mardi 15 octobre 2013

Para minha primeira neta...

Belíssima Pinheiro Murakami

O Pinheiro que somos. A busca das origens, traduzida na procura insana da genealogia foi a maneira que os senhores, donos de terras e poder, encontraram para dizer que descendem de pessoas especiais, escolhidas por Deus para exercer o domínio. Mostraram-se como sequência de ascendentes fundadores e, por isso, são diferentes, especiais, únicos. Mas, apesar disso ter sido sempre uma mentira, nos deixamos enganar e acreditamos que uns eram melhores porque tinham sangue azul ou descendiam de uma linhagem de heróis e/ou iluminados.

Quando de fala de milhares de pessoas espalhadas pelo mundo, com um mesmo topônimo, no caso Pinheiro, ou que vivem neste Brasil mestiço e miscigenado até os ossos, perde toda e qualquer base antropológica falar-se em árvore genealógica. Os homens e mulheres que se chamaram Pinheiro desde o século XIII em Portugal, pelo que se sabe, escolheram este sobrenome, ou receberam este sobrenome, por opção livre ou não, e hoje somos um mundaréu de gente de origem, cor e raça diferentes. Não há em nós nenhuma unidade maior além do nome e de uma identidade em construção, somos portugueses, espanhóis, holandeses, italianos, índios, negros, cristãos velhos, cristãos novos, orientais. Conhecemos, em alguns casos, nossos avós e bisavós, mas a partir daí a coisa se complica. 

Alguns dirão, ela é portuguesa, é italiana, é marrana. Estão certos e errados. Esses milhares de brasileiros que se chamam Pinheiro só têm algo em comum, fazemos parte de um povo novo, uma construção que nasceu e cresce na miscigenação livre, ou que nasceu do cativeiro de índios e negros, perpetrado pelos senhores de escravos. Somos Pinheiro, brasileiros. Essa é a novidade que carregamos. Beijos, JP.

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