O Evangelho da Consolação
Isaías
52 e 53
Na história dos
batistas brasileiros houve um pastor e missionário, Salomão Ginsburg, que pode
servir de exemplo para as novas gerações. O historiador João Oscar descreve em
seu livro Apontamentos para a História de São João da Barra a oposição
sofrida pelo Evangelho em terras fluminenses.
"Em
consequência da intolerância religiosa dos fazendeiros da região, não encontrou
o protestantismo, quando da vinda dos primeiros missionários batistas para a
planície, em fins do século passado (século XIX),
terreno muito fértil para a sua expansão. A luta desses abnegados servidores de
Deus foi tremendamente difícil para romper os seculares preconceitos ali
firmados. Mas, com a ida para Campos, em 1893, do culto pastor americano
Salomão Ginsburg, modificou-se inteiramente a situação: esse missionário, que
havia encontrado ali apenas 45 adeptos de sua religião, granjeou, graças à sua
bondade, as simpatias de todos os que dele se aproximavam, expandindo substancialmente
seu ideário religioso".
E por que cito
um herói da história batista brasileira? Porque todos que seguirem o Mestre, em
maior ou menor grau, sofrerão perseguições. Mas antes de relatar um episódio da
vida do pastor Salomão Guinsburg, vamos ler o Evangelho da Consolação (Isaías
52 e 53), que nos apresenta a boa notícia de que “o Senhor reina”.
O Evangelho da Consolação
mostra a misericórida de Deus de nos tirar do pelourinho, ao oferecer o recurso
capaz para livrar da situação mais aflitiva que alguém pode enfrentar: a morte
eterna. A salvação oferecida por Cristo liberta da escravidão do pecado.
Os capítulos
52 e 53 de Isaías tratam do reinado de Cristo, que substituirá os governos, e que
já tinha sido anunciado por Jeremias, Ezequiel, Miquéias e celebrado nos salmos
do reino. O poema está dividido em estrofes, e começa falando dos mensageiros
que chegam e dos sentinelas que os avistam e com alegria anunciam a inauguração
do reinado so Senhor.
“Quäo formosos säo, sobre os montes, os pés do que
anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir
a salvaçäo, do que diz a Siäo: O teu Deus reina! Eis a voz dos teus atalaias!
Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho veräo, quando o Senhor
fizer Siäo voltar. Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém;
porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém”.
Dona
Mocinha começa a história
"No ano
de 1918 houve uma grande perseguição aos primeiros crentes daqui. Um culto foi
marcado para a casa do Sub-delegado, Francisco Nunes, cujo filho, Cesário
Nunes, era crente. O pregador era o Missionário Salomão Ginsburg. Quando os
crentes estavam cantando veio uma multidão que, aos gritos, exigia: Bota pra
fora esse careca que nós queremos matá-lo. Foi uma cena muito triste”. (Fonte: Revista de Estudos Bíblicos e Históricos, no. 2,
Campos, jul/1984, p. 45).
O quarto Cântico
do Servo Sofredor, que vai de 52.13 a 53.12 tem início mostrando a dimensão
humana do Cristo, sem beleza, rejeitado, desprezado, e as perseguições que sofreria
com paciência, que escandalizariam as pessoas, mas que, na verdade, era a
expiação por nossos pecados.
“Eis que o meu Servo procederá com prudência, será
exaltado, elevado, e sublime. As multidões pasmaram à vista dele, pois sua
aparência estava tão desfigurada a ponto de não parecer mais homem. Assim, as
nações ficarão estupefactas a seu respeito, e os reis fecharäo as suas bocas
por causa dele, ao verem coisas que não lhes foram contadas, e ao tomarem
consciência de coisas que não tinham ouvido”.
Mas a comunidade
da fé entende o anúncio e o destino do Servo que sofre. Vê que é uma revelação
nova e quase inacreditável. E a surpresa inicial dá lugar à compreensão de que
todo aquele sofrimento leva à salvação de muitos. Olhando a Cristo, estamos diante
das dimensões do sacrifício, paciência e humildade. Ele era a oferta inocente e
sem pecado. Mas se olharmos a partir de nós, pecadores salvos, estamos diante
das dimensões da substituição, do arrependimento, da confissão do pecado e da redenção.
“E no entanto
eram nossos sofrimentos que ele levava sobre si, eram nossas dores que ele
carregava. Mas nós o tínhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e
humilhado. Mas ele foi trespassado por nossas transgressões, esmagado por
nossas iniquidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz caiu sobre ele,
sim, por suas feridas fomos curados”.
Dona
Mocinha termina a história
“O
Sub-delegado saiu e pedia ao povo compreensão e que dispersassem. Mas eles
estavam muito enfurecidos. O Salomão quis ir atrás do sub-delegado para
ajudá-lo. Porém a filha do sub-delegado o segurou. Salomão começou a lutar para
se livrar dos braços da moça que o segurava fortemente. Ela dizia: O senhor não
sai porque eles não querem nada com o papai. Eles querem é o senhor. O Salomão
se esforçava ainda mais. Assim, já perto da porta, os dois lutavam. Ela se
interpôs na porta. Neste momento deram vários tiros. Uma bala passou entre a
cabeça do missionário e da moça. Por um triz não atingia o missionário. A bala
ficou encravada na parede e Salomão mandou tirá-la e engatá-la em seu relógio,
pois aquilo era a providência de Deus”.
E o precursor do
Senhor Jesus, o missionário João Batista, sintetizou os versículos 4 e 7 ao
afirmar: “eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29) E nós desejamos finalizar essa pastoral com o
versículo 11:
“Após o
trabalho fatigante da sua alma verá a luz e se fartará. Pelo seu conhecimento,
o justo, meu Servo, justificará a muitos e levará sobre si as suas
transgressões”.
Caro irmão,
caríssima irmã, leia esses dois capítulos de Isaías. Ore e agradeça a Deus.
Adore: o Senhor reina em sua vida! Do pastor e amigo, Jorge Pinheiro.
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