mardi 29 novembre 2022

A teologia do ser humano: uma introdução necessária

Como se processa a relação entre significado e significante quer no caso isolado da
interação entre ser humano e realidade, quer no caso de todo o processo da construção
dos textos antigos? Se dentro do conhecimento da construção do texto o ser humano é
um ser significante podemos, então, ver que a escala de valores do sistema ético,
oferecido por esta construção à comunidade, torna-se parte integrante do significado
dado ao mundo pela própria construção. Portanto, dentro de uma interação
significante/significado existem elementos dinâmicos de transformação. O universo é o
mundo do ser humano, em que ele constrói seu habitat. Através do significado dado
pelo ser humano à natureza, dentro de um significado de utilização que lhe empresta,
ele atua sobre ela produzindo cultura e transformação.
A construção dos textos antigos, enquanto relação entre significante e significado é
dialética. Pois se ela faz da pessoa e da comunidade ser significante, permite a ambas
transferir ao mundo que as cercam a cosmovisão que utiliza essa mesma significação.
Ao fazer significante a sua realidade, o ser humano dá origem a transformações,
engendra causas e passa à construção do futuro, já não como sonho, mas como
realidade. Para viabilizar tais transformações é necessário que transfira, enquanto
comunidade, novos significados aos processos históricos e sociais. Através da relação
estabelecida entre significante e significado encontraremos as causas de conotações.
Um dos exemplos desse processo encontramos no livro das Origens, quando a
divindade ordena a circuncisão do clã de Abraão. A circuncisão, antes um costume
presente em algumas tribos da Palestina, recebe a conotação de aliança. E a circuncisão,
enquanto aliança, passa a ser marca de uma comunidade especial, separada, é
mandamento do Eterno. Mas isso só acontece historicamente, quando pessoas e
comunidade vivem tal ordenança. É, então, que a circuncisão faz de cada homem
hebreu significante dessa construção, dando significado cultural, histórico e teológico
ao ato de corte do prepúcio.
Nesse sentido, revelação traduz o processo de construção dos textos antigos judaico￾cristãos, conforme exposto acima, e, por isso neste trabalho damos a devida importância
à linguística e à antropologia, para podemos construir uma teologia do ser humano,
enquanto imago Dei. Por isso, consideramos que quando deixamos de colocar os
desafios do Cristo, do humano e da interpretação em diálogo com a imago Dei
compreendemos de forma fraturada questões fundantes quanto ao destino humano. Por
isso, assim definimos nosso caminhar na construção dessa teologia do ser humano,
construída com três momentos: o metodológico, o da leitura dos textos antigos, e o
contextual-contemporâneo, quando a teologia do ser humano invade nossa vida, como
desafio de ação e transformação.
Assim, desejamos que o leitor compreenda este processo de construção dos textos
antigos, enquanto desafio ético, e possa caminhar nesta teologia do ser humano, que
desafia à ação e transformação.

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