandiu e o rei fiel conseguiu dominar seus inimigos. Sua reputação se espalhou a outros países. Uzias se fortaleceu.

Então, tudo mudou. "Porém, quando se tornou assim poderoso, Uzias ficou cheio de orgulho, e essa foi a sua desgraça. Ele pecou contra o Senhor, seu Deus, pois entrou no Templo para queimar incenso no altar do incenso" (2Crônicas 26.16). Uzias era um homem escolhido por Deus para conduzir seu povo. Durante muitos anos, Uzias serviu o Senhor com humildade. Porém não estava autorizado a entrar no templo para queimar incenso. Esse papel estava reservado para outros homens escolhidos por Deus, os sacerdotes, que serviam no templo. Uzias, não estando mais contente com o desempenho do papel que Deus lhe havia dado, tentou assumir uma função extra e foi repreendido por seu erro.

A humildade é fundamental para nossa comunhão com Deus

Quando Jesus pregou o sermão onde definiu o caráter do verdadeiro discípulo, suas palavras iniciais foram diretas ao coração: "Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido" (Mateus 5.3). Ele continuou a pregar, mas muitos ouvintes permaneceram surdos, porque não entenderam o ponto de partida: a humildade. Hoje, ainda, a mensagem do Evangelho cai em ouvidos surdos de homens e mulheres arrogantes que não querem reconhecer a posição de Jesus como Senhor.

Mas Jesus não reduziu os padrões. Ele não abriu uma porta extra para entrarem os arrogantes ou os quase humildes. Ele manteve intacto o requisito fundamental, porque reflete a exigência eterna de Deus. Deus não aceita pessoas orgulhosas, que pensam fazer as coisas a seu próprio modo. Deus aceita os humildes. Uma geração depois de Uzias, o profeta Miquéias citou as palavras de Deus: "O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus" (Miquéias 6.8). As Escrituras deixam claro que não há outra maneira de caminhar com Deus. Ou andamos humildemente com nosso Deus, ou não andamos com ele!

Quem é arrogante e egoísta quer ser servido, mas não quer servir. Sem humildade não seremos discípulos. Os orgulhosos querem ser chefes e cobiçam posições e influência. Este foi o problema que Arão e Miriã tiveram em Números 12, e o mesmo pecado que custou as vidas de quase 15.000 pessoas, em Números 16.

Qual é o seu problema com a humildade? 

Sem humildade não buscaremos realmente a verdade. O homem orgulhoso pensa que já conhece as respostas, e não quer depender de quem quer que seja, nem mesmo do próprio Deus. A arrogância também impede nosso entendimento da verdade. Se não queremos admitir a necessidade de mudança, ou não queremos aceitar o fato que alguma outra pessoa sabe mais do que nós, nosso orgulho será um bloqueio fatal para o estudo eficaz da Bíblia.

Você gosta de estudar a Bíblia em grupo? Qual a importância da Escola Bíblica Dominical para você?

Sem humildade não reconheceremos nossos próprios defeitos. Somos até capazes de enganar nossos próprios corações para não vermos nosso próprio pecado. Saul fez isto quando defendeu sua desobediência na batalha contra os amalequitas. Ele argumentou que tinha obedecido o Senhor e que o povo tinha errado (Leia 1Samuel 15.20-21). Deus não aceitou esta desculpa esfarrapada, e não aceita a nossa.

Você tem sido humilde para reconhecer diante de Deus os seus defeitos?

Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Para Deus tudo é possível Gênesis 18:1-15
Terça-feira Negociando com Deus Gênesis 18:16-33
Quarta-feira Emergência, urgência Gênesis 19:1-29
Quinta-feira Deus traz o riso Gênesis 21:1-7
Sexta-feira Deus proverá Gênesis 22:1-19
Sábado A oração de um servo Gênesis 24:1-16

Crônica para reflexão

A complicada arte de ver
Rubem Alves



Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."


Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".


Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.


William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.


Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".


A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.


Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".


Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Fonte: Rubem Alves, A complicada arte de ver, Sinapse, Folha de S. Paulo, versão on line publicada em 26/10/2004.

DÉCIMA-PRIMEIRA SEMANA

O Domínio Próprio
Ou a qualidade daquele que sabe se controlar e manter o equilíbrio 


Como vimos neste trimestre, na carta aos Gálatas 5.22-23, Paulo nos fala do fruto do Espírito Santo, que deve ser desenvolvido em nossas vidas: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio.


Há uma luta entre a natureza humana e o Espírito Santo em nossas vidas. E o objetivo dessa luta, por parte da natureza humana, é nos afastar do fruto do Espírito. Por isso, o fruto inteiro é fundamental para uma vida abundante, porém, nesta última lição, destacaremos o domínio próprio.

Atualmente, a grande maioria das pessoas age por impulso, não pensa sobre decisões e sobre  conseqüências. As pessoas agem impulsivamente. Políticos destroem carreiras por decisões impulsivas. Casamentos são desfeitos por decisões impensadas. Artistas ficam em situações difíceis por atos públicos impensados. Por isso, o apóstolo Paulo nos fala do exercício do domínio próprio como forma de atingirmos o que desejamos do jeito que Deus quer.

Como obter domínio próprio

Há obstáculos para o exercício do domínio próprio. Um temperamento descontrolado é fator que dificulta o exercício do domínio próprio, contudo não deve ser uma desculpa. É que o temperamento pode e deve ser controlado pelo Espírito Santo. O apóstolo João, que tinha o apelido de filho do trovão, porque era estourado, e pediu a Jesus que derramasse fogo do céu quando o povo não quis ouvi-lo, teve seu temperamento controlado pelo Espírito Santo, e foi transformado no apóstolo do amor.

E a falta de comunhão com Deus também facilita a irritabilidade e a perda de controle. 

Mas como desenvolver o domínio próprio? Lembre-se que é fruto do Espírito Santo: é o resultado de uma vida colocada nas mãos dele. Logo, o primeiro passo para se obter o domínio próprio é ter uma real experiência de vida com Jesus. O segundo passo é permitir que a palavra de Deus guie nossa vida. E o terceiro passo é buscar uma vida de oração diante de Deus.

Agora, converse com o grupo:


Você sofre desse mal? Em que áreas da sua vida você necessita de mais auto-controle: na área financeira, na área afetiva, nos relacionamentos? 

Depois de todos falarem, o grupo deve orar e pedir a Deus que o seu Espírito Santo faça frutificar na vida de cada um o domínio próprio.


Durante a semana medite nos seguintes textos e converse com Deus

Segunda-feira Na balança Gênesis 25:19-34
Terça-feira As palavras de um pai Gênesis 27:1-29
Quarta-feira Conversa consigo mesmo Gênesis 27:41-45
Quinta-feira Misericórdias de viagem Gênesis 28:10-22
Sexta-feira A viagem de volta Gênesis 32:1-12
Sábado Lutando com Deus Gênesis 32:22-32

Crônica para reflexão

O vôo da águia
Affonso Romano de Sant'Anna
(Trecho)


Já que estamos nesse clima de recomeçar, com a alma limpa para novas coisas, vou iniciar transcrevendo algo que recebi. Havia pensado em outra crônica, coisa tipo "propostas para um novo milênio", como o fez Ítalo Calvino. Mas às vezes um texto parabólico, elíptico, pode nos dizer mais que outros pretensamente objetivos. Ei-lo:


"A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.


Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.


A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos."


Esse texto foi mandado como um cartão de fim de ano pela Rose Saldiva, da Saldiva Propaganda. Tem mais um parágrafo explicitando, comentando essa parábola e o título geral é "Renovação".

Achei que você ia gostar de tomar conhecimento disto, sobretudo quando janeiro nos inunda com sua luz. Este texto vale mais que mil ilustrações. (...)

A abertura é seca e forte. Não há uma palavra sobrando. Parece as batidas do destino na Quinta Sinfonia de Beethoven. Releiam. "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.” Já li em algum lugar que Jung dizia que, em torno dos 40, alguma coisa subterrânea começa a ocorrer com a gente e os seres humanos sentem que estão no auge de sua força criativa. É quando podem (ou não) entrar em contato com forças profundas de sua personalidade.


Já ouvi de especialistas em administração de empresas que tem uma hora em que elas começam a crescer e seus dirigentes têm que tomar uma decisão — ou fazem com que cresçam de vez assumindo mais pesados desafios ou, então, fecham, porque ficar estagnado é apenas adiar a morte.

Já mencionei em outras crônicas o personagem Jean Barois (de Roger Martin du Gard) que fez um testamento aos 40 anos, quando achava que estava no auge de sua potência intelectual, temendo que na velhice, carcomido e alquebrado, fizesse outro testamento que negasse tudo aquilo em que acreditava quando jovem. Com efeito, envelhecendo, fez realmente outro testamento que desautorizava e desmentia o anterior. É que sua perspectiva na trajetória da vida mudara, como muda a de um viajante ou a do observador de um fenômeno.


O ano está começando. Mais grave ainda: um século está se iniciando. Gravíssimo: mais que um ano, mais que um século, um novo milênio está se inaugurando. Três vezes Sísifo: o ano, o século, o milênio.


Sísifo — aquele que foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que quando estivesse quase chegando no topo — cataprum!... a pedra despencaria e ele teria que empurrá-la, de novo, lá para o alto.


Pois bem: "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade suas unhas estão compridas. Não conseguem mais agarrar as presas das quais alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.” ·


Nossa sociedade pensou ter inventado uma maneira de resolver, nos seres humanos, o drama da águia: a cirurgia plástica. Silicone aqui e acolá, repuxar a pele acolá e aqui, pintar e implantar cabelos. Isto feito, a águia sai flanando pelos salões, praias, telas, ruas, escritórios e passarelas.


Mas aquela outra águia prefere uma solução que veio de dentro. Talvez mais dolorosa. Recolher-se a um paredão, destruir o velho e inútil bico, esperar que outro surja e com ele arrancar as penas, num rito de reiniciação de 150 dias.


Então a águia, digamos, acabou de descasar. (Tem que redimensionar seu corpo e seus desejos, desmontar casa e sentimentos, realocar objetos e sensações, reassumir filhos.)


Então a águia, digamos, acabou de perder o emprego. (Tem que descobrir outro trajeto diário, outras aptidões, enfrentar a humilhação.)


Então, a águia, digamos, acabou de mudar de país.


(A crise ou o amor levou-a a outras paragens, tem que reaprender a linguagem de tudo e reinventar sua imagem em outro espelho.)


Então, a águia, digamos, acabou de perder alguém querido. (É como se uma parte do corpo lhe tivessem sido arrancada, sente que não poderá mais voar como antes, que o azul lhe é inútil.)


Então, a águia, digamos, está numa nova situação em que está sendo desafiada a mostrar sua competência. (Tem medo do fracasso, acha que não terá garras nem asas para voar mais alto.)


Então, a águia, digamos, andou olhando sua pele, sua resistência física, certos achaques de velhice. Pois bem. Há que jogar fora o bico velho, arrancar as velhas penas, e recomeçar.  (...)



Fonte: 
Affonso Romano de Sant'Anna, O vôo da águia, O Globo, 2o. Caderno, 03/01/2001, p. 8. 




dimanche 8 janvier 2017

Globalizacion, Giovanni Arrighi

Giovanni ARRIGHI
La globalización, la soberanía estatal 
y la interminable acumulación del capital 

Versión revisada de la ponencia presentada en la Conferencia sobre “Estados y Soberanía en la Economía Mundial,” Universidad de California, Irvine, del 21 al 23 de febrero de 1997. Con el agradecimiento del autor a Beverly Silver, David Smith, Dorie Solinger y Steven Topik por sus muy útiles comentarios sobre la anterior versión del texto. Publicado en Iniciativa Socialista número 48, marzo 1998, con el agradecimiento de la revista al autor por autorizar la traducción y publicación del trabajo. 

“Los tiempos de cambio son también tiempos de confusión”, observa John Ruggie. “Las palabras pierden su significado habitual, y nuestros pasos se vuelven inseguros sobre el que era, anteriormente, un terreno conocido” (1994: 553). Cuando lo que buscamos es caminar firmemente sobre conceptos aparentemente bien establecidos, como Stephen Krasner (1997) hace con el de “soberanía”, descubrimos que su uso tradicional está en sí mismo preso en una confusión irremediable. Y cuando acuñamos nuevos términos, tales como “globalización”, para capturar la novedad de las condiciones emergentes, agravamos la confusión con un vertido negligente de vino viejo en nuevas botellas. El propósito de este trabajo es mostrar que, a fin de aislar lo que es verdaderamente nuevo y anómalo en las transformaciones en marcha del capitalismo mundial y en la soberanía estatal, debemos previamente reconocer qué aspectos clave de estas transformaciones no son totalmente nuevos o lo son en cierto grado pero no en su naturaleza. 

Comenzaré por argumentar que mucho de lo que se conoce con la denominación de “globalización” ha sido de hecho una tendencia recurrente del capitalismo mundial desde el inicio de los tiempos modernos. Esta recurrencia hace que la dinámica y el (los) resultado(s) probable(s) de las transformaciones actuales sean más predecibles de lo que serían si la globalización fuera un fenómeno nuevo, como piensan muchos observadores. Por tanto, yo desplazaré mi atención al modelo evolutivo que ha permitido al capitalismo mundial y al sistema subyacente de estados soberanos llegar a ser, como señala Immanuel Wallerstein (1997), “el primer sistema histórico en incluir el globo entero dentro de su geografía”. Mi pretensión será destacar que la auténtica novedad de la ola actual de globalización es que este modelo evolutivo se encuentra ahora en un “impasse”. Concluiré especulando sobre las salidas posibles de este “impasse” y sobre los tipos de nuevo orden mundial que pueden surgir como resultado de los recientes procesos de acumulación de capital a escala mundial en el Este de Asia. 

Como han señalado los críticos del concepto de globalización, muchas de las tendencias que abarca ese nombre no son nuevas del todo. La novedad de la llamada “revolución de la información” es impresionante, “pero la novedad del ferrocarril y el telégrafo, el automóvil, la radio, y el teléfono impresionaron igualmente en su día” (Harvey, 1995: 9). Incluso la llamada “virtualización de la actividad económica” no es tan nueva como puede parecer a primera vista. 

Los cables submarinos del telégrafo desde la década de 1860 en adelante conectaron los mercados intercontinentales. Hicieron posible el comercio cotidiano y la formación de precios a través de miles de millas, una innovación mucho mayor que el advenimiento actual del comercio electrónico. Chicago y Londres, Melbourne y Manchester fueron conectados en tiempo real. Los mercados de obligaciones también llegaron a estar estrechamente interconectados, y los préstamos internacionales a gran escala tanto inversiones de cartera como directas- crecieron rápidamente durante este período (Hirst, 1996: 3). 

En efecto, la inversión directa extranjera creció tan rápidamente que en 1913 supuso por encima del 9% del producto mundial -una proporción que todavía no había sido superada al comienzo de la década de 1990 (Bairoch y Kozul-Wright, 1996: 10). Similarmente, la apertura al comercio exterior -medido por el conjunto de importaciones y exportaciones en proporción del PIB- no era notablemente mayor en 1993 que en 1913 para los grandes países capitalistas, exceptuando a los Estados Unidos (Hirst 1996: 3-4). 

Seguramente, como resaltan desde perspectivas diferentes las aportaciones de Eric Helleiner (1997) y Saskia Sassen (1997), la más espectacular expansión de las últimas dos décadas, y la mayor evidencia en el arsenal de los defensores de la tesis de globalización, no ha estado en la inversión directa extranjera o en el comercio mundial sino en los mercados financieros mundiales. Señala Saskia Sassen que “desde 1980 el valor total de los activos financieros ha aumentado dos veces y media más rápido que el PIB agregado de todas las economías industriales ricas. Y el volumen de negocio en divisas, obligaciones y participaciones de capital ha aumentado cinco veces más rápido”. El primero en “globalizarse”, y actualmente “el mayor y en muchos sentidos el único auténtico mercado global” es el mercado de divisas. Las transacciones por cambio de divisas fueron diez veces mayores que el comercio mundial en 1983; sólo diez años después, en 1992, esas transacciones eran sesenta veces mayores” (1996: 40). En ausencia de este explosivo crecimiento de los mercados financieros mundiales, probablemente no hablaríamos de globalización, y seguramente no lo haríamos hablando de un nuevo rumbo del proceso en marcha de reconstrucción del mercado mundial producido bajo la hegemonía de Estados Unidos como resultado de la Segunda Guerra Mundial. Después que todo: 

Bretton Woods era un sistema global, así que lo que realmente ha ocurrido ha sido un cambio desde un sistema global (jerárquicamente organizado y en su mayor parte controlado políticamente por los Estados Unidos) a otro sistema global más descentralizado y coordinado mediante el mercado, haciendo que las condiciones financieras del capitalismo sean mucho más volátiles e inestables. La retórica que acompañó a este cambio se implicó profundamente en la promoción del término” globalización” como una virtud. En mis momentos más cínicos me encuentro a mí mismo pensando que fue la prensa financiera la que nos llevó a todos (me incluyo) a creer en la “globalización” como en algo nuevo, cuando no era más que un truco promocional para hacer mejor un ajuste necesario en el sistema financiero internacional (Harvey, 1995: 8). 

Truco o no, la idea de globalización estuvo desde el comienzo entretejida con la idea de intensa competencia interestatal por la creciente volatilidad del capital y por la consiguiente subordinación más estricta de la mayoría de los estados a las dictados de las agencias capitalistas. No obstante, es precisamente en este aspecto donde las tendencias actuales recuerdan más la belle époque del capitalismo mundial, entre finales del siglo diecinueve y comienzos del siglo veinte. Como reconoce la misma Sassen: 

En muchos aspectos el mercado financiero internacional desde finales del siglo XIX hasta la primera guerra mundial fue tan masivo como el de hoy...El alcance de la internacionalización puede observarse en el hecho de que en 1920, por ejemplo, Moody calificaba obligaciones emitidas por alrededor de cincuenta gobiernos para obtener fondos en los mercados de capitales de EEUU. La Depresión supuso un radical declive de esta internacionalización, hasta el punto de que sólo muy recientemente Moody ha vuelto a calificar de nuevo las obligaciones de tantos gobiernos (1996: 42-3). 

En suma, los defensores cuidadosos de la tesis de la globalización coinciden con sus críticos en no considerar las transformaciones actuales como una novedad, a excepción de su escala, alcance y complejidad. Sin embargo, como he argumentado y documentado en otra parte (Arrighi, 1994), las especificidades de las transformaciones actuales sólo pueden apreciarse completamente mediante un alargamiento del horizonte de tiempo de nuestras investigaciones para comprender la vida entera del capitalismo mundial. En esta perspectiva más larga, la “financierización”, el aumento de la competencia interestatal por la movilidad del capital, el rápido cambio tecnológico y organizacional, las crisis estatales y la inusitada inestabilidad de las condiciones económicas en que operan los estados nacionales -tomados de forma individual o conjuntamente como componentes de una particular configuración temporal, todos estos son aspectos recurrentes de lo que he llamado “ciclos sistémicos de acumulación”. 

En cada uno de los cuatro ciclos sistémicos de acumulación que podemos identificar en la historia del capitalismo mundial desde sus más tempranos comienzos en la Europa medieval tardía hasta el presente, los períodos caracterizados por una expansión rápida y estable de la producción y el comercio mundial invariablemente terminan en una crisis de sobreacumulación que hace entrar en un período de mayor competencia, expansión financiera, y el consiguiente fin de las estructuras orgánicas sobre las que se había basado la anterior expansión del comercio y la producción. Tomando prestada una expresión de Fernand Braudel (1984: 246) - el inspirador de la idea de los ciclos sistémicos de acumulación - estos períodos de competición intensificada, expansión financiera e inestabilidad estructural no son sino “el otoño” que sigue a un importante desarrollo capitalista. Es el tiempo en el que el líder de la expansión anterior del comercio mundial cosecha los frutos de su liderazgo en virtud de su posición de mando sobre los procesos de acumulación de capital a escala mundial. Pero es también el tiempo en el que el mismo líder es desplazado gradualmente de las alturas del mando del capitalismo mundial por un emergente nuevo liderazgo. Esta ha sido la experiencia de Gran Bretaña entre el final del siglo diecinueve y el comienzo del veinte; de Holanda en el siglo dieciocho, y de la diáspora capitalista genovesa en la segunda mitad del siglo dieciséis. ¿Puede ser también la experiencia de los Estados Unidos hoy? 



Hasta el momento, la tendencia más destacada para Estados Unidos sigue siendo cosechar los frutos de su liderazgo del capitalismo mundial en la era de la Guerra Fría. Desde luego, diversos aspectos del aparente triunfo global del americanismo que resultó de la desaparición de la URSS, más que ser señales de la globalización, tienen entidad propia. Las señales más ampliamente reconocidas son la hegemonía global de cultura popular de los Estados Unidos y la importancia creciente de las agencias mundiales de gobierno influidas, desproporcionadamente, por los Estados Unidos y sus aliados más cercanos, tales como el Consejo de Seguridad de la ONU, la OTAN, el Grupo de los Siete (G-7), el FMI, el BIRF y la OMC. Menos ampliamente reconocido pero también importante es la ascendencia de un nuevo régimen legal en transacciones comerciales internacionales dominado por las firmas legales americanas y las concepciones angloamericanas de las normas mercantiles (Sassen, 1996: 12-21). 

No debe minimizarse la importancia de estas señales de una americanización adicional del mundo. Pero no deben tampoco exagerarse, particularmente en lo que se refiere a la capacidad de los intereses norteamericanos para continuar configurando y manipulando en beneficio propio las estructuras orgánicas del sistema capitalista mundial. Lo más probable es que la victoria de los Estados Unidos en lo que Fred Halliday (1983) ha llamado la Segunda Guerra Fría y la americanización adicional del mundo aparecerán de forma retrospectiva como los momentos de cierre de la hegemonía mundial de Estados Unidos, así como la victoria de Gran Bretaña en la Primera Guerra Mundial y la expansión adicional de su imperio en el extranjero fueron los preludios de la desaparición final de la hegemonía mundial británica en las décadas de 1930 y 1940. Como veremos en la sección III, hay buenas razones para esperar que la desaparición de la hegemonía de EEUU siga una trayectoria diferente a la desaparición de la hegemonía británica. Pero hay igualmente buenas razones para esperar que el presente liderazgo de EEUU de la fase de expansión financiera sea un fenómeno temporal, como la análoga fase de liderazgo británico de hace un siglo. 

La razón más importante es que la presente belle époque del capitalismo financiero, no menos que todos su precedentes históricos -desde la Florencia del Renacimiento a la era eduardiana de Gran Bretaña, pasando por la época de los genoveses y el período de “las pelucas” de la historia holandesa- se basa en un sistema de profundas y masivas redistribuciones de renta y riqueza desde toda clase de comunidades hacia las agencias capitalistas. En el pasado, redistribuciones de este tipo engendraron una considerable turbulencia política, económica y social.

Por lo menos inicialmente, los centros organizadores de la expansión anterior de la producción y comercio mundial estaban mejor situadas para dominar y, desde luego, para beneficiarse de la turbulencia. Con el paso de tiempo, sin embargo, la turbulencia socavó el poder de los viejos centros organizadores, y preparó su desalojo por nuevos centros organizadores, capaces de promover y mantener una nueva expansión importante de la producción y el comercio mundial (Arrighi, 1994). 

(...)

No obstante, la relación entre la expansión trasnacional de las corporaciones estadounidense y el mantenimiento y la expansión del poder estatal norteamericano ha tenido tanto de contradictorio como de complementario. Por una parte, los derechos sobre rentas extranjeras conseguidos por las filiales de corporaciones de EEUU no se tradujeron en un aumento proporcional en los ingresos de los residentes de EEUU ni en los ingresos tributarios del gobierno de Estados Unidos. Al contrario, precisamente cuando la crisis fiscal del estado del bienestar-estado militar de Estados Unidos llegó a ser agudo debido al impacto de la Guerra de Vietnam, una proporción creciente de las rentas y de la liquidez de las corporaciones norteamericanas, en lugar de ser repatriadas, volaron hacia los mercados monetarios “off-shore”. En palabras de Eugene Birnbaum, del Chase Mannhattan Bank, el resultado fue “la acumulación de un volumen inmenso de fondos líquidos y mercados -el mundo financiero del eurodólar- al margen de la autoridad reguladora de cualquier país o agencia” (citado por Frieden, 1987: 85; con cursiva en el original). 

De forma interesada la organización del mundo financiero del eurodólar -como las organizaciones de la diáspora de negocios genovesa del siglo dieciséis y como la diáspora de los negocios chinos desde tiempos premodernos hasta nuestros días- ocupa lugares pero no se define por los lugares que ocupa. El auto-llamado mercado de eurodólares -como bien lo caracterizó antes de la llegada de las autopistas de la información Roy Harrod (1969: 319)- “no tiene sedes o edificios de su propiedad... Físicamente consiste solamente en una red de teléfonos y aparatos de telex alrededor del mundo, teléfonos que pueden usarse para otros propósitos además de los negocios sobre eurodólares”. Este “espacio de flujos” no se encuentra bajo ninguna jurisdicción estatal. Y aunque Estados Unidos tenga todavía algún acceso privilegiado a sus servicios y a sus recursos, este acceso privilegiado tiene el coste de una creciente subordinación de las políticas de EEUU a los dictados de las altas finanzas no territoriales. 

Igualmente importante es que la expansión trasnacional de las corporaciones estadounidenses ha provocado, a partir de cierto momento, respuestas competitivas tanto de los viejos como nuevos centros de acumulación de capital, debilitados, y finalmente en retroceso, por las exigencias norteamericanas sobre rentas y recursos extranjeros. Como Alfred Chandler (1990: 615-16) ha indicado, desde el tiempo en que Servan-Schreiber llamó a sus seguidores europeos a responder al “desafío americano” -un desafío que según el punto de vista de Servan-Schreiber no era ni financiero ni tecnológico sino “la extensión a Europa de una organización que es todavía un misterio para nosotros”-, un número creciente de empresas europeas han encontrado formas y medios efectivos de responder al desafío y de iniciar sus propios desafíos, incluso en el mercado de EEUU, a la hegemonía de las corporaciones estadounidenses. En la década de 1970, el valor acumulado de la inversión directa extranjera no estadounidense (la mayor parte procedente de Europa Occidental) creció una vez y media más rápido que el de la inversión directa extranjera de Estados Unidos. Para los años 80, se estimó que había alrededor de 10.000 corporaciones trasnacionales de todos los origenes nacionales, y al comienzo de los 90 en torno a tres veces más (Stopford y Dunning, 1983: 3; Ikeda, 1996: 48). 

Este explosivo crecimiento del número de corporaciones trasnacionales, fue acompañado por una disminución drástica en la importancia de los Estados Unidos como fuente de inversión directa extranjera, y por un aumento de su importancia como receptor de la misma. En otras palabras, las formas trasnacionales de organización de los negocios iniciadas por el capital de EEUU, habían dejado rápidamente de ser un “misterio” para un creciente gran número de competidores extranjeros. Para la década de 1970, el capital de Europa Occidental había descubierto todos sus secretos y había comenzado a competir de nuevo con las corporaciones de EEUU en casa y en el extranjero. Para los años 80, llegó el turno del capital del Este de Asia para competir nuevamente con el capital estadounidense y europeo-occidental, lo cual hizo mediante la formación de un nuevo tipo de organización comercial trasnacional -una organización que se arraigó profundamente en las virtudes de la historia y de la geografía de la región, y que combinó las ventajas de la integración vertical con la flexibilidad de las redes informales de negocio (Arrighi, Ikeda e Irwan, 1993). 

Lo importante no es cual es la fracción particular de capital vencedora, sino que el resultado de cada ronda de la pugna competitiva fue un aumento adicional en el volumen y densidad de la red de intercambios que conectaba pueblos y territorios, atravesando jurisdicciones políticas tanto regional como globalmente. Esta tendencia ha supuesto una contradicción fundamental para el poder global de los Estados Unidos -una contradicción que se ha agravado en lugar de mitigarse tras el colapso del poder soviético y el consiguiente final de la Guerra Fría. Por una parte, el gobierno de los Estados Unidos ha quedado apresado en su inaudita capacidad militar global que, tras el desplome de la URSS, no tiene paralelo. Estas capacidades continúan siendo necesarias, no tanto como una fuente de “protección” para los negocios estadounidenses en el extranjero, sino sobre todo como la fuente principal del liderazgo del EEUU en alta tecnología tanto en su propio país como en el extranjero. Por otra parte, la desaparición de la “amenaza” comunista ha hecho aun más difícil de lo que ya lo era para el gobierno de los Estados Unidos el movilizar los recursos humanos y financieros necesarios para que su capacidad militar esté en disposición de uso efectivo, o simplemente para mantenerla. De aquí derivan las divergentes valoraciones sobre el alcance real del poder global norteamericano en la era posterior a la guerra fría. 

“Ahora es el momento de la unipolarización”, se pavonea un comentarista triunfalista. “No hay sino un poder de primera clase y no hay ninguna perspectiva en el futuro inmediato de un poder que pueda rivalizar con él”. Pero un alto funcionario de la política exterior objeta: “sencillamente, no tenemos la fuerza precisa, no tenemos la influencia, ni la inclinación para el uso de la fuerza militar. No tenemos el dinero necesario para poder realizar el tipo de presión que producirá resultados positivos dentro de poco tiempo” (Ruggie, 1994, 553). 

III
La auténtica peculiaridad de la fase actual de expansión financiera del capitalismo mundial se encuentra en la dificultad de proyectar los modelos evolutivos pasados hacia el futuro. En todas las expansiones financieras pasadas, los viejos centros organizadores del poder declinante eran alcanzados por un poder ascendente, el de nuevos centros organizadores capaces de sobrepasar el poder de sus predecesores no sólo financiera sino también militarmente. Esto fue el caso de los holandeses respecto a los genoveses, de los británicos respecto a los holandeses y de los norteamericanos en relación a los británicos. 

En la actual expansión financiera, en contraste, el declinante poder de los viejos centros organizadores no se ha asociado mediante una fusión en un orden superior, sino con una escisión entre poder militar y financiero.

Mientras el poder militar se ha centralizado aún más en manos de los Estados Unidos y de sus más estrechos aliados occidentales, el poder financiero se ha llegado a dispersar entre un conjunto multicolor de organizaciones territoriales y no territoriales que, de facto o de iure, no pueden ni remotamente aspirar a alcanzar las capacidades militares globales de los Estados Unidos. Esta anomalía señala una ruptura fundamental con el modelo evolutivo que ha caracterizado la expansión del capitalismo mundial durante los últimos 500 años. La expansión a través de la trayectoria establecida se encuentra en un “impasse” -un “impasse” que se refleja en la generalizado sensación de que la modernidad e incluso la historia está llegando a su final, que hemos entrado en una fase de turbulencia y caos sistémico sin precedentes en la era moderna (Rosenau, 1990: 10; Wallerstein, 1995: 1, 268), o que una “niebla global” ha descendido sobre nosotros para cegarnos en nuestro camino hacia el tercer milenio (Hobsbawm 1994: 558-9). Mientras el “impasse”, la turbulencia y la niebla son totalmente verdaderas, una mirada más cercana a la extraordinaria expansión económica del Este de Asia (que de aquí en adelante entenderemos que incluye el sudeste asiático) puede proporcionar algunas enseñanzas sobre el auténtico nuevo tipo de orden mundial que puede emerger en los márgenes del caos sistémico que se avecina. 

En un reciente análisis comparativo de tasas de crecimiento económico desde la mitad de la década de 1870, el Union Bank de Suiza no encontró “nada comparable con la experiencia de crecimiento económico de Asia [del Este de Asia] durante las tres últimas décadas”. Otras regiones crecieron tan rápidamente durante las trastornos de épocas de guerra (por ejemplo, Norteamérica durante la Segunda Guerra Mundial) o después de tales trastornos (por ejemplo, Europa Occidental después de la Segunda Guerra Mundial). Pero “las tasas de crecimiento de la renta anual por encima del ocho por ciento obtenidas por numerosas economías asiáticas [del sudeste asiático] desde el final de los años sesenta no tienen precedentes en 130 años de historia económica documentada”. Este crecimiento es aún más notable por haberse registrado a la vez que en el resto del mundo se producía un total estancamiento, o estaba cerca del estancamiento, y por haberse “propagado como una ola” desde Japón a los Cuatro Tigres (Corea del Sur, Taiwan, Singapur y Hong Kong), y de allí a Malasia y Tailandia, y después a Indonesia, China y, más recientemente, a Vietnam (Union Bank of Switzerland, 1996: 1). 

Incluso más impresionantes aún han sido los avances del Este de Asia en el campo de las altas finanzas. La participación japonesa en el total de activos de los cincuenta mayores bancos del mundo según la clasificación de Fortune se incrementó desde el 18% en 1970, hasta el 27% en 1980 y el 48% en 1990 (Ikeda, 1996). Por reservas en divisas, la participación del Este de Asia en los diez mayores holdings bancarios se incrementó del 10% en 1980 al 50% en 1994 (Japan Almanac, 1993 y 1997). Resulta claro que si los Estados Unidos no tienen “el dinero necesario para poder realizar el tipo de presión que producirá resultados positivos” –como previsoramente deploraba el alto responsable de la política exterior de EEUU-, los estados del Este de Asia, o al menos algunos de ellos, tienen todo el dinero necesario para ser inmunes al tipo de presión que está llevando a los estados de todo el mundo -incluidos los Estados Unidos- a someterse a los dictados de la creciente movilidad y volatilidad del capital (véase la sección II). 

Irónicamente, esta altamente significativa, aunque parcial, inversión de la suerte de los Estados Unidos por una parte, y de los estados del este asiático por otra, se originó por las mayores injerencias de Estados Unidos sobre la soberanía de los estados del este asiático desde el inicio de la Guerra Fría. La ocupación militar unilateral de Japón en 1945 y la división de la región como consecuencia de la Guerra de Corea en dos bloques antagónicos crearon, en palabras de Bruce Cumings unos proamericanos “regímenes verticales solidificados mediante tratados bilaterales de defensa (con Japón, Corea del Sur, Taiwan y Filipinas) y dirigidos por un Departamento de Estado que dominaba sobre los ministerios de asuntos exteriores de estos cuatro paises”. 

Todos se convirtieron en estados semisoberanos, profundamente penetrados por las estructuras militares de EEUU (control operativo sobre las fuerzas armadas surcoreanas, la Séptima Flota patrullando por los istmos de Taiwan, dependencias de defensa para estos cuatro paises, bases militares en sus territorios) e incapaces de una política exterior independiente o de tomar iniciativas de defensa...Así, hubo menores relaciones a través del telón militar iniciado a mitad de las década de los años cincuenta, así como bajos niveles de intercambio comercial entre Japón y China, o Japón y Corea del Norte. Pero la tendencia dominante hasta la década de 1970 fue un régimen unilateral americano fuertemente predispuesto hacia formas militares de comunicación. (Cumings, 1997: 155) 

Dentro de este “régimen unilateral americano” Estados Unidos se especializó en proporcionar protección y en perseguir el poder político regional y global, mientras sus estados-vasallos del este asiático se especializaban en el comercio y en la obtención de ganancias. Esta división del trabajo ha sido par-ticularmente importante en las relaciones norteamericano-japonesas configuradas a lo largo de la era de la guerra fría y hasta el presente. Como Franz Schurmann (1974: 143) escribió, cuando el espectacular ascenso económico de Japón apenas acababa de comenzar, “liberados de la carga de los gastos de defensa, los gobiernos japoneses han encauzado todos sus recursos y energías hacia un expansionismo económico que consigue atraer riqueza a Japón y extender sus negocios a los más lejanos lugares del globo”. La expansión económica de Japón, a la vez, generó un proceso de “bola de nieve” que concatenó la búsqueda de oportunidades de inversión en la región circundante, con el gradual reemplazamiento del patronato de EEUU como fuerza impulsora principal de la expansión económica del Este de Asia (Ozawa, 1993: 130-1; Arrighi, 1996: 14-16). 

Con el tiempo este proceso de bola de nieve despegó, el régimen militarista de Estados Unidos en el Este Asia había comenzado a descomponerse, ya que la Guerra de Vietnam destruyó lo qué la Guerra de Corea había creado. La Guerra de Corea había instituido el régimen proamericano del Este de Asia que excluía a China continental del intercambio normal comercial y diplomático con la parte no comunista de la región, mediante el bloqueo y las amenazas de guerra respaldadas por “un archipiélago de instalaciones militares estadounidenses” (Cumings, 1997: 154-5). La derrota en la Guerra de Vietnam, por el contrario, forzó a los Estados Unidos a permitir a China continental el intercambio normal comercial y diplomático con el resto del Este de Asia, ensanchándose de esa manera el alcance de la expansión e integración económica de la región (Arrighi, 1996). 

Este resultado transformó, sin eliminarla, la previa desproporción de la distribución de las fuentes de poder en la región. El ascenso de Japón a potencia industrial y financiera de importancia global transformó la previa relación de vasallaje de la política y economía japonesa con los Estados Unidos en una relación de mutuo vasallaje. Japón continuó dependiendo de los Estados Unidos para la protección militar; pero la reproducción del aparato productivo y protector norteamericano vino a depender incluso más críticamente de la industria y finanzas japonesas. A la vez, la reincorporación de China continental a los mercados regio-nales y globales devolvió al juego a un estado cuyo tamaño demográfico, abundancia de recursos laborales y crecimiento potencial sobrepasaba por un amplio margen al de todos los otros estados que operan en la región, incluidos los Estados Unidos. Menos de veinte años después de la misión de Richard Nixon en Beijing, y menos de quince después del restablecimiento de relaciones diplomáticas entre los Estados Unidos y la República Popular China (RPC), este gigantesco “contenedor” de capacidad laboral ya parece dispuesto a llegar a ser nuevamente el poderoso atraedor de fondos que había sido antes de su incorporación subordinada en el sistema mundial eurocéntrico. 

Si el atractivo principal de la RPC para el capital extranjero han sido sus reservas enormes y ultracompetitivas de trabajo, el “casamentero” que ha facilitado el encuentro del capital extranjero capital y el trabajo chino es la diáspora capitalista de los chinos en el exterior. 
Atraídos por la capacidad de China como fuente de trabajo a bajo coste, y por su potencialidad creciente como un mercado que contiene la quinta parte de la población mundial, los inversores extranjeros continúan vertiendo dinero en la RPC. Alrededor del 80% de ese capital procede de los chinos del exterior, refugiados por la pobreza, el desorden y el comunismo, que de ser objeto de las más picantes ironías han pasado a ser ahora los financiadores favoritos de Beijing y modelos para la modernización. Incluso los japoneses frecuentemente confían en los chinos en el exterior para engrasar su camino hacia China. (Kraar, 1994: 40) 

De hecho, la confianza de Beijing en los chinos del exterior para facilitar la reincorporación de China continental en los mercados regionales y mundiales no es la auténtica ironía de la situación. Como Alvin So y Stephen Chiu (1995: cap. 11) han mostrado, la estrecha alianza política que se estableció en la década de 1980 entre el Partido Comunista Chino y los capitalistas chinos del exterior tenía un perfecto sentido desde el punto de vista de sus respectivos objetivos. La alianza facilitó a los chinos del exterior oportunidades extraordinarias de beneficiarse de la intermediación comercial y financiera, mientras facilitó al Partido Comunista Chino unos medios altamente efectivos para matar dos pájaros de un tiro: para mejorar la economía doméstica de China continental y, a la vez, para promover la unificación nacional de acuerdo con el modelo “una nación, dos sistemas”. 

La auténtica ironía de la situación es que uno de los legados más sobresalientes de siglo diecinueve, las invasiones occidentales sobre la soberanía china, emerge ahora como un instrumento poderoso de la emancipación china y del este asiático respecto del dominio occidental. La diáspora china fue durante largo tiempo un componente integral del tributo indígena del Este de Asia al sistema comercial dominado por la China imperial. Pero las mayores oportunidades para su expansión vinieron con la incorporación subordinada de ese sistema dentro de las estructuras del sistema mundial eurocéntrico como resultado de las Guerras del Opio. Bajo el régimen americano de la Guerra Fría, el papel tradicional de la diáspora como intermediario comer-cial entre la China continental y las regiones marítimas de circunvalación fue ahogado, tanto por el embargo norteamericano sobre el comercio con la RPC, así como por las restricciones de la RPC sobre el comercio interior y exterior. No obstante, la expansión de las redes estadounidenses de poder y de las redes japonesas de negocio en las regiones marítimas del Este de Asia, proveyeron a la diáspora de una gran abundancia de oportunidades de ejercer nuevas formas de intermediación comercial entre estas redes y las redes locales que controla. Y como las restricciones sobre el comercio con China, y en el interior de la RPC, se relajaron, la diáspora rápidamente surgió como la única y más poderosa agencia de la reunificación económica de la economía regional del este asiático (Hui, 1995). 
Es demasiado pronto para decir qué tipo de formación económico-política surgirá finalmente de esta reunificación y hasta donde puede llegar la rápida expansión económica de la región del este asiático. Por lo que sabemos, el ascenso actual del Este de Asia hasta llegar a ser el mayor centro dinámico de los procesos de acumulación capital a escala mundial, puede muy bien ser el preámbulo a un “recentramiento” de las economías regionales y mundiales sobre China, como estuvieron en tiempos premodernos. Pero sin saber lo que realmente sucederá o no, los aspectos principales del continuo renacimiento económico del este asiático son suficientemente claros como para proporcionarnos algunas señales de su probable futura trayectoria y de sus implicaciones para la economía global en su conjunto. 

En primer lugar, el renacimiento es tanto el producto de las contradicciones de la hegemonía mundial norteamericana como de la herencia geohistórica del Este de Asia. Las contradicciones de la hegemonía mundial norteamericana conciernen primariamente a la dependencia del poder y la riqueza estadounidense respecto a una forma de desarrollo caracterizada por los altos costes de reproducción y de protección -esto es, sobre la formación de un mundo que comprende, por un lado, un aparato militar intensivo en capital y, por otra parte, la difusión de despilfarradores e insostenibles modelos de consumo masivo. En ninguna parte han sido estas contradicciones más evidentes que en el Este de Asia. Las guerras de Corea y de Vietnam no solo revelaran los límites del poder real poseído por el estado de bienestar-estado militar norteamericano. Igualmente importante es que, cuando esos límites se estrecharon y se aflojaron, en dicha evolución los altos costes de reproducción y de protección comenzaron a producir resultados decrecientes y a desestabilizar el poder mundial estadounidense.

Mientras tanto, la herencia geohistórica del este asiático, sus bajos costes comparativos de protección y de reproducción, dieron a los gobiernos de la región y a sus agencias de negocios una ventaja competitiva decisiva en una economía global más estrechamente integrada que antes. No se sabe si esta herencia se conservará. Pero por ahora la expansión asiática oriental ha sido el “vehículo tendedor de vías” para una trayectoria de desarrollo mucho más económica y sostenible que la trayectoria estadounidense. 

En segundo lugar, el renacimiento se ha asociado con una diferenciación estructural del poder en la región que ha dejado a los Estados Unidos el control de la mayoría de los revólveres, a Japón y a la China exterior el control de la mayoría del dinero, y a la RPC el control de la mayoría del trabajo. Esta diferenciación estructural -que no tener precedentes en las anteriores transiciones de hegemonía- hace sumamente inverosímil que ningún estado de los que operan en la región, los Estados Unidos incluidos, adquiera por si solo las capacidades necesarias para llegar a ser hegemónico regional y globalmente. Sólo una pluralidad de estados, actuando concertadamente entre sí, tiene alguna oportunidad de generar un nuevo orden mundial basado en el Este de Asia. Esta pluralidad pudiera incluir a los Estados Unidos y, en todo caso, las políticas estadounidenses hacia la región permanecerán como un factor importante, entre otros, en la determinación de si surgirá realmente, y cuándo y cómo, tal nuevo orden mundial basado en el Este de Asia. 

En tercer lugar, el proceso de integración y expansión económica de la región del este asiático es un proceso estructuralmente abierto al resto de la economía global. En parte, esta apertura es una herencia de la naturaleza intersticial de un proceso que se desarrolla en relación con las redes de poder de los Estados Unidos. En parte, se debe al importante papel jugado por las redes informales de negocios con ramificaciones a lo largo de la economía global en la promoción de la integración de la región. Y en parte, se debe a la dependencia continua del Este de Asia de otras regiones de la economía global para obtener materias primas, alta tecnología y productos culturales. Los fuertes conexiones delanteras y traseras que conectan la economía regional asiática oriental al resto del mundo es un buen augurio para el futuro de la economía global, siempre que la expansión económica de Este de Asia no sea llevada a un fin prematuro por los conflictos internos, la mala administración, o la resistencia estadounidense a la pérdida de poder y prestigio, aunque no necesariamente de riqueza y bienestar, que acarrearía el recentramiento de la economía global sobre el Este de Asia. 
Finalmente, el ensamblaje de la integración y expansión económica del Este de Asia con su herencia geohistórica significa que el proceso no puede duplicarse en otra parte con resultados igualmente favorables. La adaptación al emergente liderazgo económico del este asiático sobre la base de la herencia geohistórica propia de cada región más que los equivocados intentos de repetir la experiencia del este asiático fuera de contexto o los, aun más equivocados, intentos de reafirmar la supremacía occidental en base a una defectuosa evaluación del poder real que posee el complejo militar-industrial de Estados Unidos- es el curso de acción más prometedor para el resto de los estados. Por supuesto, un asunto totalmente distinto es si se trata de una expectativa realista. 


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arrighi, Giovanni (1982). “A Crisis of Hegemony”. En S. Amin, G. Arrighi, A.G. Frank e I. Wallerstein,
Dinamics of Global Crisis, 55-108. New York: Monthy Review Press. 
Arrighi, Giovanni (1994). The Long Twentieth Century. Money, Powerand the Origins of Our Times,
London, Verso. 
Arrighi, Giovanni (1996). “The Rise of East Asia. World-Systemic and Regional Aspects”. International
Journal of Sociology and Social Policy 16, 7/8, 6-44. 
Arrighi, Giovanni (1997). “Financial Expansions in World Historical Perspective. A Reply to Robert Pollin”.
New Left Review, proxima aparición. 
Arrighi, Giovanni, Satoshi Ikeda y Alex Irwan (1993). “The Rise of East Asia: One Miracle or Many?”. En R.A.
Palat, ed., Pacific Asia and the Future of the World Economy, 41-65. West-port, CT: Greenwood Press. 
Bairoch, Paul y R. Kozul-Wright (1996). “Globalization Myths: Some Historical Reflections on Integration,
Industrialization and Growth in the World Economy”. UNCTAD Discussion Paper # 113. 
Braudel, Fernand (1984). The Perspective of the World. New York: Harper ans Row. 
Chandler, Alfred (1990). Scale and Scope. The Dynamics of Industrial Capitalism. Cambridge, MA: The
Belknap Press. 
Cumings, Bruce (1997). “Japan and Northeast Asia into the 21 st Century”. En P. J. Katzenstein y T. Shiraishi,
eds., Network Power. Japan and Asia, 136-68. Ithaca, NY: Cornell Univ. Press. 
Frieden, Jeffry A. (1987). Banking on the World. The Politics of American International Finance. New
York: Harper y Rema. 
Friedman, Thomas (1997). “Roll Over Hawks and Doves”, The New York Times, Feb. 2, I: 15. 
Giddens, Anthony (1987). The Nation State and Violence. Berkeley, CA: California Univ. Prense. 
Gilpin, Robert (1975). U.S. Power and the Multinational Corporation. New York: Basic Books. 
Gross, Leo (1988). “The Peace of Westphalia, 1648-1948.” En R.A. Falk y W.H. Hanrieder, eds.,
International Law and Organization, 45 -67. Filadelfia: Lippincott. 
Halliday, Fred (1983). The Making of the Second Cold War. London: Verso. 
Harrod, Roy (1969). Money. London: Macmillan. 
Harvey, David (1995). “Globalization in Question”. Rethinking Marxism, 8, 4, 1-17. 
Helleiner, Eric (1997). “A Challenge to the Sovereign State? Financial Globalization and the Westphalian World
Order”. Trabajo presentado en la Conferencia sobre “Estados y Soberanía en la Economía Mundial,” University
of California, Irvine, Feb. 21-23. 
Hirst, Paul (1996). “Global Market and the Possibilities of Governance”. Trabajo presentado en la Conferencia
sobre “Globalización y Nueva Desigualdad”, University of Utrecht, Noviembre 20-22. 
Hobsbawm, Eric (1994). The Age of Extremes: A History of the World, 1914-1991. New York: Vintage. 
Hui, Po-keung (1995). “Overseas Chinese Business Networks: East Asian Economic Development in Historical
Perspective”. Ph.D. diss., Department of Sociology, State University of New York at Binghamton. 
Ikeda, Satoshi (1996). “World Production”. In T.K. Hopkins, I. Wallerstein et al, The Age of
Transition.Trajectory of the World-System 1945-2025. London: Zed Books. 
Japan Almanac (Various Years). Tokyo: Asahi Shimbum Publishing Co. 
Katzenstein, Peter (1987). Policy and Politics in West Germany: The Growth of a Semisovereign State.
Philadelphia: Temple Univ. Press. 
Kraar, Louis (1993). “The New Power in Asia”. Fortune, October 31, 38-44. 
Krasner, Stephen (1988). “A Trade Strategy for the United States”. Ethics and International Affairs, 2,
17-35. 
Krasner, Stephen (1997). “Sovereignty ant its Discontents”. Trabajo presentado en la Conferencia sobre
“Estados y soberanía en la economía mundial”, University of California, Irvine, Feb. 21-23. 
Lie, John (1996). “Globalization and Its Discontents”. Contemporary Sociology, 25, 5, 585-7. 
McNeill, William (1982). The Pursuit of Power: Technology, Armed Forces and Society since A.D. 1000.
Chicago: University of Chicago Press. 
Mann, Michel (1986). The Sorces of Social Power, vol. I. A History of Power from the Beginning to A.D.
1760. Cambridge: Cambridge Univ. Press. 
Mittelman, James H., ed. (1996). Globalization: Critical Reflections. Boulder, CO: Lynne Rienner
Publications. 
Ozawa, Terutomo (1993). “Foreign Direct INvestment and Structural Transformation: Japan as a Recycler of
Market and Industry”. Business & the Contemporary World, 5, 2, 129-50. 
Polanyi, Karl (1957). The Great Transformation: The Political and Economic Origins of Our Time.
Boston, MA: Beacon Press. 
Rosenau, James (1990). Turbulence in World Politics: A Theory of Change and Continuity. Princeton, NJ:
Princeton Univ. Press. 
Ruggie, John (1994). “Third Try at World Order? America and Multilateralism after the Cold War”. Political
Science Quaterly, 109, 4, 553 -70. 
Sassen, Saskia (1996). Losing Control? Sovereignty in an Age of Globalization. Nueva York: Columbia
University Press. 
Sassen, Saskia (1997). “The Global economy:Its Necessary Instrumentalities and Cultures”. Trabajo presentado
a la Conferencia sobre “E-stados y Soberanía en la Economía Mundial”, University of California, Irvine, Feb.
21-23. 
Schurmann, Franz (1974). The Logic of World Power. An Inquiry into the Origins, Currents and
Contradictions of World Politics. New York: Pantheon. 
So, Alvin Y. y Stephen W.K. Chiu (1995). East Asia and the World-Economy. Newbury Park, CA: Sage. 
Soros, George (1997). “The Capitalist Threat”. The Atlantic Monthly, 279, 2, 45-58. 
Stopford John M. y John H. Dunning (1983). Multinationals: Company Perfomance and Global Trends.
London: Mac-millan. 
Stubbs, Richard (1997). “Geopolitics, Geoeconomics, and Southeast Asia´s Response to Globalization”.
Trabajo presentado a la Conferencia sobre “Estados y Soberanía en la Economía Mundial,” University of
California, Irvine, Feb. 21-23. 
Taylor, Peter (1991). “Territoriality and Hegemony, Spatiality and the Modern World-System”. Newcasle upon
Tyne: Department of Geography, University of Newcasle upon Tyne. 
Taylor, Peter (1994). “Ten Years that Shook the World? The United Provinces as First Hegemonic State”.
Sociological Perspectives, 37, 1, 25 -46. 
Union Bank Switzerland (1996). “The Asian Economic Miracle”. UBS International Finance (Zurich), 29,
1-8. 
Wade, Robert (1996). “Globalization and Its Limits: The Continuing Economic Importance of Nations and
Regions”. In S. Berger y R. Dore, eds., Covergence or Diversity? National Models of Production and
Distribution in a Global Economy. Ithaca, NY: Cornell University Press. 
Wallerstein, Immanuel (1995). After Liberalism. New York: The New Press. 
Wallerstein,Immaanuel (1997). “States? Sovereignty? The Dilemma of Capitalists in an Age of Transition”.
Trabajo presentado en la Conferencia sobre “Estados y Soberanía en la Economía Mundial,” University of
California, Irvine, Feb. 21-23.