vendredi 15 mai 2015

B.B. King - Grandes maestros del blues 1.wmv


B. B. King (pour Blues Boy), de son vrai nom Riley B. King, né le 16 septembre 1925 à Itta Bena, dans le Mississippi aux États-Unis et mort le 14 mai 2015 à Las Vegas, est un guitariste, compositeur et chanteur de blues américain. Il est considéré comme l'un des meilleurs musiciens de blues. Il est, avec Albert King et Freddie King, un des trois kings de la guitare blues.

mardi 12 mai 2015

Radicalmente

Entre o céu e a terra
Jorge Pinheiro


Vamos ver a correlação entre as leituras judaico-cristãs e a vida. As leituras judaico-cristãs são construções que levam em conta dois fundamentos, os relatos das experiências do povo hebreu com o Eterno único e os relatos das experiências dos discípulos com o rabino de Nazaré. No correr dos séculos da Era Comum, rabinos partiram dos textos fundadores e construíram duas religiosidades que deram origem ao Ocidente, o judaísmo talmúdico e o cristianismo católico. Ambos desenvolveram diversidades e hoje se nos apresentam com uma riqueza de formas e ideias difícil de se imaginar no início de suas histórias.

As leituras judaico-cristãs entregam, assim, a partir dos dois fundamentos, um conteúdo transcendente e outro humano, que procuram contextualizar as experiências com o Eterno e as experiências com o rabino de Nazaré, e responder aos desafios do tempo presente, armando e fortalecendo as comunidades de fé, tanto judaicas, como cristãs. Apesar desse importante serviço, as leituras judaico-cristãs são sempre passageiras e parciais. 

A vida é fundamento da existência humana, mas também motivação que anima a existência, que lhe dá entusiasmo e nesse sentido é espírito, alma e corpo. Não é apenas razão filosófica ou leituras judaico-cristãs, mas correlação entre o céu e a terra. 

Quando correlacionamos o céu e a terra surgem questões difíceis de serem respondidas. Entre essas questões podemos citar o esvaziar-se do homem e o ser levantado. Outra questão difícil, por implicar esse cruzamento do eterno e com a finitude, é a própria leitura da vida.

Nesse sentido, há leituras que olham esta questão a partir da eternidade. E há outras leituras que olham esta questão a partir do finito. Mas há outra maneira de olhar a questão da vida, a partir do reconhecimento de que estamos diante de um cruzamento das coisas ditas do céu com a realidade da terra. É esta perspectiva que orienta nossa leitura judaico-cristã da vida.

Para entendermos a correlação céu e terra começaremos a partir da leitura de que a violência não pode ser limitada a um período particular. Nessa leitura, a eternidade vem até aqui embaixo e a liberdade começa quando é entregue ao ser humano, que vive sob os limites da lei. O movimento em direção ao humano resulta em convicção e posicionamento. Ocorre, então, uma troca: a eternidade toma a natureza humana e entrega aos homens e mulheres o fim dos limites. Dentro dessa leitura, devemos fixar nosso olhar na novidade, de maneira que possamos reconhecer nossos alvos errados. Depois, lutar contra tais alvos que fizeram com que perdêssemos o sentido da vida. E, por fim, sob a sombra da violência, descobrimos a providência e o conforto que ela oferece. Assim, o que vem de cima é uma esperança. Pois, nos momentos de sofrimento e morte é a providência que dá garantia da presença da misericórdia nas vidas. 

Dessa maneira, o caminho começa com o ato de ouvir, com o reconhecimento dos alvos errados, mas também da misericórdia eterna. Continua no correr da vida com a luta contra os alvos errados e, finalmente, quando debaixo da violência e do sofrimento, é a providência da eternidade manifesta que garante a esperança. 

Mas podemos inverter a leitura. Acabamos de ver que o ser humano não tem como discutir e mergulhar na compreensão da soberania da eternidade, por isso a esperança é entregue, vem da eternidade nos momentos de dificuldades e sofrimentos. Se invertermos, a base é a escolha eterna. Assim, a esperança embora venha da eternidade não acontece como fim, mas é começo. Tal leitura tem por base a soberania da eternidade. Olha sempre do ponto de vista da eternidade, descarta a leitura de que o humano é imagem. 

Essa leitura da eternidade pode ser definida em três palavras: absoluta, dupla e particular. É absoluta porque não está condicionada a nenhuma contingência finita, é dupla porque p Eterno, para o louvor de sua misericórdia, elegeu uns para a eternidade benfazeja e, para o louvor de sua justiça, outros para a eternidade maldita; e é particular no sentido que pertence a pessoas e não a grupos. 

Quando tal leitura correlaciona céu e terra, pode ser entendida no sentido de que a vida depende do decreto eterno. E de que a convicção e o posicionamento traduzem esta escolha feita na eternidade. E de que se alguém crê, tem a vida porque já foi escolhido.

A leitura da eternidade absoluta enfrentou oposição, mas deve deve ser entendida como um esforço de demonstrar que existe garantia para os momentos de provação. É uma confissão de confiança na misericórdia da eternidade.

Uma leitura da terra parte da imagem da eternidade e de suas necessidades. É uma leitura que fala da degradação humana e diante dela realça a misericórdia. Mas, como sua visão é telúrica e negativa realça também a possibilidade de perda da vida. Assim, a vida é condicionada pela fé. Numa leitura da terra, os seres humanos têm a liberdade aceitar ou recusar a vida. E que o masiah morreu pela vida existente em todas as épocas e lugares. E que os seres humanos podem perder a vida caso não permaneçam na fé.

A leitura da eternidade não define os seres humanos para o não-ser, mas decreta a vida e o não-ser dos humanos em particular com base na onisciência divina da convicção e perseverança de cada pessoa.

A tensão da discussão entre eternidade absoluta e finitude relativa gira ao redor da compreensão da vida. Quando se diz que a eternidade não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciência porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus alvos errados. 

Há uma chave para que a função misericórdia e função vida sejam plenamente exercidas. E essa chave está em que todos deem a volta por cima. A misericórdia da eternidade absoluta deve ser somada à mudança existencial, produzindo então vida. Ou seja: misericórdia mais sentido existencial é igual a vida. A misericórdia da eternidade absoluta sem o sentido de vida produz justiça. Ou seja: misericórdia sem sentido de vida é igual à violência manifesta. Assim, o valor da violência ontológica não é limitado, mas sua aplicação sim. A finitude condicional remete à vida através do sentido pleno da vida. Por isso, a eternidade define a vida e o não-ser com base no conhecimento divino da convicção e perseverança de cada pessoa.

A leitura da terra ressalta a liberdade humana. Como tal leitura é telúrica e negativa, vê a alienação humana como alvo errado de origem, a vontade humana como degradada e incapacitada para produzir qualquer bem maior. 

A leitura do céu parece confrontar a leitura da terra. Mas, as abordagens de ambas as leituras levam a uma leitura dialética: a leitura judaico-cristã da vida, que trabalha a tensão existente entre eternidade absoluta e finitude relativa.

A tendência minimalista olha a questão a partir da eternidade e nega a possibilidade da liberdade humana, de consciência livre e escolha. A tendência maximalista olha a questão a partir da finitude e não vê limitação à possibilidade do humano responder de forma livre à eternidade.

Mas há uma dialética nessa relação, é a leitura da vida. Esta entende que o humano pode apoiar sua resposta à proposta de vida em sua liberdade de ação e consciência, assim como no uso da razão. Mas tal processo deve ter como ponto de partida a eternidade absoluta. Nesse sentido, vida é escolha feita pela eternidade absoluta, a partir da misericórdia. É ação de escolha, chamado e comissionamento. Ainda que baseada na eternidade absoluta, a vida está em perfeita consonância com a liberdade de comunidades e pessoas. Viver de forma plena implica em consciência do ato e ação de viver. 

Existe uma tensão entre eterno e finito. E o que resolve essa tensão é a própria ação de viver. Para os leitores da vida, a vida é síntese que equilibra a tensão. Dessa maneira, a eternidade absoluta em sua misericórdia cria e mantém a vida, em e através do Messias, de comunidades e pessoas sob escolhas, chamados e comissionamentos desde o eterno, à luz da presciência, e de acordo com a liberdade de cada comunidade e de cada pessoa. 



Entre o céu e a terra está a vida. Por isso, a vida é para todos e acontece em e através do masiah por ação graciosa da eternidade absoluta. A eternidade é presciente e de acordo com a liberdade da finitude relativa entregue ao humano, colocou sob escolhas, chamados e comissionamentos a vida e os viventes.

A vida implica em geração e regeneração, relação dialética que é ato inicial em que a eternidade faz crescer o humano. É obra da eternidade. Mas geração e regeneração implicam em sentido pleno da vida e fé. Sentido pleno da vida é mudança na raiz da vida humana. E fé é a confiança e aceitação da vida como comissionamento. Nessa experiência de vida radical o humano pisa na terra, mas se eleva em direção ao céu. E o céu se derrama em direção à terra através do humano.

Assim, a partir da consistência ontológica do humano, somos levados à necessidade de uma análise da vida como leitura radical. Quando descartamos a reflexão sobre o ser humano a quem a eternidade fala, temos um discurso meramente ideológico, distanciado do homem e da mulher verdadeiros e da realidade em que vivem e transformam. Temos, então, um ser humano-mito, onde naturalidade e historicidade transformam-se em alegoria.

O pressuposto fundamental dessa reflexão teológica da vida traduz a verdade de que a compreensão da eternidade leva à compreensão do humano e de sua existência. Não se trata de conhecer o humano para conhecer a eternidade, porque o finito relativo não é eterno absoluto. Nesse sentido, a leitura da vida parte da eternidade absoluta. 

Se as experiências com o Eterno único e as experiências com o masiah cristão são conversas entre eterno absoluto e finito relativo, é a partir desse diálogo que temos os elementos fundamentais para conhecer a vida, embora ela própria no diálogo adquira características específicas. É nesse contexto que se dá a liberdade de consciência necessária para aceitar ou não esse diálogo de vida e para a vida.


Por isso, comissionamento é a propagação da vida e de seu sentido ao mundo, visando a geração e regeneração própria da vida. É escolha e chamado. A responsabilidade da propagação da vida se estende até os confins da terra. Comunidades e pessoas devem promovê-la. E assim nos posicionamos radicalmente entre o céu e a terra.

dimanche 10 mai 2015

Por causa da graça

Pr. Jorge Pinheiro
Igreja Batista em Perdizes
Domingo de manhã -- 10/05/2015

Tema do sermão: "Por causa da graça"

Por causa da graça
Pr. Jorge Pinheiro

Texto

“Que Deus, que nos dá essa esperança, encha vocês de alegria e de paz, por meio da fé que vocês têm nele, a fim de que a esperança de vocês aumente pelo poder do Espírito Santo! (14) Meus irmãos, estou certo de que vocês estão cheios de bondade, sabem tudo o que é preciso saber e são capazes de dar conselhos uns aos outros. (15) Porém nesta carta me atrevi a escrever com toda a franqueza para fazer com que vocês lembrem de coisas que já sabem. Eu escrevi assim por causa do privilégio que Deus me deu (16) de ser servo de Cristo Jesus para trabalhar em favor dos que não são judeus. Eu sirvo como sacerdote ao anunciar o evangelho que vem de Deus. E faço isso para que os não-judeus sejam uma oferta que Deus aceite, dedicada a ele pelo Espírito Santo. (17) Portanto, por estar unido com Cristo Jesus, posso me orgulhar do serviço que faço para Deus”. Carta aos Romanos 15.13-17.

Introdução

Maravilhosa graça

“Maravilhosa graça, como é doce o som
Que salvou um infeliz como eu
Eu antes estava perdido mas agora fui encontrado
Estava cego, mas agora vejo”

Maravilhosa graça é, sem dúvida, um dos grandes hinos cristãos. Seu autor, o pastor inglês John Newton (1725-1807), foi um ex-traficante de escravos. Certo dia, durante uma forte tempestade, Newton entregou seu coração a Deus. 

Pastor em Olney, na Inglaterra (1764 a 1780), John Newton faleceu com a idade de 82 anos, em 21 de dezembro de 1807. Ele resumi sua vida e escreveu seu próprio epitáfio, que diz em parte: 

John Clerk Newton, 
Uma vez um infiel e libertino,
Um servo de escravos na África,
Foi pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
Preservado, restaurado, perdoado,
E nomeado para pregar a fé que ele
Tinha se esforçado muito para destruir ....

Escreveu Maravilhosa graça entre 1760 e 1770. Baseado em 1o. Crônicas 17:16-17, passagem em que o rei Davi rememora a misericórdia de Deus para com um homem tão insignificante e pecador como ele. Foi escrita para ilustrar um sermão no dia de ano novo de 1773 e fez parte dos "Hinos Olney", hinário de músicas compostas por John Newton e seu amigo, o poeta William Cowper. A melodia talvez seja de uma música entoada pelos negros escravos que viajavam nos navios ingleses.

1. A graça nos leva à alegria

“Foi a graça que ensinou meu coração a temer
E graça, meus medos aliviados
Como é precioso que a graça tenha aparecido
Na hora em que acreditei”

A partir do arrependimento, fruto da graça, começamos a viver a vida cristã, não mais uma vida de derrota e tristeza, uma vida na alegria da salvação.

“Recebemos dele tudo o que pedimos porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que agrada a ele”. 1Jo 3.22.

“E, como estou certo disso, sei que continuarei vivendo e ficarei com todos vocês para ajudá-los a progredirem e a terem a alegria que vem da fé”. Filipenses 1.25

“Tenham sempre alegria, unidos com o Senhor! Repito: tenham alegria!” Filipenses 4.4

No lugar do conceito de pecado contínuo e de arrependimento contínuo, os batistas enfatizam o poder de Deus que guarda, e a necessidade da pessoa nascida de novo entregar-se a Deus: arrepender-se, confessar seus pecados e afastar-se deles quando errar. Ao evitar o legalismo e o perfeccionismo que nasce do amor próprio, os batistas insistem na obediência que nasce da fé.

“Samuel respondeu: O que é que o SENHOR Deus prefere? Obediência ou oferta de sacrifícios? É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe em sacrifício as melhores ovelhas”. 1o. Sm 15.22.

2. A graça nos leva à paz

“Através de muitos perigos, tribulações e ciladas
Nós já chegamos
Foi a graça que nos trouxe a salvo para tão longe
E a graça nos levará para casa”.

Ilustração: A mãe e o assassino 

Não vivemos mais na aflição e no desespero. Vivemos naquela paz que excede o entendimento de quem não tem a Cristo. 

“Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo. João 14.27

“Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido. E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus”. Filipenses 4.6-7.

3. A graça nos leva à fé

O critério para avaliar a espiritualidade é a obediência voluntária e uma vida de fé. Não se compreende a fé sem obediência. A fé é salvadora quando nossa ação traduz aquilo em que se crê. Obediência e fé são evidências da graça derramada em nossas vidas. 

“A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver”. Hebreus 11.1.

“Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor”. Hebeus 11.6

Alegria, paz e fé nos enchem de esperança, sob o poder do Espírito, e nos levam ao serviço.

4. A graça nos leva à missão

“Maravilhosa graça, como é doce o som
Que salvou um infeliz como eu
Eu antes estava perdido mas agora fui encontrado
Estava cego, mas agora vejo
Estava cego, mas agora vejo”.

Ou como disse Paulo: “pela graça de Deus sou o que sou, e a graça que ele me deu não ficou sem resultados. Pelo contrário, eu tenho trabalhado muito mais do que todos os outros apóstolos. No entanto não sou eu quem tem feito isso, e sim a graça de Deus que está comigo”. 1Co 15.10.

O serviço cristão que nasce da graça é fruto da obediência daquele que crê, e não de um escravo que se submete com medo. Não há servidão, mas submissão graciosa. 

E Jesus é o exemplo: “eu desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou e não para fazer a minha própria vontade”. João 6.38.

Lições para as nossas vidas

A graça nos leva à alegria, à paz e à fé, nos enchem de esperança sob o poder do Espírito, e culminam com a missão, com o serviço cristão dirigido aqueles que ainda não conhecem a Jesus.

Por isso, o apóstolo disse:

Eu escrevi assim por causa do privilégio que Deus me deu de ser servo de Cristo Jesus para trabalhar em favor dos que não são judeus. Eu sirvo como sacerdote ao anunciar o evangelho que vem de Deus. E faço isso para que os não-judeus sejam uma oferta que Deus aceite, dedicada a ele pelo Espírito Santo. Portanto, por estar unido com Cristo Jesus, posso me orgulhar do serviço que faço para Deus.





jeudi 7 mai 2015

Rebel Angel


A história Judaica do Brasil

El ultimo Sefardi full movie HD

Sefarad Judíos en España Documental Completo en español ספרד, יהוד...

Amsterdã sefardita

Sefaradim jueus donar als seus fills els noms dels seus avis, que normalment estan vius. Així, en un arbre genealògic sefaradí trobarà el mateix nom cada una generació de mitjana. Si qualsevol llegir la història d'Espanya de vegades dirà que va morir i que encara és viu. Serà l'AVI o nét?

La sefaradim recuperat Joliot després de molts segles. A Espanya, abans de Ferdinand i Isabella, concebut una època daurada per als jueus. No obstant això, ells van ser expulsats per Isabel el mateix any que Colom va embarcar cap a Amèrica. A més, els primers jueus nord-americans van ser també sefaradim.

Sefaradim cognoms entre cognoms jueus espanyols és fàcil reconèixer oficis designats en àrab o hebreu, com: Amzalag (joier); Saban (saboneiro); Nagar (Fuster); Haddad (Ferrer); Hakim (doctor).

Les professions relacionades amb la sinagoga: Hazan (cantant); Melamed (director); Dayan (jutge); Cohen (sacerdot); Taxa, Levi (auxiliars del Temple).

Distincions: Navon (savi); Moreno (nostre mestre) i Gabay (oficial).

A Itàlia, la Inquisició es van establir després d'Espanya, que va portar els jueus italians d'exiliar a Polònia. Aparegué, així el cognom Italiener i Welsch o Bloch, perquè Itàlia també s'anomena Wloche en alemany.

Cognoms de la Torà es deriva una bona quantitat de cognoms jueus noms bíblics o ciutats europees d'Àsia menor. Exemple: el nom del fill d'Abraham Abraham (Abraham) si diu diferentment en cada idioma: Abramson, Abraams, Abramchik, en alemany o neerlandès; Abramov o Abramoff, en rus, Abramovici, Abramescu, en romanès; Abramski, Abramovski, en llengües eslaves; Abramino, en castellà; Abramelo, en italià; Abramian, en armeni; Abrami, Ben Abram, en hebreu; Bar obert, en arameu, Abramzadek o Abrampur, en persa; Abramshvili, en georgià; Barhum o Barhuni, en àrab. Podeu veure aquestes variacions també pel que fa a cognoms derivats de Isaac i Jacob.

Més tard, com ella van fugir als Països Baixos, Amèrica o a l'imperi turc, retornà al judaisme, sense perdre el seu nou cognom. Així va aparèixer cognoms com Diaz o dies, Errera o Herrera, roques o roca, Maria o Maria, Fernandez o Fernandes, Silva, Gallero o l'infern, Maria, Lopez o Lee, Fonseca, Ramalho, Pereira i un munt de noms d'arbres fruiters (Poma, taronja, moreres, oliveres i pins). O fins i tot d'animals com les ovelles, Balutxistan, Wolf, Lleó, gat, conill, Pinto i Colom.

Un altre canvi de cognoms era provocat per les guerres. La gent ha perdut o volia perdre els seus documents i si "podria" un passaport amb un cognom que va denunciar el seu origen, per creuar la frontera amb seguretat. A finals del segle XIX, el tsar de Rússia va exigir 25 anys de servei militar obligatori, especialment dels jueus. Molts immigrants van fugir de Rússia i Ucraïna amb passaports canviat per evitar una vida dedicada a l'exèrcit del Tsar.


Una altra qüestió és que som fills d'immigrants, i canviar de molts cognoms si jo he estat defaced amb el país i llengua. De vegades eren empleats de les costums o la immigració, altres immigrants mateix no saben castellà, o escriure malament. Per tant, molts membres de la mateixa família tenen cognoms similars en el so, però escrites amb ortografia diferent.
-——

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 140/14 (2012:6)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho CientíficodaOrganização de estudos de processos culturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência -

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2012 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
Doc. N°2952
Instituições em visita

A irmandade "Árvore da Vida" (Ets Haim) da sinagoga portuguesa de Amsterdam e sua biblioteca
Procura de saber, ensino e esclarecimento em processos culturais de judeus lusófonos 
Felix Libertate




Ciclo de estudos euro-brasileiros de Amsterdam 2012, Sinagoga de inverno e Livraria Montezino

jeudi 30 avril 2015

Para Marcela

Para Marcela, filha querida, horas antes do primeiro de maio. Num momento em Paris, antes de grandes emoções ao lado dela.

Estou no Buffalo Grill ouvindo country, comendo burguer e lendo Bernard Reymond, À decouverte de Schleiermacher. É, em Paris, nem sempre faço como os franceses. Mas não dá para esquecer que estou aqui, e eu sei que quero estar.

Caí por essas bandas da Gare du Nord porque daqui a pouco parto para Bruxelas, para a casa de Marcela, querida e amada filha. E para assistir ao show Miss Météores, de Olivia Ruiz, a nova Piaf, no Ancienne Belgique, Anspachlaan, 110. É a casa de show mais badalada de Bruxelas. Gosto de cebola roxa e esta está simplesmente deliciosa. As cebolas roxas são como as outras, só que mais suaves. Boas para comer cruas. Não, não estou tomando Coca-Cola.

Não sei por onde começar,
Eu devo viver a lua ou minha bela estrela
Até que a vida acabe por passar,
Ou provocar o destino fatal

Paris desvenda meu amor,
Perdida entre toda essa gente,
Paris entrega meu amor
Eu estarei sobre a ponte dos amantes

(Olivia Ruiz, Paris)

Vamos pensar um pouco sobre a consciência do não-ser. E começarei dizendo que a coragem de ser parte da experiência e da compreensão de que não existe acaso ou coincidências. A existência é sempre permeada pela atualidade e pela contingência através das quais se faz presente o incondicionado.

Por isso, a expressão “faça sem culpa” não procede: em primeiro lugar, porque para além do mal-fazer ou do não-fazer-bem está a consciência ontológica do não-ser, que se traduz existencialmente como ausência e separação. E foi esse confrontar-se com o não-ser que fez o hominídeo dar o salto antropológico, existencial: passar de homo apenas e rudimentarmente sapiens a sapiens-sapiens. Reconhece a força do não-ser, sabe que ele ronda e passa a temer a ausência e a separação definitivas.

Tanta gente e tão poucos olhares,
Tanta gente e tão poucos sorrisos
Nunca têm tempo de se oferecer ao acaso,
Tão pouco tempo que a gente gostaria de acabar

Paris desvenda meu amor,
Perdida entre toda essa gente,
Paris entrega meu amor
Eu estarei sobre a ponte dos amantes

Em sua carta aos Romanos (5.12), o apóstolo Paulo explicita esse processo de construção do humano ao afirmar que a hamartia entrou na vida humana por um primeiro, e com a hamartia, a consciência do não-ser. Ora, hamartia era uma expressão militar dos gregos que se referia ao ato do arqueiro errar o alvo, quer no treinamento, quer na batalha. Paulo utiliza a expressão no sentido de que vivemos sempre sob a possibilidade de errar os alvos existenciais. Por isso, a compreensão de hamartia é ausência, separação, alienação, já que implica em distanciamento do objetivo existencial. Para um vôo antropológico sugiro o livro de Philippe Ariès, já traduzido para o português, O Homem diante da Morte.

Alienação, ausência, separação, enquanto estado da existência, leva à compreensão da origem do humano enquanto tal. E Paulo fala, então, da consciência do não-ser. Para o apóstolo, o estado de alienação, ausência, separação na existência produz uma consciência matricial, a consciência do não-ser.

A partir da consciência do não-ser temos a consciência do transcendente, a consciência da diversidade, já que não somos bichos. E, por extensão, não somos apenas natureza, temos a consciência de que podemos escolher, e a consciência de que ações e coisas podem ser boas ou não. Dessa maneira, hamartia implica em conseqüências: necessidades diante da lei, daquilo que é ou está frente à existência, e possibilidades diante da liberdade, daquilo que não existe, mas pode ser criado.

Um pouco cansada
Ela avança em meio à multidão
em sentido contrário
Um barco embriagado sobre a onda

Bela Paris, seja generosa
para com a minha pobre alma triste
Eu direi por toda parte que és maravilhosa,
Se você me encontrar um único eu te amo

Assim, diante da alienação, da ausência e do distanciamento presentes e futuros estão necessidade e lei, e possibilidades e liberdade, que não se excluem: estão correlacionadas na existência humana, fazem parte do estado da existência.

Quando proferimos o “fazer sem culpa” rebaixamos a consciência ante os desafios da existência e negamos possibilidades: perdemos esperança e liberdade. E assim a vida é corroída pelas bordas.

Em se falando de consciência do não-ser, vejam Olivia Ruiz interpretando Piaf. Mas, não se esqueçam que Olivia é boom entre os roqueiros na Europa. E, sem dúvida, como sempre acontece, é bem melhor ver e ouvir ao vivo.


mardi 28 avril 2015

2.609 minutos antes

2.609 minutos antes

27.

Operários de cera cavam sepulturas no asfalto. Ah meu Senhor e meu eterno, como estou triste, como é profundo este abismo. Os anos vão passar, mas esses dias não descolarão de minha retina. Tudo isso ficou colado em minha alma. Estou morto.

Ontem, nossos fantasmas, eu e Anabella vimos guardiães retirando corpos que flutuavam no rio. Pessoas olhavam, mas logo aceleravam o passo. Há um medo generalizado. Ninguém acredita no que está acontecendo. Todos queremos acordar desse pesadelo.

Anabella olha pela janela do quarto. Ela vai para a dimensão eterna dentro de minutos. Mas, agora, acende um cigarro e continua olhando. Suas mãos finas tremem. Fora dois detalhes, que traduzem a angústia e o desespero, é uma estátua diante da janela. As mãos tremem e umas poucas lágrimas rolam em seu rosto.

Não sei o que dizer. Os pensamentos revoam. Distantes passam voando e vão embora. Meu pai, minha mãe... É como se minha alma procurasse pousar em algum lugar, mas não encontrasse terra firma. Tudo o que é sólido se desmancha no ar. Nunca algo foi tão verdadeiro.

Senhor eterno perdoa minha suficiência. Não sou o dono do mundo, embora maus conselheiros tenham me dito o contrário. Não sou o senhor da guerra, nem sei manejar as palavras com a habilidade com que um samurai maneja sua espada.

Levanto-me, vou até a janela. Fico ao lado de Anabella. Ponho a mão no seu ombro, num pequeno gesto de carinho. Sei que não tenho o direito de quebrar esses momentos de mergulho. São os primeiros em muitos dias. Não tivemos tempo, não paramos para pensar, apenas fugimos da morte. Estamos mortos.

Lá fora alguns operários com britadeiras fazem um buraco no meio da rua. Que cena terrível. Homens de cera cavando sepulturas no asfalto. O ruído atravessa nossos sentidos e esmaga nossos sentimentos. Não existe realidade, não existe sonho, tudo é pesadelo. Sinto uma dor forte no estômago. Tiro a mão do ombro de Anabella e me sento de novo.

Eterno, o passado pesa como uma bigorna presa aos meus pés. Nada sei do meu presente e nem imagino qual será meu futuro, mas reconheço que sou pó, um grão de areia em meio a uma vastidão que não criei. Perdoa minha luxúria. Perdoa o sofrimento que causei a Reyna.

Olho para a janela e Anabella continua paralisada. Meus olhos estão mareados pelas lágrimas. Anabella parece Reyna. Sei que são diferentes, mas o foco se perde e Reyna está diante da janela olhando os operários de cera, que cavam sepulturas no asfalto.

Yoffe, a guerra não acabou. Masaryk/Dubček está morto, parte da liderança da Unidade populární está presa, estamos mortos, mas a guerra não acabou.

Anabella, querida, ainda que você tenha razão, ainda que a vitória seja tão certa como o sol que brilha lá fora, estou morto. Vejo um pôr-do-sol de chumbo e dias de vales de ossos secos, como a sepultura que os operários estão cavando lá fora.

Eu cometi um crime. Não, não foi um crime, foi uma dilaceração. Peguei todas as notas de compras da viagem, cada papelito e rasguei e joguei no lixo. E por que foi um ato tresloucado? Porque a minha memória é construída de emoções, sensações, racionalizações e muitos, mas muitos pequenos papéis de viagens. E talvez porque uma tragédia nunca se faça sozinha, peguei todos os meus cartazes e notas e papéis de minha viagem a Cuba e também joguei fora. Foram-se passando as horas e uma angústia foi me dominando. Um sentimento de ausência, de perda, uma tristeza louca por estar jogando fora um pedaço de mim. Na verdade um pedaço de minhas memórias. 

Sou um escritor de pedaços: cada notinha, ainda que seja de compra num free shop tem um valor enorme, maior do que o preço do produto, que certamente já foi consumido. Para minha alegria, a lata de lixo, que não é de lata mas de plástico, fica da área de serviço da casa. E agora, hoje, eu tenho uma preciosidade, um montão de papel picado e cartazes rasgados, não sujos, mas empoeirados, meio amassados, que vou guardar e pesquisar como um cientista louco por palavras sem sentido.

lundi 27 avril 2015

2.610 minutos antes

2.610 minutos antes

É isso mesmo, gosto de palavras, mas não gosto da palavra dada, entregue, pronunciada. Gosto da palavra destruída de sentido, desmantelada, que apresenta novos significados, que se torna signo desconhecido, apontando realidades que só existem depois, ao final. É por isso que sofro com aquele revisor, que indevidamente conserta palavras que desejo desconsertadas.

Escrevi: “em Praha fixo irado”. E disse para a Brianda, minha mulher, algum maldito vai rescrever “em Praha fico irado”. E fazer isso será um absurdo porque “fico” é do verbo ficar e “fixo” é do verbo fixar. Escrevo “em Praha fixo irado” porque no meu antigamente houve um guerrilheiro que se chamava Tiro-fijo, em espanhol, e que traduzido quer dizer “tiro certeiro”, mas que eu sempre li e entendi como “tiro-fixo”, porque debruçado na mira, como amante sobre a amada, era mortal. Só quem sofreu com os papéis lançados na lata de plástico do lixo pode dizer se eu em Praha fico irado. Não fico irado não, fixo irado.

Desmontei a palavra, depois, remontei-a conforme a minha estética precária exige. É isso mesmo, a estética exige, tem jeitos que ela mesma define, é uma senhora brava, uma matrona cheia de manias. Mas a minha é precária, pois no diálogo com essa matrona, ela entra com sua autoridade e eu com minha fragilidade de escritor. E, então, se dirá: mas, e o leitor?

Bem, o leitor é o grande construtor da realidade estética do texto. E repare por quê! O autor é o momento da luta com o caos, ele criou seu texto a partir de emoções, sensações, racionalizações e muitos, mas muitos pequenos papéis de viagens. E da dilaceração permanente, contínua, de cada palavra, de cada sentença, tirou delas o sentido esperado. Fez do esperado, desespero. Criou sentidos que só pertencem a ele, como o exemplo do fixo irado. Mas, o leitor é o ato de liberdade que possibilita a todos os sentidos e a qualquer sentido ter de fato sentido. Por isso quando eu digo em Praha fixo irado, você vai convidar a matrona para a cama, vai dormir com ela, nem que seja só para se aquecer. De todas as maneiras, ela vai se adocicar diante da sua ternura e abrir possibilidades novas que o autor nunca, jamais, tinha pensado. E o leitor tem esse direito, porque ao possuir o texto vai fazê-lo dele, é quem de fato lhe dá vida. 

Mas vamos falar agora, um pouco de minha viagem a Praha, que posso traduzir como uma volta ao local do crime. Crime meu e crime cometido contra milhares e eu aí incluído. Crime contra a alegria, a liberdade e o pensamento. 

Brianda comprou cerejas numa banca de frutas em frente à universidade Charles de Praha. É tempo de cerejas em Praha e elas são tão doces que doem na garganta. Tinha ido visitar a minha antiga universidade e cultivar lembranças. Geralmente se cultiva lembranças como frutas, é preciso terra. Donde a necessidade de voltar ao local do crime, de sentir os pés sobre a terra, respirar o cheiro do lugar, ouvir sons que estão adormecidos na memória. Por isso, caminhamos degustando cada cereja, porque as frutas já não eram frutas apenas, mas o açúcar do tempo das cerejas.

Veja como é guadiana. “O tempo das cerejas” é uma canção de dois franceses, Clément e Renard. Foi escrita e musicada em no antigo século dezenove, antes de explodir a comuna de Paris, uma pequena, mas grande revolução que durou apenas três meses. Mudou a maneira de se pensar o solidarismo. Marx, por exemplo, ficou extasiado diante daquela experiência do proletariado. O tempo das cerejas não é uma canção revolucionária, mas de amor. A última estrofe foi agregada posteriormente e dedicada a uma enfermeira morta em defesa da Comuna. Essa estrofe foi escrita debaixo do fogo da semana sangrenta, quando milhares de combatentes da Comuna foram massacrados. “Le temps des cerises”, que você pode ouvir e baixar na internet, me lembra o hotel residencial Londres, que fica na ulice Londres, em Praha. O prédio foi construído depois da primeira guerra geral do século vinte, e algumas décadas depois transformado em hotel por um casal cheio de charme, os Dumand. E deu um charme especial ao bairro Paris-Londres no centro da cidade. Na ulice Londres, no hotel residencial Londres fui preso no terceiro dia do ataque dos guardiães. 

O tempo das cerejas entregou a cabeça da mulher, serviu o sangue da virgem num cálice, cada gole tem o sabor da vida derramada, mochileiros franceses, macho, fêmea e filhote, dizem à demain para as cerejeiras, a rua está perfumada, a alameda é atravessada.

Para quem gosta de palavras é muito difícil deixar Gabriela e Pablo de lado. São momentos de sacralidade do dito e escrito. Pablo tinha uma mania que eu também tenho, gostava de casas. Casa para ele não era abrigo ou lugar de morar. Era navio, lugar de memórias e casulo para amar. Por isso, mandou construir La Chascona, a desgrenhada, que foi a casa dele com a terceira amada, Matilde. É bom lembrar que Matilde tinha cabelos vermelhos. E eu, numa homenagem transversal ao poeta, também cheguei lá de cabelos vermelhos. E me senti muito bem, ruivo, a papear com Sharon no jardim. Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto foi um homem de muitas faces, mas a que mais admiro, além daquela de poeta, foi a de militante peregrino. Estudou pedagogia, foi diplomata, senador, nobel de literatura, mas nós nos lembramos dele como Neruda, o poeta peregrino. 

E viveu em La Chascona. Morreu aí, junto com a alegria, a liberdade e o pensamento. La Chascona, que agora é história, está ao lado do cerro San Cristóbal e foi construída em níveis. Um jardim serpenteia a casa e cria hoje paisagens propícias ao cultivo de memórias. Nesse jardim, eu e Sharon descansamos, olhando para a sombra das pequenas árvores, quietos, silentes, vendo turistas passantes e Brianda desaparecida a fotografar.

O tempo das cerejas fugirá para outras bandas, Miró mia nas minhas lembranças, rabisco no La Chascona ao poeta, bardo brado, por onde anda a ode? Flagelo e sal, sangue e semente, formigas desfilam sobre o açúcar derramado, você e eu descarrilados, por poemar instantes, beleza é água na garganta seca.

samedi 25 avril 2015

2.611 minutos antes

2.611 minutos antes

Você já prestou atenção no caminhar? É diferente caminhar em terra batida, em terra molhada, na grama. São apenas duas ruas de paralelepípedos e mansões dos anos 1920, uma se chama Paris, como aquela da Comuna, e a outra Londres, como aquela de Cromwell e seus republicanos. De manhã, caminhar em ruas de paralelepípedos nos dá a sensação de segurança e desequilíbrio. Você sai do asfalto, do cimento e vai devagar a pisar paralelepípedos. Sinta com atenção. Veja a diferença. Sentiu, Brianda? Veja como é gostoso, Sharon? Aqui as ruas não são apenas belas, estão paradas no tempo, frescas, sombreadas. Aqui não há lojas. Há pequenos hotéis, escolas e esse café maneiro ao lado do hotel. Com uma praça e tudo, à moda antiga, um pedaço da Europa no meio de Praha.

Mas como sonho e pesadelo são estados do adormecido, em frente ao meu hotel residencial Londres há um prédio pichado “aqui torturaram e assassinaram”. E quando meio dormindo, meio acordado, tentava descobrir o que estava lendo, um cicerone não convidado se aproximou e disse: “Esta era uma das muitas casas onde a ditadura torturava e assassinava pessoas”. Conversamos poucas frases sobre violência e crimes políticos, e tráfico de drogas no a terra dos brasis, mas rapidamente meu interlocutor escafedeu-se.

Essas ruas de Praha, manchadas de sangue, me remetem a um militante, homem de fé, um outro lutero, herói de trezentos milhões de negros espalhados pelo mundo e de um presidente federação americana. Mas tudo começou com Rosa Parks. Ou como contou o jornal da contra-mão.

1955. Uma costureira negra, dirigindo-se do trabalho para casa em Montgomery, Alabama, recebeu ordens de um motorista branco para que se transferisse para a parte de trás do ônibus. Rosa Parks estava sentada, em um dos bancos da frente, e simplesmente recusou-se a mudar de lugar. Foi presa por violação às leis de segregação do Alabama. A comunidade negra enfureceu-se. Os negros disseram que já vinham sendo insultados há demasiado tempo por motoristas de ônibus brancos, e declararam que não tomariam mais qualquer ônibus até que a segregação fosse eliminada e certo número de motoristas negros fosse admitido.

Liderados por este outro lutero, os negros de Montgomery simplesmente boicotaram os ônibus até que a empresa, quase à bancarrota, submeteu-se às exigências. Em breve, os negros de muitas cidades do Sul recorreram à técnica do boicote para conseguir melhor tratamento nas lojas e outras casas comerciais, e para assegurar melhor emprego para sua gente. Se os autores do boicote usavam a não-violência, eram ao mesmo tempo militantes e obstinados. Certamente, tiveram importância na obtenção de certas mudanças que o sul da federação, com sua veemente resistência a toda e qualquer transformação, consideraria revolucionária.

Para este king, o poder autêntico era a verdade. Entretanto, esta verdade não seria norma abstrata que se impõe à realidade. Seria, sobretudo, a expressão concreta da tendência última do real. A verdade só teria poder se fosse uma tendência de vida, de uma sociedade, a verdade de um grupo que detém, interiormente, na sociedade, o poder.

Teoria e prática se fizeram carne e sangue na vida deste king e, no dia 4 de abril de 1968, quando preparava uma marcha dos negros na cidade de Memphis, Tennessee, foi atingido por tiros. Anos depois, o jornal da contra-corrente orou pelo companheiro abatido:

Desde a época em que chefiou o boicote dos ônibus em Montgomery, inúmeras foram as ameaças à sua vida. Foi publicamente denunciado e alvo de abjetos epítetos. O próprio clima tornou-se tão carregado que, considerando-se agora as coisas, percebe-se que um fim violento para o líder negro era inevitável. Todavia, a federação branca não podia antecipar a reação da federação negra ao assassinato a sangue frio de um de seus líderes mais poderosos. Vários dias de desordens, incêndios e pilhagens em muitas cidades foram a louca manifestação de um amargo desespero e frustração. Mesmo os que prantearam a morte deste lutero negro sem qualquer mostra exterior de emoção revelaram-se tão sensíveis no apreço de seu significado quanto aqueles cuja reação foi violenta. Longa eternidade caro rei!

A conquista violenta dos instrumentos de poder social não decidia a vitória de uma revolução. Isso só acontece quando se estabelece uma nova estrutura de poder, amplamente reconhecida. É um erro pensar que amparar a revolução no aparelho do poder garanta a vitória. O aparelho do poder deve ser renovado constantemente a partir das forças da sociedade, forças pessoais, materiais e ideais. Caso contrário, a revolução desaba, mesmo quando os meios técnicos permitem que se imponha por tempo maior àquele de épocas não desenvolvidas.

Mas do que palavras, a militância, na relação a este king, traduziu a compreensão de que há uma dialética de ferro entre verdade e poder. E que o poder verdadeiro nasce da verdade última, aquela que transcende o momento presente e permanece no coração e mente dos excluídos. Essa compreensão, mesmo quando não é corretamente traduzida pelo grupo que chega ao poder, continua a marcar o horizonte último da ética libertária. 

Londres-fixo, aranhas sopradas pelo vento norte, lugar de sonhos desperdiçados, picadas na carne nova, matinais de 11 de setembro, o azul cede ao cinza, morcegos desconstróem flores, palavras duras decretam o fim da esperança, olhos mareados, a porta esmurrada, a fronte torturada, o corpo desfilado, olho perdido na esquina.

Deixo para trás Paris-Londres, olho a igreja de San Francisco, a construção mais antiga da cidade. Caminho algumas quadras na sequidão sob um sol de trinta e poucos graus pela principal avenida da cidade, que a corta de leste a oeste, e recebe o nome de um libertador, mas é conhecida como alameda apenas. Ali perto, a poucas quadras, há um palau, o de les persones. 

E me lembro de um político, salvador Masaryk, que depois de três derrotas, veio a vencer as eleições presidenciais. Governou com uma frente popular capitaneada por socialistas e peregrinos. Acreditava que poderia levar a Československá ao solidarismo através do processo democrático, sem enferrujamentos violentos. Mas isso não aconteceu. E como a direita e a federação no norte viam Masaryk como o príncipe das trevas, todos os setores de oposição, inclusive os democratas peregrinos, se organizaram e com apoio dos guardiães, se lançaram ao golpe. Masaryk foi derrubado. O palau e as fábricas, onde trabalhadores organizavam a resistência, foram bombardeados. Foi um tempo de chacina.

Londres-fixo, nem Caetano, nem Gil, é ilha no nada, lagartos da inexistencia, tristeza, espanto, perplexidade. Tiago não tem salvador. Coturnos abundam!

Os limites estão mortos. Décadas depois do golpe militar curto a cidade limpa, com metrô e prédios modernos. Metrópole liberal, segundo o modelo dos rapazes de Chicago, liderados por um friedman do norte. Mas, permanece a sensação de que caminhamos sobre cadáveres que não foram sepultados com dignidade.

Quando a dor é grande, quando a dor é grande, às vezes, eu duvido. Quando a dor é grande, às vezes, eu pergunto: estou mal de coração, ou estou mal de ouvido? Se há resposta é o nome, se há caminho é a paixão. São tantas as coincidências, que coincidências não são: é a tua presença na minha vida. Quando a dor é grande, eu creio. Sei que é o meio da tua presença na minha vida.

vendredi 24 avril 2015

2.612 minutos antes

2.612 minutos antes

28.

Bendita seja a eternidade de nossa descendência. Envia a redenção aos povos. Bendita seja a eternidade de nossa descendência.

Yoffe fala sobre a identidade humana. Zlabya, como estamos a falar de memórias da família, quero que pense comigo uma questão: quem é o ser humano e o que caracteriza a nossa existência. É um assunto complicado, mas importante para quem deseja agir e construir o mundo.

Estou na sala de casa, de paredes brancas, enrugadas, sentado em uma almofada, bem à moda safardi. E penso: a busca pela justiça passa por colocarmos no seu devido lugar a questão da identidade humana. Veja você, será que a existência se reduz a um conjunto de sensações, de emoções? Não podemos admitir a identidade de uma pessoa se ela não puder ser percebida pelos sentidos? Se for assim, o cérebro é a causa da identidade e qualquer outra hipótese é inútil.

Vou entrar com toda a cautela na conversa. É gostoso conversar com um descendente sábio. Se no corpo humano existem apenas fenômenos sucessivos, sem laço que ligue o passado ao presente, como se explicam o hábito, a associação de ideias e a memória? Ora, é necessário admitir que existe em nós uma realidade que vai além do cérebro e se liga aos atos que praticamos. Esta realidade é a própria identidade que expressa a existência de cada um de nós. E se existe a existência, tenho que perguntar o que ela é. Tomando como modelo a complexidade do mundo, prefiro dizer que devemos ver que existem duas hipóteses: a existência se projeta na eternidade ou só existe o momento presente e o resto é aparência e virtualidade? Como combinar uma indigestão com o sentido pleno da vida? Somos substância extensa, divisível e palpável, seguimos e vamos além do momento. A existência é essa extensão e cada pessoa tem identidade na existência. Não é uma unidade numérica, mas una na sua diversidade. Mesmo quando a gente envelhece a identidade permanece. Somos um ao longo do tempo e é esta unidade na existência que me confere identidade. 

Talvez você por ser um descendente sábio, me questione: certo, Yoffe, você defende o princípio da existência que se projeta na eternidade. Você está dizendo que eu sou hoje e também amanhã. Um pedaço de mim envelhece, se desgasta, mas a identidade permanece. Não concordo com isso! Eu sei muito bem que o cérebro está ligado à vida mental. Se uma pessoa sofre uma lesão cefálica é quase certo que vai sofrer algum tipo de dano psicológico. O funcionamento do cérebro, as emoções e a memória estão relacionados. Embora não possamos genericamente correlacionar os estados psicológicos com os estados cerebrais, sabemos que tal correlação existe. Por isso eu digo que a vida mental tem origem no cérebro e que a existência enquanto extensão não existe.

jeudi 23 avril 2015

2.613 minutos antes

2.613 minutos antes
Yoffe ShemTov

Nada como conversar com gente inteligente, querido descendente. Por isso, deixe-me aprofundar os argumentos. A existência está unida ao momento e participa da vida, inclusive para realizar as suas operações. Mas, também é independente nas suas funções. Deste modo, a existência pensa e deseja. Assim, a existência não está imersa no tempo presente, é independente sob diversos aspectos. Lembro-me de que Aristóteles, o mestre grego, dizia que um ser se conhece por suas operações. Ora, de onde vêm as ideias? Ser inteligente, pensar, são atividades da pessoa ou da existência? É a existência que trabalha a inteligência. A matéria está presa às leis da matéria, mas a existência por ser extensiva tem maior liberdade diante dos impulsos da sensibilidade. A existência goza de livre arbítrio. A simplicidade que caracteriza os fenômenos da inteligência impede que afirmemos que o cérebro seja a causa do pensamento. Mas, é verdade, a inteligência precisa de um cérebro saudável para se expressar. 

Estou vendo, querido descendente, você desenhar rabiscos no ar. Diga o que você acha. E o descendente constrói um diálogo, que já não é virtual, mas tomou forma e lugar.

Yoffe, ancestral amado, há uma parte do seu argumento que eu gosto, aquela em que você fala da liberdade humana. Só que para falar de livre arbítrio não é necessário falar de existência. Você disse que a existência é extensa, una e indivisível, então como ela pensa, como se relaciona com os cérebros? Além disso, você não explicou o que torna uma existência a mesma ao longo do amanhã e do depois de amanhã? 

Deixemos Brianda falar também. De maneira nenhuma aceitaria ficar fora da conversa. E Brianda diz: Bem, caríssimos, creio que aqui os argumentos se esgotam e explicam os diferentes caminhos que buscamos para encontrar a justiça. Aqui está a divergência: o cérebro é ou não é o instrumento de que se vale a existência para expressar os pensamentos extensos? E se tomarmos como ponto de partida o sábio Aristóteles, quando disse que pensamos sem órgãos, que o entendimento não está ligado a nenhum órgão, e que pode trabalhar e existir separado do corpo... 

Mas nosso descendente não se deu por vencido. Até esse momento não tinha se sentado. Caminhava devagar pela sala, fitou Brianda, a avó, com carinho e teceu sua argumentação: 

Bem, já que a avó Brianda citou Aristóteles, quero trazer para esta conversa uma hipótese. Na verdade, uma parábola: um príncipe interrogou-se sobre como seria viver como um sapateiro. E um sapateiro sonhou em ter uma vida de príncipe. Um dia eles tiveram a oportunidade de trocar todas as características mentais de ambos. O sapateiro passou a ter a memória, conhecimento e atributos pessoais do príncipe, cujas características mentais migraram para o sapateiro. Depois da troca, a pessoa que agora é sapateiro lembrou-se ter sido um príncipe que desejava experimentar a vida de sapateiro. Ele disse: “Puxa, satisfiz minha curiosidade!” Reconheceu-se como príncipe e não como sapateiro. E vice-versa. Será isso mesmo? 

Mas a estória se complica, isto porque o príncipe havia cometido um crime horrível, e para escapar da condenação resolveu recorrer à troca de cérebros. Após a troca, o crime foi descoberto, e os guardas vieram buscar o culpado. Sem saberem o que aconteceu, prenderam a pessoa que agora é o príncipe, que começou a gritar se dizendo inocente. A pessoa que agora é o sapateiro, que se reconheceu como o príncipe criminoso, saltou de alegria por ter escapado da condenação. Ora, se foi assim, era uma enorme injustiça, pois quem deveria ser condenado era a pessoa que agora é o sapateiro e não a pessoa que agora é o príncipe. Veja, avô Yoffe, a nossa identidade obedece à continuidade do cérebro. Uma pessoa no passado permanece idêntica a ela mesma no futuro se forem mantidas a memória e as características individuais dela. O príncipe que agora é o sapateiro é de fato o príncipe e, por isso, aquele que agora é o sapateiro é culpado pelos crimes do príncipe, uma vez que lhe é psicologicamente contínuo. E este deveria ser o veredicto correto: o sapateiro com o cérebro do príncipe é quem deveria ser condenado.

Opa, percebi o ponto fraco do argumento do descendente e resolvi, então, complicar a estória: Mas eu desejo acrescentar uma pergunta a sua estória, meu querido descendente: e se pudéssemos duplicar um cérebro e colocá-lo em corpos diferentes. Esses dois corpos seriam pessoas iguais ou diferentes? E se fossem diferentes, onde estaria a base da identidade da pessoa, o que faria dela uma pessoa diferentes da outra? Logicamente, não o cérebro, mas a existência que cada uma passaria a viver a partir dos cérebros colocados nos corpos. Com isso, quero dizer que a identidade de uma pessoa não reside no cérebro apenas, mas na existência que se vive. Ou seja, é a existência que constrói o nosso cérebro. Por isso, descendente creio que talvez haja um ponto de contato entre nós. Talvez essa existência seja aquele sopro inicial lançado em nossas narinas pela eternidade, que será construção no caminhar de nossas experiências, emoções, sentimentos. E se for assim até mesmo a identidade é uma construção, algo que nos pertence enquanto potência.

O descendente caminhou devagar em direção a uma almofada grande. Procurou uma posição confortável e ouviu com atenção os argumentos do avô. Com deleite se lembrou de uma estória que falava do humano pobre e do humano rico. Essa estória traz imagens ilustrativas de julgamento e recompensa. Era uma estória construída para sábios e religiosos. Os sábios não pensavam existir vida eterna no sentido de recompensa e julgamento, apoiando-se na visão de que o repouso eterno é o lugar de todos os que morreram, sem diferenciação. Mas a estória estava dirigida também aos religiosos, que esperavam a instalação do reino eterno. As palavras tiveram uma audiência específica. A ênfase das palavras era referente ao julgamento e não à recompensa. Porque a penalidade do juízo não é o contraponto da recompensa, mas do reino do eterno. Nestes termos, as palavras também visavam os sábios.