dimanche 7 juin 2015

samedi 6 juin 2015

Um detalhe importante na primeira Carta de Pedro

Testemunhar é viver
Ou, "hay que ser duro sin perder la ternura" 

"Queridos amigos, lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo. Peço, portanto, que evitem as paixões carnais que estão sempre em guerra contra a alma. A conduta de vocês entre os pagãos deve ser boa, para que, quando eles os acusarem de criminosos, tenham de reconhecer que vocês praticam boas ações, e assim louvem a Deus no dia da sua vinda". (1 Pedro 2:11-12).


1. Na 1a. Carta de Pedro a dinâmica da vida está presente, junto com a compreensão de que devemos agir de forma construtiva e critica diante da sociedade. A carta não convida a se retirar do mundo,  ao contrário, propõe que a conduta da comunidade e das pessoas convença os sem Cristo a mudarem de opinião, de atitude, de vida. A conduta é o padrão maior e primeiro do testemunho cristão (1 Pd 2.12; 3.1; 3.15-16).

"Assim também você, esposa, deve sujeitar-se ao seu marido a fim de que, se ele não crê na mensagem de Deus, seja levado a crer pelo modo de você agir. Não será preciso dizer nada". (1 Pedro 3:1).

2. A atitude do cristão dentro do espaço em que atua e vive é descrita a partir de uma regra: “fazer o bem a todos por amor do Senhor”. A epístola trabalha com padrões de vidas (2.13 e 3.7), que nos chocam por sua clareza, como aceitar a realidade do Império romano, e viver com dignidade a família, ou seja, a casa romana onde viviam: escravos e empregados, e que era base das atividades econômicas.

"Tenham no coração de vocês respeito por Cristo e o tratem como Senhor. Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a esperança que vocês têm. Porém façam isso com educação e respeito. Tenham sempre a consciência limpa. Assim, quando vocês forem insultados, os que falarem mal da boa conduta de vocês como seguidores de Cristo ficarão envergonhados". (1 Pedro 3:15-16).

3. Estes padrões de comportamento apresentam um imperativo: “submetei-vos” (2.13-18; 3.1). Para nós, isso pode parecer acomodação e resignação. Mas o sentido  é o de “integrar-se na realidade social". Isto, no entanto, não significava que esta sociedade fosse considerada justa. Pedro sabia que o Império romano é violento e injusto. Porém, pelo fato de viver sob a pax romana, o cristão tem uma responsabilidade diante de suas instituições. E é ao exercício de sua responsabilidade social que Pedro convida os cristãos a viverem.

vendredi 5 juin 2015

A religião é o ópio do povo

Para entender melhor como se explica o fenômeno religioso mundial da atualidade e as tendências de fé do futuro, Defesa da Fé entrevistou o pastor batista Jorge Pinheiro. Ele é teólogo, cientista da religião, professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo e doutor em Ciências da Religião pela UMESP — Universidade Metodista de São Paulo. Será que a afirmação de Karl Max, o pai do comunismo: “A religião é o ópio do povo”, procede? Leia a entrevista e conclua. Jamierson Oliveira



Defesa da Fé – A religiosidade é algo inerente ao ser humano?

Jorge Pinheiro – Sim, porque o humano é um ser cheio de espiritualidade, e essa espiritualidade pode se expressar de várias formas, sem precisar de um lugar definido. E a religião ocupa um espaço privilegiado nessa espiritualidade, que nada mais é do que a dimensão da profundidade do espírito humano. Por isso existe a busca humana que nos direciona à própria espiritualidade, à fé e à religião. Ou seja, o humano é um ser potencialmente religioso.

Defesa da Fé – O que isso prova?

Jorge Pinheiro – Que a religião está presente em todas as ações do espírito humano: na ética, na estética, no conhecimento. Por isso, quando alguém rejeita a religião em nome da ética, da estética, ou da busca do conhecimento, está rejeitando a religião em nome da própria religião, porque ela constitui a substância, o fundamento e a profundidade da vida espiritual do ser humano.

Defesa da Fé – Como o senhor distingue a religiosidade da espiritualidade?

Jorge Pinheiro – Podemos dizer que espiritualidade é aquela relação da pessoa com a transcendência. Nesse sentido, a espiritualidade é a totalidade da vida. A religião, por sua vez, traduz uma dimensão dessa espiritualidade. Por exemplo, quando multidões assistem a um filme como “A paixão de Cristo”, de Mel Gibson, e as pessoas são despertadas, cada qual à sua maneira, para a miserabilidade humana, vemos aí uma expressão da espiritualidade. As experiências humanas com o que é sagrado envolvem escolha, disciplina e prática, e levam o ser humano às experiências religiosas, porque a religião traduz o que é sagrado para a vida do crente. Dessa forma, a espiritualidade sempre será traduzida em religiosidade.

Defesa da Fé – A diversidade religiosa brasileira é resultado de que fatores?

Jorge Pinheiro – Em relação à realidade brasileira, percebemos mais diversidade confessional do que religiosa. Oitenta e nove por cento dos brasileiros confessam ser cristãos, cuja fé está presente no desejo de justiça social e solidariedade. Diante dessa religiosidade cristã invisível, podemos dizer que os brasileiros são cristãos em alguma medida. Tomemos, como exemplo, a Igreja Católica, que não pode ser analisada como una, pois abriga diferentes manifestações de religiosidade. Além dessa pluralidade católica, há centenas de igrejas evangélicas que incluem as históricas, as pentecostais, as neopentecostais e as importações mais recentes, produtos da globalização.

Defesa da Fé – A religião é um fator de agregação ou desagregação social?

Jorge Pinheiro – Pode ser as duas coisas. Talvez seja melhor trabalharmos com um exemplo recente: a posição de setores da igreja evangélica durante os anos da ditadura militar no Brasil. Algumas igrejas, e até denominações, apoiaram o governo militar, a repressão, e tivemos até casos de torturadores evangélicos, membros de igrejas importantes. Desagregamos quando nos ligamos à corrupção, ao clientelismo e às benesses. Agregamos quando defendemos a vida humana, seja ela evangélica ou não. Com isso, constatamos que podemos ser uma coisa ou outra.

Defesa da Fé – Essa é uma triste marca em nossa história.

Jorge Pinheiro – Sim. É claro que seria um erro uniformizar a atuação de evangélicos nesse período, até porque muitos crentes também foram torturados. Mas o certo é que muitos irmãos, em nome da agregação, do fanatismo e de conceitos bíblicos errados, foram cúmplices de torturas e mortes.

Defesa da Fé – Em que a fé cristã ajudou a melhorar o mundo?

Jorge Pinheiro – Para entendermos o papel do cristianismo, é necessário, antes, compreendermos que Deus é o Eterno que funda o tempo e possibilita a história. Isso significa, em primeiro lugar, que Ele é o Eterno que atua, junto com o livre arbítrio humano, na história visando uma meta final. Com o cristianismo monoteísta e sua mensagem, o círculo trágico da sucessão dos deuses do politeísmo, com poderes ilimitados e injustos sobre os povos, foi superado. Em Cristo, salva-se o Universo. Vivemos a plenitude da história e a história alcançará, no reino universal do Eterno, o reinado da justiça, da paz e da alegria. Esta é a mensagem cristã para as nações.

Defesa da Fé – Qual será o papel da religião para o futuro que estamos caminhando?

Jorge Pinheiro – A religião sempre teve, e continuará tendo, um papel político: a defesa da justiça. Todas as pessoas compreendem a necessidade de justiça e a política, com base no poder, cumpre uma função legítima quando serve às reivindicações da justiça. Às vezes, infelizmente, as religiões se perdem, caem na espiritualidade negativa, ao negarem a diferença, e se tornam instrumentos da guerra e da morte. Não estamos isentos disso. Ao contrário, vimos isso no recrudescimento do fundamentalismo islâmico e no fundamentalismo evangélico que apoiou o presidente George Bush na invasão do Iraque, por exemplo.

Defesa da Fé – Como o senhor vê a relação dos Estados com a religião?

Jorge Pinheiro – Para entendermos esta questão, vale a pena nos reportarmos a uma entrevista do filósofo Hans Georg Gadamer, concedida em 1999, às vésperas de completar cem anos de idade. Na ocasião, ele disse que “o respeito pelas outras religiões é um bem que pode nos salvar da catástrofe, mas o caminho para a salvação tem inimigos dentro e fora da Igreja...”. Em outras palavras, estava querendo dizer que, devido ao fato de muitos países possuírem tecnologias capazes de destruir a vida sobre o planeta, o diálogo franco entre as religiões é indispensável. Ainda segundo o filósofo luterano, o problema consiste nas confissões religiosas que são muito diferentes, tornando difícil encontrar uma linguagem comum. Até para os diferentes ramos do cristianismo é difícil o entendimento.

Defesa da Fé – Qual seria, então, a alternativa para que os governos possam buscar paz para essas zonas de conflitos?

Jorge Pinheiro – Talvez devessem partir daquilo que todas as culturas e religiões têm em comum. E, segundo Gadamer, esse tema unificador está relacionado aos direitos humanos. Neste sentido, a questão não é tanto a discussão sobre a possibilidade de manutenção de Estados laicos, mas a construção de um diálogo inter-religioso que possibilite a construção da paz mundial. E isso só será possível quando os líderes religiosos de diferentes pontos de vista e credos não impedirem a construção de princípios comuns de defesa da vida humana.




Defesa da Fé – A igreja cristã está preparada para lidar com este quadro de pluralismo?

Jorge Pinheiro – Não é possível falar de pluralismo religioso sem falar de poder, fica uma questão: amor e poder são compatíveis? As igrejas, como qualquer outra ordem social instituída, têm uma existência objetiva que remete à prática do serviço ao próximo. Para isso, não podemos deixar que as igrejas (confissões e denominações), se tornem totalitárias, ou seja, mesmo como Igreja de Cristo não podemos negar os limites de nosso poder. E esse limite é o amor. Dessa forma, poderemos conviver pacificamente com as outras religiões e seguir o caminho da justiça.

Defesa da Fé – Qual é o papel da defesa da fé neste contexto religioso?

Jorge Pinheiro – Karl Barth negava a necessidade da apologética. Dizia que Deus não tem necessidade de que o defendam. Já Paul Tillich entendia a teologia como apologética. Concordo com Tillich, mas defendo uma apologética do amor. Entendo que a apologética só tem sentido se antes houver testemunho. Por isso, quando falo de apologética do amor estou resgatando Karl Barth, que só entendia vida cristã na plenitude do Espírito. Aí está a chave da questão: sem plenitude do Espírito não há vida cristã, nem testemunho, e, logicamente, a apologética que sair daí não terá amor. Antes, será uma arma de guerra: conduzirá à morte.

Fonte:
Defesa da Fé, Ano 9, Número 71.
  

jeudi 4 juin 2015

Dialogar é preciso

Como encarar o debate religioso? Devemos nos fechar em definições doutrinárias e declarar que todo diálogo inter-religioso leva ao sincretismo e dissolve nossas crenças e fé? É possível o diálogo, reconhecendo diferenças e mantendo cada qual sua identidade religiosa? Para pensar essas questões, vamos fazer uma releitura do texto de José Maria da Silva. A identidade no mundo das religiões, análise desde um olhar localizado [Revista de Estudos da Religião, 2001, no. 4, pp. 14-26].

Mas antes vejamos alguns pressupostos metodológicos que podem nos ajudar a nortear o estudo da questão da identidade religiosa versus desafio do diálogo inter-religioso.

A ciência, e em especial a lingüística, trabalha com o conceito de paradigma. Um paradigma é um modelo, um padrão, um protótipo. É um conjunto de unidades suscetíveis de pesquisa baseada em realizações científicas passadas, que aparecem num mesmo contexto e que são comutáveis e mutuamente exclusivas. No paradigma, as unidades têm, pelo menos, um traço em comum -- forma, valor ou ambos -- que as relaciona, possibilitando conjuntos abertos ou fechados, segundo a natureza das unidades. No primeiro caso, quando essas unidades são formais, temos um paradigma que possibilita a tradução da realidade e, no segundo caso, quando são unidades de valor, temos um paradigma que sistematiza o conhecimento.

Mas há um outro dado importante: em cada época, há paradigmas dominantes, ou seja, aqueles a partir dos quais as pesquisas se realizam, comprometidas com determinadas regras e padrões.

Mas, nenhum paradigma é eterno. Ele pode ser quebrado. Nesse sentido, há quebra do paradigma quando uma visão que transforma a compreensão da realidade, dá a ela nova forma e dimensão, determinando uma releitura da verdade.

Segundo Thomas Kuhn [As estrutura das revoluções científicas, São Paulo, Perspectiva, 1976, p. 38], “para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada”. A quebra de paradigma, em última instância, significa mudança da imaginação científica e não um dado a mais numa estrutura de idéias já existente. 

No campo da religião cristã são três os paradigmas geralmente considerados: (1) exclusivismo ou visão eclesiocêntrica; (2) inclusivismo ou visão cristocêntrica; (3) pluralismo ou visão teocêntrica.

O catolicismo romano tem um axioma, formatado por Orígenes, Cipriano e Agostinho – “extra eclesiam nulla salus” -- e retomado pelo Concílio de Florença (1442), que caracteriza esse exclusivismo eclesiocêntrico. Ao dizer, “fora da igreja não há salvação”, o catolicismo romano está afirmando a fé católica é privativa, restrita e incompatível com qualquer outra fé, mesmo cristã. E isto é assim por direito divino entregue à essa igreja, que por assim dizer não tem concorrentes em qualquer outra expressão religiosa. 

No campo cristão protestante, tal espírito ou sistema de exclusão é traduzido na idéia de que “fora do cristianismo não existe salvação”, conforme expõe John Hick [A metáfora do Deus encarnado, Petrópolis, Vozes, 2000, pp. 13-14]. 

Geralmente, o exclusivismo eclesiocêntrico, quer católico, quer protestante, parte de uma interpretação tautológica da revelação, que se baseia no literalismo mítico. Mas, se parte daí, leva também à demonização da diferença, que aparece sempre como heresia ou doutrina sem fundamento e que, por isso, não merece crédito ou atenção. Assim, o que é diferente é sempre execrado, maldito, anátema.

O paradigma que se coloca no outro extremo é o do pluralismo teocêntrico, que parte da revolução copernicana, segundo a qual a realidade não é um todo orgânico, mas é composta de uma pluralidade de entidades independentes, quer materiais, quer espirituais. Ou seja, assim como os planetas giram ao redor do sol, todas as expressões religiosas estão voltadas para Deus.

Este paradigma dissolve a identidade religiosa, negando a qualidade daquilo que é particular a toda expressão religiosa, daquilo que a faz idêntica a ela própria. Ao diluir e até mesmo negar esse conjunto dos caracteres próprios à determinada religião, leva à conclusão de que todas são iguais, ou cumprem iguais funções, já que todas giram ao redor de Deus. 

Mas ao apoiar-se na revolução copernicana, o pluralismo teocêntrico traz para o campo das religiões um problema que não existe em outros campos científicos. Aqui, a afirmação de que todas as religiões são iguais não pode ser constatada pelo exame dos fatos. Ou melhor, a única solução possível seria analisar a fé em cada uma delas. Mas ainda esta solução não seria tão empírica como parece, pois a fé religiosa, por ser exclusiva, só é aceita por aqueles que comungam dela. 

A opção, como propõe teólogos como Hick, é a verificação escatológica, pois “até que a última curva não seja dobrada, nada se saberá de maneira definitiva”, conforme agrega José Maria da Silva [A identidade do mundo das religiões, análise desde um olhar localizado, artigo citado, p. 18]. Ou seja, para sabermos se a base paradigmática do pluralismo procede, quer dizer, que todas as religiões são iguais, temos que esperar o fim do mundo. 

Mas há um terceiro caminho, diferente do paradigma do exclusivismo eclesiocêntrico e diferente do paradigma do pluralismo teocêntrico. É esse paradigma é o inclusivismo cristocêntrico, que vê as religiões naturais como dado da revelação, ou seja, da universalidade salvífica do sacrifício de Cristo na cruz. Nesse sentido, todas elas, estão dentro do axioma apresentado por Paulo em Romanos 2.14-15: “Os não-judeus não têm a lei. Mas, quando fazem pela sua própria vontade o que a lei manda, eles são a sua própria lei, embora não tenham a lei. Eles mostram, pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que às vezes os acusam e às vezes os defendem, também mostram isso”.

Nesse sentido, quando falamos de inclusivismo cristocêntrico, estamos falando da abrangência e envolvimento dos tempos da salvação na vida humana em particular e na vida da humanidade. Isto porque a salvação tem um tempo pretérito, conforme explica Paulo em II Tm 1.8-9: “Deus nos salvou e nos chamou para sermos o seu povo. Não foi por causa do que temos feito, mas porque este era o seu plano e por causa da sua graça. Ele nos deu essa graça por meio de Cristo Jesus, antes da criação do mundo”. 

Assim, os pecados dos seres humanos que sentiram a dor e tiveram consciência de sua miserabilidade, ou seja, que se arrependeram, foram perdoados através do sacrifício da cruz, conforme explica Paulo: “Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nele. Deus quis mostrar com isso que ele é justo. No passado ele foi paciente e não castigou as pessoas por causa dos seus pecados; mas agora, pelo sacrifício de Cristo, Deus mostra que é justo. Assim ele é justo e aceita os que crêem em Jesus”.

Mas se a graça da cruz cobre aqueles que se arrependeram num tempo pretérito à cruz, enquanto de perdão jurídico [Rm 5.9, Ef 1.7], acontece também no tempo presente [Tg 1.21, I Pe 1.9], enquanto tempo presente de liberdade [Lc 9.23+, Rm 5.10, Gl 5. 16, 25] e num tempo futuro [Rm 13.11], enquanto tempo de glorificação [Fp 3.20-21, Gl 1.4, I Pe 1.5, 3.20-21].

Dessa maneira, diferente dos paradigmas do exclusivismo eclesiocêntrico e do pluralismo teocêntrico, o paradigma do inclusivismo cristocêntrico possibilita o diálogo inter-religioso sem diluir nossa identidade cristã, protestante, evangélica. Não nos isolamos, nem amaldiçoamos aqueles que são diferentes. Ao contrário, o conhecimento da diferença possibilita o diálogo e reafirma nossa identidade.

O paradigma do inclusivismo cristocêntrico afasta-se também do pluralismo teocêntrico e não diz que todas as religiões são iguais e nem diz que cumprem a mesma função salvífica. Não dilui nossa fé num emaranhado de crenças, mas a partir da manutenção de nossa identidade, vê que a expressão da revelação e do fator salvífico da cruz de Cristo, enquanto projeto redentivo aconteceu fora do tempo e do espaço, na eternidade, e, por isso, possibilita a todos os seres humanos e à humanidade um encontro com o Criador.

Bem, todo paradigma implica em novidade da imaginação científica. É sempre um novo caminho para novas descobertas. É resposta para o desafio da pós-modernidade. Esbarramos todos os dias na diferença. Como vamos conviver e dialogar com essas diferenças? Talvez o paradigma do inclusivismo cristocêntrico nos ajude.

Em Cristo, Jorge Pinheiro.











mardi 2 juin 2015

afro latino américa

VERSUS
Um certo olhar

Por Jorge Pinheiro

Numa primeira olhada era um jornal da contracultura, de linguagem mítica, que tinha como referência a América Latina. A partir dessa linguagem viveu a política sob novas perspectivas. Passou, por exemplo, a editar um caderno dedicado à questão negra, "Afro-Latino-América", que se tornou um espaço de luta e resistência do movimento negro. Tornou-se também uma embaixada de exilados latino-americanos, que chegavam atraídos por sua linguagem continental.

Versus versus

Era grande o seu prestígio entre artistas e intelectuais. Nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque, MPB-4, Simone e o grupo Tarancón participaram de um show de apoio ao jornal, com a presença de 15 mil pessoas, transmitido por sistemas de som para outras 20 mil no congresso alternativo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no segundo semestre de 1977, em São Paulo.

Marcou época, junto com outros jornais e revistas da imprensa alternativa, nos anos 1970. Foi criado por Marcos Faerman, que na época trabalhava no Jornal da Tarde. O primeiro número saiu em outubro de 1975.

Vez e voz

Em janeiro de 1978, recém-chegado de meu segundo exílio, depois de passar um ano na Europa a observar e participar da organização de partidos socialistas na Espanha e Portugal, entrei para o jornal.

"Alguns boatos corriam nas mesas dos botequins de São Paulo. Entre um suspiro e outro se comentava: o pessoal do Versus recebeu dinheiro da social-democracia européia, há uma fita gravada que comprova tudo." [Ênio Bucchioni e Omar L. de Barros Filho, "O editorial dos editoriais", São Paulo, Versus nº 28, janeiro de 1979, pp. 3-9]

Nascia o ano de 1978 e, com ele, uma indagação para a equipe. Um desafio: a hora era da discussão de perspectivas. E textos especiais foram publicados: Chico Pinto, José Álvaro Moisés, Fernando Henrique Cardoso. O tema da discussão eram os novos partidos. E pensamos o passado. Vimos que ao movimento popular de 1964 faltaram lideranças. E como colegas escreveram, era um movimento de base frágil, a receber inspiração de fora. Foi abandonado, sem esboço de reação de seus líderes. Entre as lideranças faltosas estava a figura de um ex-presidente.

Foi assim que o jornal correlacionou contracultura e discurso político. Passou a discutir conjuntura, a se identificar com correntes que pensavam a construção da democracia. E sonhou o socialismo: Almino Affonso, Edmundo Moniz, Plínio de Arruda Sampaio, a Tendência Socialista do MDB no Rio Grande do Sul tiveram voz e vez. Mas o jornal entendeu que a questão política era questão nacional, mas também global, onde entravam estudantes, mulheres, negros, índios e trabalhadores.

Jornalismo autônomo

O jornal se pautou, então, por uma ética do companheirismo que nascia da filosofia da práxis. E fez da autonomia crítica diante da autocracia do regime sua perspectiva de ação contra o egoísmo econômico e político. Proclamou a necessidade de uma nova ordem, na qual o sentido de comunidade fosse o fundamento da organização social.

Tal ética fez a denúncia do egoísmo da economia das multinacionais e dos governos latino-americanos que a elas serviam e levavam à expropriação de muitos em benefícios de poucos. Propôs uma economia solidária onde a alegria não fosse meramente fruto do ganho, mas do próprio trabalho. E condenou o egoísmo de classe, onde cada qual procurava enriquecer através da exploração do próximo, e as consequências desse processo, como o privilégio da educação para uma elite.

Mas condenou também o egoísmo internacional do comércio e da força, que justificava a violência e a guerra sobre povos, nações e continentes. Assim, pregou a submissão das nações, fossem ricas ou pobres, à ideia do direito e à construção de uma consciência comunitária, soldada sobre a paz, que levasse a um internacionalismo real entre as nacionalidades.

Apesar de ter uma ética que repousava sobre a filosofia da práxis, o jornal entendeu que, no Brasil, a alma da unidade espiritual é a religião, e que o fracionamento espiritual característico da segunda metade do século 20 no país traduzia fracionamento econômico, distanciamento e choque entre classes. E que qualquer processo cultural de unidade futura levaria a uma nova base de unidade e solidariedade econômica e social.

Nesse sentido, viu que havia na realidade brasileira e latino-americana um processo de desenvolvimento que se realizava de forma desigual na história do continente, mas que combinava mudanças espirituais e transformações econômicas e sociais. Diante de tais circunstâncias, considerou que o jornalismo autônomo e crítico frente aos poderes estava eticamente obrigado a fazer uma escolha: ou participava do processo, inspirando e atuando a favor desse desenvolvimento, ou se retraía e entrava em processo de caducidade ao afastar-se da vida real das comunidades.

Nova esquerda

Levantou, então, a bandeira da construção de um amplo e democrático Partido Socialista, que deveria partir, para isso, das "leis vigentes no país, que consideramos restritivas, não democráticas e antipopulares. Lutamos para que esse partido seja construído através de uma ampla e livre discussão interna, que integre todos os que se reclamam socialistas, organizando núcleos de base por locais de trabalho" [Ênio Bucchioni e Omar L. de Barros Filho, idem, op. cit., p. 8].

Procurou somar contrários não antagônicos em direção ao sonho maior. E assim construiu uma maneira profética de fazer jornalismo: integrou três linguagens como forma de ação, a da contracultura, a reflexão sociológica e a discussão da instância diretamente política.

Tal presença contracultural e política na vida de milhares de brasileiros, principalmente daqueles envolvidos com a democratização do país, fez do jornal um bastião avançado nas lutas pelas liberdades democráticas.

"Estivemos na linha de frente na campanha pela Anistia e pelas liberdades democráticas, reclamadas pela população brasileira. Fomos duramente atingidos pelos vários organismos repressivos do regime, inclusive com as prisões de alguns companheiros da redação, administração e colaboradores. Fomos sufocados financeiramente, e houve momentos em que a sobrevivência material diária ficou em mãos de nossos amigos e companheiros. No entanto, permanecemos e nos transformamos, nesse terceiro ano de vida, o mais agitado, sem dúvida. Ousamos nos entranhar na realidade social e política, e nos definimos. Acreditamos na profundidade de nossos ideais e estamos convencidos de rumar no mesmo sentido da história, sendo uma de suas parcelas vivas e atuantes." [Ênio Bucchioni e Omar L. de Barros Filho, ibidem, op. cit., pp.3-9.]

Sua produção jornalística remeteu ao pensamento da intelectualidade socialista da época. O debate de ideias traduziu força e formatou um dos pólos da nova esquerda: o ideal do convergir sem diluir-se em estruturas.

Dessa maneira...

Versus, versus 
Li a linha 
Geisel já vai tarde 
Entrei na fileira 
Cresceu a revolta 
Marchei na coluna 
Levantei fuzis de reconstrução 
Versus, versus 
É canto e dança!

...foi e ainda é fonte para a compreensão do pensamento socialista da época e da nova esquerda em particular.

*** Jornalista e escritor

  Versus, simplesmente

dimanche 31 mai 2015

Amsterdam -- Op mijn laatste reis naar Amsterdam Ik ben er geweest , en deel te nemen in een prachtige ceremonie voor onze dood. En ik zal nooit vergeten de ontvangen vriendelijkheid.

Op mijn laatste reis naar Amsterdam Ik ben er geweest , en deel te nemen in een prachtige ceremonie voor onze dood. En ik zal nooit vergeten de ontvangen vriendelijkheid.
http://www.portugesesynagoge.nl

Ets Haim |Eeuwenoude bibliotheek in de Potugese Synagoge |Bezoek met een rondleiding 

Família Pinheiro



http://www.communityjoodsmonument.nl/page/262783/nl



http://www.communityjoodsmonument.nl/search?q_mm=Pinheiro

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