O termo Huguenotes é o antigo nome dado por seus inimigos para os protestantes franceses durante as guerras de religião. A partir do século XVII, os huguenotes passaram a ser chamados de religionários, por causa dos atos reais onde eram caracterizados como “religião que se pretende reformada”. Cerca de 300 mil huguenotes deixaram o território francês devido às perseguições originadas com a suspensão do Édito de Nantes, em 18 de outubro de 1685.
A expressão huguenote surge na França em 1560 em textos aparecidos na região de Touraine e substituiu o termo "luterano", usado anteriormente. Aparece em uma carta de Thédore de Béze, quando descreve um tumulto em Amboise, escrita em Genebra e datada de 6 de junho 1560. É possível que a expressão huguenote tenha origem na palavra alemã “eidgenossen”, que significa confederação ou liga, e que em Genebra tenha sofrido uma corrupção para “eidgnots”. A pista para essa hipótese é que o príncipe de Condé, em 1562, usou numa declaração as expressões “Aignos” e “Aignossen”. E num verso, Ronsard, em 1562, canta na Remonstrance au peuple de la France :
Je n'aime point ces noms qui sont finis en os,
Gots, cagots, austrogots, visgots et huguenots,
Ils me sont odieux comme peste, et je pense
Qu'ils sont prodigieux à l'empire de France.
Mesmo antes da revogação do Édito de Nantes, os huguenotes fugiam da França por causa das pressões e atos violentos realizados pelo poder real. No ano de 1680, os huguenotes foram perseguidos pelos dragonnades, dragões, nome de um corpo do exército, organizado por Louvois, então ministro de Defesa de Luis XIV, com torturas, expropriação de bens e estupro, o que levou Colbert, a sair na defesa deles.
Em 1685 com a revogação do Édito de Nantes por Luis XIV foi proibida a liberdade de culto e tiveram suas vidas ameaçadas de morte caso não se convertessem ao catolicismo. Isso levou a maioria dos huguenotes a fugir para países protestantes da Europa: as Províncias unidas dos Países Baixos, Inglaterra, Suíça e para os principados alemães protestantes, Hesse-Cassel, Brandenburgo e outros. Na Encyclopédie produzida pelo Iluminismo, o artigo sobre "Refugiados", afirma que Luis XIV, ao perseguir os protestantes, fez com que seu reino perdesse quase um milhão de homens industriosos.
O Edito de Nantes proibiu a emigração dos huguenotes e passou a punir qualquer pessoa que os ajudassem a deixar a França. Seus bens foram expropriados e os empresários tiveram que abandonar suas propriedades.
Foram lançados assim a uma vida clandestina, porque denúncias por heresia eram punidas com enforcamento ou com as galeras. E as mulheres com prisão perpétua, como por exemplo, na Torre de Constance, em Aigues-Mortes. Ajudar os fugitivos era ato de traição. Em agosto de 1686, 245 huguenotes de Oisans foram presos em Saint-Jean-de-Maurienne e enforcados.
Milhares de camponeses fugiram para os Alpes, para a região de Charentes, e para o sul. Até hoje cavernas no sul da França têm o nome de pregadores huguenotes, que se escondiam nelas para não serem presos. De todas as maneiras, os que permaneceram na França foram perseguidos até meados do século XVIII.
Os católicos galiciens e reformadores como Jacques Lefèvre d'Etaples foram os antecessores dos huguenotes. Foram seguidores de Martinho Lutero, na Saxônia, e depois de Calvino, a partir de Genebra. Formaram a igrejas reformadas na França, que foram chamados, desdenhosamente, de "RPR", religião pretensamente reformada, nos documentos oficiais.
Lyon, a capital europeia da Antuérpia, imprimiu a primeira Bíblia em língua vernácula. Toda esta organização foi feita pelos huguenotes, através dos conhecimentos desenvolvidos em agronomia e irrigação, na área de têxteis, e de construção naval. Os huguenotes foram numerosos entre os artesãos e proprietários.
Em Recordar huguenotes Memória, publicado em 1689, o engenheiro Vauban detalha os danos causados à economia francesa, na partida dos artesãos, marinheiros e soldados protestantes. Quando ele visita a Queyras, Vauban reluta em fortalecer Chateau-Queyras e a batalha crucial que teve lugar entre o exército e a população local protestante.
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