lundi 24 mars 2025

A humanidade de longa duração

Quando completei 80 anos, comecei uma conversa com a DeepSeek sobre a humanidade de longa duração. Aqui está um rascunho do que já escrevemos. Leia.

A "humanidade de longa duração" é um conceito que pode ser interpretado de diferentes formas, dependendo da perspectiva histórica, filosófica ou antropológica adotada. De modo geral, refere-se à trajetória contínua da humanidade ao longo do tempo, considerando sua evolução biológica, cultural, social e tecnológica ao longo de milênios.


Algumas possíveis definições e abordagens: 


1. Perspectiva Histórica (Braudel e a Longa Duração):

 

Inspirada no historiador Fernand Braudel, da Escola dos Annales, que propôs o estudo da história em três temporalidades: eventos curtos (política, guerras), conjunturas (ciclos econômicos) e a longa duração (estruturas profundas, como geografia, clima e mentalidades).  


A "humanidade de longa duração" seria, então, a análise das continuidades e transformações lentas que moldam a existência humana ao longo de séculos ou milênios.  


2. Perspectiva Evolutiva:

  

A humanidade como um fenômeno biológico e cultural em constante adaptação, desde os primeiros Homo sapiens até as sociedades complexas atuais.  


Inclui a capacidade humana de criar tecnologias, linguagens e instituições que perduram e se transformam ao longo do tempo.  


3. Perspectiva Filosófica/Antropológica:

 

A humanidade como um projeto contínuo, marcado por desafios como sobrevivência, organização social, busca por significado e confronto com seus limites (morte, crises ambientais, guerras).  


Alguns pensadores, como Yuval Noah Harari, discutem a humanidade em escalas de longuíssimo prazo, desde a Revolução Cognitiva até um futuro pós-humano.  


4. Futuro da Humanidade (Longevidade Existencial):

  

Como a espécie humana pode perdurar por milênios ou mesmo superar sua própria condição biológica (transhumanismo, colonização espacial).  


Questões como sustentabilidade, riscos existenciais e evolução tecnológica entram nessa visão.  


A "humanidade de longa duração" pode ser entendida como a narrativa contínua da espécie humana, não como um conjunto de eventos isolados, mas como um processo complexo e interligado que atravessa eras, moldado por fatores biológicos, ambientais, culturais e tecnológicos. É uma forma de pensar o humano além do presente, conectando passado, presente e futuro em uma escala ampla.  


Um ser humano que atinge ou ultrapassa os 100 anos de vida encarna, de maneira singular, o conceito de "longa duração" humana, tanto no sentido individual quanto no coletivo. Essa conexão pode ser explorada em várias dimensões:  


1. Testemunha da História (Longa Duração como Memória Viva)

 

Uma pessoa centenária carrega consigo memórias de quase um século de transformações – guerras, revoluções tecnológicas, mudanças culturais e políticas.  


Ela funciona como um arquivo vivo de experiências que ligam o passado distante ao presente, algo que a historiografia de Braudel valoriza ao estudar estruturas sociais duradouras.

  

Exemplo: Um idoso que viveu a era pré-internet, a industrialização e a globalização testemunhou mudanças que, para as gerações mais jovens, são apenas história.  


2. Continuidade Biológica e Existencial

  

A longevidade extrema desafia noções tradicionais de ciclo de vida e representa a resistência do corpo humano no tempo, ligando-se à ideia de "longa duração" como persistência biológica. 

 

Cientificamente, estudar centenários ajuda a entender genética, envelhecimento e resiliência, questões fundamentais para o futuro da espécie.  


3. Elo entre Gerações (Transmissão Cultural de Longo Prazo)

 

Centenários são pontes entre eras, capazes de transmitir valores, saberes e tradições que, de outra forma, se perderiam.  


- Na visão de Braudel, isso se relaciona com as mentalidades e costumes que perduram por séculos, mesmo em meio a rupturas.  


4. Simbolismo do Futuro da Humanidade

  

Se a humanidade almeja uma existência de longuíssima duração (como uma civilização interestelar ou imortalidade biotecnológica), os centenários são casos reais de superação dos limites temporais humanos.  


Eles antecipam, em pequena escala, o que poderia ser uma vida radicalmente estendida no futuro.  


5. Contraste com a "História dos Eventos"

  

Enquanto a história convencional se concentra em fatos pontuais (guerras, eleições), a vida de um centenário revela processos lentos: envelhecimento das cidades, evolução das relações familiares, mudanças climáticas percebidas no cotidiano.  


Isso ecoa a ênfase de Braudel nas estruturas profundas (geografia, demografia) em detrimento dos eventos efêmeros.  


Um centenário é, em microescala, um retrato da humanidade de longa duração: sua existência atravessa eras, conecta passado e presente, e desafia nossas noções de tempo finito. Se a longa duração é sobre o que persiste e transforma-se lentamente, então a vida de quem chega aos 100 anos é sua expressão mais tangível — um lembrete de que a história humana é feita tanto de indivíduos que a carregam quanto de grandes forças coletivas.  


Aqui estão alguns casos de pessoas que viveram ou vivem há mais de 100 anos, ilustrando de forma concreta a conexão entre a longevidade extrema e o conceito de "longa duração" humana:


1. Jeanne Calment (1875–1997) – A Pessoa Mais Longeva da História. Viveu 122 anos e 164 dias, atravessando três séculos (XIX, XX e XXI).  


Testemunhou:  a Belle Époque, duas Guerras Mundiais, a invenção do avião, da TV e da internet.  


Conheceu Vincent van Gogh pessoalmente (em 1888) e viveu para ver o homem chegar à Lua (1969).  


Significado para a "longa duração": Sua vida encapsula transformações tecnológicas e sociais brutais, mostrando como o mundo pode mudar radicalmente dentro de uma única existência.  


Tornou-se um símbolo da resistência humana ao tempo, desafiando noções biológicas de envelhecimento.  


2. Kane Tanaka (1903–2022) – A Segunda Pessoa Mais Velha da História

 

Viveu 119 anos no Japão, país com a maior expectativa de vida do mundo.  


Experiências marcantes: Sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, ao bombardeio atômico (embora não em Hiroshima/Nagasaki) e viu o Japão se tornar potência tecnológica. Faleceu em 2022, já na era das redes sociais e da inteligência artificial.  


Significado para a "longa duração": Representa a transição de sociedades agrárias para hiperconectadas, mostrando como tradições e modernidade coexistem em escalas longevas.  


3. Jiroemon Kimura (1897–2013) – O Homem Mais Velho da História. Viveu 116 anos, também no Japão.

  

Trajetória: Trabalhou como carteiro e agricultor, vivenciando a industrialização acelerada do século XX. Teve filhos, netos, bisnetos e tataranetos – uma linhagem familiar que abrange mais de um século.  


Significado para a "longa duração": Demonstra como famílias e comunidades sustentam a continuidade cultural através de gerações.  


4. Maria Gomes Valentim (1896–2011) – A Brasileira Mais Longeva. Viveu 114 anos em Minas Gerais.  


Contexto: Nasceu no Brasil Imperial (sob Dom Pedro II) e morreu na era digital. Presenciou a abolição da escravidão, a urbanização do Brasil e a chegada da democracia. 

 

Significado para a "longa duração": Sua vida reflete mudanças estruturais em países em desenvolvimento, onde o progresso convive com desigualdades históricas.  


5. Supercentenários das "Zonas Azuis" (Ex.: Sardenha, Okinawa)

  

Lugares como Okinawa (Japão), Sardenha (Itália) e Icária (Grécia) têm concentrações incomuns de centenários. 

 

Padrões comuns: Dieta baseada em vegetais, vida ativa e forte integração social.  

Transmissão oral de histórias que preservam saberes ancestrais.  


Significado para a "longa duração": Mostram que hábitos culturais e ambientais podem estender a vida humana, ligando passado e presente através do corpo e da memória.  


6. Morano (1900–2017) – A Última Sobrevivente da Revolução Russa. Viveu 117 anos na Itália.  


Testemunhou: A queda dos czares, o fascismo de Mussolini, a Guerra Fria e a União Europeia.  


Significado para a "longa duração": Sua vida foi um registro vivo das ideologias do século XX, mostrando como sistemas políticos surgem e caem dentro de uma única geração.  


Esses casos importam para o conceito de "longa duração" porque são arquivos humanos: Suas memórias contêm versões não escritas da história.  


Desafiam a noção de tempo: Mostram que "100 anos" não são apenas um número, mas um acúmulo de revoluções silenciosas (da lamparina ao smartphone).  


Inspiram o futuro: Se um indivíduo pode viver mais de um século, a humanidade como um todo pode pensar em escalas milenares – seja em termos de sustentabilidade ou colonização espacial.  


Essas vidas extraordinárias provam que a "longa duração" não é apenas uma teoria histórica, mas uma realidade vivida. Cada centenário é um microcosmo da jornada humana no tempo.  


A relação entre o transumanismo e o conceito de humanidade de longa duração é profunda e reveladora, pois ambos lidam com a extensão — e possível superação — dos limites temporais e biológicos da existência humana.


O transumanismo como Aceleração da "Longa Duração"

 

Definição chave: O transumanismo propõe o uso da tecnologia (genética, IA, cibernética, criopreservação) para ampliar radicalmente a longevidade e as capacidades humanas, possivelmente levando a um estágio pós-humano.

 

Link com a longa duração: Se a "humanidade de longa duração" tradicional é uma narrativa de adaptação lenta (evolução biológica, progresso cultural), o transumanismo introduz a ideia de uma transformação deliberada e acelerada do corpo e da mente.  


Se centenários como Jeanne Calment representam o limite biológico atual, a criogenia ou engenharia de tecidos poderiam estender a vida para 200+ anos, alterando a própria noção de tempo humano.  


Ruptura vs. Continuidade. Braudel e as estruturas duradouras: A história da "longa duração" enfatiza padrões persistentes (clima, geografia, cultura). 


O transumanismo, porém, sugere rupturas tecnológicas que podem redefinir essas estruturas: 


Fim da mortalidade?: Se a morte deixar de ser inevitável, como isso afetaria a organização social (famílias, heranças, narrativas culturais)?  


Corpos modificados: Humanos com implantes neurais ou órgãos artificiais podem desenvolver novas mentalidades, desafiando a continuidade psicológica estudada por Braudel.  


Memória e Identidade em Escalas Temporais Extendidas.  


Centenários como arquivos vivos: Hoje, idosos de 100+ anos são guardiões de memórias pessoais. 


No transumanismo: Upload de mentes. E se uma consciência puder ser preservada digitalmente por milênios? Isso criaria uma "longa duração" desvinculada do corpo biológico.  


Exemplo fictício: No romance Altered Carbon, "sleeves" (corpos artificiais) permitem que humanos vivam séculos, gerando conflitos entre gerações "imortais" e tradições históricas.  


Sustentabilidade em Escalas Milenares.

  

Humanidade de longa duração no espaço: O transumanismo muitas vezes se conecta à colonização interestelar. Para civilizações que duram milênios: Tecnologias de hibernação (como em *Passageiros*) ou corpos resistentes à radiação seriam essenciais.  


Ética planetária: Se a humanidade persistir por 10.000 anos, como garantir recursos? O transumanismo propõe soluções como síntese de alimentos ou fotossíntese artificial.  


Dilemas Filosóficos. O que é "humano" na longa duração?  


Se Braudel estudou sociedades baseadas em corpos mortais, o transumanismo questiona: Uma IA com memórias humanas é "continuadora" da nossa civilização?


Exemplo real: Projetos como Mind Uploading (Neuralink) ou LifeNaut (backup digital do cérebro) tentam preservar a identidade além da morte biológica.  


Casos Reais que Antecipam essa Conexão. Criopreservação (Alcor Life Extension): Pessoas como Ted Williams (jogador de baseball preservado em 2002) simbolizam a tentativa de estender a vida fisicamente, desafiando o tempo.  


Genética (Projeto Altos Labs): Cientistas como Craig Venter buscam reverter o envelhecimento celular, potencialmente criando gerações que vivam 150+ anos.  


Cyborgs (Neil Harbisson): Artistas com implantes que permitem "ouvir cores" mostram como a tecnologia já redefine os sentidos humanos, um primeiro passo para a longa duração pós-biológica.  


A Longa Duração como Projeto Ativo. O transumanismo transforma a "humanidade de longa duração" de um processo histórico passivo (lento, inconsciente) em um projeto deliberado. Se antes a longevidade era resultado de sorte genética ou avanços médicos graduais, agora pode ser uma escolha tecnológica.  


Essa mudança levanta questões urgentes: Quem terá acesso à imortalidade? (Riscos de desigualdade).  


O que perdemos ao abandonar a mortalidade? (Conexão com tradições, arte, significado).  


Como narraríamos uma história de 1.000 anos? (Novas formas de registro).  


Em suma, o transumanismo não só estende a "longa duração" humana, mas a redefine radicalmente — tornando-a um campo de batalha entre biologia, ética e futurismo.  


Bibliografia e fontes


1. Sobre "Longa Duração" (História e Antropologia)**  

BRAUDEL, Fernand.  

O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II (1949).  

Escritos sobre a História* (1969) – ensaio "A Longa Duração".  

- LE GOFF, Jacques.  

História e Memória (1988) – discute temporalidades históricas.  

HARARI, Yuval Noah.  

Sapiens: Uma Breve História da Humanidade (2011) – aborda a trajetória humana em escala milenar.  


2. Transumanismo e Futurismo  

KURZWEIL, Ray.  

A Singularidade Está Próxima (2005) – sobre imortalidade tecnológica.  

BOSTROM, Nick.  Superinteligência: Caminhos, Perigos, Estratégias (2014) – ética da IA e aprimoramento humano.  

HARBISON, Neil (caso real).  

Documentário Cyborg Foundation (2013) – sobre implantes sensoriais.  


3. Longevidade e Centenários (Casos Reais) 

Base de dados do Gerontology Research Group (GRG).  

Registros validados de supercentenários (como Jeanne Calment e Kane Tanaka).  


Pesquisas sobre "Zonas Azuis":

  

BUETTNER, Dan. The Blue Zones: Lessons for Living Longer From the People Who've Lived the Longest* (2008).  

Projetos científicos:  

Altos Labs (www.altoslabs.com) – pesquisa em rejuvenescimento celular.  

Alcor Life Extension Foundation (www.alcor.org) – criopreservação.  


4. Ficção e Representações Culturais


ROMANCE: Altered Carbon (Richard K. Morgan, 2002) – sobre upload de mentes e corpos artificiais.  

FILME: Passageiros (2016) – hibernação em viagens interestelares.  


5. Filosofia e Crítica do Transumanismo

  

FUKUYAMA, Francis. Our Posthuman Future (2002) – alertas sobre os riscos do aprimoramento humano.  

SANDEL, Michael. The Case Against Perfection (2007) – ética da engenharia genética.  


Fontes Digitais (Artigos e Reportagens)  


BBC Future: "The quest for immortality" (2018).  

National Geographic: "The Science of Longevity" (2021).  

Wired: "The Billion-Dollar Race to Crack Anti-Aging" (2023).  


Como Acessar?  

Obras acadêmicas: Disponível em plataformas como JSTOR, Sci-Hub ou Google Scholar.  

Livros: Amazon, bibliotecas universitárias ou sebos online.  

Casos reais: Sites oficiais como GRG (www.grg.org) e Alcor.  


samedi 22 mars 2025

A questão árabe-palestina

A questão judaico-palestina

Reivindicações históricas pela terra de Israel

Jorge Pinheiro

 


O terror se levanta em todo o Oriente Médio e se espraia pelo subcontinente asiático. Por que? Por incrível que pareça os motivos estão localizados numa estreita faixa de terra que os judeus chamam “eretz” e afirmam que pertence a eles por direito divino. Será?

 

Assim, para entender um pouco o que acontece hoje no mundo somos obrigados a fazer uma releitura da questão judaico-palestina, ou seja, das reivindicações históricas por esta faixa de terra.

 

O termo Palestina é originário de Philistines ou filisteus, povo Egeu que, no século 12 a.C. se estabeleceu ao longo da planície costeira do Mediterrâneo, conhecida hoje como a Faixa de Gaza. No século dois a.C., após derrotar os judeus, os romanos deram o nome de Palestina à terra. 

 

Em 638, a conquista árabe da planície costeira do Mediterrâneo deu início a 1.300 anos de presença árabe na região. Porém, o país nunca foi exclusivamente árabe. Após as invasões muçulmanas do século sete, o árabe tornou-se gradualmente a língua da maioria da população da região. 

 

A cidade de Jerusalém é considerada a terceira mais sagrada na religião islâmica: as primeiras são Meca e Medina. Acredita-se que Jerusalém seja o local onde o maior profeta islâmico, Maomé, subiu aos Céus. A mesquita al-Aqsa, onde o domo da Rocha foi posteriormente construído, marca este ponto, que é sagrado para os muçulmanos. 

 

Enquanto os muçulmanos lideraram a região, cristãos e judeus viviam em paz, já que eram considerados os povos do Livro. Cristãos e judeus tinham controle autônomo em suas comunidades e era-lhes permitido praticar suas crenças com liberdade e segurança. Tal tolerância religiosa demonstrada pelo povo muçulmano é rara na história humana.

 

Em 1517, os turcos otomanos da Ásia Menor conquistaram a região e, com poucas interrupções, governaram a Palestina, até o inverno de 1917-1918. A região foi então dividida em diversos distritos, dentre eles, Jerusalém. A administração dos distritos foi cedida em grande parte aos árabes palestinos. As comunidades cristãs e judaicas, porém, receberam grande autonomia. A Palestina compartilhou a glória do Império Otomano durante o século 16, mas foi negligenciada quando o império começou entrar em declínio no século 17. 

 

Em 1882, menos de 250.000 árabes viviam no local. Uma parte significante da terra pertencia aos senhores que viviam no Cairo, Damasco e Beirute. Oitenta por cento dos árabes palestinos eram camponeses, nômades ou beduínos. 

 

Em 1917-1918, com apoio dos árabes, os britânicos capturaram a Palestina dos turcos otomanos. Na época, os árabes palestinos não se consideravam como sendo uma nacionalidade em separado. Eram parte de uma Síria árabe. O nacionalismo árabe palestino é, em grande parte, um fenômeno do pós Primeira Guerra Mundial. 

 

Em 1921, o Secretário Colonial britânico Winston Churchill separou quase 4/5 da Palestina – aproximadamente 35.000 milhas quadradas -- para criar um emirado árabe, a Transjordânia, conhecida hoje como Jordânia. Este país, que é uma monarquia árabe, é em sua maioria composto por palestinos que hoje representam aproximadamente 70% da população. 

 

Assim, o conflito árabe-israelense teve origem com a constituição do Estado de Israel nos territórios da antiga Palestina britânica e os movimentos de reação árabe, após um processo que inclui a migração organizada de judeus para a Palestina, a aquisição de terras, a instalação de empresas, colônias agrícolas, escolas e a organização militar dos imigrantes. 

 

A administração britânica na Palestina, recomposta após o fim da 2a Guerra Mundial, adotou uma política de dividir para reinar, apoiando-se ora nos árabes, ora nos judeus. Os dois lados adotaram o terrorismo como forma de luta. 

 

Em 1939, os britânicos anunciaram o White Paper (Carta Branca), um documento relatando que um estado árabe independente e não dividido seria estabelecido na planície costeira do Mediterrâneo dentro de 10 anos. O nacionalismo árabe cresceu com a promessa de um estado forte. Mas, os britânicos não foram capazes de manter sua promessa aos árabes. 

 

O estado de Israel e as guerras na região

 

Em 1947, a Assembleia Geral da ONU e a Agência Judaica aprovam a divisão da planície costeira do Mediterrâneo, mas os árabes a rechaçam. Um exército da Liga Árabe ocupou a Galileia e atacou Jerusalém. Em 14 de maio de 1948, o Conselho Nacional Judeu proclamou o Estado de Israel, enquanto o ataque árabe foi contido pela mediação da ONU e pela superioridade da aviação israelense. Grande parte da população árabe abandonou a Palestina. Em maio de 1948 o Reino Unido renunciou ao mandato sobre a Palestina e retirou suas tropas, deixando a região no caos. 

 

Entre 1948 e 1956 o Estado israelense se consolidou com a migração maciça de judeus, o pagamento de US$ 3,5 bilhões pela Alemanha Ocidental como reparação de guerra, a implantação da agricultura coletivizada nos chamados kibutzim, indústrias de alta tecnologia, serviço militar obrigatório para homens e mulheres e a manutenção de um Exército moderno. Em 1948, foi estabelecido o estado de Israel. 

 

No fim da guerra (1949), Israel ocupou áreas cedidas pela ONU aos palestinos, principalmente na Galileia. Gaza ficou sob domínio egípcio, e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, sob domínio da Jordânia.

 

A guerra de 1956 teve origem nas tensões fronteiriças geradas pelo projeto de utilização das águas do rio Jordão por Israel, em 1952. Agrava-se com ataques de comandos árabes (fedayin) aos colonos judeus e a nacionalização do Canal de Suez pelo Egito, com apoio soviético, em 1956. Milícias palestinas realizaram ataques contra Israel do Líbano, da Cisjordânia e de Gaza. 

 

Em 1967, após mobilização de tropas árabes contra suas fronteiras, Israel atacou o Egito com o objetivo de manter o canal aberto e controlar o golfo de Ácaba. Em outubro, com o apoio tácito do Reino Unido e da França, os israelenses ocuparam o Sinai e a Faixa de Gaza em uma semana. 

 

Em novembro foi criada uma força de paz da ONU para supervisionar o cessar-fogo. A ocupação da Faixa de Gaza e a consolidação do Estado de Israel aguçaram a questão dos refugiados palestinos, cuja integração é negada tanto por Israel quanto pelos países árabes. 

 

Em 1967 teve início outra guerra, a dos Seis Dias. Surgiu da reação egípcia contra a permanência das tropas da ONU, o bloqueio do porto de Eliat, no golfo de Ácaba, e a assinatura de um acordo militar com a Jordânia, em maio de 1967. Os israelenses, usando como pretexto o bloqueio no golfo de Ácaba e a intensificação do terrorismo palestino contra Israel, atacam o Egito, Síria e Jordânia em 5 de junho. Conquistam toda a península do Sinai até o canal de Suez (Egito), a Cisjordânia e as colinas de Golan (Síria).

 

A guerra do Yom Kippur teve como motivo a ocupação permanente dos territórios conquistados em 1967 por Israel e a instalação de colônias judaicas. Em 6 de outubro (dia do Yom Kippur ou do Perdão, feriado religioso judaico) de 1973, os sírios atacaram as colinas de Golan pelo norte, enquanto os egípcios atacaram pelo sudoeste, a partir do Canal de Suez. Forçam os israelenses a abandonar suas linhas de defesa fortificada (Bar-Lev) e os campos petrolíferos de Balayim e ocupam toda a área do canal. Contra-ataque israelense obriga o recuo egípcio e sírio, bombardeia Damasco e bases de mísseis e artilharia do Egito e ameaça expandir-se. Em 22 de outubro, a intervenção diplomática soviético-americana impõe um cessar-fogo.

 

Em 1977, Israel iniciou conversações com o Egito, que culminaram em um acordo de paz e a devolução do deserto do Sinai.

 

Em 1993, palestinos e israelenses iniciaram um processo de paz que previa retirada gradual de Israel dos territórios em troca de reconhecimento palestino do Estado judeu. Israel passou a se retirar paulatinamente dos centros urbanos palestinos.

 

Mas Israel seguiu expandindo suas colônias em Gaza e Cisjordânia, enquanto palestinos seguiram cometendo atentados.

 

Em julho de 2000, o líder palestino Iasser Arafat rejeitou uma proposta de acordo de paz de Israel, com devolução da quase totalidade de Gaza e Cisjordânia e representação palestina em Jerusalém. A questão da volta dos refugiados palestinos, que acabaria com a maioria judaica em Israel, era o principal entrave. A revolta palestina contra a ocupação israelense começou em setembro do mesmo ano.

 

O moderno estado de Israel está situado em um território que já foi conquistado por muitos povos: assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, árabes muçulmanos e turcos otomanos. O país, localizado na costa oriental do Mar Mediterrâneo, é conhecido como a Terra Santa. Para os judeus, a terra é santa porque lhes foi prometida por Deus; para os cristãos, porque Jesus nasceu e viveu lá; para os muçulmanos, porque Jerusalém é o local da subida do profeta Maomé aos Céus.

 

Em 1948, o estado de Israel foi estabelecido e, desde então, esteve envolvido em guerras e conflitos com seus vizinhos árabes. 

 

Resumo da história dos judeus na terra

 

O laço judeu à terra de Israel data de mais de 3.700 anos. De acordo com a Torah – os escritos judaicos -- Deus prometeu que os descendentes do patriarca Abraão herdariam a terra. A Bíblia revela que os hebreus foram escravizados no Egito, até que Deus o libertou. Após sua libertação do Egito, os hebreus foram liderados por Moisés -- o maior profeta da história judaica -- e levado à terra de Israel. No entanto, foi Josué, sob o comando de Deus, que conquistou a terra, iniciando a penetração hebréia na região. 

 

Os judeus não tinham um nome especial para seu país. Chamavam-no simplesmente “eretz” (a terra), “eretz Israel”, “Israel”, “Cana’an”.  O nome Palestina, como vimos, só surgiu com os romanos. É uma corruptela de Filístia e, originalmente, significava apenas o litoral sul daquilo que hoje chamamos Palestina.

 

Não é possível para a mentalidade gentílica apreciar plenamente o sentimento do judeu para com a terra. Para ele, significava o cenário divino para a execução da salvação. A terra do judaísmo era uma parte da religião do judaísmo. A terra por excelência, a dádiva especial de Iaveh ao Israel eleito. 

 

Os hebreus formaram a sua primeira monarquia constitucional por volta do ano 1000 a.C. O segundo rei dos judeus, Davi, estabeleceu Jerusalém como a capital do país e seu filho Salomão liderou a construção do templo de Jerusalém. 

 

Mais tarde, nos anos da ocupação helênica, Israel estava restrito ao distrito de Iahud (Judá), delimitado desde a época do império persa. A capital de Iahud era Jerusalém, mas também pertenciam ao distrito as cidades de Emaús, Belém, Mizpá, Betel e Lida. O distrito de Iahud era uma pálida lembrança da eretz Israel dos tempos de Davi e Salomão.

 

Durante a guerra dos macabeus, Israel foi reconquistando seu território histórico. E sob o governo de Alexandre Ianai (102 a 72 a.C.) voltou a ocupar o máximo de sua extensão territorial. Essa Palestina histórica mede, aproximadamente, 20 mil quilômetros quadrados de área. Ao norte, encontram-se os picos elevados do Líbano e do antilíbano. No leste e sul - durante séculos - estiveram as habitações nômades dos beduínos (árabes) e o reino dos Nabateus. Esses vizinhos eram sinônimos de rixas permanentes. É importante notar que o conceito de limite não era preciso. Não havia uma fronteira legalmente estabelecida, delimitando a Palestina ou separando seus vários distritos. Não podemos, por exemplo, falar com precisão de uma linha demarcatória entre a Judéia e a Samaria.

 

Os diferentes distritos eram separados por uma orla indefinida, com um ou vários quilômetros de largura, reconhecida como terra de ninguém. As “partes de Tiro e Sidom” (Mt 15:21) eram a orla de terra entre a Galileia e a Fenícia, ocupada tanto pelos judeus como pelos gentios. E as “partes de Cesaréia de Filipo” (Mt 16:13) eram as faixas dos domínios de Filipe.

 

A Judeia, tendo Jerusalém como centro, era o verdadeiro coração da “terra”. Contudo, havia em torno da Palestina uma larga faixa territorial que o judaísmo considerava potencial e legitimamente “a terra de Israel”, Embora realmente não fosse assim. A Palestina está localizada no grande distrito desértico da Ásia sudoeste e, por isso, seu clima deveria ser bem seco. Entretanto, sua vizinhança com o mar Mediterrâneo vem mitigar em grande parte a situação.

 

Ali, o ano na Palestina pode ser dividido em duas estações: a úmida e a seca. A estação úmida começa em outubro e a seca em abril. Daí segue que a maior parte da semeadura acontece nos meses de inverno, a fim de aproveitar as chuvas, que em média são de apenas 50 a 60 centímetros por ano.

 

Quanto à temperatura, o clima da Palestina é temperado. A neve é rara, mesmo na Galileia, exceto nos pontos mais altos. A temperatura média é de 30c, subindo raramente acima dos 42o c no verão, ou caindo abaixo dos 18o c.

 

A topografia da Palestina define-se através de quatro caracteres físicos distintos. São a costa mediterrânea; as montanhas do Líbano, com sua extensão para o sul; o vale do Jordão; e as montanhas do antilíbano, também se estendendo para o sul.

 

A costa da Palestina é regular. Em todo o seu comprimento, a única baía de tamanho algo apreciável é a do Aco (Acre). Ao sul do monte Carmelo, o contorno da costa é praticamente reto, não oferecendo um porto natural. Mas ao norte do Carmelo há numerosas projeções pequenas de terra, que foram amplamente utilizadas pelos fenícios. As montanhas do Líbano e do antilíbano são divisões de uma longa cordilheira, que se ramifica a partir das montanhas do Cáucaso. A cadeia do Líbano desce até a península sinaítica, com duas interrupções: uma na planície do Esdraelom; a outra no deserto de Parã. Do Hermon, os montes antilibaneses mergulham subitamente para a planície de Basã, erguendo-se em seguida para o planalto de Gileade e Moabe, ponto em que a cadeia entra gradativamente em declive, resolvendo-se nuns poucos montes esparsos, situados no centro do deserto arábico.

 

Entre as montanhas do Líbano e antilíbano fica a vasta depressão que forma o vale do Jordão. Tanto o rio, como o vale, principiam no ponto em que a volumosa cadeia se divide, no norte da Palestina. O rio Jordão desce 216 quilômetros em direção ao mar Morto. A partir daí, o rio desliza gradativamente para o golfo de Ácaba.

 

Esta é a “eretz”. A terra da promessa e bênçãos divinas, terra de sagradas tradições e de proezas santas. Uma terra pequena, mas peculiar. 

 

No ano 70 d.C., os romanos destruíram o templo. Tudo o que restou de pé foi sua muralha ocidental, conhecido por todos como muro das lamentações, considerado pelo judaísmo como o local mais sagrado do mundo. Sendo assim, pessoas de vários países, judeus e não-judeus, visitam o muro em Jerusalém. Elas escrevem bilhetes com pedidos a Deus e os colocam entre suas pedras. 

 

Além de destruir o templo de Jerusalém, os romanos expulsaram os judeus de sua terra, dando início à diáspora, que significa a dispersão dos judeus para outros países do mundo. Contudo, apesar de terem sido conquistados pelos romanos, muitos judeus continuaram a viver na região. 

 

Por volta do século IX, comunidades judaicas foram restabelecidas em Jerusalém e Tibérias. No século XI, a população judaica crescia nas cidades de Rafah, Gaza, Ashkelon, Jaffa e Caesarea. Durante o século XII, muitos judeus que viviam na região foram mortos pelas Cruzadas, mas nos séculos seguintes, a imigração para a terra continuou. Mais comunidades religiosas judaicas se fixaram em Jerusalém e em outras cidades.

 

Um dos pontos fundamentais da fé judaica é que todo o povo será liderado de volta à terra e que o templo será restabelecido. Muitos judeus acreditam que o Messias, que será enviado por Deus, irá liderar o retorno de todo o povo judeu à terra. 

 

Contudo, muitos judeus acreditavam que eles próprios deveriam iniciar o retorno à terra. A ideia de estabelecer um estado judeu moderno ganhou grande popularidade no século 19 na Europa. Em parte isso foi fruto do aparecimento do anti-semitismo, que levou ao surgimento de pogroms – massacres organizados de judeus – na Rússia e na Europa Oriental. 

 

Esta violência notória contra judeus europeus ocasionou imigrações maciças para a Terra de Israel. Em 1914, o número de imigrantes vindos da Rússia para a Palestina já alcançava os 100 mil imigrantes. Simultaneamente, muitos judeus vindos do Iêmen, Marrocos, Iraque e Turquia imigraram para a região. Quando os judeus começaram, em 1882, a imigrar para seu antigo território em grande escala, viviam por lá menos de 250.000 árabes. 

 

Um jornalista austríaco chamado Theodor Herzl levou adiante a ideia do sionismo, definido como o movimento nacional de libertação do povo judeu. O sionismo afirma que o povo judeu tem direito ao seu próprio estado, soberano e independente, e cresceu como reação ao anti-semitismo e influenciado pelo nacionalismo na Europa.

 

No início do século 20, viviam na Palestina sob domínio do Império Otomano cerca de 500 mil muçulmanos e 50 mil judeus. Após a Primeira Guerra (1914-1918), a Palestina passou para mãos britânicas, cujo chanceler, Arthur Balfour, declarou, em 1917, apoio à "instalação de um lar nacional judeu" no local.

 

A população judaica na Palestina chegou a cerca de 300 mil na década de 1930, causando reação violenta dos árabes. Pressionada, Londres restringiu a imigração judaica à região, mesmo com o avanço nazista na Europa.

 

Após o Holocausto, que matou cerca de seis milhões judeus europeus, o movimento sionista ganhou força. A ONU aprovou a partilha da região em dois Estados, um judeu e outro palestino, com Jerusalém sob administração internacional. Os sionistas aceitaram a partilha, rechaçada pelos líderes árabes.

 

Argumentos judaicos a favor da terra

 

1. A terra de Israel foi prometida por Deus aos judeus. Esta é a antiga terra dos patriarcas e profetas bíblicos. As principais orações judaicas falam sobre o retorno do povo à sua cidade sagrada. As orações judaicas são feitas em direção a Jerusalém. Durante as festas judaicas, as orações são encerradas recitando a frase “ano que vem em Jerusalém”. 2. Desde que os judeus foram exilados pelos romanos, a terra de Israel nunca foi estabelecida como um estado. A região foi colonizada por diversos impérios, mas nunca voltou a ser um estado soberano. Foram imigrantes judeus que desenvolveram a agricultura e construíram cidades para restabelecer um estado no seu lar histórico. 3. O estado de Israel foi criado pelas Nações Unidas em 1947. É um estado democrático, moderno e soberano. 4. A terra de Israel foi comprada ou conquistada por Israel em guerras de defesa, após o país ter sido atacado por seus vizinhos árabes. 5. Os árabes controlam 99.9% do território no Oriente Médio. Israel representa apenas um décimo de 1% da região. 6. A segurança do povo judeu apenas pode ser garantida através da existência de um estado judeu forte e soberano.

 

A questão palestina e as guerras na região

 

A questão palestina surgiu como resultado do projeto de instauração do Estado de Israel e da decisão da ONU de dividir a Palestina em dois Estados. O Estado judeu ocupa uma área de 10 mil km², incluindo a Galileia oriental, a faixa que vai de Haifa a Telaviv e a região do deserto do Neguev até o golfo de Ácaba. O Estado palestino, associado à Jordânia, ocupa uma área de 11,5 mil km², incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Jerusalém recebe status internacional. 

 

A guerra de 1948 liquidou a decisão da ONU, já que o acordo de armistício de 1949 resulta na anexação da Cisjordânia pela Jordânia e na ocupação da Faixa de Gaza pelo Egito. Nenhum passo posterior é dado para implementar a decisão da ONU. A constituição de um Estado que representasse os 1,3 milhão de palestinos vivendo na região vira letra morta. 

 

Ao mesmo tempo, organizações extremistas israelenses, estimuladas pela omissão do Estado de Israel, das grandes potências e da ONU, desencadeiam ações terroristas contra os palestinos, visando expulsá-los e deixar o território livre para colonos judeus. O massacre de todos os 254 habitantes de Deir Yassin, em 1948, é o sinal para o êxodo em massa. Cerca de 300 mil palestinos permanecem em Israel após o êxodo para os países árabes vizinhos, mas sua situação é de cidadãos de segunda classe.

 

Argumentos palestinos a favor da terra

 

1. Os árabes muçulmanos viveram no local por muitos anos. 2. O povo palestino tem o direito à independência nacional e à soberania sobre a terra onde viveram. 3. Jerusalém é a terceira cidade sagrada na religião muçulmana, local de elevação do profeta Maomé aos Céus. 4. O Oriente Médio é dominado por árabes. Outras religiões ou nacionalidades não pertencem à região. 5. Todos os territórios árabes que foram colonizados tornaram-se estados completamente independentes, exceto a Palestina. 6. Os palestinos tornaram-se refugiados. Outros países árabes nunca os aceitaram completamente e eles vivem freqüentemente em campos para refugiados tomados pela pobreza. 

 

Algumas considerações finais

 

O conflito entre israelenses e palestinos é acima de tudo uma questão geopolítica e religiosa. Acreditamos que acontecimentos históricos que levaram tanto ao estabelecimento do estado de Israel quanto ao conflito entre palestinos e israelenses envolvem questões geopolíticas e religiosas que exigem a desmilitarização do conflito e a formação de estados leigos e democráticos que possibilitem a convivência pacífica entre os povos, com plena liberdade de expressão religiosa para todas as nacionalidades envolvidas no conflito. 

 

Para isso, é necessário que as grandes potências, em parte responsáveis por esta guerra geopolítica e religiosa, parem de favorecer esta ou aquela parte, esta ou aquela etnia, esta ou aquela religião. Sabemos que tal proposta esbarra na questão do petróleo e no desejo de controle geopolítico da região.

 

De todas as maneiras, não haverá paz na região e muito menos fim do terrorismo se as democracias ocidentais não respeitarem o direito a autodeterminação dos povos, suas culturas e crenças.