Jorge Pinheiro
Joie, justice et paix, le chemin de la vie
mardi 4 novembre 2025
lundi 27 octobre 2025
1 Coríntios 6.9
1 Co 6.9
"Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas..."
Ou :
"Acaso não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem os imorais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os homossexuais passivos, nem os ativos..."
1 Coríntios 6:9, escrito por Paulo.
1. Contexto Imediato:
Paulo está escrevendo à igreja em Corinto, uma cidade conhecida por sua imoralidade sexual e pluralismo religioso. Ele lista vários tipos de comportamentos que, se praticados de forma contínua e sem arrependimento, mostram que uma pessoa não está verdadeiramente convertida e, portanto, não "herdará o reino de Deus". A lista é ampla e inclui não apenas pecados sexuais, mas também idolatria, roubo e avareza (como visto no versículo 10).
A discussão teológica moderna concentra-se principalmente no significado exato de duas palavras gregas:
κίναιδοι (kínaidoi / "efeminados"): No grego comum, este termo era bastante amplo. Podia se referir a:
· Homens que assumiam um papel passivo em relações homossexuais.
· Homens afeminados em sua aparência ou comportamento.
· Prostituídos masculinos.
A ideia central é de um homem que "se rebaixa" ou abdica de seu papel masculino tradicional na sociedade da época.
· ἀρσενοκοῖται (arsenokoîtai / "sodomitas"): Esta é uma palavra rara, possivelmente cunhada por Paulo. Ela é formada pela junção de "arsen" (homem) + "koite" (cama, relação sexual). Acredita-se que ela derive da tradução grega de Levítico 18:22 e 20:13, que condena relações sexuais entre homens. A interpretação mais comum é que se refere aos participantes ativos em relações homossexuais entre homens.
A forma como este versículo é entendido varia significativamente entre as diferentes tradições cristãs:
· Interpretação Tradicional / Conservadora: Entende que a passagem condena de forma clara e atemporal todos os atos homossexuais, colocando-os na mesma categoria de outros pecados que impedem a herança do Reino de Deus se não houver arrependimento.
· Interpretação Progressiva / Contextual: Argumenta que Paulo estava se referindo a formas específicas e exploradoras de relações homossexuais comuns no mundo greco-romano (como a pederastia, a prostituição cultual e relações com escravos), e não a relações homoafetivas consensuais e comprometidas como entendidas hoje. Eles enfatizam que a lista inclui coisas como litígios entre irmãos, que não são considerados pecados mortais hoje.
O objetivo de Paulo não é simplesmente fazer uma lista de pecados, mas sim chamar os coríntios à santidade e ao arrependimento. Ele lembra a eles que a graça de Deus é para transformar, e não para permitir que continuem em velhos padrões de vida incompatíveis com sua nova identidade em Cristo. O versículo imediatamente seguinte (1 Coríntios 6:11) é crucial: "E tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus."
1 Coríntios 6:9 é um versículo central nas discussões sobre sexualidade e ética cristã. Sua tradução e interpretação dependem diretamente do entendimento dos termos gregos específicos e da hermenêutica aplicada, resultando em posições teológicas distintas dentro do cristianismo.
mardi 16 septembre 2025
O Estado e a Igreja
jeudi 11 septembre 2025
Soumettez-vous les uns aux autres ...
jeudi 4 septembre 2025
Afrobrasilidade...
A ética solidária
A ética solidária e cristianismo social
-- Leituras tillichianas para o Brasil
Jorge Pinheiro, PhD
O fundamento da unidade espiritual é a religião. O fracionamento espiritual que acontece em determinadas épocas traduz fracionamento econômico, choque e distanciamento entre classes. E nas épocas em que temos um processo cultural de unidade temos também uma nova base de unidade e solidariedade social e econômica.
Por isso, na história, rupturas espirituais vêm associadas a rupturas econômicas, da mesma maneira que processos de unidade espiritual vêm associados a processos de unidade econômica.
Nesse sentido, há um processo de desenvolvimento que se realiza de forma desigual na história, mas que correlaciona mudanças espirituais e transformações econômicas e sociais. Diante de tais circunstâncias, o cristianismo está eticamente obrigado a fazer uma escolha: ou participa do processo, inspirando e atuando a favor desse desenvolvimento, ou se retrai e entra em processo de caducidade, ao afastar-se da vida real das comunidades nas quais está inserido.
Seja qual for a opinião sobre a relação ética entre cristianismo e capitalismo, um fato deve ser ressaltado: é necessário e possível para o cristianismo manter um relacionamento com todas as formações econômicas e sociais, em especial com aquelas que buscam a igualdade de direitos e possibilidades para o conjunto da população, já que a rejeição do princípio da igualdade social de direitos e possibilidades em nome do cristianismo fere a universalidade do cristianismo.
E se o cristianismo não somente deve, mas pode manter um relacionamento com economias e políticas solidárias, devemos nos perguntar se o contrário da premissa é verdadeiro: devem e podem os governos que buscam tais transformações ter um relacionamento construtivo com o cristianismo?
Para muitos, as concepções não-cristãs, muitas vezes materialistas, negam a possibilidade dessa aproximação, mas se entendemos que mesmo em Marx, as concepções políticas de esquerda de fato não são materialistas, mas econômica, vemos que tais concepções mostram uma relação de causalidade entre fundamento econômico e organização espiritual da cultura. E, ao contrário, tal fundamento dá às ciências do espírito uma possibilidade metodológica extremamente fecunda, que não tem nada a ver com ateísmo ou materialismo.
Quanto às organizações de esquerda, sejam elas socialistas ou não, é necessário ver a diferente atitude que têm em relação ao cristianismo e em relação às estruturas hierárquicas das igreja. A história das igrejas cristãs no passado, e muitas vezes no presente, é passível de críticas. Suas alianças e opções fizeram como que se afastassem e dificultassem seus relacionamentos com parte da população excluída de bens e possibilidades. Tal situação facilita e potencializa a pregação do materialismo.
Mas, ao contrário do que pode parecer, não podemos dizer que o materialismo seja um fenômeno constitutivo do socialismo. Antes, é uma herança da cultura burguesa cética e crítica. Essa herança foi adotada pelas correntes proletárias militantes e pelo socialismo na crença de que ajudaria a extirpar a ideia de opressão e abriria o caminho para a construção de um novo mundo, mais digno e justo.
Embora, haja razões históricas para criticar as igreja cristas, os movimentos e partidos políticos socialistas erram quando negam a existência da base comunitária e solidária do ideal cristão, tal como pode ser percebida na pregação do Jesus apresentado nos Evangelhos. Quer dizer, ainda há em setores dos movimentos e partidos políticos socialistas uma hostilidade contra o cristianismo, hostilidade esta que fere a ética social, tão próxima daquelas propostas levantadas pelas comunidades cristãs dos primeiros séculos.
Mas, se as ideias sociais dos movimentos e partidos proletários e socialistas não traduzem oposição essencial, de princípio, com o cristianismo e com as igrejas que vivem o mandato evangélico, os cristãos podem sem nenhum temor ter uma atitude positiva em relação a estes movimentos e partidos.
Atitude positiva deve ser entendida como a realização do princípio da solidariedade cristã, que entende a necessidade de eliminar as condições que geram exclusão e miséria. Tal atitude traduz a urgência de combater os fundamentos do egoísmo econômico e de ações para a construção de uma outra ordem social, global sim, que inclua excluídos e periféricos. Isto porque as transformações sociais não são só necessidades e tarefas de operários e trabalhadores fabris, mas ideal ético que traduz anseios e esperanças dos mais variados setores da sociedade.
vendredi 22 août 2025
Jornal da Cruz Huguenote agosto 2025
mercredi 20 août 2025
A guerra na Ucrânia
A guerra na Ucrânia - para você entender e agir como cristão
Visão geral
A guerra na Ucrânia é um conflito armado em larga escala que começou com uma invasão em grande escala pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022. No entanto, é a escalada de um conflito que começou em 2014. Em essência, é uma guerra entre a Ucrânia, que busca sua soberania e alinhamento com o Ocidente, e a Rússia, que vê essa orientação como uma ameaça à sua segurança e influência, buscando impedi-la pela força.
Contexto histórico
Para entender a guerra, é crucial conhecer o pano de fundo.
Relações históricas. A Ucrânia e a Rússia têm séculos de história entrelaçada. A Ucrânia foi parte do Império Russo e depois da União Soviética. Para o presidente russo Vladimir Putin, ucranianos e russos são "um só povo", e ele nega a legitimidade de uma identidade nacional ucraniana distinta.
Independência da Ucrânia. Com o colapso da URSS em 1991, a Ucrânia tornou-se independente. Sua soberania sempre foi vista com desdém por setores nacionalistas russos.
A expansão da OTAN. A Rússia sempre se opôs à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o leste, aproximando-se de suas fronteiras. Ela vê isso como uma quebra de promessas informais feitas após a Guerra Fria e uma ameaça direta.
Revolução do Euromaidan (2013-2014). O estopim inicial. O então presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, pró-Rússia, recusou-se a assinar um acordo de associação com a União Europeia, provocando protestos massivos que o removeram do poder. A Rússia viu isso como um "golpe" orquestrado pelo Ocidente.
Anexação da Crimeia (2014): Em resposta, a Rússia invadiu e anexou a península da Crimeia, da Ucrânia, em uma movimentação rápida e sem derramamento de sangue inicial.
· Guerra no Donbas (2014-2022): Imediatamente após, conflitos patrocinados pela Rússia eclodiram nas regiões orientais de Donetsk e Luhansk (o Donbas), onde grupos separatistas pró-Rússia, com apoio militar russo, declararam "repúblicas populares" e lutaram contra o exército ucraniano. O conflito ficou em um impasse, com mais de 14.000 mortes antes de 2022.
Causas imediatas da invasão de 2022
Escalada Retórica. Em 2021, Putin publicou um ensaio negando a estadualidade ucraniana. A Rússia começou a acumular tropas massivamente na fronteira com a Ucrânia e na Bielorrússia.
Demandas de Segurança. A Rússia exigiu garantias legais de que a Ucrânia nunca se juntaria à OTAN e que a aliança recuaria suas forças para as posições de 1997. O Ocidente recusou, alegando que qualquer país pode escolher suas próprias alianças.
Reconhecimento do Donbas. Em 21 de fevereiro de 2022, a Rússia reconheceu a independência das "repúblicas" separatistas de Donetsk e Luhansk. Três dias depois, a invasão em grande escala começou.
A invasão em grande escala (2022 até hoje)
A guerra evoluiu através de várias fases:
Fase 1: Ataque a Kiev (Fev-Mar 2022): A Rússia lançou ataques de mísseis em todo o país e tentou tomar a capital, Kiev. A forte resistência ucraniana e problemas logísticos russos frustraram o plano. As forças russas se retiraram do norte, revelando atrocidades em Bucha.
Fase 2: Guerra no Leste e Sul (Abr-Set 2022): O foco russo mudou para o Donbas e o sul, conquistando território com poder de fogo maciço. A Ucrânia recebeu armamentos pesados do Ocidente (como os lançadores de foguetes HIMARS).
Contra-ofensiva ucraniana (Set-Nov 2022). Com novo equipamento, a Ucrânia lançou contra-ofensivas bem-sucedidas, reconquistando grande parte do oblast de Kharkiv no nordeste e a cidade de Kherson no sul.
Fase 3: Guerra de Atrito (Dez 2022 até hoje). O conflito tornou-se uma guerra estática de desgaste, com pesados combates de trincheiras em frentes como Bakhmut e Avdiivka. Ambos os lados sofreram baixas enormes.
Contra-ofensiva de 2023. Uma grande ofensiva ucraniana no verão de 2023, com equipamento ocidental moderno (incluindo tanques), fez ganhos limitados contra densas linhas defensivas russas fortificadas.
Guerra de Longo Alcance. A Rússia realiza ataques regulares de mísseis e drones contra a infraestrutura energética e cidades ucranianas. A Ucrânia, por sua vez, usa drones para atingir alvos dentro da Rússia, incluindo refinarias e instalações militares.
Atores principais e seus interesses
Ucrânia: Luta pela sua existência como um estado soberano e independente, buscando libertar todo o seu território ocupado. Seu objetivo de longo prazo é a integração com a UE e a OTAN.
Rússia: objetivos declarados: "desmilitarizar" e "desnazificar" a Ucrânia, impedir sua adesão à OTAN e garantir o controle sobre o Donbas e um corredor terrestre para a Crimeia. Objetivos não declarados podem incluir a subjugação total do país.
Ocidente (EUA, UE, Reino Unido, etc.): fornecem suporte financeiro, militar (armas e treinamento) e humanitário maciço à Ucrânia. Seu objetivo é enfraquecer a Rússia militar e economicamente sem entrar em um conflito direto com a OTAN, defendendo a ordem internacional baseada em regras.
Outros Atores: países como a China tentam manter uma posição neutra, fornecendo um apoio econômico crucial à Rússia, enquanto Coreia do Norte e Irã fornecem munições e drones à Rússia.
Consequências e impacto global
A guerra teve um impacto devastador e global:
Vítimas Humanas: centenas de milhares de soldados mortos ou feridos de ambos os lados. Milhares de civis ucranianos mortos.
Crise humanitária: Milhões de ucranianos deslocados internamente ou refugiados na Europa.
Impacto econômico global.
Disrupção no fornecimento de grãos (a Ucrânia é um "celeiro do mundo") e energia (gás e petróleo russos), levando à inflação e crise do custo de vida mundial.
Rearranjo geopolítico. Fortalecimento da OTAN (com a adesão da Finlândia e Suécia), realinhamento de alianças globais e o retorno da guerra em grande escala à Europa.
Sanções. A Rússia sofreu sanções econômicas severas do Ocidente, embora tenha se adaptado encontrando novos parceiros.
Situação Atual
No momento, a guerra está em um ponto morto. A Rússia mantém a iniciativa no campo de batalha, fazendo ganhos lentos e custosos, explorando sua vantagem em número de tropas e munições. A Ucrânia está na defensiva, enfrentando escassez crítica de munições e soldados, aguardando a chegada de novas ajudas militares dos EUA e da UE. O conflito parece destinado a continuar como uma guerra de desgaste prolongada, com poucas perspectivas de negociações de paz no horizonte próximo, já que os objetivos fundamentais de ambos os lados permanecem irreconciliáveis.
Donde fazemos uma pergunta, a paz na Ucrânia é possível?
A resposta não é "sim" ou "não", mas sim uma análise de camadas.
A curto prazo, a paz parece extremamente difícil, senão impossível, nas condições atuais. A médio e longo prazo, a possibilidade existe, mas dependerá de uma série de fatores dramáticos e incertos.
Por que a paz parece impossível agora?
Objetivos incompatíveis e irreconciliáveis:
Ucrânia: Seu objetivo, definido em lei e apoiado pela maioria da população, é a restauração completa de sua integridade territorial, incluindo a Crimeia e todo o Donbas. Eles veem isso como uma guerra de libertação nacional.
Rússia: Após anexar formalmente quatro oblasts ucranianos (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), o objetivo declarado do Kremlin é manter esse território. Para Putin, aceitar a perda disso seria uma humilhação política inaceitável.
Dindenão há sobreposição entre "libertação de todo o território" e "manutenção das anexações". Um lado teria que ceder de forma monumental, o que nenhum está disposto a fazer.
Falta de Confiança Absoluta
Após a invasão em grande escala de 2022, que ocorreu em meio a negociações e acordos de Minsk já violados, a Ucrânia e o Ocidente não confiam em nenhuma promessa ou acordo assinado pela Rússia. Qualquer paz seria vista apenas como uma trégua para a Rússia se rearmar.
A Questão da Segurança Futura
Mesmo que um acordo territorial fosse alcançado, a Ucrânia precisaria de garantias de segurança absolutas para não ser invadida novamente em 5 ou 10 anos. A adesão à OTAN tornou-se um objetivo central para Kiev precisamente por essa razão, algo que a Rússia diz ser uma "linha vermelha" intransponível.
Custo Político Interno
Para Zelensky, assinar um acordo que ceda território seria visto como uma traição por grande parte da sociedade ucraniana que sofreu enormemente e lutou bravamente. Poderia desestabilizar seu governo.
Para Putin, uma retirada ou aceitação de uma derrota clara poderia abalar seriamente sua posição no poder, possivelmente levando a uma crise política interna.
Interesse das partes em continuar. Ambas as partes acreditam, em certa medida, que o tempo pode jogar a seu favor. A Ucrânia espera por mais armas ocidentais e desgaste russo. A Rússia espera o cansaço do Ocidente e por uma mudança no cenário político (como as eleições nos EUA).
Possíveis Caminhos para a Paz.
Apesar dos enormes obstáculos, a paz chegará, provavelmente através de um dos seguintes cenários:
Vitória Militar Decisiva de Um dos Lados (Improvável):
Uma vitória ucraniana que expulse completamente as tropas russas é uma possibilidade, mas exigiria um colapso total do exército russo, algo visto como muito difícil.
Uma vitória russa, conquistando muito mais território, provavelmente encontraria uma resistência partisana feroz e uma ocupação insustentável, além de uma reação ocidental ainda mais severa.
Congelamento do conflito. Cenário mais provável a curto prazo.
As linhas de frente se estabilizam, os combates diminuem de intensidade, mas não há um acordo formal de paz. Cria-se uma "linha de contacto" congelada, semelhante à Coreia ou à Cyprus, com escaramuças regulares. Tecnicamente, a guerra continuaria, mas sem grandes ofensivas. Este é um cenário perigoso e instável.
Negociação a partir de uma posição de força alterada.
Este é o cenário mais realista para uma paz duradoura. Após mais meses ou anos de guerra, o custo se torna tão insuportável para ambos os lados que eles são forçados a negociar seriamente. A negociação não começaria a partir das posições máximas atuais, mas a partir da realidade factual no terreno no momento das conversações. Um mediador internacional confiável. A China, talvez.
Mudança Política Interna
Uma mudança de liderança na Rússia poderia abrir portas para uma desescalada, com um novo governo buscando uma saída para o isolamento e as sanções.
Uma mudança no apoio ocidental poderia forçar a Ucrânia a uma mesa de negociações em uma posição muito mais fraca.
A paz não é impossível em termos absolutos, mas é impossível nas condições e exigências atuais. Ambos os lados ainda acreditam que podem melhorar sua posição militar e política no campo de batalha.
A paz verdadeira e duradoura exigirá um cansaço mútuo tão profundo que force o compromisso.Uma mudança dramática no equilíbrio de poder militar. Uma solução criativa para a questão das garantias de segurança da Ucrânia que não passe necessariamente pela OTAN. Lideranças políticas dispostas a aceitar o enorme custo interno de fazer concessões.
O caminho mais provável para o futuro próximo não é a paz, mas uma guerra prolongada ou um conflito congelado, com um sofrimento humano continuado.
Claro. Aqui está uma reflexão que integra a situação da Ucrânia a partir de uma perspectiva cristã, partindo da análise factual e indo para uma meditação mais profunda.
A guerra na Ucrânia, em sua dimensão terrena, é um conflito geopolítico complexo, uma tragédia humanitária com milhares de vidas perdidas, famílias desfeitas, cidades destruídas e uma crise global de deslocamento e segurança alimentar. É um testemunho sombrio da capacidade humana para a ganância, o orgulho nacionalista desmedido e a falha da diplomacia.
No entanto, para o cristão, que enxerga o mundo através da lente da fé, essa realidade não é o fim da história. Ela serve como um campo profundo e doloroso para reflexão, ação e esperança.
O Reconhecimento do pecado e da queda. A guerra é talvez a manifestação mais clara e coletiva da queda da humanidade. Ela revela a ruptura radical do Shalom de Deus – a paz plena, a integridade e a harmonia que Ele idealizou para a criação. A violência, a injustiça, a mentira propagandística e a desumanização do "inimigo" são frutos podres do pecado que habita em cada coração e se amplifica em estruturas de poder. Um cristão não pode olhar para a Ucrânia sem um profundo lamento por este estado de coisas, reconhecendo que "a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal" (Efésios 6:12) que operam através de ideologias perversas e ambições destrutivas.
O Chamado à compaixão e à ação prática: a parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) é um imperativo direto. O cristão é chamado a não "passar para o outro lado" da estrada, indiferente ao homem ferido. Na prática, isso se traduz em:
Oração: orar pela paz, pelos líderes para que busquem a sabedoria divina, pelo consolo dos que choram, pela proteção dos inocentes e até mesmo pela conversão daqueles que perpetram o mal.
Doação: apoiar financeiramente e materialmente organizações humanitárias cristãs e seculares que estão no front, aliviando o sofrimento.
Acolhimento: muitas famílias cristãs ao redor do mundo vivem o mandamento de acolher o estrangeiro (Hebreus 13:2) ao abrirem suas casas para refugiados.
A Tensão entre justiça e perdão: a fé cristã vive uma tensão crucial: ela defende a justiça e clama por ela ("Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo" - Isaías 1:17), mas também ordena o perdão aos inimigos ("amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem" - Mateus 5:44). Isso não é uma passividade diante do mal. Defender o fraco e resistir à agressão injusta é um ato de justiça. No entanto, o coração do cristão é chamado a não se deixar corromper pelo ódio, guardando a possibilidade do perdão, que é um dom sobrenatural e um processo, muitas vezes longo e doloroso. É uma luta interior para não replicar o mesmo mal que se combate.
A esperança escatológica: em meio a imagens de escombros e sepulturas, a esperança cristã não está fundamentada em um otimismo ingênuo de que "tudo vai melhorar", mas na promessa escatológica do retorno de Cristo, que irá "enxugar de seus olhos toda lágrima" e onde "não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor" (Apocalipse 21:4). É a certeza de que, por fim, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Filipenses 2:10-11), e que o mal, a guerra e a morte serão finalmente e para sempre derrotados. Essa esperança não nos aliena da realidade presente, mas nos dá a força para trabalhar pela paz, sabendo que nosso labor no Senhor não é vão (1 Coríntios 15:58), mesmo quando a paz parece distante.
A tragédia na Ucrânia é um convite aos cristãos para que não se calem, não fiquem indiferentes e não simplifiquem um mal tão complexo. É um chamado para chorar com os que choram, para agir com compaixão prática, para orar com fervor, para buscar a justiça sem se render ao ódio e, acima de tudo, para ser um farol da esperança que transcende todas as circunstâncias – a esperança de que, um dia, as espadas serão transformadas em arados e as lanças, em foices (Isaías 2:4), porque o Príncipe da Paz reinará para sempre.