lundi 9 janvier 2012

O corpo e o baile

"Ce qu'il y a de plus profond chez l'homme, c'est la peau". Paul Valéry

Há alguns anos, um outdoor estava presente na cidade de São Paulo nos dias de Carnevale. Nele uma jovem dizia: “Mostre que você já cresceu e sabe o que quer, use camisinha”. Tal slogan, me pareceu, poderia ter várias leituras. Uma delas seria: você que é mocinha, dona do seu próprio nariz, faça sexo.

E o slogan me remeteu a uma questão teológica, que envolve os conceitos carne e corpo. E vou começar a conversa a partir de um texto clássico da literatura brasileira:

Invadiu-a um desalento imenso, um nojo invencível de si própria. Robustecer o intelecto desde o desabrochar da razão, perscrutar com paciência, aturadamente, de dia, de noite, a todas as horas, quase todos departamentos do saber humano, habituar o cérebro a demorar-se sem fadiga na análise sutil dos mais abstrusos problemas da matemática transcendental, e cair de repente, com os arcanjos de Milton, do alto do céu no lodo da terra, sentir-se ferida pelo aguilhão da carne, espolinhar-se nas concupiscências do cio, como uma negra boçal, como uma cabra, como um animal qualquer... era a suprema humilhação.

A Carne de Júlio Ribeiro é um romance naturalista publicado em 1888, que fala de divórcio, sexo livre e aponta para a liberdade sócio-cultural feminina. Mas, apresenta também os preconceitos da sociedade escravocrata no Segundo Império. A Carne é a história de Lenita, uma jovem órfã de mãe, cujo pai lhe deu uma educação sofisticada e fora do comum para a época.

Aos 22 anos, após a morte do pai, Lenita teve a saúde abalada e foi viver no interior de São Paulo. Lá conheceu Manuel, um intelectual que vivia trancado com seus livros e que de vez em quando fazia longas caçadas. Lenita e Manuel tornam-se amantes e o romance de Júlio Ribeiro narra a trajetória desse amor, marcado por desejo e violência, por luta entre a razão e a carne.

“As pessoas que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza”.

A carta do apóstolo Paulo aos Gálatas (5.24), escrita em grego, fala de paixões e desejos. Paixão, paté, aqui, indica deficiência que domina a natureza humana, sarks, carne. O texto discorre sobre a possibilidade de controle de uma disfunção quando afirma que aqueles que pertencem a Cristo crucificaram todas as paixões e desejos da natureza humana.

Durante a Idade Média, grupos de cristãos interpretaram a exortação à crucifixão da carne como apelo ao sofrimento e suplício, ao encarceramento e solidão, procurando causar dor e desprazer ao próprio corpo.

Mas o apóstolo faz diferença entre carne e corpo. Carne nos remete às disfunções que envolvem desejos e paixões como impureza, lascívia e prostituição. E corpo traduz a materialidade do ser, a base para a realização da existência.

O domínio e o exercício do corpo advêm como expressividade quando há integração lingüístico-cultural. No corpo residem os sentidos e a razão e, por isso, não é resto, não está despojado de vida, configura-se como totalidade. Seu equivalente na linguagem teológica das escrituras judaicas é a nefesh, singularidade no mundo, face ao outro, interpelado, atravessado por afeições e sentimentos. Orgânico, natural, o corpo alia indeterminação entre a dimensão lingüístico-cultural que o atravessa e constitui e a dimensão emotiva que o movimenta.

Por isso o corpo -- e com ele as emoções, sentimentos e a própria razão -- é dimensão profunda do ser. É o corpo que projeta as forças que vão moldar o ser aos desejos e paixões. Nesse sentido não há pecado da carne, sem que antes tenha passado pelo próprio corpo.

No romance A Carne, Lenita encontra cartas de outras mulheres guardadas por Manuel, sente-se traída e o abandona. Mesmo grávida, casa-se com outro homem. Diante da perda da amante, Manuel suicida-se.

“A placidez da morte sem dor, da morte pela paralisia dos nervos motores, converteu-se em um suplício atroz, pavoroso, para cuja descrição não tem palavras a linguagem humana.

Morto e vivo!

Tudo morrera: só vivia o cérebro, só vivia a consciência e vivia para a tortura... Por que não ter despedaçado o crânio com uma bala? A paralisia invadiu os últimos redutos do organismo, o coração, os pulmões, sístole e diástole cessaram, a hematose deixou de se fazer. Um como véu abafou, escureceu a inteligência de Barbosa, e ele caiu de vez no sono profundo de que ninguém acorda”.

Assim, Júlio Ribeiro finaliza o resultado da batalha perdida entre a razão e a carne. Para ele, os triunfos dos desejos e paixões da carne levam, ao final, à morte do corpo. É isso que o apóstolo Paulo nos fala. Por isso, no Carnevale, ou em qualquer outra atividade humana, a liberdade deve ser parceira da existência plena de alegria, justiça e paz, e não da alienação e morte, pois ser livre é realizar-se no tropismo do corpo à vida.
      

samedi 7 janvier 2012

As palavras da santidade


O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger (2006)

BOM NOME DO PRÓXIMO 
Dedico estas reflexões às minhas irmãs e irmãos, filhas e filhos, sobrinhas e sobrinhos,
primas e primos, à minha neta Mariana e, também, a todas as amigas e amigos

Não dê testemunho falso contra ninguém”. Êxodo 20.16

A expressão “próximo” inclui todos os humanos. A difamação do caráter de alguém foi proibida na lei mosaica, não apenas formalmente, no tribunal, mas por qualquer declaração falsa.

Em Deuteronômio 5.20 temos a repetição do mesmo ensino (“não levante falso testemunho contra ninguém“) na renovação da aliança do Eterno com o povo hebreu que deixava o Egito.

Este ensino mostra que a respeitabilidade do nome, ou seja, sua santidade, entendida santidade como aquilo que é separado para a uma função nobre, tem uma dimensão apofática, negação de todo afastamento daquilo que é humano e da vontade do Eterno, que é a de que não falseemos a verdade em nossas afirmações, conforme Deuteronômio 13.12-15.

“Quando vocês estiverem morando nas cidades da terra que o Eterno, nosso Deus, vai lhes dar, talvez vocês ouçam dizer que em certa cidade alguns homens perversos levaram os moradores a adorar deuses que vocês nunca adoraram. Aí vocês deverão examinar o caso com todo o cuidado. Se ficar provado que, de fato, foi cometido um crime tão grave no meio do povo de Israel, então vocês deverão matar à espada todos os moradores daquela cidade. Matem também os animais e arrasem a cidade”.

Sejamos justos nos nossos juízos, conforme Deuteronômio 17.8-11.

“Pode acontecer que numa cidade apareça um caso tão difícil, que o juiz do lugar não possa resolvê-lo. Pode ser um caso de assassinato, ou questão de propriedade, ou caso de violência, ou outra questão qualquer. Quando isso acontecer, vão até o lugar escolhido por Deus, o Eterno, para nele ser adorado e apresentem o caso aos sacerdotes levitas e ao juiz que estiver resolvendo as questões naquele tempo. Eles julgarão o caso e darão a sua decisão. Vocês farão tudo o que eles mandarem, obedecendo a todas as suas instruções. Aceitem a decisão deles, sigam as suas instruções e cumpram rigorosamente as ordens que eles derem”.

E o homem de Nazaré nos ensinou em Mateus 18.15-16 como devemos proceder diante de um pessoa que errou contra nós.

“Se o seu irmão errar contra você, vá e mostre-lhe a falha. Mas faça isso em particular, só entre vocês dois. Se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão. Mas, se não ouvir, leve com você uma ou duas testemunhas, para fazer o que mandam as Escrituras sagradas. Elas dizem: Qualquer acusação precisa ser confirmada pela palavra de pelo menos duas testemunhas”.

Assim, a dimensão catafática, positiva e simbólica, que possibilita o encontro com a vida, com o próximo e com o Eterno, é a verdade, conforme nos ensina o nazareno em seu diálogo com Pôncio Pilatos, relatado em João 18.37

“Então você é rei? - perguntou Pilatos. -- É o senhor quem está dizendo que eu sou rei! -- respondeu Jesus. -- Foi para falar da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está do lado da verdade ouve a minha voz.

Aqui está a chave para a compreensão do ensino do respeito ao nome do próximo. Quando temos compromisso com Aquele que encarnou a verdade, a respeitabilidade do nome do próximo faz parte da nossa vida.

Um ano de vitórias para todas e todos. Do pai, irmão, tio, primo, avô e amigo, Jorge Pinheiro.

vendredi 6 janvier 2012

21 gramas

Quanto pesa a sua alma?


"O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que eu vá, é ele quem me leva. O Teu dom inflama-nos e arrebata-nos para o alto. Andamos e partimos. Fazemos ascensões no coração e cantamos o cântico dos degraus”. [1]


Este texto de não é somente belo. Mil e trezentos anos antes de sir Isaac Newton, santo Agostinho intuía que há coisas tão leves, que sobem, ao invés de cair. E que todas as coisas só encontram o repouso quando estão no lugar que deveriam esta.


Para Alejandro González Iñárritu, que dirigiu o filme “Vinte e um gramas”, a vida é uma história de esperança: você pode ter medo da morte, mas ela virá e, nesse instante, seu corpo se tornará 21 gramas mais leve. E por isso coloca-nos a pergunta: será que é a alma que pesa esses 21 gramas?


Segundo Agostinho, teólogo da igreja cristã, "o corpo, devido ao peso, tende para o lugar que lhe é próprio, porque o peso não tende só para baixo, mas também para o lugar que lhe é próprio. Assim, o fogo encaminha-se para cima e a pedra para baixo. Movem-se segundo o seu peso. Dirigem-se para o lugar que lhes compete. O azeite derramado sobre a água aflora a superfície. A água vertida sobre o azeite submerge debaixo deste. Movem-se segundo o seu peso e dirigem-se para o lugar que lhes compete. As coisas que não estão em seu lugar próprio agitam-se, mas quando o encontram, ordenam-se e repousam".[2]
Ora, se tudo tem um peso, por que não a alma. E se a alma tem um peso, o que a leva para cima ou para baixo? Segundo Agostinho, repousamos no dom do Espírito, que é o nosso descanso, é o nosso lugar. É para lá que o amor nos arrebata e que o Espírito levanta o nosso abatimento desde as portas da morte.


O filme Vinte e um gramas explora a existência física e emocional de três casais. O professor universitário Paul Rivers e sua mulher Mary vêem o seu casamento oscilar entre a vida e a morte enquanto ele aguarda um transplante de coração. O ex-presidiário Jack Jordan e sua mulher Marianne lutam para criar os dois filhos, enquanto Jack reafirma seu compromisso com a igreja. Cristina perde o marido Michael Peck e suas duas meninas num acidente trágico que entrelaça destinos e os levará às profundezas da vingança, aos limites do amor e à promessa da redenção.


Assim, Paul, Cristina e Jack são colocados ante a realidade da morte. E ela pesa de maneiras diferentes na vida de cada um. Mas, diante da morte, para que a esperança se faça presente, a vida deve renascer.


Vinte e um gramas é o peso de cinco moedas de cinco centavos, de um beija-flor e, talvez, da alma humana.


O filme vale a pena, embora pese mais que 21 gramas. Mas, depois de ver o filme, não esqueça que o seu peso é o amor, que nos puxa para cima. Ou, como diz Agostinho:


"É o Teu fogo, o Teu fogo benfazejo que nos consome, enquanto vamos e subimos para a paz da Jerusalém celeste. Regozijei-me com aquilo que me disseram: iremos para a casa do Senhor. Lá nos colocará a boa vontade, para que nada mais desejemos senão permanecer ali eternamente".[3]


Ficha Técnica: Titulo Original: 21 Grams. Ano de Lançamento: 2003; Gênero: Drama Duração: 125 minutos.Direção: Alejandro González Iñárritu. Roteiro: Guillermo Arriaga, Alejandro González Iñárritu Elenco: Sean Penn, Naomi Watts, Benicio Del Toro, Charlotte Gainsbourg, Melissa Leo, Clea DuVall, Danny Huston, Carly Nahon, Claire Pakis, Nick Nichols, John Rubinstein, Eddie Marsan.


Notas
[1] Agostinho, Santo, Confissões, Livro XIII, cap. 9, Ed. Abril, São Paulo, 1973, p. 292.
[2] Idem, op. cit., pp. 291-292.
[3] Idem, op. cit., p. 292. 

Este texto faz parte do meu próximo livro, 
que estará nas bancas ainda em janeiro. Acho que você pode gostar




Compre, dè para os amigos e divulgue. 

Um escritor sempre necessita de solidariedade!




jeudi 5 janvier 2012

Depois de Mao Tsé-Tung...

A China moderna busca 
diretrizes morais no seu antigo passado
Craig Simons, de Yinchuan, China. WEB: Cox Newspapers


Uma pesquisa patrocinada pelo governo e cujos resultados foram divulgados
em fevereiro de 2008 revelou que até 300 milhões de chineses são religiosos, um número bem maior do que a antiga estimativa oficial de 100 milhões de pessoas.

Dentre os entrevistados pelos pesquisadores da Universidade Normal do Leste da China, em Xangai, 66% disseram que praticam religiões chinesas históricas, incluindo o taoísmo e o budismo, enquanto 12% - ou cerca de 40 milhões de pessoas - se identificaram como cristãos.
"A vida das pessoas se tornou materialmente mais rica na China, de forma que um número cada vez maior de gente está buscando uma espiritualidade mais intensa", explica Tong Shijun, professor de religião da Universidade Normal do Leste da China, em Xangai, e um dos que conduziu a pesquisa.
Com essa nova riqueza, muitos chineses se concentraram na compra de produtos com os quais sequer podiam sonhar sob o governo de Mao Tsé-Tung, o líder que dominou a China durante quase três décadas até a sua morte em 1976, e marcas como Gucci e Ferraris podem ser encontradas no mercado popular.
Segundo os especialistas, não se sabe ao certo se uma maior fundamentação espiritual e cultural implicará em valores morais comunitários mais profundos do que a atual preocupação com o status individual.


A busca por identidade
Seria difícil visualizar Zhang Xianliang, intelectual anticomunista, propondo que se lembrasse o passado. Rotulado de inimigo do Partido Comunista Chinês em 1958, ele foi internado em um campo de trabalhos forçados e lá permaneceu durante 22 anos, muitas vezes comendo pouco mais do que grama cozida para sobreviver.
Mas Zhang, que aos 70 anos de idade é um dos mais famosos escritores vivos da China, faz parte do número crescente de chineses proeminentes que pedem que a nação volte a se conectar com a sua história como forma de fortalecer um sistema de valores desvirtuado pelo Partido Comunista e pelo rápido deslocamento da China em direção ao capitalismo.
"Devido aos danos ao nosso legado cultural provocados pelo Partido Comunista e também à invasão da cultura ocidental nas duas últimas décadas, ficamos culturalmente à deriva", disse Zhang em uma recente entrevista em um estúdio cinematográfico e parque temático que ele administra na província de Ningxia, no norte da China. "Só agora estamos entendendo o quanto é importante cultivar um arcabouço moral comum".
Para Zhang e vários outros chineses, grande parte da intensificação dos problemas sociais em toda a China, incluindo o aumento da criminalidade e da corrupção, se deve ao enfraquecimento dos valores morais.
"Nos últimos anos houve um grande renascimento do interesse pela história e pelo pensamento da China", afirma Xia Xueluan, um sociólogo da Universidade de Pequim. "O nosso sistema de valores foi abalado pela modernização, de forma que as pessoas estão em busca de uma base moral".
Uma interpretação dos Analectos de Confúcio, os ensinamentos do monge chinês que viveu entre 551 e 779 A.C., vendeu 2,3 milhões de cópias entre novembro e fevereiro, e estabeleceu um recorde de 13,6 mil cópias vendidas em um único dia em uma livraria de Pequim.
Um programa de televisão chamado Sala de Leitura se tornou o de maior audiência de um canal da Televisão Central da China no ano passado, após passar a se concentrar em história e filosofia antigas, incluindo os ensinamentos de Zhuangzi e de Lao-Tsé, os mais importantes pensadores taoístas da China.
As universidades estão se beneficiando desse interesse crescente ao oferecerem mais matérias optativas e programas em filosofia tradicional. A Universidade de Pequim passou a oferecer programas em "cultura chinesa tradicional" em 2005, e faz propagandas desses cursos prometendo: "O conhecimento clássico abrirá novas estratégias para a sua vida".
Em abril, a universidade lançou a sua nova estratégia ao fazer uma parceria com uma companhia chinesa de telecomunicações para transmitir frases filosóficas tradicionais por telefones celulares mediante o pagamento de uma mensalidade de US$ 1,25. Um ensinamento confuciano enviado recentemente afirmava que "um cavalheiro deve lutar constantemente para atingir a auto-perfeição".
O Partido Comunista está também buscando os ensinamentos tradicionais para fortalecer o seu domínio. Desde 2005, o presidente chinês Hu Jintao clamou repetidamente pela construção de uma "sociedade harmoniosamente socialista" e em pelo menos um discurso enfatizou esta meta ao citar um ensinamento confuciano segundo o qual "a harmonia é algo de precioso". Mas a harmonia é uma coisa cada vez mais ausente em certos segmentos da sociedade.
O número de processos criminais na China mais do que dobrou entre 1999 e 2006, chegando a 4,65 milhões, enquanto o número de mortes causadas por acidentes de trabalho subiu para mais de 14 mil no ano passado, já que padrões inferiores de segurança acompanharam a rápida industrialização do país.
Ao mesmo tempo, a venda de produtos falsificados por vezes letais se tornou endêmica. No ano passado 11 pessoas morreram na província de Guangdong, no sul da China, após consumirem um remédio falsificado que, segundo o fabricante, combatia infecções da vesícula biliar.
Tais notícias não chegam a provocar escândalo na China. Entre uma série de casos recentemente expostos houve o da venda de ovos contaminados com um corante carcinogênico e o de um leite para recém-nascidos destituído da maioria dos nutrientes e que custou a vida de pelo menos 12 bebês em 2003 e 2004.
"Muita gente não se sente mais responsável pela sociedade, de forma que não pensa duas vezes na hora de vender produtos falsificados", afirma Zhang. "Temos milhares de leis, mas ninguém as obedece".
Assim como Confúcio, cujos Analectos enfatizam os valores da generosidade, da unidade e do respeito pela autoridade, o Partido Comunista publicou no ano passado uma lista de "oito virtudes e oito vícios" - incluindo lembretes para que os cidadãos trabalhem arduamente, amem o país e sirvam ao público - e encorajou os funcionários e cidadãos a aplicarem essas instruções às suas vidas diárias.
"Atualmente pouca gente enfatiza a importância dos ensinamentos morais nas nossas vidas, de forma que o governo está tentando ensinar um conjunto de valores comuns a todos", explica Xia. Ao mesmo tempo, os chineses estão em busca de mais diretrizes morais na religião.


Valores tradicionais
Na província de Ningxia, Zhang, que publicou vários livros sobre a sua experiência nos campos chineses de trabalhos forçados, argumenta que para voltar a se conectar com os valores tradicionais a China precisa entender a turbulência das décadas de 60 e 70.
Especialmente importante é compreender por que os chineses perderam o seu senso de valores comunitários durante a Revolução Cultural, que durou uma década, um período durante o qual incontáveis relíquias e templos foram destruídos como parte de uma iniciativa promovida pelo Partido Comunista no sentido de acabar com os remanescentes daquelas que Mao considerava filosofias atrasadas.
"A Revolução Cultural destruiu a nossa cultura e a substituiu pelo culto a Mao", afirma Zhang. "Quando Mao morreu, ficamos sem nada".
O Partido Comunista ainda proíbe a maioria das pesquisas sobre o governo de Mao por temer que discussões sobre traumas passados possam enfraquecer o controle partidário, e poucos chineses nascidos após 1976, quando Mao morreu, sabem muita coisa sobre a Revolução Cultural ou o Grande Salto Adiante, um movimento para coletivizar a agricultura no final da década de 50 que provocou uma onda de fome responsável pela morte de cerca de 20 milhões de pessoas.
No parque temático de Zhang, Wang Ying, de 23 anos, dá de ombros quando lhe perguntam o que aconteceu durante o Grande Salto Adiante.
"O meu livro escolar só traz meia página sobre isso, de forma que realmente não sei", diz ela.
Segundo Zhang, mais cedo ou mais tarde Pequim terá que permitir mais pesquisas sobre aquele período. Precisamos prestar atenção no nosso passado inteiro para entendermos o que perdemos nos anos 60 e 70", diz ele. "Somente dessa maneira poderemos saber que temos uma rica tradição cultural".


Fonte em português
Blog Controvérsia/Cox Newspapers. Tradução UOL. Esse post foi publicado no dia 25.07.2008. http://www.controversia.com.br/blog/?p=3018 (05.01.2012).

mercredi 4 janvier 2012

O caminho do sucesso


Moisés de Michelangelo

הצלחה
Hatslara
O caminho do sucesso


Salmo 90 – O desafio

(1) [Oração de Moisés, homem de Deus.] Senhor, tu tens sido o nosso refúgio. (2) Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro. (3) Tu dizes aos seres humanos que voltem a ser o que eram antes; tu fazes com que novamente virem pó. (4) Diante de ti, mil anos são como um dia, como o dia de ontem, que já passou; são como uma hora noturna que passa depressa. (5) Tu acabas com a vida das pessoas; elas não duram mais do que um sonho. São como a erva que brota de manhã, (6) que cresce e abre em flor e de tarde seca e morre. (7) Nós somos destruídos pela tua ira, e o teu furor nos deixa apavorados. (8) Tu pões as nossas maldades diante de ti e, com a tua luz, examinas os nossos pecados secretos. (9) De repente, os nossos dias são cortados pela tua ira; a nossa vida termina como um sopro. (10) Só vivemos uns setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta, mas esses anos só trazem canseira e aflições. A vida passa logo, e nós desaparecemos. (11) Quem já sentiu o grande poder da tua ira? Quem conhece o medo que o teu furor produz? (12) Faze com que saibamos como são poucos os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio. (13) Olha de novo para nós, ó SENHOR Deus! Até quando vai durar a tua ira? Tem compaixão dos teus servos. (14) Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos, para que cantemos e nos alegremos a vida inteira. (15) Dá-nos agora muita felicidade assim como nos deste muita tristeza no passado, naqueles anos em que tivemos aflições. (16) Que os teus servos vejam as grandes coisas que fazes! E que os nossos descendentes vejam o teu glorioso poder! (17) Derrama sobre nós as tuas bênçãos, ó Senhor, nosso Deus! Dá-nos sucesso em tudo o que fizermos; sim, dá-nos sucesso em tudo. (17)  Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.

Vamos aprender com Moisés

1.                  A soberania de Deus

Moisés sabe que Deus é o Deus do passado, do presente e do futuro. Quem define o tempo de vida das pessoas. Mil anos para Ele é como se fosse um dia. Moisés deposita sua fé em Deus. E fé é fundamental -- sem ela não há sucesso. A partir de Deus, nossa mente descobre novas formas de fazer, de resolver problemas. Isso é sabedoria, que nasce do temor diante da autoridade e soberania de Deus. E sem sabedoria não há sucesso.

2.                 As limitações humanas

Moisés sabe que as pessoas são falhas. Somos dominados por desejos da carne, dos olhos e pela soberba que nos levam por caminhos errados, por ira e culpas. Devemos saber contar os dias para ter um coração sábio. Moisés diz que não há sucesso quando não encaramos da forma  certa o que pretendemos fazer. Devemos reconhecer nossa dependência de Deus para ir mais longe, para superar limitaçoes, medos, pois o sucesso não depende apenas da capacidade, mas da visão.

Michelangelo Buonarotti (1564)

3.                 Deus quer seu sucesso

הצלחה significa otimizar resultados. Se você descer ladeira abaixo você está em apuros, porque só existe uma maneira de ter sucesso nessa empreitada é fazendo skating. Você sabe qual é o caminho? Isso é importante, porque nenhuma estrada é um caminho fácil, mas pior ainda é quando se vai na direção contraria ao הצלחה.

Reflexões para 2012

Moisés clama por amor, alegria e felicidade. Sabe que essas bençãos pavimentam o caminho do sucesso. De forma prática, pede que Deus abençoe a obra de nossas mãos. O nosso fazer, os nossos modos de fazer, nossos planos e objetivos. Mas, lembre-se: saber fazer é importante, porém mais importante são os valores que movem você, se você acredita que Deus está nesse negócio. Se tem a certeza que está fazendo a coisa certa e de que Deus está com você, então você está na direção certa. Começou a trilhar o caminho do הצלחה.




lundi 2 janvier 2012

Um sermão para 6 de janeiro

Caminhando em direção ao caminhante 
O sermão pode ser acompanhado por solo do negro spiritual “Anunciais pelas montanhas”, de origem desconhecida, mas cuja letra encontramos no Folk Songs of the American Negro publicado em 1907 por John Wesley Work, Jr.

Peregrino a Santiago por Hieronymus Bosch

Introdução

Paulo foi um apóstolo missionário. Em sua terceira e última viagem missionária, passou pela Galácia, Frígia e visitou as igrejas em Derbe, Listra, Icônio e Antioquia. Trabalhou em Éfeso, a capital da província romana da Ásia. 

Depois de três invernos em Éfeso, Paulo passou o seguinte em Corinto. E ali fez preparativos para uma visita a Roma, e pensou antes passar por Jerusalém. 

Corajosamente Paulo arriscou. Deixou de lado os avisos sobre os perigos que pairavam sobre sua cabeça caso voltasse a Jerusalém. E seguiu em frente. Desejava ser o portador das ofertas levantadas para a grande igreja dos judeus. Lucas conta que “os irmãos nos receberam com alegria” (Atos 21.17), mas foi preso... 

"Falai pelas montanhas, nos montes e por todo lugar; falai pelas montanhas que Cristo já nasceu".

1 . O desejo de Paulo 

Romanos 1:11-13 Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados, isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha. Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios

Romanos 15:23-24 Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia.
A finalidade da carta de Paulo aos Romanos, assim como sua intenção de visitar Roma, era dar-lhes um fundamento seguro. E Paulo achava que isso seria um bem para ele também. Há aqui a idéia da reciprocidade na comunhão espiritual do Evangelho. 

Atos 23:11 Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma

Jesus aparece a Paulo e diz para ele ter coragem, porque ele vai para Roma. Mas devemos nos perguntar: na vida, o que deve vir primeiro? Nosso propósito, nosso bem ou a alegria de Deus? 

"Nasceu na estrebaria o grande Rei dos céus, o eterno prometido, Jesus, menino Deus".

2. Paulo vai para Roma 

Atos 26:30-32 A essa altura, levantou-se o rei, e também o governador, e Berenice, bem como os que estavam assentados com eles; e, havendo-se retirado, falavam uns com os outros, dizendo: Este homem nada tem feito passível de morte ou de prisão. Então, Agripa se dirigiu a Festo e disse: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César

Atos 27:1 Quando foi decidido que navegássemos para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião chamado Júlio, da Coorte Imperial

É verdade, Paulo vai para Roma. Mas não como missionário, e sim como prisioneiro. Enfrentou a prisão sob Felix, tempestade, naufrágio e depois se fez caminhante na estrada em direção a Roma. Mas na estrada, em Puzzuoli/Nápoles ... 

Atos 28:11-14 Ao cabo de três meses, embarcamos num navio alexandrino, que invernara na ilha e tinha por emblema Dióscuros. Tocando em Siracusa, ficamos ali três dias, donde, bordejando, chegamos a Régio. No dia seguinte, tendo soprado vento sul, em dois dias, chegamos a Putéoli, onde achamos alguns irmãos que nos rogaram ficássemos com eles sete dias; e foi assim que nos dirigimos a Roma.
... algo acontece...

3. Caminhando em direção ao caminhante 

Atos 28:15 Tendo ali os irmãos ouvido notícias nossas, vieram ao nosso encontro até à Praça de Ápio e às Três Vendas. Vendo-os Paulo e dando, por isso, graças a Deus, sentiu-se mais animado

Paulo escrevera a carta aos Romanos três anos antes. Os irmãos da capital romana sabiam do sofrimento do apóstolo e correram para a Praça de Apio, cerca de 70 quilômetros ao sul de Roma, e para Três Vendas, a 55 quilômetros de Roma. E aconteceu o encontro na estrada. E Lucas nos diz: "ao vê-los, dando graças a Deus, Paulo fica animado". 

"Nos campos os pastores ouviram com temor os anjos que cantavam em glória e resplendor".

Conclusão 

Deus, através de cada irmão e cada irmã, caminha em direção ao caminhante. Por isso, ao final da caminhada podemos ver que: 

1. A alegria de Deus é a nossa força 

2. Jesus sempre faz bem feito. 

3. O gesto, o encontro dos irmãos com aquele que caminha sempre traz alegria e conforto. Não por uma qualidade especial, não pela quantidade de pessoas, mas pela própria presença. 

Os irmãos e irmãs de Roma estavam lá, caminharam em direção a Paulo. 

"E nós, que o conhecemos, devemos proclamar que Cristo veio ao mundo e a todos quer salvar".

Do seu pastor e amigo, Jorge Pinheiro.

samedi 31 décembre 2011

Em 2012

Ainda que a figueira não floresça 
Mesmo assim eu darei graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador
(Habacuque 3.18). 

Ele é o homem do abraço carinhoso, de coração generoso, que carrega quem sofre no colo. Esse Habacuque procura uma profecia de conforto, que dê ânimo ao povo, como se faz com uma criança que chora. Mas não é isso que acontece.

Habacuque reclama da decadência moral dos judeus e lamenta. E quando o Eterno informa que mobilizará os caldeus para exterminar a apostasia, estarrecido Habacuque diz ao Eterno que os caldeus são piores do que os judeus, que são traiçoeiros, e destroem tudo que encontram pela frente. Idolatram sua própria força e capacidade militar, ao invés de dar glória ao Eterno.

Habacuque, porém, sabe que o Eterno é puro de olhos e, por isso, espera a solução que virá dele. No entanto, está perplexo, a justiça do Eterno para com os inimigos caldeus e os judeus apóstatas não virá como fogo do céu, exclusivamente sobre os pecadores, mas como tsuname que avançará sobre inimigos e apóstatas e sobre todos. E o justo não surfará sobre essa maré de destruição -- deverá repousar apenas na sua fé.

Agradecimento, confiança e oração são as chaves espirituais para desvendar os mistérios do governo do Eterno sobre a terra. O espírito de Habacuque e de seus irmãos vacilam entre o medo e a esperança, mas ao final os julgamentos do Eterno triunfarão alegremente.

Muitas vezes, quando falamos de crise entre as nações, ou de dor e sofrimento entre os cristãos, nos perguntamos se o Eterno está preocupado com essas coisas. A resposta para essas questões estão presentes no rolo de Habacuque. O profeta do primeiro testamento ensina que as nações e os povos são julgadas pelo bem e pelo mal que produzem no mundo. E que esses juízos muitas vezes atingem também os filhos de Deus.

Conhecedor da alienação de Judá e consciente de que os caldeus invadiriam seu país, Habacuque sofre diante do que acontecerá ao seu povo. O profeta ora ao Senhor (3.1-19) e pede que Ele tenha misericórdia no exercício da sua justiça.

E foi assim, num momento extremo de dor, que Habacuque compôs o final do seu livro, o capítulo três, que é um dos poemas mais lindos do primeiro testamento. Nele o profeta mostra que toda a glória e todo o louvor pertencem a Deus.
  • Glória pelo que Ele é: misericordioso. O Eterno não vem só para julgar, mas também para livrar. “Mesmo que estejas irado, tem compaixão de nós” (3.2). 
  • Glória por sua majestade. Devemos aceitar a sua justiça, não porque entendemos ou deixamos de entender, mas porque Ele é o Eterno e nós somos pó. “Ele pára e a terra treme. Ele olha para as nações e elas ficam com medo” (3.6). 
  • Glória por nos manter firmes na adversidade. Lembre-se: ainda que a figueira não floresça, que não haja uvas nas parreiras, que os campos não produzam alimentos e que o rebanho seja exterminado, Ele está ao seu lado. “O Deus Eterno é a minha força. Ele torna o meu andar firme”. (3.19). 
Após as manifestações do Eterno no passado da história do povo, Habacuque canta, agora, a libertação antecipada contra o inimigo, através da interposição da majestade sublime do Eterno, de modo que aquele que crê pode regozijar-se no Eterno da sua salvação. Assim, o capítulo três, um salmo composto para ser cantado e acompanhado por instrumentos, fecha o livro com um lirismo cheio de esperança.

A violência aparentemente bem-sucedida dos caldeus, a apostasia dos judeus, e a maré da justiça de Deus, que varre a Palestina, é o pano de fundo para esse profeta de coração generoso falar de esperança e dizer que o justo viverá por sua
 hn"Wma (emuná) por seu posicionamento consciente e fiel diante da vontade soberana do Eterno.

Por isso, querido irmão, querida irmã, como Habacuque não se esqueça: quando tudo parece perdido, com Deus ainda não está perdido. Quando chegamos ao final de nossos recursos, os recursos de Deus ainda estão disponíveis. E quando a crise, a dor e o sofrimento nos encurralam, precisamos olhar para o alto, porque é Ele quem torna o seu andar firme como o de uma corça e quem leva você para as montanhas, onde estará seguro (3.19).

Que a fé de Habacuque sirva de exemplo para você e para mim neste ano de 2012. Do pastor e amigo, Jorge Pinheiro.

jeudi 29 décembre 2011

O paradoxo do arqueiro

Para André & Fernanda, Pablo & Patrícia, Thiago & Dayane

Os filhos da mocidade são como flechas nas mãos de um arqueiro. Projéteis disparados por arco. E sempre foi assim, mas a sabedoria judaica fez questão de registrar, consolando mamães e papais que temem ver os filhos voarem. Mas eles partem como haste longa e fina, de madeira afiada, com ponta armada, mas sem experiência de guerra, porque até o momento do lançamento estavam guardados na aljava. Não os menospreze, pois o Eterno fará de cada um deles, no vôo da sua liberdade, flechas afiadas de arqueiro.

É verdade matemática, o vôo certeiro é possível porque na extremidade da flecha há um princípio de equilíbrio, a ampenagem, que dá estabilidade à trajetória. A ampenagem são três penas dispostas ao redor da haste formando um ângulo de cento e vinte graus entre si. Assim, é normal que no vôo a haste se entorte e se flexione de um lado para o outro, como um peixe debatendo-se fora da água: é o paradoxo do arqueiro. Mas não se preocupe, sob a mira do Arqueiro, o sol e a lua deixam de brilhar diante do brilho das flechas.

Filhos, em nome da fé no Senhor, amem, honrem, obedeçam aos pais, pois vocês foram tirados da sua carne e dos seus ossos, para que vivam bons anos na terra que o Eterno vai dar a vocês.

As três penas da ampenagem

1. A confiança no Eterno a gente vê na menina Miriam, que observava o irmão no cestinho de palha. Essa confiança é a certeza de que aquilo que se espera virá, é a garantia de que aquilo que não se vê será, ainda que no momento pareça improvável: que uma princesa apareça para tirar o menino da margem do Nilo. A fé no Eterno nos leva a confiar e observar.

É a pena que possibilita ir a lugares altos, que conquista o intransponível com êxito. Permite o vôo d
a agilidade mental e viaja longe. É a pena da paixão pela vida. É conselheira e sábia. Esta seria pena de ganso.

2. O amor é irmão gêmeo da fidelidade, virtudes que a gente descobre quando lê que Isaque perguntou a Abraão: Pai, temos o fogo e a lenha, mas onde é que está a oferta para o sacrifício? E Abraão respondeu: Meu filho, o Eterno dará a oferta para o sacrifício no momento certo. E ambos continuaram a caminhar juntos.

É pena que voa firme, aplaina a terra e nivela altos e baixos. Dá o equilíbrio que resiste ao desvio de posição: com ela tudo dura, fica estável, seguro. É a pena das
soluções para os aflitivos da humanidade, da intuição e do trabalho. É pena que limpa o céu, acalma o mar e pára o vento. A lua e as estrelas se aproximam, em silêncio, para vê-la nos ares. Esta seria pena de pato.

3. A honra é irmã gêmea do respeito, e a gente vê isso no discurso de Salomão ao povo, antes de consagrar o Templo de Jerusalém. -- Davi, meu pai, teve a intenção de construir um templo para o Senhor, Deus de Israel,  mas o Senhor disse: Você teve a feliz idéia de me construir um templo,  mas não será você quem vai construí-lo; será o filho que você vai ter quem vai construí-lo. O Senhor cumpriu a sua promessa. Sucedi a meu pai, Davi, como rei de Israel, tal como o Senhor disse, e construí o templo para o Senhor, Deus de Israel.

Honrar e respeitar é agir em direção à justiça e à virtude. Em relação aos pais, é reconhecer que somos madeira que veio deles, cedro, cerejeira, pau-brasil, e, por isso, merecem fama e glória. Somos descendentes, carne e osso, e devemos levar isso para onde quer que sejamos lançados. É cuidado sim, mas cuidado dinâmico, que se expressa na ação de não deixar faltar, de estar ao lado quando necessário, de manifestar respeito pelo que significam: nos deram vida. São, e nisso consiste a sabedoria dos filhos, nossos heróis: devem ser o alvo de nossos aplausos e atenção.

Essa é a pena das riquezas escondidas. Encontra no vôo as qualidades que não estão na superfície. Diante dela são abertos os caminhos da abundância e da fartura. Mas é no encontro da alma que isso acontece, na boa disposição das imagens e na beleza das formas. Esta seria pena de peru.

O paradoxo do arqueiro

É normal que no vôo a haste se entorte e se flexione de um lado para o outro, como um peixe debatendo-se fora da água. Mas esse paradoxo não significa que a flecha não vai acertar o alvo. O Arqueiro lançou a flecha com ampenagem perfeita: confiança no Eterno, amor e obediência, honra e respeito aos pais. Por isso, não se preocupe querido papai, querida mamãe, sob a mira do Arqueiro, o sol e a lua deixam de brilhar diante do brilho das flechas.


Igrejas francesas e brasileiras juntas



A Cruz Huguenote
Convergência para o apoio
e o desenvolvimento de igrejas francesas e brasileiras

O projeto A Cruz Huguenote, neste primeiro semestre de 2012, visa apoiar pequenas igrejas francesas que por diferentes motivos estão sem pastores ou necessitam de apoio ministerial e aceitam construir parcerias com igrejas brasileiras. Essas parcerias partem do fato de que Deus mantem na França um remanescente da histórica tradição reformada, que deseja expandir o Reino e atuar junto ao renascimento protestante que pode ser visto em diferente regiões do país. 

A partir do exposto, neste primeiro semestre de 2012, A Cruz Huguenote propõe:

1. Parceria entre igrejas brasileiras e francesas, que desejam se conhecer e testemunhar juntas do amor de Cristo.
2. Promoção de acampamentos no Brasil e acampamentos de férias na França entre  jovens das igrejas solidárias com o Projeto A Cruz Huguenote.
3. Ida e vinda de pequenos grupos que desejam conhecer as igrejas francesas e as igrejas brasileiras para convívio e troca de experiências.
4. Ida e vinda de equipes esportivas e bandas que possam se apresentar em cidades franceses e brasileiras onde estão localizadas igrejas solidárias com o Projeto A Cruz Huguenote.
5. Ida de estudantes brasileiros para cursarem Mestrado em faculdades francesas, e vinda de estudantes franceses para cursarem graduação ou pós-graduação em faculdades brasileiras.

La Croix Huguenote*
Convergence pour l´appui et le développement des églises françaises et brésiliennes
_____________________________________________________
*A cruz huguenote foi criada em 1688 por um ourives da cidade de Nîmes. Passou a ser referência da fé reformada durante as perseguições dos séculos XVII e XVIII. Hoje é um símbolo do protestantismo francês. Os elementos presentes na cruz têm um claro significado espiritual, onde a pomba representa o Espírito Santo, expressão da relação do cristão com o Deus Eterno.

mercredi 28 décembre 2011

Vejam esta entrevista de um amigo meu

Ricardo Gondim no Canal Futura
Lançamos juntos, em 2010, o livro O que eles estão falando da Igreja. 
Obra organizada por Ricardo Quadros Gouvea, com participação de Alessandro Rocha, 
Paulo Brabo e William de Melo, pela Fonte Editorial.

dimanche 25 décembre 2011

Que o Cristo nasça no seu coração!


Três lições de amor
Reflexões a partir de Paul Tillich e do apóstolo Paulo

Pode-se falar muitos idiomas e mesmo ter o dom das lînguas estranhas, mas se não houver amor, as palavras seräo como o soar de um sino ou o barulho de um chocalho. O amor é voluntário, não pode ser forçado. A ação política é compulsória. Por isso, todo poder está associado com a ação imposta e o ato do amor com a liberdade e a vontade. Pode-se ter o dom de proclamar a palavra de Deus, de conhecer mistérios e saber tudo; e ter uma fé capaz de transportar montanhas, mas se não houver amor, nada valhe. Pode-se dar esmolas, doar tudo, ser queimado vivo, mas se não houver amor, nada disso serve. O amor é companheiro e paciente. Näo é invejoso. Näo se envaidece, nem é orgulhoso.

O amor é pessoalmente mediado. A natureza voluntária do amor necessita que exista a vontade de amar para ser ativada. O amor é sempre pessoal, o tem maus modos, nem é egoísta. Näo se irrita, nem pensa mal. Näo se alegra com uma injustiça causada a alguém, mas alegra-se com a verdade. Acredita, espera, sofre com paciência, suporta.

Primeira lição de amor


Quando se serve ao Eterno, de hoje até o dia da morte, Ele não ama mais do que o ama 
agora. O Eterno não ama por causa do que é feito, Ele ama apesar do que não é feito. 

O amor é sacrificial, é um ato não compulsório. Sacrificial traduz radicalidade. É a manifestação que exprime a busca do sentido de separação e reparação diante das possibilidades abertas por realidades sobre as quais há a total ausência de poder.

O amor é livre e vai além da obrigação moral ordinária. Cumprir uma obrigação moral é responder a uma necessidade moral. É um ato do dever mais do que da moral livre. Uma senhora de idade entrega, por exemplo, ao caixa várias moedas de um real para pagar três paezinhos numa padaria. Ao ver que a senhora entregou mais que o devido, o caixa devolve as moedas excedentes. Ao fazer isso, não demonstra nenhum gesto especial de amor. Cumpre sua obrigação moral de não levar vantagem a partir das debilidades de percepção da senhora.

Segunda lição de amor

Homens e mulheres gemem, pessoas de corações partidos e vidas destruídas, gentes sofrem a escravidão do mundo e clamam como Castro Alves em Vozes d'África:

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

... e ouvem uma resposta de amor: O Eterno está ao seu lado. 

O amor é voluntário e livre, vai além da obrigação moral, mas por envolver volição moral é humanamente mediado. E por ser sacrificial está limitado pela capacidade de cada um e de cada uma de absorver as conseqüências dos atos de amor. Por isso, quando se é criança, fala-se como criança, sente-se como criança e pensa-se como criança: liberdade e vontade não têm condições de serem plenamente exercidas. Adulto, consciente e livre, deixa-se o modo de ser de criança: ações e atos podem levar ao exercício pleno do amor.

O amor é eterno. As promessas se cumprem, os idiomas morrem, o conhecimento passa. As esperanças, as promessas e o conhecimento são relativos. Por isso, fé e esperança abrem espaço para o amor, pois quando chega aquilo que é pleno de sentido, tudo o que é imperfeito desaparece.

Terceira lição de amor


O Eterno nasceu aqui, caminhou e viveu, foi à cruz do Calvário e, através do túnel de um 
túmulo vazio, saiu em busca de pessoas que tiveram suas almas leiloadas no mercado de escravos deste mundo tenebroso.

Quando as gentes gritam: Onde está o Eterno? A resposta é sempre: O amor do Eterno está aqui. Que o Cristo nasça no seu coração!