samedi 21 juin 2025

Ukraine, religion, guerre et socialisme

Ukraine, religion, guerre et socialisme

La religion joue et continue de jouer un rôle pertinent en Ukraine en temps de guerre, influençant les attitudes et les actions des communautés, des dirigeants et même des nations impliquées dans le conflit. Elle est, par exemple, une source d'unité, une justification idéologique ou même un moyen de promouvoir la paix et la réconciliation. En Ukraine, la religion a ainsi joué un rôle multiforme.

Pour de nombreux Ukrainiens, en particulier ceux qui appartiennent à l’Église orthodoxe d’Ukraine, la religion est un symbole d’indépendance et d’identité nationale. Depuis l’indépendance de l’Église orthodoxe d’Ukraine en 2019, leur foi représente une rupture avec le contrôle historique russe, réunissant la population autour de valeurs culturelles et spirituelles, liées à la résistance contre l’agression.

De même, l’Église gréco-catholique, principalement présente dans l’ouest de l’Ukraine, renforce l’identité pro-européenne et anti-russe de ses communautés.

Du côté russe, le patriarcat de Moscou a soutenu l’invasion, affirmant que la Russie a le devoir spirituel de protéger les Russes orthodoxes et la culture orthodoxe sur le territoire ukrainien. Cette rhétorique contribue à façonner le récit russe, présentant leur pays comme un défenseur du "monde russe" et des valeurs chrétiennes traditionnelles, face à ce que le gouvernement russe et certains dirigeants religieux considèrent comme une influence occidentale décadente. Cette instrumentalisation de la religion enflamme le conflit, justifiant pour une partie de la population russe l’idée d’une guerre perçue comme une lutte culturelle et spirituelle.

Les églises ukrainiennes, quelle que soit leur affiliation, ont cependant joué un rôle crucial dans l’aide humanitaire. Elles fournissent nourriture, abris et soutien psychologique à des millions de déplacés internes et de réfugiés. Cette assistance renforce le rôle des institutions religieuses en tant que protecteurs et guides moraux, et soutient la solidarité entre communautés. Ce rôle humanitaire est crucial non seulement pour la survie physique des individus, mais aussi pour maintenir la résilience et l’espoir dans une période d’incertitude.

Dans certains cas, des chefs religieux ont promu le dialogue et la médiation. Bien que rares dans le contexte de la guerre, certains dirigeants religieux internationaux, comme le pape François, ont tenté de promouvoir des dialogues de paix et de réconciliation. Ces figures ont la crédibilité pour agir comme "ponts" et intermédiaires, car nombre de religions pr

jeudi 5 juin 2025

As palavras fluem como o Saône e o Rhône

Aqui as palavras fluem como os rios Saône e Rhône, 
tecendo narrativas em colinas, vielas e praças.

Lyon é um texto. Um texto escrito e reescrito ao longo de séculos, camada sobre camada, como um palimpsesto onde a tinta do passado nunca desaparece, apenas dialoga com as novas caligrafias.
A história literária de Lyon começa com o sangue dos mártires no século II). A carta que narra seu suplício, enviada às igrejas da Ásia, é um dos primeiros documentos cristãos do Ocidente, uma proto-literatura do testemunho. Santo Irineu, o bispo-teólogo, escreveu aqui "Contra as Heresias", fundando a teologia ocidental. Já estava presente o DNA literário de Lyon, que se traduziu em firmeza da doutrina, profundidade teológica e uma voz que ecoou além.
 E assim, no  século XVI, Lyon explodiu como capital europeia da imprensa. Oficinas como as de Sébastien Gryphe e Jean de Tournes difundiram não só clássicos, mas vozes locais. E a poesia atingiu o sublime com Louise Labé, a "Bela Cordoeira". Seus sonetos e o "Debate entre Loucura e Amor" falam de desejo e o espaço da mulher com uma paixão e uma liberdade intelectual raras para a época. É a voz lírica, sensual e humanista que brota das margens do Saône. O poeta Maurice Scève, com seu "Délie", explorou os labirintos da metáfora, consolidando a Escola Lyonesa de poesia.
O espírito crítico de Lyon produziu figuras como Nicolas de Condorcet, filósofo e matemático, cujas ideias iluministas ecoaram pelas ruas antes da Revolução. Mas a literatura também refletiu as tensões: a Revolução e o cerco de Lyon em 1793 ecoaram em narrativas posteriores, um trauma fundador na memória escrita da cidade.
Stendhal, apesar de não ser lionês, imortalizou a cidade em "O Vermelho e o Negro", capturando sua atmosfera burguesa. Mas foi o trabalho e os operários das sedas, os canuts, que entram com força na literatura. A revolta dos Canuts (1831, 1834) inspirou textos de denúncia social e solidariedade, ecoando nas palavras de poetas e cronistas. A cidade industrial, com suas fumaças e misérias, mas também com sua incrível habilidade artesanal, tornou-se personagem.
Durante a Ocupação Nazista, Lyon é capital da Resistência. Figuras como Jean Moulin unem as redes no silêncio mortal. A literatura da Resistência, de panfletos clandestinos a memórias posteriores, como as de Lucie Aubrac, encontraram aqui um de seus epicentros mais heroicos e trágicos. No pós-guerra, o espírito vanguardista floresceu. Raymond Queneau, ligado ao Oulipo, brincou com a linguagem e a estrutura narrativa, refletindo talvez a complexidade dos traboules, as passagens secretas, em sua escrita de labirinto. Frédéric Dard, criador do detetive San-Antonio, inundou a França com seu humor negro, linguagem inventiva e ritmo alucinante – uma Lyon popular, irreverente e cheia de energia, visto a partir dos becos e bistrôs.
    A literatura lionesa atual é vibrante e diversa. Seus autores revisitam o passado com novas perspectivas. Lyon é um cenário fértil para romances policiais, mas também escritoras e autores de origens diversas enriquecem o panorama, apresentando Lyon a partir de novas experiências, inclusive dos banlieues da cidade. Mas a tradição poética permanece forte, com coletivos e publicações independentes.
    Editoras independentes e livrarias icônicas, como a "Librairie des Terreaux", mantêm vivo o DNA renascentista da cidade do livro.
Lyon não é apenas um pano de fundo para histórias. É uma personagem complexa. É a cidade tecida em seda e sangue, em sonetos e panfletos de resistência, em teologia densa e humor canalha. É a cidade onde a palavra impressa encontrou um lar precoce, onde mulheres ousaram escrever, onde operários viraram heróis trágicos, e onde o labirinto das ruas se reflete no labirinto das narrativas. Ler Lyon é percorrer seus traboules literários: cada passagem revela uma nova camada, uma nova voz, um novo capítulo nesse romance contínuo que é a cidade entre os dois rios. Uma cidade que, da poesia renascentista ao policial contemporâneo, nunca deixou de contar sua história e de inspirar quem nela habita ou por ela passa.


Lyon e sua história cristã

A história de Lyon 
e a presença cristã que moldou sua identidade
ao longo dos séculos


As Origens: Sangue de Mártires e a Semente da Fé (Século II)

A Fundação da Comunidade

Por volta de 177 d.C., sob o Império Romano, Lyon (então Lugdunum) já abrigava uma florescente comunidade cristã, composta por fiéis vindos de diversas regiões do Mediterrâneo oriental, especialmente da Ásia Menor.

A Grande Perseguição

Esta comunidade sofreu uma das mais violentas e documentadas perseguições do Império Romano. Sob o imperador Marco Aurélio, cristãos foram presos, torturados e condenados à morte nas arenas (anfiteatro das Três Gálias) ou nas prisões por se recusarem a adorar os deuses romanos.

Os Mártires de Lyon

Entre as vítimas estavam figuras icônicas como o jovem bispo São Potino (que morreu na prisão), a escrava Santa Blandina (cuja coragem lendária impressionou até os pagãos), e o diácono São Sanctus. O relato detalhado de sua paixão, preservado em uma carta da comunidade de Lyon às igrejas da Ásia, é um dos documentos mais comoventes e importantes do cristianismo primitivo no Ocidente.

Santo Irineu

Discípulo de São Policarpo de Esmirna (que por sua vez foi discípulo de São João), Irineu sucedeu a São Potino como bispo de Lyon. Ele foi uma figura colossal:
   
Teólogo e Polemista

Combateu vigorosamente a heresia gnóstica com sua obra fundamental "Contra as Heresias", defendendo a unidade de Deus, a criação boa e a encarnação real de Cristo.

Pacificador

Trabalhou pela unidade das igrejas, mediando conflitos (como a controvérsia sobre a data da Páscoa).
  
Defensor da Tradição Apostólica

Enfatizou a sucessão apostólica e a autoridade das igrejas fundadas pelos apóstolos como guardiãs da fé autêntica.

Mártir

A tradição afirma que ele também foi martirizado, por volta de 202 d.C. Santo Irineu estabeleceu Lyon como um dos primeiros e mais importantes centros teológicos e de autoridade da Cristandade ocidental.

Da Antiguidade Tardia à Idade Média: O Crescimento da Igreja (Séculos IV-XV)

Fim das Perseguições e Ascensão

Com o Édito de Milão (313) e a conversão do Império, Lyon emergiu como uma importante sede episcopal. A igreja local começou a construir basílicas sobre locais venerados, como os túmulos dos mártires.

Primazia das Gálias

Os arcebispos de Lyon gradualmente adquiriram uma posição de preeminência na Gália, sendo reconhecidos como "Primaz das Gálias", uma posição de honra e autoridade sobre as outras províncias eclesiásticas da região.

Conciliação e Reforma

Lyon sediou importantes concílios ecumênicos da Igreja:
    Primeiro Concílio de Lyon (1245). Convocado pelo Papa Inocêncio IV, excomungou e depôs o imperador Frederico II.
    Segundo Concílio de Lyon (1274). Convocado pelo Papa Gregório X, tentou (sem sucesso duradouro) a reunificação com a Igreja Ortodoxa e estabeleceu regras para os conclaves papais.

Desenvolvimento Urbano

A cidade cresceu em torno de dois polos principais: a colina de Fourvière (local da antiga Lugdunum e de igrejas dedicadas aos mártires) e a margem do rio Saône, onde se desenvolveu o bairro medieval de Saint-Jean, sede do poder episcopal. A construção da imponente Catedral de Saint-Jean (iniciada no século XII) simbolizou esse poder. O estilo gótico flamboyant da catedral é um marco.

Renascença e Época Moderna: Esplendor, Conflitos e Renovação (Séculos XVI-XVIII)

Capital da Imprensa e do Humanismo Cristão.

Lyon tornou-se um centro europeu de impressão e comércio de livros. Isso facilitou a disseminação de ideias, incluindo o humanismo cristão e, mais tarde, textos da Reforma Protestante.

Impacto da Reforma.

A cidade foi palco de tensões religiosas significativas. A comunidade protestante cresceu, mas enfrentou perseguição, culminando em conflitos violentos durante as Guerras de Religião francesas (século XVI). A cidade permaneceu majoritariamente católica sob forte influência dos arcebispos.

Contrarreforma e Novas Ordens

Lyon tornou-se um centro vibrante da Contrarreforma Católica. Figuras como São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal tiveram forte ligação com a cidade. Surgiram novas comunidades religiosas e obras de caridade.

Figuras Notáveis

Cardeal François d'Estaing. Promoveu reformas no clero e na vida religiosa no século XVI.
 Santo Vicente de Paulo. Ordenado padre em Lyon em 1600, a cidade foi importante em sua formação inicial.
São João Cláudio Colin. Fundador dos Padres Maristas em Lyon (1816), uma ordem missionária com profundo impacto global.

Iluminismo Católico.

No século XVIII, Lyon foi um centro do chamado "Iluminismo Católico", que buscava conciliar fé e razão, promovendo reformas sociais e educacionais dentro da Igreja.

Século XIX: Devoção Popular e Novos Símbolos

Basílica de Notre-Dame de Fourvière: O século XIX viu uma explosão de devoção marial em Lyon, especialmente após a cidade ser poupada de epidemias e invasões (como a Prussiana em 1870), atribuída à intercessão da Virgem Maria. Como cumprimento de uma promessa e símbolo máximo dessa devoção, foi construída a monumental Basílica de Notre-Dame de Fourvière (1872-1896), no local de antigas capelas marianas na colina sagrada dos mártires. Ela domina o horizonte da cidade até hoje.

Festa das Luzes (Fête des Lumières). Originada na tradição popular de acender velas nas janelas em 8 de dezembro (Festa da Imaculada Conceição) para agradecer à Virgem por ter protegido a cidade, transformou-se na grandiosa festa anual que atrai milhões de visitantes.

Séculos XX e XXI: Presença Contínua e Diálogo

Arcebispado Influente. Figuras como o Cardeal Gerlier (durante a Segunda Guerra Mundial) e o Cardeal Decourtray (importante no diálogo ecumênico e inter-religioso) continuaram a dar projeção nacional e internacional ao arcebispado de Lyon.

Centro Teológico e Ecumênico

Lyon mantém instituições teológicas relevantes e é um local ativo de diálogo ecumênico e inter-religioso.

Patrimônio Vivo

A presença cristã permanece visível e ativa: peregrinações aos locais dos mártires, vida paroquial, instituições educacionais e de caridade mantidas por ordens religiosas, e a grandiosa Festa das Luzes, que, embora hoje seja um evento cultural massivo, mantém suas raízes na devoção marial.

A história de Lyon é indissociável da sua história cristã. Desde o sangue dos mártires do século II, que lançaram as fundações espirituais da cidade e lhe deram uma aura de sacralidade, passando pelo magistério de Santo Irineu, pela primazia medieval, pelos concílios ecumênicos, pelos conflitos da Reforma, pelo fervor da Contrarreforma e da devoção marial do século XIX, até os dias atuais, o cristianismo moldou profundamente a identidade, a paisagem urbana (com Fourvière e Saint-Jean como símbolos eternos), a cultura e a alma de Lyon. A cidade permanece um testemunho vivo de uma fé que, nascida no martírio, floresceu em doutrina, serviço, arte e tradição popular ao longo de dois milênios.


samedi 17 mai 2025

Déclaration de foi de l'Église protestante unie de France

Document

Texte complet de la déclaration de foi 
de l'Église protestante unie de France

Le synode national de l’Eglise protestante unie de France (EpuDF) réuni à Lille du 24 au 28 mai 2017 a adopté sa première déclaration de foi. 

Par Sophie Lebrun
Publié le 28/05/2017 à 19h31, mis à jour le 24/03/2021 à 14h02 • Lecture 2 min.

En Jésus de Nazareth, Dieu révèle son amour pour l’humanité et le monde.

L’Église protestante unie de France le proclame avec les autres Églises chrétiennes. Sur la lancée de la Réforme, elle annonce cette bonne nouvelle : Dieu accueille chaque être humain tel qu’il est, sans aucun mérite de sa part. Dans cet Evangile de grâce, au cœur de la Bible, se manifeste l’Esprit de Dieu. Il permet à l’Église d’être à l’écoute des textes bibliques et de se laisser conduire par eux au quotidien.

Dieu nous a créés, nous invitant à vivre en confiance avec lui. Nous trahissons pourtant cette confiance, et nous voilà confrontés à un monde marqué par le mal et le malheur. Mais une brèche s’est ouverte avec Jésus, reconnu comme le Christ annoncé par les prophètes : le règne de Dieu est déjà à l’œuvre parmi nous.

Nous croyons qu’en Jésus, le Christ crucifié et ressuscité, Dieu a pris sur lui le mal.

Père de bonté et de compassion, il habite notre fragilité et brise ainsi la puissance de la mort. Il fait toutes choses nouvelles !

Par son Fils Jésus, nous devenons ses enfants. Il nous relève sans cesse : de la peur à la confiance, de la résignation à la résistance, du désespoir à l’espérance.

L’Esprit saint nous rend libres et responsables par la promesse d’une vie plus forte que la mort. Il nous encourage à témoigner de l’amour de Dieu, en paroles et en actes.

Dieu se soucie de toutes ses créatures. Il nous appelle, avec d’autres artisans de justice et de paix, à entendre les détresses et à combattre les fléaux de toutes sortes : inquiétudes existentielles, ruptures sociales, haine de l’autre, discriminations, persécutions, violences, surexploitation de la planète, refus de toute limite.

Dans les dons qu’elle reçoit de Dieu, l’Eglise puise les ressources lui permettant de vivre et d’accomplir avec joie son service : proclamation de la Parole, célébration du baptême et de la cène, ainsi que prière, lecture de la Bible, vie communautaire et solidarité avec les plus fragiles.

L’Église protestante unie de France se comprend comme l’un des visages de l’Église universelle. Elle atteste que la vérité dont elle vit la dépasse toujours.

A celui qui est amour au-delà de tout ce que nous pouvons exprimer et imaginer, disons notre reconnaissance.

« Célébrez Dieu, car il est bon et sa fidélité dure pour toujours. » (Psaume 118,1)