A centralidade do Cristo
e a ação política cristã
Jorge Pinheiro
Qual o papel dos cristãos protestantes numa sociedade em crise?
Em Cristo, a centralidade da ação e fé reformada é a solução para os problemas brasileiros?
I. Três questões que
devem ser levadas em conta
(1) A revolta generalizada
do brasileiro urbano contra a atual situação em que vive grande parte da
população. Por isso, somos exortados à reforma radical, no sentido protestante, diante do grito de revolta de uma população que desperta para a consciência
de que a exclusão de bens e possibilidades não é uma situação irreversível e
permanente.
(2) As manifestações e
mobilizações apontam para aquilo que Tomás de Aquino afirmava: “há um mínimo de
condições exigidas para a prática da virtude”. Assim, a existência de vidas em
condições desumanas, injustas, inferiores, leva milhões de brasileiros à
prática de atos contrários aos padrões morais.
(3) O Brasil quer definir
sua identidade enquanto nação.
II. Reformas e
resistência à mudança social no Brasil
O Brasil não
enfrenta um problema de subdesenvolvimento, mas outro, mais complexo, que é o
do desenvolvimento desigual.
A
resistência à mudança no Brasil localiza-se predominantemente na natureza
patrimonialista de um país que repousa sobre o pensamento arcaico. E tal pensar não está apenas
nas zonas rurais tradicionais – do Nordeste e outras regiões --, mas dentro do
próprio Brasil urbano.
Diante de
tal situação, qual a missão da juventude protestante? Será possível uma resposta
coerente, que apresente saídas para os grandes dilemas brasileiros?
A situação
brasileira se insere num contexto mundial, que é fruto das transformações
sociais e dos imperativos morais e religiosos decorrentes da ampla utilização
da ciência aos meios de produção. Em última instância, a técnica é boa pois
modifica as condições de vida das pessoas, mas, paradoxalmente, virou o mundo
de ponta cabeça.
Somos
exortados a viver a reforma radical, no sentido protestante, em marcha, já que não
é mais possível tolerar a exclusão de possibilidades de milhões de brasileiros.
Os jovens
protestantes não podem divorciar-se da luta pela justiça. E essa luta traduz ao
nível do real atributos do próprio Cristo, já que ele fez do brasileiro
administrador e não dono absoluto deste quase continente. Esse Cristo redentor e
santificador lança sobre nós o desafio do Brasil, já que é impossível adotar a
criança da manjedoura e esquecer a realidade, colocar-se sob a cruz e esquecer
a sociedade em que vivemos.
A vida é o
primeiro passo para a construção de uma centralidade do Cristo. Vamos ler Lucas
4. 16-21.
Temos aqui o
programa ministerial de Jesus. E no texto, Lucas destaca os quatro pontos
programáticos de Jesus Cristo: anunciar uma nova ordem aos excluídos de bens e
possibilidades; proclamar a libertação aos deserdados da terra; restaurar a vida
dos que estão sendo ceifados pelas enfermidades; e apregoar o ano aceitável do
Senhor.
Ora, se os
três primeiros itens do programa se referem aos aspectos materiais da vida
humana, sobre o que trata o quarto item? Ao compromisso, a opção por estar na
trincheira ao lado daqueles que lutam por dignidade e justiça.
Aqui, está,
à maneira protestante radical, as sementes para uma centralidade do Cristo em
nossas vidas e na vida da nação.
E podemos
tirar dez conclusões desta abordagem profética.
(1) A nossa fé deve interpretar a condição humana à
luz do propósito de Cristo. (2) Somos porta-vozes de Cristo para condições
específicas. (3) Somos jovens reformados em ação. (4) Somos jovens do povo de
Cristo e de nosso tempo. (5) Exercemos uma ação política à luz da compreensão
do destino do povo de Cristo. (6) O propósito básico de nossa pregação social é
a aliança no sangue do Cristo. (7) Amor e integridade, justiça e juízo são
importantes para a estrutura política, para a religião organizada e para a organização e
instituições econômicas da nação. (8) Nosso compromisso é com Cristo. (9)
Cristo participa dos combates pela justiça, é a centralidade de nossa ação.
(10) Hoje, somos desafiados, na centralidade do Cristo, a enfrentar os dilemas
destes dias.
III. Cristo, a
centralidade da reforma radical
Se os jovens
protestantes colocam-se na brecha social e consideram fundamental participar da
vida real do país, em que sentido podemos falar da centralidade do Cristo numa
reforma radical da sociedade brasileira?
O que significa, em
última instância, a centralidade do Cristo?
Teologicamente,
fazemos a proclamação da soberania de Cristo, depositando sobre os ombros de
nossa juventude a tarefa de aceitar o desafio do momento, a fim de demonstrar a
evidência da ação do Cristo no mundo.
O perigo é,
em meio às rápidas transformações sociais, ficar atrás em nosso pensamento
social e pregar um evangelho que não seja compreensível e adequado às
necessidades da sociedade em mudança.
O papel dos
jovens protestantes numa sociedade em crise é seguir os passos de Cristo, amante
apaixonado dos excluídos de bens e possibilidades.
E atenção,
juventude
Cristo é a
centralidade para a solução dos problemas brasileiros porque sob sua soberania
está nossa ação política, a favor do brasileiro e da vida, na reforma
permanente do reinar de Deus. E neste que fazer, o fazemos todos, juntos a
partir de nosso atuar transformador.
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