mardi 8 mars 2011

A quarta-feira não é de cinzas


Milhões esqueceram a sugestão do apóstolo Paulo 
-- "alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo: alegrai-vos" -- aos filipenses (4.4)
e agora mergulham numa quarta-feira de cinzas. 
Puro pó. 
Mas, a quarta-feira não precisa ser de cinzas. 
Lembremo-nos da estrada de Emaús. 

1. O passado e o futuro
Quando pensamos na ressurreição pensamos em duas coisas: lá atrás na história, Deus ressuscitou Jesus. E lá na frente, um dia, Deus vai nos ressuscitar. Assim, a ressurreição tem passado e futuro. São duas colunas: passado e futuro. Mas e hoje? Será que a ressurreição tem alguma coisa a ver com o meu presente?

2. Os limites da existência
E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu”. (Lucas 24.21). Essa foi a palavra daqueles dois discípulos na estrada de Emaús.

A morte personifica os limites da existência. A morte personifica medo existencial, fim da esperança, perda do sentido da vida. E naquele entardecer, naquela estrada, os discípulos entristecidos afirmaram que, com a morte de Jesus, havia morrido algo na vida deles...

Assim como a morte do esposo mata algo na esposa, como a morte do amigo mata algo naquele que fica, a morte de Jesus matara naqueles dois discípulos a vida que dava sentido ao caminhar de cada um deles.

Foi isso que aconteceu com aqueles discípulos de Emaús: vagavam à noite pela estrada da vida, cabisbaixos, derrotados. A vida não tinha mais sentido para eles. E é assim que acontece conosco muitas vezes: andamos desesperançados, derrotados pela realidade que esmaga a vida e destrói o futuro. Vivemos numa quarta-feira de cinzas.

3. O novo nasce pela fé na ressurreição
Mas eles insistiram com ele para que ficasse, dizendo: Fique conosco porque já é tarde, e a noite vem chegando. Então Jesus entrou para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus”. (Lucas 24.29-31).

O novo nasce quando nos reunimos com o irmão ao redor da mesa, ouvimos a Palavra e repartimos o pão. Vencemos as crises quando redescobrimos o sentido da ressurreição. E ela é mais que uma lembrança do passado e um futuro de esperança. É um fato presente, uma bênção da integridade de Deus para nossa vida presente.

A ação de Deus que no passado trouxe Jesus à vida é a mesma que a cada dia nos dá força. Mas lembre-se: a descoberta da ressurreição não é um ato solitário. É um ato solidário, que implica em ouvir a Palavra e repartir o pão. A ressurreição de Jesus é a expressão permanente do compromisso irrevogável de Deus conosco.

E viva a ressurreição! A quarta-feira não é de cinzas.

1 commentaire:

Anonyme a dit…

Jorge, seu artigo é interessante mas pode fazer parecer a um leitor desentendido que Jesus ressuscitou numa quarta-feira e que portanto, quarta feira seria o dia da ressurreição...
Cabe-nos uma breve análise das datas:
A Bíblia é clara: Jesus morreu na Sexta-feira. Certo ou errado?
A Palavra de Deus não diz que Ele morreu numa Sexta-feira, e sim numa véspera de Sábado.
E qual a diferença entre Sexta-feira e véspera de Sábado?
Devemos, então, voltar à história e entendermos o que é para os judeus o Sábado, ou seja, o Shabbat.
Shabbat, cf. o dicionário da Bíblia Almeida, corresponde a: cessar; deixar de fazer algo, descansar. Na grande maioria dos casos, o shabbat é o sétimo dia da semana, ou seja, é o nosso dia de Sábado. É considerado, também, shabbat os dias de grande festividade religiosa, que nem sempre coincidiam com o sétimo dia semanal. Como exemplo a Páscoa, que é celebrada pelos judeus no mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde (mês de abibe ou nisã, equivalente ao nosso calendário março/abril). Eis aqui mais um sinal de Deus: Jesus foi morto à véspera da páscoa, no crepúsculo da tarde sepultado.
Mas voltando ao assunto da véspera de Sábado, ou do shabbat, podemos comprovar que não é necessariamente a nossa Sexta-feira, mas sim véspera de um dia de descanso, podendo ser um Sábado semanal ou um shabbat, coincidente ou não com o sétimo dia da semana, de grande festa dos judeus.
Examinando em Jo 19:31 conseguimos o primeiro indício de que Shabbat estava sendo relatado: "... pois era grande o dia daquele Shabbat...". Outro dado importante no início desse nosso estudo: Jesus foi sepultado no final da tarde, quando já iniciava-se o Shabbat (Lc 23:54 / Mt 27:57). Em tempo, os judeus marcam os seus dias iniciando-os no pôr-do-sol de um dia até o pôr-do-sol seguinte.
Até agora vimos que Jesus foi morto na véspera de um Shabbat e sepultado ao anoitecer.
O dia seguinte à morte de Jesus era Shabbat, portando descansaram segundo o mandamento (Lc 23:56).
Nos quatro evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João -, é narrado o encontro do sepulcro vazio.
Olhando para os dias relatados notamos um desacerto, pois se descansaram o shabbat, e após foram fazer compras, e, as mesmas mulheres, foram no primeiro dia da semana, antes de clarear o dia, até o sepulcro. Há algo estranho, não é mesmo?
Voltemos um pouco na história da vida de Jesus. Em Mateus 12:39-40 temos uma antecipação de Jesus para entendermos a história: O sinal de Jonas. Ele, Jesus, estaria três dias e três noites no coração da terra.
Então usemos de coerência e raciocínio. Se depois do shabbat as mulheres foram comprar aromas, e se essas mesmas mulheres foram no primeiro dia da semana ao sepulcro logo cedo, podemos concluir que, à luz de informações anteriores sobre o shabbat, nessa semana houve dois shabbat, um religioso e um semanal, sendo o segundo não relatado, porém subentendido.
Fechemos a conta agora dos dias, e descobriremos o dia que Jesus morreu, e o dia que Ele ressuscitou.
Desta forma:
Jesus morreu numa Quarta-feira às 15:00 horas aproximadamente (hora nona) Mc 15:34, 37.
Jesus foi sepultado ao anoitecer, iniciando a contagem – Primeira noite (Quarta-feira).
Houve descanso do shabbat da páscoa – Primeiro dia e Segunda noite (Quinta-feira).
As mulheres saem para comprar e preparar os aromas – Segundo dia e terceira noite (Sexta-feira).
Houve o descanso do shabbat semanal – Terceiro dia (Sábado). Jesus ressuscita.
As mulheres vão ao sepulcro ao iniciar o primeiro dia da semana (Domingo) e encontram o túmulo vazio.
Podemos afirmar, à luz dos evangelhos, que Jesus morreu numa Quarta-feira, e ressuscitou ao findar o shabbat (pôr-do-sol) e início do primeiro dia da semana.
Certamente Jesus ressuscitou ao terceiro dia, isto é no Sábado, iniciando assim mais uma semana profética .
A quarta-feira pode não ser de “cinzas” mas nada tem a ver com a ressurreição de Cristo.