lundi 3 mars 2025

A existência e o desafio / 80 anos

Ou, pede-se ser levantado!

 


"Há que ler o desejo: sem terra, sem pátria e sem objeto, ele vaga por um deserto, cujas trilhas conduzem o leitor à experiência limite mais-além do que aparece na imagem”.

 

Betty Fuks no seu livro Freud e a Judeidade, a vocação do exílio [Jorge Zahar Editor, 2000, pp. 127-133, conta que Freud, um dia depois do sepultamento do pai, sonhou com um cartaz onde estava escrito: “Pede-se fechar os olhos”. Mais tarde, em carta a Fliess, o pai da psicanálise falou dos sentidos subjetivos da frase: “era parte da minha autoanálise, minha reação diante da morte de meu pai, vale dizer, diante da perda mais terrível na vida de um homem”.

 

O fazer da existência tem a sua magia. Se alguém estivesse além do tempo, além do espaço, haveria de debruçar-se sobre esse fazer humano, que tem seu próprio tempo e seu próprio espaço. E que integra a existência de cada ser na história dos fazeres humanos. É por isso que Bereshit, o primeiro texto da bíblia hebraica começa por um ponto zero. O tempo zero vai de um mítico entardecer à meia-noite do novo espaço-tempo. Seria aquela decrescência quando o luminar deixasse de brilhar no espaço de forma gradual.

 

Por isso, dizemos que o tempo do não-ser não é uma fratura do tempo, mas é tempo da história. Qohelet, o sábio judeu, não contemplou a passagem do tempo, mas a vinda do tempo. O tempo nada ou pouco significa para aquele que está além do tempo, além do espaço: mas existe um sentido de tempo para o humano. A conclusão de Qohelet é que temos de ser no tempo para dar valor à eternidade que brota do nada do não-ser.

 

Não vou entrar nos detalhes das leituras que o próprio Freud fez da frase que apareceu em seu sonho. Diria ao leitor, apenas, que vale a pena ler "Freud e a Judeidade”.

 

Pretendo aqui levantar o desafio de Fuks: “há que ler o desejo: sem terra, sem pátria e sem objeto, ele vaga por um deserto, cujas trilhas conduzem o leitor à experiência limite mais-além do que aparece na imagem”. É a partir dessa hermenêutica, que vamos ler trechos do final da primeira carta de Paulo aos Coríntios, em tradução minha.

 

“... Foi sepultado e foi despertado do sono no terceiro dia, de acordo com o escrito”.

 

A frase acima e a continuação do texto é uma das mais importantes sobre a egeiró e anástasis, duas expressões gregas não substancialmente diferentes, que sintetizam a teologia da anástase dos cristãos do primeiro século. Mas tarde nós criamos a partir delas o conceito de ressurreição, peça fundante da teologia cristã. Tal conceito, ressurreição, criou um padrão de imagem que dificulta a experiência do ir além. Por isso, somos obrigados a fazer a desconstrução histórico-filosófica das expressões gregas.

 

As leituras da anástasis e egeiró remontam a Homero e ao grego antigo e com seus sentidos correlatos axanástasis, anhistémi e anazaó, que podem ser traduzidas por “ficar de pé”, “ser levantado” e “voltar à vida”, foram fundamentais para a construção do conceito cristão.

 

Mas foi com Platão, na literatura filosófica, que vamos encontrar um debate fundamental para a teologia da anástase, quando apresenta a alma enquanto semelhança do divino e o corpo enquanto semelhança do que é físico e temporário.

 

Platão, em Fédon, num diálogo entre Sócrates e seus amigos defendeu a ideia da imortalidade da alma. Sócrates foi condenado à morte por envenenamento, mas não teve medo, por crer ser a alma imortal. Para Platão, as almas possuem semelhanças com as formas, que são realidades eternas por trás do mundo físico, natural. Nesse sentido, para Platão, o corpo morre, mas a alma não. Ele parte do padrão cíclico da natureza, frio, quente, frio; noite, dia, noite. Assim, os mortos despertam numa nova vida depois da morte.

 

E dirá através de Sócrates em Fédon: “perguntemos a nós mesmos se acreditamos que a morte seja alguma coisa? (...) Que não será senão a separação entre a alma e o corpo? Morrer, então, consistirá em apartar-se da alma o corpo, ficando este reduzido a si mesmo e, por outro lado, em libertar-se do corpo a alma e isolar-se em si mesma? Ou será a morte outra coisa?”

 

Paulo conhecia a discussão filosófica grega acerca da anástase, já que isso se evidencia em seus escritos, principalmente no capítulo 15 de sua primeira carta aos coríntios, que estamos analisando. Mas, sem dúvida, construiu seu conceito também levando em conta a tradição judaica, acrescentando novidades ao debate. Existem referências ao ser trazido de volta à vida nas escrituras hebraico-judaicas. Mas a preocupação judaica era existencial. Mais do que remeter a um futuro distante, embora tais leituras estejam presentes na fala de alguns profetas, as histórias de anástase relacionadas aos profetas Elias e Eliseu falam do aqui e agora. Aliás, este último, mesmo de depois de morto, trouxe à vida um defunto que foi jogado sobre sua ossada. Ao tocar os ossos de Eliseu, o morto ficou vivo de novo e se levantou. Esse caminho será a novidade da compreensão cristã-helênica da anástase.

 

“Somos arautos de que o ungido foi levantado do meio dos mortos: como alguns podem dizer que não há o ser erguido dos mortos? E, se não há o despertar do sono da morte, também o ungido não foi levantado. E se o ungido não foi levantado, é inútil o que falamos e também inútil a nossa crença”.

 

Outras fontes de Paulo foram o profeta Daniel e literaturas helênicas do judaísmo, que trabalharam com a ideia de “despertar subitamente do sono”. Durante o período helênico ideias novas afloraram em meio à vida judaica, entre elas a esperança da recompensa escatológica apresentada nas profecias apocalípticas, como em 2Macabeus 7; Daniel 12:2-3 e o Escrito de Damasco 4:4, que remetem concretamente à anástase.

 

Assim, os elementos novos da compreensão paulina da anástase já aparecem delineados no profeta Daniel:

 

“Muitos dos que dormem no pó da terra despertarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente”.

 

Paulo, porém, somará um componente existencial à compreensão de Daniel, dirá que a morte, o maior de todos os odiados pela espécie humana, será privada de força.

 

“Caso o ungido só sirva para esta vida, somos as pessoas mais dignas de lástima. Mas o ungido foi levantado dentre os mortos e foi o primeiro fruto dos que foram colocados para dormir. Porque se a morte chegou pela humanidade, também o ungido dará à luz nova vida. Como morre a espécie, no ungido ela recebe vida. E isso acontece numa ordem: o ungido é o primeiro fruto, depois os que pertencem ao ungido, quando ele aparecer. E veremos o limite, quando o ungido entregar o reino a Deus e Pai, e tornar inoperante o império, os poderes e os exércitos. Convém que seja rei até derrubar os odiados por terra. O último odiado a ser privado de força é a morte, porque o resto já foi colocado debaixo de seus pés”.

 

É interessante que Paulo em seu texto cita o dramaturgo, filósofo e poeta grego Menandro (342-291 a. C.), no texto O Misantropo, que num verso disse: “as más companhias corrompem os bons costumes”.

 

“Que farão os que se batizam pelos mortos, se os mortos não são chamados de volta à vida? Por que se batizam então pelos mortos? Por que estamos a cada hora em perigo? Protesto contra a morte de cada dia. Eu me glorio por vocês, no ungido Iesous a quem pertencemos. Combati em Éfeso contra animais ferozes, mas o que significa isso, se os mortos não podem ressurgir? Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos. Mas não vamos nos enganar: as más companhias corrompem os bons costumes”.

 

Há uma correlação entre Platão e a tradição hebraico-judaica, que podemos ver nesta carta de Paulo. Mas olhar a existência através da leitura significa, como afirma Fuks, que você leitor desconstrói, pois ler não é repetir o texto: é um modo de criação e de transformação. Por isso, digo que ler é um ato de anástase ou, se você preferir, de ressurreição. E Paulo trabalhou de forma brilhante tal idéia, tanto nas suas leituras e estudos, como na reconstrução do próprio conceito.

 

Na sequência da tradição hebraico-judaica, ou como diz Fuks, “os antigos hebreus não estavam trabalhados, como nós, pela necessidade de abstração, de síntese e de precisão na análise conceitual do real, herança dos gregos”. Assim, Paulo está preocupado com a existência, com a vida, com o corpo.

 

“Mas alguém pode perguntar: como os mortos são trazidos à vida? E com que corpo? Estúpido! O que se semeia não tem vida, está morto. E, quando se semeia, não é semeado o corpo que há de nascer, mas o grão, como de trigo ou qualquer outra semente. Deus dá o corpo como quiser, e a cada semente o corpo que deve ter. Nem toda a carne é uma mesma carne, há carne humana, de animais terrestres, de peixes, de aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, uma é a dignidade dos celestes e outra a dos terrestres. Diferente é o esplendor do sol do esplendor da lua e das estrelas. Porque uma estrela difere em brilho de outra estrela. Assim também o ser levantado dentre os mortos. Semeia-se o corpo perecível; levantará sem corrupção. Semeia-se na desgraça, será levantado em excelência. Semeia-se em debilidade, será erguido vigoroso. Semeia-se corpo controlado pela psiquê, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo controlado pela psiquê, também há corpo espiritual”.

 

Para Paulo, a anástase leva à uma teologia da vida que nasce do corpo. Mas, não é simplesmente ter de volta a vida do corpo material, tanto que em certo momento ele nos diz que “deveremos ser a imagem do homem do céu”.

 

“Assim também está escrito: o primeiro ser humano, terrestre, foi feito ser-que-deseja, o futuro humano será um espírito-cheio-de-vida. Mas o que não é espiritual vem primeiro, é o natural, depois vem o espiritual. O primeiro ser humano, da terra, é terreno; o segundo humano, a quem pertencemos, é celestial. Como é o da terra, assim são os terrestres. E como é o celeste, assim são os celestiais. E, como somos a imagem do terreno, assim seremos também a imagem do celestial”.

 

O pensamento grego, platônico, está presente na anástase paulina, já que a eternidade não é construída em cima da carne e do sangue. Vemos aqui a dualidade entre a realidade física e o mundo das formas. O dualismo metafísico de Paulo admite aqui duas substâncias que regem o ser humano, no mundo natural, a psiquê, e no mundo pós-anástase, o pneuma. E dois princípios, nesse sentido bem próximos a Platão, são o bem e o mal.

 

“E agora digo que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a eternidade. Digo um mistério: nem todos vamos adormecer, mas seremos transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta, porque a trombeta soará, os mortos serão levantados incorruptíveis, e seremos transformados. Convém que o corrompido seja tornado eterno, e o que é mortal seja tornado imortal. E, quando o que é corruptível se vestir de eternidade, e o que é mortal for transformado em imortal, então será cumprida a palavra que está escrita: a morte foi conquistada definitivamente. Onde está, ó morte, a tua picada? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, a picada da morte é o desviar-se do caminho da honra e da justiça, e a força do erro é a lei. Mas a alegria que Deus dá é a vitória por Iesous, o ungido, a quem pertencemos. Sejam firmes e persistentes, abundantes no serviço daquele a quem pertencemos, conscientes de que o trabalho árduo e duro não é desprezado por aquele a quem pertencemos”.

 

Voltemos à análise do conceito anástase no capítulo 15 da primeira carta de Paulo aos Coríntios, tomando como ponto de partida o desafio de Fuks: “há que ler o desejo: sem terra, sem pátria e sem objeto, ele vaga por um deserto, cujas trilhas conduzem o leitor à experiência limite mais-além do que aparece na imagem”.

 

Paulo traduziu para as novas gerações o desejo judaico-helênico, existencial, da anástase: “Pede-se ser levantado”! Esta é uma das ideias-força do cristianismo, todos sonhamos ressurgir!

 

Jorge Pinheiro

São Paulo, 04.03.2025


mercredi 19 février 2025

Paulo, missionário

O paradigma missionário do apóstolo Paulo é o modelo que reflete sua abordagem estratégica, teológica e prática para a proclamação do evangelho. 

Paulo é reconhecido como um dos maiores missionários da história cristã, e seu paradigma pode ser compreendido por meio de vários aspectos.

1. Evangelho cristocêntrico

A missão de Paulo era centrada em Cristo. Ele enfatizou a mensagem do evangelho como a boa-nova da morte e ressurreição de Jesus, que traz salvação para todos os povos (1 Coríntios 15:3-4). Não se preocupava em divulgar uma ideologia, mas uma pessoa: Jesus Cristo.

A missão do apóstolo Paulo era cristocêntrica porque o centro de sua pregação, ensino e vida era Jesus Cristo. 

A. O foco era a pessoa de Jesus

Paulo pregava que Jesus era o Messias prometido, o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou para a salvação da humanidade (1 Coríntios 15:3-4). Ele enfatizou que a salvação só era possível por meio da fé em Cristo (Romanos 10:9).

B. A cruz de Cristo.

Paulo colocou a cruz de Jesus no centro de sua mensagem, afirmando que nela estava o poder de Deus para a salvação (1 Coríntios 1:18). Ele via a morte de Jesus como o sacrifício definitivo pelos pecados da humanidade.

C. A vida em Cristo. 

Paulo ensinava que os cristãos deveriam viver "em Cristo", ou seja, em comunhão com Ele, seguindo Seus ensinamentos e exemplo (Gálatas 2:20). Ele via a vida cristã como uma transformação que ocorre por meio da união com Cristo.

Paulo via Jesus como o centro da história da salvação, da vida cristã e da mensagem do evangelho que ele pregava.

2. Chamado e comissão. 
 
Paulo acreditava que sua missão era um chamado divino, que ele foi comissionado por Cristo durante sua experiência na estrada de Damasco (Atos 9:15-16). E via a si mesmo como "apóstolo dos gentios" (Romanos 11:13), enviado para levar o evangelho além do contexto judaico.

3. Universalidade do Evangelho

Um dos pilares do paradigma da missão de Paulo era a verdade de que o evangelho era para todos, judeus e gentios, sem distinção (Gálatas 3:28). Desafiava barreiras culturais, religiosas e sociais, adaptando sua abordagem sem comprometer a mensagem central (1 Coríntios 9:19-23).

4. Plantação de Igrejas

Paulo focava não apenas em evangelizar, mas em estabelecer comunidades de fé. Ele plantou lojas em cidades do Império Romano, como Corinto, Éfeso e Filipos, que se tornaram centros de irradiação do evangelho.

A. A expansão do evangelho.

A missão de Paulo era levar o evangelho de Cristo aos gentios (não judeus), mostrando que a salvação em Jesus era universal (Efésios 3:6-8). Ele passará extensivamente, fundando compras e fortalecendo a fé em Cristo.

B. Uma teologia centrada em Cristo. 

Nas cartas de Paulo, ele desenvolve uma teologia cristocêntrica, abordando temas como a graça, a justificação pela fé, a ressurreição e o retorno de Cristo. Tudo isso gira em torno da pessoa e obra de Jesus.

4. Trabalho em equipe

Paulo não trabalhou sozinho. Formou parcerias com outros missionários, como Barnabé, Timóteo, Tito, Priscila e Áquila. Também valorizou as contribuições das comunidades locais, que apoiaram suas viagens e pregação com recursos e orações.

5. Flexibilidade Cultural
Embora Paulo fosse judeu, ele se adaptou às culturas locais para se comunicar de forma mais eficaz. Respeitava os costumes dos povos que evangelizavam, desde que não contradissessem os princípios do evangelho. Um exemplo disso foi seu discurso no Areópago, em Atenas (Atos 17:22-31), onde usou elementos da cultura grega para apresentar uma mensagem de Cristo.

A. Sofrimento e Perseverança. 

Paulo entendeu que a missão envolvia sacrifícios. Enfrentou perseguições, prisões e privações, mas comprometeu-se com o evangelho (2 Coríntios 11:23-28). Ele via o sofrimento como parte de sua identificação com Cristo e do avanço do reino de Deus.

B. Ênfase na Doutrina e no Comunhão

Paulo investia no ensino e discipulado das comunidades que fundava. Escrevia cartas para corrigir doutrinas, fortalecer a fé  e promover a unidade entre os crentes. Para ele, uma igreja saudável era fundamental para a continuidade da missão.

C. Esperança Escatológica.  

A missão de Paulo era alimentada pela sua expectativa da volta de Cristo. Ele acreditava que o tempo era curto e, por isso, pedia que as pessoas se reconciliassem com Deus.

O paradigma missionário de Paulo continua sendo uma inspiração para a obra missionária contemporânea, destacando a centralidade de Cristo, a inclusão de todas as culturas e a importância de formar comunidades enraizadas na fé e na prática cristã.

Uma ideia rápida de quem foi Paulo.

O apóstolo Paulo, ou seja, Saulo de Tarso, foi uma figura central no Cristianismo primitivo.

Nascido em Tarso, na região da Cilícia (atualmente parte da Turquia), Paulo era judeu da tribo de Benjamim e cidadão romano, o que lhe conferia direitos e privilégios importantes. Foi criado como fariseu e atuoso como perseguidor dos cristãos.

Paulo se converteu ao Cristianismo enquanto viajava para Damasco, com a intenção de prender seguidores de Jesus. Segundo o relato no livro de Atos dos Apóstolos, ele teve uma visão de Jesus ressuscitado, que lhe perguntou: "Saulo, Saulo, por que eu persegue?". Após esse evento, Paulo ficou temporariamente cego, mas recuperou a visão após ser curado por Ananias, um discípulo cristão. A partir daí, tornou-se missão.

Paulo realizou diversas viagens missionárias pela Ásia Menor, Grécia e Roma, pregando a mensagem de Jesus Cristo tanto para judeus quanto para gentios (não judeus). Fundou comunidades cristãs em várias cidades e escreveu cartas (epístolas) que compõem parte do Novo Testamento, como Romanos, Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses e Tessalonicenses. Estas cartas são fundamentais para a teologia cristã e abordam temas como a fé, a salvação pela graça e a unidade da Igreja.

Paulo foi preso várias vezes devido à sua pregação. Segundo a tradição cristã, ele foi martirizado em Roma por volta do ano 67 dC, durante o reinado do imperador Nero. Como cidadão romano, teria sido decapitado em vez de crucificado.

Paulo é reconhecido como "apóstolo dos gentios" por sua contribuição em levar o Cristianismo além do mundo judaico. Sua teologia e escritos moldaram a fé cristã.


mardi 18 février 2025

Venha saciar sua sede

Isaías 55 é um dos capítulos mais belos e inspiradores do livro de Isaías, trazendo uma mensagem de graça, convite e restauração. Ele faz parte da seção conhecida como "Segundo Isaías" (capítulos 40–55), que trata do consolo e da redenção do povo de Israel após o exílio babilônico.


  1. Convite à Graça de Deus (vv. 1-5)


«O Senhor Deus diz: “Escutem, os que têm sede: venham beber água! Venham, os que não têm dinheiro: comprem comida e comam! Venham e comprem leite e vinho, que tudo é de graça. Por que vocês gastam dinheiro com o que não é comida? Por que gastam o seu salário com coisas que não matam a fome? Se ouvirem e fizerem o que eu ordeno, vocês comerão do melhor alimento, terão comidas gostosas. Escutem-me e venham a mim, prestem atenção e terão vida nova. Eu farei uma aliança eterna com vocês e lhes darei as bênçãos que prometi a Davi. Eu fiz Davi chefe e líder dos povos, e por meio dele viram o meu poder. E agora vocês darão ordens a povos estrangeiros, povos que vocês não conheciam, e eles virão correndo para obedecer-lhes. Isso acontecerá porque eu, o Senhor, seu Deus, o Santo Deus de Israel, tenho dado poder e honra a vocês.”»

Isaías 55:1-5


O capítulo começa com um chamado aberto: "Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas". Aqui, Deus oferece gratuitamente aquilo que sacia verdadeiramente: água, pão e vinho, símbolos de vida e satisfação espiritual.


A salvação não pode ser comprada por dinheiro ou esforço humano; é um dom gratuito de Deus.


2. Chamado ao Arrependimento e ao Caminho de Deus (vv. 6-9)


«Procurem a ajuda de Deus enquanto podem achá-lo; orem ao Senhor enquanto ele está perto. Que as pessoas perversas mudem a sua maneira de viver e abandonem os seus maus pensamentos! Voltem para o Senhor, nosso Deus, pois ele tem compaixão e perdoa completamente. O Senhor Deus diz: “Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos, e eu não ajo como vocês. Assim como o céu está muito acima da terra, assim os meus pensamentos e as minhas ações estão muito acima dos seus.»

Isaías 55:6-9


Deus convida Seu povo a buscá-Lo enquanto Ele está acessível e a abandonar seus caminhos maus.


A diferença entre os pensamentos de Deus e os do homem é enfatizada: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos". Isso destaca a soberania e a grandeza divina.


3. A Eficácia da Palavra de Deus (vv. 10-11)


«A chuva e a neve caem do céu e não voltam até que tenham regado a terra, fazendo as plantas brotarem, crescerem e produzirem sementes para serem plantadas e darem alimento para as pessoas. Assim também é a minha palavra: ela não volta para mim sem nada, mas faz o que me agrada fazer e realiza tudo o que eu prometo.»

Isaías 55:10-11 NTLH


Assim como a chuva e a neve cumprem seu propósito na terra, a palavra de Deus sempre se cumpre e não volta vazia.


Este trecho enfatiza a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas.


4. A Promessa de Alegria e Restauração (vv. 12-13)


«“Vocês sairão alegres da Babilônia, serão guiados em paz para a sua terra. As montanhas e os morros cantarão de alegria; todas as árvores baterão palmas. Onde agora só há espinheiros crescerão ciprestes, murtas aparecerão onde agora só cresce o mato. Isso será para vocês uma testemunha daquilo que eu fiz, será um sinal eterno, que nunca desaparecerá.”»

Isaías 55:12-13 NTLH


O capítulo termina com uma visão de júbilo e renovação da criação. O povo sairá em alegria, e até a natureza celebrará essa redenção.


Em vez de espinhos, crescerão árvores frutíferas, um símbolo da restauração completa que Deus traz.


Jesus mata a sua sede


Isaías 55 é um convite para todos que têm sede espiritual. Ele ressalta que Deus está acessível, que Seu plano é superior ao nosso e que Sua palavra tem poder transformador. A mensagem final é de esperança e restauração, apontando para a plenitude da salvação em Cristo.




jeudi 13 février 2025

A fé e a força dos curadores medievais

Por que a Igreja Protestante Deve Debruçar-se Sobre os Curadores Medievais?

A tradição protestante, nascida no século XVI com a Reforma, enfatiza a autoridade das Escrituras, a justificação pela fé e o sacerdócio universal dos crentes. No entanto, em sua ênfase na ruptura com a Igreja Católica Romana, muitas vezes negligenciou aspectos da espiritualidade cristã anterior à Reforma, incluindo a rica tradição dos curadores medievais. Essas figuras, que uniam fé, conhecimento médico rudimentar e práticas de cuidado comunitário, oferecem insights valiosos para a igreja contemporânea. Examinar sua obra pode enriquecer a teologia protestante em três aspectos fundamentais: a recuperação da dimensão terapêutica da fé, a valorização da ciência e da medicina como dons divinos e o fortalecimento do papel pastoral na assistência aos necessitados.

1. A Dimensão Terapêutica da Fé

A Bíblia está repleta de narrativas em que a cura e o cuidado dos enfermos são sinais do Reino de Deus. Jesus curava os doentes não apenas como um ato de compaixão, mas como manifestação da restauração integral do ser humano. A Igreja Primitiva seguiu esse exemplo, e os curadores medievais, especialmente monges e eremitas, continuaram essa tradição, combinando oração, conhecimento de ervas medicinais e assistência social.

O protestantismo, ao longo da história, enfatizou a pregação e a salvação espiritual, mas em alguns contextos deixou de lado o ministério da cura como uma expressão concreta do Evangelho. No entanto, um olhar mais atento aos curadores medievais pode lembrar a Igreja Protestante de que a fé cristã não se limita à esfera espiritual, mas se estende ao cuidado físico e emocional dos indivíduos. Redescobrir essa tradição pode fortalecer o ministério de misericórdia nas igrejas locais e inspirar novas abordagens pastorais para lidar com o sofrimento humano.

2. A Valorização da Ciência e da Medicina como Dons Divinos

Embora o protestantismo tenha promovido a educação e o progresso científico, algumas correntes mais fundamentalistas tendem a ver a medicina com desconfiança, promovendo a ideia de que a fé deve ser suficiente para a cura. Contudo, os curadores medievais, mesmo em um contexto de conhecimento médico limitado, não viam oposição entre fé e ciência. Pelo contrário, acreditavam que a criação de Deus oferecia recursos naturais para a cura e que o conhecimento humano deveria ser empregado para aliviar o sofrimento.

Ao estudar essas figuras, a Igreja Protestante pode reafirmar uma visão equilibrada da relação entre fé e medicina. A ciência médica não deve ser vista como concorrente da fé, mas como um instrumento divino para o bem-estar humano. Esse entendimento pode fortalecer o envolvimento das igrejas com hospitais, clínicas comunitárias e iniciativas de saúde pública, promovendo uma abordagem mais holística da missão cristã.

3. O Fortalecimento do Papel Pastoral na Assistência aos Necessitados

Os curadores medievais desempenhavam um papel crucial na assistência aos marginalizados. Muitos atendiam os pobres, viajantes e doentes rejeitados pela sociedade. Essa prática ressoa profundamente com o chamado bíblico para cuidar dos necessitados e se alinha com a tradição protestante de engajamento social, vista em movimentos como o Pietismo e o Evangelicalismo social.

Contudo, em tempos de crescente individualismo e desvalorização do serviço comunitário, a Igreja Protestante pode aprender com esses exemplos históricos para revitalizar seu compromisso com o cuidado pastoral. Isso inclui não apenas a oração e o aconselhamento espiritual, mas também o envolvimento ativo em obras sociais, clínicas missionárias e projetos de assistência à saúde.

Conclusão

O estudo dos curadores medievais oferece à Igreja Protestante uma oportunidade de reencontrar dimensões importantes da fé cristã que podem fortalecer sua missão no mundo contemporâneo. A redescoberta da dimensão terapêutica da fé, a valorização da ciência e da medicina como dons divinos e o fortalecimento do cuidado pastoral são lições que podem enriquecer a prática protestante hoje. Longe de ser um exercício meramente acadêmico, essa reflexão pode levar a uma igreja mais engajada, sensível e preparada para lidar com o sofrimento humano de maneira integral.

-- Com o apoio de minha IA ChatGPT. São Paulo, 12 fevereiro de 2025.

De Nelson Bavaresco, pinto e escultor, coleção particular do mesmo. Se você quiser adquirir, entre em contato com ele.