Ed René Kivitz: Sobre meu desligamento
da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil/SP
A crença na inerrância bíblica, ou seja, a ideia de que a Bíblia é totalmente isenta de erros em seu texto original, surgiu e se desenvolveu ao longo da história do cristianismo, mas foi formalmente sistematizada de forma mais clara entre os séculos XIX e XX .
Origens Antigas
Desde os primeiros séculos do cristianismo, muitos teólogos, como Agostinho de Hipona (354-430) e Tomás de Aquino (1225-1274), sustentaram a autoridade das Escrituras como divinamente inspiradas e, portanto, específicas em questões de fé e moral. No entanto, eles frequentemente interpretavam partes do texto de forma alegórica ou simbólica, o que demonstra uma abordagem menos específica quanto à literalidade de cada detalhe.
Reforma Protestante (século XVI)
Durante a Reforma Protestante, figuras como Martinho Lutero e João Calvino reafirmaram a autoridade suprema das Escrituras (princípio da Sola Scriptura). No entanto, a ênfase foi mais na suficiência da Bíblia para a fé e prática cristã do que em uma inerrância absoluta em todas as questões, como ciência e história.
Desenvolvimento Moderno (século XIX)
A formulação moderna da inerrância surgiu como resposta ao racionalismo, ao surgimento da crítica bíblica e às descobertas científicas (como a teoria da evolução), que surgiu a desafiar a historicidade e a literalidade de partes da Bíblia. No século XIX, teólogos conservadores, especialmente nos Estados Unidos, decidiram enfatizar a inerrância total das Escrituras em sua forma original como forma de defesa da autoridade bíblica diante desses desafios.
Declaração de Chicago (1978)
A crença na inerrância foi formalmente definida no documento chamado Declaração de Chicago sobre a Inerrância Bíblica (1978). Esse documento, redigido por teólogos evangélicos, afirmou que a Bíblia é "sem erro ou contradição em todas as suas afirmações, quer de natureza teológica, histórica ou científica", desde que interpretada corretamente e em seu contexto original.
Motivos para o Surgimento
1. Defesa contra o Racionalismo e Crítica Textual: O surgimento de abordagens críticas que questionavam as deficiências e a correção histórica da Bíblia motivou uma ocorrência mais rígida em defesa da inerrância.
2. Conservadorismo Teológico: O desejo de preservar a autoridade da Bíblia como base fundamental da fé cristã.
3. Conflito com a Ciência Moderna: Desafios como o darwinismo e as novas teorias cosmológicas intensificaram a necessidade de reafirmar a Bíblia como verdade absoluta.
Portanto, a crença na inerrância, embora tenha raízes antigas, se desenvolveu como resposta aos desafios modernos à autoridade bíblica.
A crença na inerrância bíblica — a ideia de que a Bíblia é totalmente isenta de erros em seus manuscritos originais —. como vimos acima, não é universalmente aceita. Alguns líderes batistas contemporâneos questionaram ou reinterpretaram essa doutrina.
Um exemplo é o pastor Ed René Kivitz, líder da Igreja Batista de Água Branca (IBAB) em São Paulo. Kivitz defende que a Bíblia deve ser relida e ressignificada para se adequar aos contextos contemporâneos, mostrando que sua interpretação não deve ser estática. Essa posição tem gerado debates e críticas, especialmente entre aqueles que sustentam a inerrância bíblica.
Em 2020, Kivitz afirmou que a Bíblia deveria ser considerada um livro insuficiente, necessitando de releituras para que seus princípios promovessem libertação e justiça no mundo atual. Essa declaração levou à sua exclusão da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, evidenciando a controvérsia em torno de suas posições teológicas.
Além de Kivitz, há outros pastores e teólogos batistas que adotam perspectivas semelhantes, embora nem sempre sejam figuras públicas de destaque. Esses líderes frequentemente enfatizam a necessidade de interpretar as Escrituras à luz das realidades sociais e culturais contemporâneas, o que pode levar a uma visão menos rígida da inerrância bíblica.
É importante notar que, dentro da tradição batista, existe uma diversidade significativa de opiniões teológicas. Enquanto alguns defendem a inerrância bíblica de forma estrita, outros adotam abordagens mais flexíveis, refletindo a amplitude e a complexidade do pensamento batista contemporâneo.
Para uma compreensão mais aprofundada sobre as posições de Ed René Kivitz e as controvérsias associadas, você pode assistir ao vídeo acima.
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