vendredi 29 juillet 2011

Meia-noite em Oslo

Assombrado, o povo da Noruega assiste a uma tragédia que revela um renascimento do ódio e da violência da extrema-direita. E a um surto orquestrado de xenofobia e racismo que renega a construção de uma Europa multicultural. Por Jorge Pinheiro, de Barcelona, Espanha.

ViaPolitica
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mardi 26 juillet 2011

DAVAR polissêmica -- você precisa ler!

 

 

 

 

 

 

 

Vol. 1, No 1 (2011)

Sumário

Apresentação

EDITORIAL
Tarcisio Caixeta de Araujo

Artigos

CRISTOLOGIA: Mais que uma doutrina, uma adesão, uma libertação PDF
Reinaldo Arruda Pereira
OS PENTECOSTAIS E A EXPERIÊNCIA DO SAGRADO PDF
Robson Franco Guimarães
A PRÁXIS NA TEOLOGIA: Reflexões e ações PDF
Milene Costa dos Santos de Castro
E A AMÉRICA LATINA FEZ OUVIR A SUA VOZ: Uma breve análise histórica dos movimentos de missão e sua repercussão para a teologia latino-americana PDF
Regina de Cássia Fernandes Sanches
O SOFRIMENTO CRISTOCÊNTRICO DE PAULO COMO PARADIGMA DO AGIR ÉTICO CRISTÃO PDF
Ailton Sanches Júnior
LEITURAS LIBERTÁRIAS DA NATUREZA HUMANA: de Pelágio a Marx na contramão do cristianismo autoritário PDF
Jorge Pinheiro
PROVOCAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS: Convites à reflexão teológica PDF
Celma Christina Rocha

Dissertações e teses

COGNIÇÃO E MORALIDADE: A dessimetria na relação raciocínio cognitivo e raciocínio moral entre adolescentes escolares
Rubens Eduardo Cordeiro
ESTRATÉGIAS LINGÜÍSTICAS DA ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO POLÍTICO ELEITORAL DE LULA: 1989 e 2002
Miriam de Oliveira Lemos
CONCEPÇÕES SOBRE MÚSICA E MOTIVAÇÕES MUSICAIS: um estudo qualitativo sobre alunos de um Seminário de Música Sacra
Natã Oliveira Andrade

Resenhas/Tarcisio Caixeta de Araujo

DICIONÁRIO DOS DEUSES E DEMÔNIOS
Manfred Lurker
CHRISTIANITY AND SCIENCE
John Weaver
MARIA, DISCÍPULA DE JESUS E MENSAGEIRA DO EVANGELHO
Carlos G. Alvarez
HISTÓRIA E RELIGIÃO DE ISRAEL: ORIGENS E CRISE DO PENSAMENTO JUDAICO
Jorge Pinheiro
DEUS E EU: CONVERSAS SOBRE FÉ E RELIGIÃO COM PAUL AUSTER, SAUL BELLOW, MICHAEL CUNNINGHAM
Antonío Monda
PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS
Rubem Alves

Expediente

SISTEMA BATISTA MINEIRO DE EDUCAÇÃO/Diretor geral:
Valseni José Braga
FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS/Diretora:
Dra. Celma Christina Cruz da Rocha
EDITOR
Prof. Ms. Tarcisio Caixeta de Araujo
CONSELHO EDITORIAL (FBMG)
Dra. Celma Christina Cruz da Rocha, Dra. Daniela Bessa, Dr. Sebastião Batista, Ms. Reinaldo Arruda Pereira, Ms. Juscelino Silva, Dra. Lyslei Nascimento, Dr. Jorge Pinheiro dos Santos, Dr. John Weaver, Dr. Lourenço Stelio Rega, Dr. Sidney Sanches


Faculdade Batista de Minas Gerais
Rua Varginha, 630. Bairro Floresta, Belo Horizonte-MG
ISSN: 2236-2711

lundi 27 juin 2011

O gozo em rosa

Katia Maria Godoy

O gozo em rosa. Enquanto eu leio, me pergunto o que levou o autor a colocar este título em seu texto, da página 21? Será uma referência à plenitude que todos desejamos ardentemente conhecer? (no sentido mais sublime da palavra, onde conhecer denota mais que o saber intelectual, mas também experimentar, absorver, fazer legível à nossa razão e à nossa alma). Será referência ao prazer que poderíamos alcançar no encontro com o transcendende por meio das palavras? Sim, me pergunto isso porque estas palavras me levam a pensar, e estimula meu desejo de poder alcançar a profundidade e intensidade que este titulo possa ter.

A leitura dos pensamentos de Jorge Pinheiro não são como uma leitura de um livro comum. Na maioria dos livros contemporâneos a própria superficialidade das palavras nos dão o sentido de seus textos, e as frases formadas expressam claramente a idéia que o autor deseja passar. Mas nos pensamentos deste autor, cada palavra em si traz uma profundidade única, as quais juntas em uma simples frase nos fazem mergulhar em idéias profundas.

No texto “O gozo em rosa” o autor ressalta de uma maneira digna a cultura hebraica quanto à leitura e interpretação de textos. Dentro da cultura hebraica, um texto não pode ser entendido em sua profundidade e intensidade sem a sua humanidade, e só por meio da humanidade podemos chegar ao transcendente, o qual é possível para o humano, uma vez que em sua criação ele se torna mais que um ser vivente, como vimos na pàgina 210, ‘o homem procede da interioridade do eterno, traduz ação mediadora e conjuntiva da força criadora’.

Tendo ressaltado que o melhor que podemos aprender com a cultura hebraica é que a profundidade de um texto é a sua humanidade, passamos então a um momento prático dessa exegese em “O gozo em rosa”.

Mas antes disso, o autor nos traz o texto de Jacó, que encontramos em Genesis 32.25, um texto muito conhecido e utilizado no meio cristão. Sabemos que na interpretação sistemática que usamos nos dias de hoje, levamos em consideração vários contextos, como história, cultura da época, tradução das línguas, mas quando vamos além, e tentamos nos voltar para a humanidade do texto, de forma hebraica, buscando o transcendente, vemos que o texto tem muito mais a nos falar. Dentro da interpretação que conhecemos, Jacó já conhecido como usurpador, trapaceiro, por seu nome e ações anteriores, luta com um homem, e o homem vendo que não podia vencer Jacó o fere na coxa, logo depois muda o nome de Jacó para Israel dizendo que Jacó havia lutado com Deus e com homens e havia vencido, e na maior parte de exegeses sistematizadas não conseguem passar desta interpretação. Mas se buscarmos a humanidade, poderemos mergulhar no seu real sentido..

Buscando melhores traduções que tragam o texto do hebraico de forma mais literal, temos a tradução SEV (versão de 1569), utilizada pelo autor do livro Teologia Humana, “Na luta, o homem ao ver que não podia vencer, bateu no vazio da coxa e enforcou a força de criar de Jacó”. A tradução, bem literal, parece perder o sentido em nosso idioma, mas veremos que não é isso que acontece. Em primeiro lugar vem a questão do íxi que significa homem e não anjo, e em segundo lugar a parte exata que o homem tocou em Jacó, não foi apenas a “coxa”, que depois veio deixá-lo manco, mas foi além, o homem atinge “kaph” e a “yarek” (palavras a qual vou me apegar agora), onde kaph refere-se a cavidade ou parte do corpo que é dobrável ou curva e yarek se refere a lombo, ou lugar do poder de procriação, este ponto de vista nos dá um sentido muito maior da palavra “força’, onde ela agora nos traz um sentido poderoso. Jacó luta com o homem, e não desiste em nenhum momento, mas também não trapaceia, decorrendo horas de luta, vendo o homem que não podia vencer Jacó, tira a sua “força”, quando alcança suas “terminações nervosas, sensibilidade interno, inchaço dor. O músculo se retrai, nervos e artérias se enroscam e impedem o fluxo de sangue o coice foi bravo, a cápsula se rompe e vaza.” (PINHEIRO, 2010, p22). Ele acerta um ponto certo de Jacó, de forma intencional e certeira, e Jacó pedindo liberdade para prosseguir é achado digno pelo homem para receber sua liberdade, pois Jacó não trapaceou, e este é o momento crucial onde a mudança da vida de Jacó acontece de forma profunda, não mudança da história em si, mas do personagem Jacó, de forma pessoal, que o levou a prosseguir de forma digna não só diante de homens, mas também diante de Deus, chamado agora Israel (príncipe de Deus) e em seu coração Jacó sabia disso. Não era mais o Deus de seus pais, mas o seu Deus. Jacó tem a sua plenitude naquele momento, e a partir de agora tudo muda em sua vida.

Esta mesma intensidade vamos encontrar em toda a Palavra, se apenas quisermos buscar a sua humanidade.

Temos agora o texto de Cantares, literatura que Jorge Pinheiro chama “jóia da literatura oriental” (PINHERO, 2010, p23). Verso 2.4 “Entra na casa do vinho, o seu estandarte é desejo”. Este texto é considerado de difícil tradução por muitos tradutores, alguns confessam que dificilmente alguém encontrará uma tradução adequada que nos dê o real sentido deste verso (RA), alguns arriscam dar um sentido para o texto, mas nos traz o texto literal no rodapé (NTLH), outros ainda arriscam uma tradução que desconsidera o possível significado único do texto, e trabalha com a palavra “estandarte” a partir do sentido no próprio idioma traduzido, comparando o estandarte com uma bandeira, e assim a tradução traria o sentido que o amor entre eles poderia ser visto por todos como uma bandeira (NVI).

Buscando a humanidade do texto, Jorge Pinheiro nos traz uma nova visão, e nos tira do texto superficial, e nos leva a mergulhar nele. Em primeiro lugar o poema é oriental, o que já tira o nosso direito de traduzir o texto e levar as palavras ao pé da letra no sentido que ela nos dá no texto traduzido. A expressão “casa do vinho” não deve ser tomada literalmente, esta expressão é uma metáfora.

Outra questão a ser levada em consideração é diferença do erótico no final do século XIX, no mundo oriental e também o erótico que conhecemos hoje, o qual entendemos que o pornográfico descreve ou evoca a luxúria, bem diferente do contexto de Cantares.

O erotismo está presente nos textos antigos, no Cântico dos cânticos e nas Mil e umas noites, porque é dimensão da sexualidade lida através da ars erótica, presente nas culturas romana antiga, chinesa, hindu, japonesa e árabe, arte que tira sua verdade do próprio prazer, entendido como experiência onde não há lugar para proibições, e o prazer pode ser medido pela tesura do corpo e do espírito. Arte esta que não foi desenvolvida na cultura ocidental, mas é olhado com desconfiança pela moral que repousa sobre a scientia sexualis, que gera regras para definir o bem e o mal do sexo, que a religião sacralizou para produzir a verdade sobre o sexo (PINHEIRO, 2010, p. 25).

Se partimos do ponto de vista ocidental, nunca teremos contato com o real sentido do texto oriental que se expressa através da ars erótica. Uma vez que nossa mente foi estruturada no pensamento ocidental, dificilmente vamos conseguir entender que a verdade do texto não parte necessqriqmente do próprio prazer, e não partindo do próprio prazer, ele nos leva a uma idéia vasta e profunda em seu verdadeiro significado: pensamos o prazer. Apenas senti-lo limita profundamente o pensamento ocidental, mas pensar o prazer nos dá a condição de ter um contato com o texto, alcançar a sua humanidade  e encontrar o transcendente: o gozo em rosa.

BIBLIOGRAFIA

PINHEIRO, Jorge. Teologia Humana, pra lá de humana. São Paulo: Fonte Editorial, 2010.
BÍBLIA de Estudo NVI. São Paulo: Vida, 2003.
Bíblia de Estudo NTLH. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
Bíblia de Estudo RA. São Paulo: Hagnos, 2003

jeudi 16 juin 2011

Bereshit

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Bereshit (do hebraico בראשית, Bereshít, "no ínicio", "no princípio", primeira palavra do texto) é o nome da primeira parte da Torá. Bereshit é chamado comumente de Gênesis pela tradição ocidental e trata-se praticamente do mesmo livro apesar de algumas diferenças, principalmente no que lida com interpretações religiosas com outras religiões que aceitam o livro de Gênesis. Este artigo pretende mostrar as origens do livro e suas implicações dentro principalmente do judaísmo.

Origem do nome do livro

O termo Bereshit (No princípio) trata-se da primeira palavra do livro, e é o costume judaico dividir seus livros e citar como nome do capítulo o nome de sua primeira palavra. O livro foi chamado na Septuaginta e por Filo de Alexandria de Γένεσις (κόσμου) = "origem" (do mundo), e o termo Gênesis é uma criação posterior usual entre os não judeus.

Origens do texto

Do ponto de vista judaico, a tradição passada ao largo de milhares de anos ensina que o texto foi entregue por Deus a Moisés no Monte Sinai durante a revelação ao povo hebreu, dias após a saída do Egito, o Êxodo.[1] Esta visão é conhecida como Criticismo Inferior.[2]
Os estudiosos do Criticismo Superior geralmente atribuem a autoria a um período posterior, provavelmente no retorno do Exílio Babilônico onde teria havido uma fusão de diversas lendas mitológicas dos povos do Levante com a cultura judaica. Muitos elementos mitológicos presentes no texto serão base para textos posteriores que seriam considerados apócrifos como o Livro de Enoque. Como exemplo deste caso temos a polêmica sobre os Nefilim.
Os estudiosos do Criticismo Superior crêem que a Torá e subsequentemente Bereshit é resultado de diversas tradições que evoluiram em conjunto através da história do antigo povo de Israel. Neste ponto de vista seria confirmado pelas duplicidades nas diversas histórias narradas:
  • Duas criações do mundo;
  • Duas alianças de D-us com Avraham;
  • Duas histórias do nome de Yitzhak;
  • Duas histórias do nome de Ya'acov;
  • Além das porções que utilizam o nome Elohim (tradição Eloísta) e que parecem desconhecer totalmente o nome de YHWH (tradição Yavista) como no caso da criação do mundo.[3]

Texto

Bereshit tem como princípio descrever as origens deste mundo e da linhagem humana até o pacto do Criador com o povo de Israel, descrevendo principalmente a vida dos Patriarcas bíblicos. Também apresenta as origens dos principais mandamentos da vida judaica como a brit milá, o shabat e mandamentos para toda a humanidade como as Leis de Noé.
O texto é comumente dividido em doze parashot (porções) cuja divisão servem para a leitura semanal do texto nas sinagogas acompanhadas das haftarot. As doze porções, simbolizam as Tribos de Israel. Assim a narrativa de Bereshit está divida em:

Bereshit (בראשית)


Gustave Doré Adão e Eva expulsos do paraíso.
A parashá Bereshit ("No início", "no princípio") é a primeira porção da Torá e busca narrar a criação do mundo por D-us, assim como a origem de todas as coisas—dos animais, do primeiro homem (Adam ou Adão - cujo nome provêm de adama, "terra avermelhada") e sua mulher, assim como de sua descendência através de dez gerações. Mostra a corrupção do gênero humano (incluindo o primeiro assassinato) e o subseqüente castigo de D-us através do Dilúvio, do qual somente se salvaria Noach (Noé) e sua família.
Esta porção apresenta a origem do shabat (que seria o dia de descanso de Deus após a criação) e apresenta—de acordo com Maimônides -- o primeiro mandamento positivo: "Crescei e frutificai".
A haftará que acompanha esta porção é:

Nôach (נח)

Esta parashá toma o nome de Noach (Noé) que ao contrário da restante da humanidade teria permanecido justo diante da maldade do ser humano e graças a isto teria sobrevivido junto com sua família do cataclismo causado pelo Dilúvio juntamente com animais selecionados para garantir a sobrevivência das espécies. Após a cessação do Dilúvio, Noach e sua família teriam repovoado a terra e dado origem à todos os povos da atualidade. A descendência de Noach no entanto seria alvo de um castigo divino ao tentarem mover uma guerra contra Deus ao construir a Torre de Babel. Tendo seus idiomas confundidos, os povos foram dispersos pela face da terra.
A haftará desta porção é :

Lech Lech (לך לך )

De acordo com a tradição judaica, desde o princípio do mundo existiram justos servidores ao Deus único , mas a corrupção do gênero humano levou principalmente à adoção da idolatria pela maior parte dos povos da terra. A parashá Lech Lechá inicia-se com o chamado de Deus a Avraham (Abraão), que teria sido um profeta e defensor do monoteísmo. Chamado para peregrinar nas terras de Canaã, a parashá narra diversas aventuras envolvendo o profeta, sua mulher Sarai (Sara) e seu sobrinho Lot. Entre suas peregrinações Deusbrit milá. Esta aliança eterna é a fundamentação do conceito de Povo Escolhido para os judeus, que seriam os descendentes de Avraham. A parashá também descreve o nascimento do filho de Avraham, Ishmael (Ismael) que posteriormente será considerado o pai dos povos árabes. efetua uma aliança eterna com Avraham e sua descendência simbolizada pelo pacto da
A haftará desta porção é :

Vayerá (וירא)

Esta parashá narra as promessas de Deus a Avraham e a sua descendência, que deveria ser obtida mediante Yitzhak (Isaac), filho gerado milagrosamente por Sara que era velha e estéril. O nascimento de Yitzhak leva a uma crise com Ishmael (Ismael) e sua mãe Hagar, uma escrava que havia sido dada como concumbina a Avraham. Por recomendação de Sara e Deus, Avraham expulsa o filho e sua mãe. Nesta parashá é também narrada a destruição de Sodoma e Gomorra e a salvação de Lot por dois anjos. Inclui também a provação de Deus á fé de Avraham pedindo que este sacrifique seu filho Yitzhak. Avraham segue a determinação mas Deus impede o sacríficio no último momento.
A haftará desta porção é :

Chayê Sharah (חיי שרה)


Gustave Doré - Eliézer e Rebeca.
Esta parashá inicia-se com a morte de Sara aos 127 anos. Avraham decide encontrar uma esposa para seu filho Yitschac e envia seu servo à sua família, que encontra uma moça, Rivka (Rebeca) que se torna esposa de Yitzhak. Avraham acaba falecendo com a idade de 175 anos e a porção encerra-se com a descrição dos descendentes de Avraham.
A haftará desta parashá é :

Toledot (תולדות)

A parashá Toledot narra a história de Yitzhak e Rivka, e de seus filhos gêmeos, Esav (Esaú) e Yaacov (Jacó). Os dois irmãos competem pela atenção do pai, onde Esav é um caçador, enquanto Yaacov é um rapaz caseiro e estudioso da Torá. Essav mostrado como um libertino e frívolo, vende seu direito de primogenitura para Yaacov. Este ainda passa-se pelo irmão e enganando ao pai recebe as bençãos de seu pai, o que despertando a ira de Esav faz com que Yaacov fuja para Charan junto ao seu tio Lavan.
A haftará desta porção é :

Vayetze (ויצא)


Michael Willmann - O sonho de Jacó.
Yaacov foge para as terras de seu tio Lavan (Labão) e no caminho recebe uma visão de Deus e um pacto com a sua descendência. Ao chegar à família de seu tio apaixona-se por sua prima Rachel (Raquel). Para casar com ela é obrigado à trabalhar sete anos. Ao casar-se, é enganado por seu tio e acaba desposando a irmã mais velha de Rachel, Lea. Para se casar com Rachel Yaakov trabalha mais sete anos. Destas duas mulheres mais suas concumbinas, Yaakov gera onze dos doze filhos que serão os patriarcas das Doze tribos de Israel. Após vinte anos trabalhando e sendo enganado por Lavan, Yaakov e sua família fogem de Lavan , que os persegue mas por fim faz um pacto de paz com eles.
A haftará desta porção é :

Vayishlach (וישלח)

A parashá Vayishlach prossegue o relato da história de Yaakov ao retornar com sua família para a terra de Canaã e seu encontro com Esav. Yaacov julga que Esav pretende batalhar contra ele, e prepara-se para a batalha. Antes de encontrar-se com seu irmão luta contra um anjo disfarçado de homem do qual sai vitorioso embora manco. Do anjo Yaakov recebe o nome de Yisrael (Israel) que será o nome pela qual seus descendentes seriam chamados.
Yaakov encontra por fim Esav que o aceita em paz embora ambos se separem. A narrativa prossegue com o rapto da filha de Yaakov, Diná e seu consequente estupro por parte de Sechem, príncipe da cidade de Sechem (Siquém). Os filhos de Yaacov enganam os habitantes da cidade, obrigando-os à circuncidarem-se sob o pretexto da aceitação de casamentos mistos e por fim Shimon e Levi matam os habitantes da cidade resgatando Diná. Rachel morre em seguida ao dar a luz ao décimo-segundo filho de Yaakov e este retorna para a casa de seu pai. Yizhak morre com a idade de 180 anos e a porção prossegue com a descrição da genealogia de Esav que seria o ancestral dos habitantes de Edom.
A haftará desta porção é:

Vayêshev (וישב)


José sendo capturado pelos seus irmãos e vendido aos egípcios (pintura de Konstantin Flavitsky).
A parashá Vayêshev descreve inicialmente a afeição de Yaakov por seu filho Yossef (José) o que leva ao ciúme dos outros irmãos. Este ódio aumenta com os sonhos de Yossef que se vê como senhor de seus irmãos. Seus irmãos preparam uma artimanha e vendem seu irmão como escravo no Egito, e enganam seu pai dizendo que Yossef havia sido destroçado por um animal.
No Egito Yossef torna-se um empregado valoroso na casa de Potifar, mas recebe uma falsa acusação de tentativa de assédio sexual por parte da esposa de Potifar. Yossef é preso onde acaba tornando-se encarregado dos prisioneiros. Após dez anos ao interpretar o sonho de dois serviçais de faraó, os eventos posteriores confirmam a interpretação dada por Yossef.
A haftará desta porção é Amós 2:6–3:8.

Miqetz (מקץ)

Mikêts descreve o sonho do faraó sobre sete vacas magras devorando sete vacas gordas, seguido por sete espigas magras de cereal devorando sete espigas saudáveis. Os conselheiros de faraó não conseguem interpretar o sonho, e Yossef recomendado pelo copeiro do rei é chamado para interpretar o sonho. Yossef descreve então que os sonhos confirmam que após sete anos de abundância o Egito e toda a terra seria assolado por grande escassez. Faraó determina então Yossef como vice-rei do Egito com o objetivo de coletar alimentos no período de fartura e armazaná-los para a época da escassez. Yossef então casa-se e tem dois filhos: Menashê e Efraim, e os eventos ocorrem como Yossef predissera. Em Canaã a escassez atinge a família de Yaacov, que envia seus filhos ao Egito para comprar alimento. Encontram Yossef mas não o reconhecem.
Yossef finge então considerá-los espiões e mantém Shimeon refém enquanto os outros irmãos retornam para Canaã com alimento, e exige que retornem com o irmão mais novo. Yaacov não permite mas a escassez obriga-o à liberar Binyamin (Benjamim). Os irmãos retornam ao Egito onde são bem tratados. No entanto Yossef cria uma artimanha para acusar Binyamin de roubo e torná-lo seu escravo no Egito.
A haftará desta parashá é I Reis 3:15–4:1.

Vayigash (ויגש )

Os irmãos de Yaakov desesperam-se com a situação e Yehudá (Judá) oferece-se para ficar no Egito no lugar de Binyamin já que a perda deste seria fatal para Yaakov. Yossef incapaz de fingir mais tempo revela-se a seus irmãos e os envia de volta para Canaã para buscarem seu pai e ordem para que toda a família de Yaakov venha habitar no Egito.
A haftará desta porção é Ezequiel 37:15–28.

Vayechi (ויחי)


Jacó abençoa os filhos de José (pintado por Jan Victors).
A parashá Vayechi é a última porção de Bereshit e descreve os últimos anos de vida de Yaakov e sua morte. Antes obriga Yossef a jurar que o enterrará na Terra da Promessa e abençoa a cada um dos seus filhos individualmente. Yaakov morre com 147 anos e é enterrado em M'arat HaMachpelá, onde estão enterrados sua esposa Lea, seus pais Yitzhak e Rivka, e os avós Avraham e Sara.
Yossef perdoa seus irmãos das artimanhas que lhe armaram na juventude e por fim Yossef morre, pedindo que seus ossos sejam levados no futuro para a Terra da Promessa.
A haftará desta parashá é I Reis 2:1–12.

Referências

  1. Chabad Torá.
  2. KOLATCH, Alfred J. Porquês da Torá, Os - São Paulo: Editora Sêfer, 2004
  3. As Camadas do Pentateuco.

A comunhão na criação

Os relatos bíblicos descrevem a criação do céu e da terra, obra do Eterno, através da indicação “e o Espírito de Deus se movia por cima da água” (Gn 1.2). Isto quer dizer que o Espírito divino é Pessoa criadora e presença do Eterno, tendo sido a criação uma realidade formatada por Ele. E é o mesmo Espírito quem clama pela liberdade redentora da criação escravizada. 

Um dia o próprio Universo ficará livre do poder destruidor que o mantém escravo e tomará parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que até agora o Universo todo geme e sofre como uma mulher que está em trabalho de parto” (Rm 8.21-22).

O Espírito é o poder atuante do Criador e a força de vida das criaturas. O Espírito é a fonte da vida. Por isso, tudo o que existe e vive manifesta a presença dele. Ele transforma a comunhão com o Pai e o Filho na comunhão da criação, na qual todas as criaturas, cada qual a seu modo, se comunicam com Deus. A existência, a vida e os relacionamentos estão firmados no Espírito, “pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28).

Assim, a partir da comunhão trinitária, o ser humano faz parte da criação e é dependente dela. Vive dentro de um contexto de interdependência com a criação. Desde o início, nosso futuro está ligado ao solo, à água e ao ar. Deus nos coloca junto e com a natureza para trabalhar essa mesma natureza (Gn 2.15). Não haveria falta (2.8-9) se soubermos administrar. Dependemos do solo e dele recebemos o nosso sustento. Pertencemos a este mundo criado e é ele que fornece a base para nossa existência.  A vida começa e se orienta sob o cuidado de Deus.

Ó Senhor, tu tens feito tantas coisas e foi com sabedoria que as fizeste. A terra está cheia das tuas criaturas” (Sl 104.24).

Todos esses animais dependem de ti, esperando que lhes dês alimento no tempo certo. Tu dás a comida, e eles comem e ficam satisfeitos. Quando escondes o rosto, ficam com medo; se cortas a respiração que lhes dás, eles morrem e voltam ao pó de onde saíram. Porém, quando lhes dás o sopro de vida, eles nascem; e assim dás vida nova à terra” (Sl 104.27-30).

Hoje, pensamos que o mundo é um objeto para nossa exploração, em vez de sujeito para a glorificação de Deus. Em grande parte, ignoramos as necessidades de outras formas de vida. Essa atitude utilitarista de ver e agir é pecado, é uma falta de respeito para com o Espírito de Deus.

O desafio do cuidado amoroso

É Deus quem dá e quem sustenta a vida de todo o universo. Sua preocupação por atender às necessidades básicas (comer, beber e vestir) não se restringe ao ser humano, mas se estende a toda a natureza, refletida nos pássaros e nas flores do campo.

É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena!” (Mt 6.30).

O universo inteiro depende do cuidado amoroso de Deus, que não descuida de nenhuma criatura. Os lírios, por exemplo, caracterizados por sua fragilidade e vida curta, são vestidos de tal modo que nem Salomão usava roupas tão bonitas como essas flores. (Mt 6,29).

Criação significa que tudo é completamente obra de Deus. Deus é o autor de tudo, o Deus pessoal e salvífico, que se revelou como puro amor. Toda a realidade brota da pura iniciativa deste amor divino, puro dom gratuito.

Mas, o ser humano faz parte da criação, depende dela e é seu cuidador. O ser humano, como o restante da criação, foi criado “de acordo com a sua espécie” (Gn 1.24 e 25), só que à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). A imagem de Deus é elaborada em termos do domínio administrativo que o ser humano teria sobre o resto da criação. O ser humano foi criado à imagem de Deus, não somente por sua liberdade e direito à escolha, mas também pela postura que assume diante da criação, uma postura de soberania em amor e comunhão, que deve refletir a soberania de Deus (Gn 1.26-28). O ser humano não foi criado apenas para realizar uma administração espiritual, mas foi criado para ordenar a criação.

No entanto, fizeste o ser humano inferior somente a ti mesmo e lhe deste a glória e a honra de um rei. Tu lhe deste poder sobre tudo o que criaste; tu puseste todas as coisas debaixo do domínio dele: as ovelhas e o gado e os animais selvagens também; os pássaros e os peixes e todos os seres que vivem no mar” (Sl 8.5-6).

Essa administração humana sobre a criação nós chamamos de mandato cultural. Ser criado à imagem de Deus é ser responsável pelo planeta e por todas as formas de vida!

A soberania humana implica responsabilidade para preservar a ordem que Deus criou e promover a existência de todos os seus elementos. Tal soberania não implica em liberdade para roubar, matar e destruir. Os seres humanos são mordomos de Deus, responsáveis diante dele e cuja primeira tarefa é assegurar a permanência e equilíbrio da criação.

Somos todos responsáveis

A preocupação divina com a salvação espiritual não é alheia da sua preocupação pelo bem-estar da sua criação material. A criação é o primeiro dos atos salvadores de Deus.

Mas tu, ó Deus, tens sido o nosso Rei desde o princípio e nos salvaste muitas vezes. Com o teu grande poder, dividiste o Mar e esmagaste as cabeças dos monstros marinhos. Esmagaste as cabeças do monstro Leviatã e deste o seu corpo para os animais do deserto comerem. Fizeste com que corressem fontes e riachos e secaste grandes rios. Criaste o dia e a noite, puseste o sol, a lua e as estrelas nos seus lugares. Marcaste os limites da terra e fizeste o verão e o inverno” (Sl 74.12-17).

Por isso, não devemos conceber a participação do ser humano no mundo como opcional, nem como secundária sua missão na salvação de vidas. Desde o início, a criação fazia parte do plano salvador de Deus. A conversão de seres humanos não é o último dos atos salvadores de Deus, mas o estabelecimento de novos céus e nova terra, ou seja, uma nova criação (Ap 21.1), a libertação da própria criação em si (Rm 8.20-22).

Até o fim, a criação fará parte do plano salvador de Deus. A mesma graça de Deus que se manifestou em Cristo, também se manifestou na criação.

Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho. Foi ele quem Deus escolheu para possuir todas as coisas e foi por meio dele que Deus criou o Universo. O Filho brilha com o brilho da glória de Deus e é a perfeita semelhança do próprio Deus. Ele sustenta o Universo com a sua palavra poderosa. E, depois de ter purificado os seres humanos dos seus pecados, sentou-se no céu, do lado direito de Deus, o Todo-Poderoso” (Hb 1.1-3).

E a graça do Eterno manifesta alcançará o seu propósito de submeter a Cristo todas as coisas.

Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai”. (Fp 2.9-11).

As Escrituras Sagradas dizem: Deus pôs todas as coisas debaixo do domínio dele. É claro que dentro das palavras “todas as coisas” não está o próprio Deus, que põe tudo debaixo do domínio de Cristo. Mas, quando tudo for dominado por Cristo, então o próprio Cristo, que é o Filho, se colocará debaixo do domínio de Deus, que pôs todas as coisas debaixo do domínio dele. Então Deus reinará completamente sobre tudo” (1Co 15.27-28).

Assim podemos dizer que existe uma eco-teologia bíblica, que envolve o uso responsável e sustentável dos recursos da criação de Deus e a transformação das dimensões culturais, econômicas, morais, intelectuais e políticas da vida. Isto inclui a recuperação de um sentido bíblico de mordomia, que implica em administração e cuidado responsável. Da mesma maneira, o conceito bíblico de descanso semanal recorda que se deve por limites às atividades de produção e ao consumo. Assim, devemos usar a riqueza e o poder no serviço dos demais. É um compromisso de trabalhar para libertar os ricos da escravidão ao dinheiro e ao poder, e possibilitar aos que têm menos obter acesso à dignidade e às oportunidades de desenvolvimento. A esperança de tesouros no céu nos livra da tirania de Mamon. E fazendo assim estaremos compreendendo o sentido maior do cuidado da natureza e da vida criada pelo Eterno.